segunda-feira, 12 de julho de 2021

Em protestos sem precedentes movimento pede eleições livres em Cuba



O Movimento Cristão de Libertação (MCL) instou o povo de Cuba neste domingo, 11 de julho, a seguir pressionando as autoridades comunistas até que permitam eleições gerais. O pedido ocorre depois de milhares de pessoas terem tomado as ruas das principais cidades do país para protestar contra a escassez sem precedentes de bens essenciais e pelas mortes produzidas pela COVID-19 na ilha.

Após meses de escassez de alimentos e medicamentos e o colapso dos hospitais devido à pandemia, milhares de cubanos tomaram as ruas gritando "Abaixo a ditadura!", "Pátria e vida!", "Queremos vacinas!", e "Não temos medo!", formando uma das maiores manifestações em mais de 60 anos de domínio comunista. Manifestantes em algumas regiões marcharam com a imagem de Nossa Senhora da Caridade, a padroeira de Cuba. 

Eduardo Cardet Concepción, Coordenador Nacional do MCL, enviou no domingo, 11, uma declaração a ACI Prensa, a agência em espanhol do grupo ACI, dizendo que "milhares de cubanos estão hoje nas ruas manifestando-se pacificamente, exigindo liberdade e o fim da repressão e da miséria". Eles estão fazendo isso, disse Cardet, "para que a tirania acabe". "O MCL, como parte deste povo cansado da opressão e da injustiça, está plenamente identificado com os seus desejos. Apoiamos os nossos irmãos e irmãs do Movimento de Cristão Libertação e todos os cubanos que se manifestam pacificamente, fazendo uso deste direito legítimo", disse a declaração.

A declaração exige "a libertação dos presos políticos, a anulação das leis repressivas contra a liberdade, o reconhecimento dos direitos econômicos da livre iniciativa dos cubanos, o reconhecimento do direito de cada cubano, dentro e fora da ilha, de votar e ser votado ". A declaração concluiu com as exigências "de realizar eleições com todas estas garantias" e "Liberdade Agora!”.

O MCL foi fundado pelo dissidente católico Oswaldo Payá Sardiñas em 1988 para buscar uma reforma democrática pacífica em Cuba, explicitamente inspirada pela doutrina social da Igreja. Aproveitando uma lacuna na constituição comunista, Payá fez um abaixo-assinado para introduzir a democracia em Cuba. Como consequência, o movimento foi perseguido em todo o país e 42 dos seus líderes acabaram na prisão durante a onda de repressão de 2003 conhecida como a "Primavera Cubana".

Em 22 de Julho de 2012, Payá e outro líder do MCL, Harold Cepero, foram mortos num acidente de carro em circunstâncias suspeitas.

A onda de protestos de domingo começou na cidade de San Antonio de los Baños, no oeste de Cuba ilha, e se espalhou pela ilh até a capital Havana e à cidade de Santiago de Cuba, no leste.

Além da escassez de alimentos e medicamentos, a situação sanitária em Cuba agravou-se dramaticamente desde o início da pandemia. Segundo números do governo, Cuba tem mais de 218 mil casos e 1,4 mil mortos, numa população de 11 milhões de pessoas. O governo admitiu que em julho observou uma "grave retomada" da COVID-19 com mais de seis mil casos diários.

Cuba desenvolveu a sua própria vacina de três doses, mas a sua eficácia não foi confirmada por pesquisas independentes e as taxas de vacinação são inferiores a 10% da população adulta. A baixa taxa é atribuída tanto a uma falta de confiança das pessoas na vacina cubana como à incapacidade do Governo em aumentar a produção e distribuição.

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Palavra de Vida: "Tem confiança, minha filha, a tua fé te salvou" (Mt 9,22)

 

Jesus ia a caminho, circundado pela multidão. Um pai desesperado implora-lhe que vá socorrer a sua filha que está a morrer. Enquanto para lá se dirige, dá-se um outro encontro: uma mulher, que há muitos anos sofria de perdas de sangue, abre caminho por entre as pessoas. A sua condição física tinha consequências tão graves que a obrigavam até a limitar os relacionamentos familiares e sociais. A mulher não chama por Jesus, não fala, mas aproxima-se por trás e ousa tocar na orla do seu manto. Tem uma forte convicção: “Se eu, ao menos, conseguir tocar no seu manto, ficarei curada deste sofrimento que me atormenta”.

Nesse momento, Jesus, voltando-se e olhando para ela, assegura-lhe que a sua fé obteve a salvação. Não apenas a saúde física mas, através do olhar de Jesus, o encontro com o amor de Deus.

Tem confiança, minha filha, a tua fé te salvou

Este episódio do Evangelho de Mateus abre também para nós perspectivas inesperadas: Deus vem sempre ao nosso encontro, mas espera também a nossa iniciativa para não perdermos o encontro com Ele. O nosso percurso de fé, embora acidentado e marcado por erros, fragilidades e decepções, tem um valor muito grande. Ele é o Senhor daquela Vida verdadeira que quer derramar sobre todos nós, seus filhos e filhas, revestidos de uma dignidade que nenhuma circunstância pode suprimir. Hoje, por isso, Jesus diz-nos também a nós:

Tem confiança, minha filha, a tua fé te salvou

Para vivermos esta Palavra, pode ajudar-nos o que Chiara Lubich escreveu, meditando precisamente sobre esta passagem evangélica: «Pela fé, o homem mostra claramente que não se apoia em si mesmo, mas que se confia a Alguém mais forte do que ele. […] Jesus chama à mulher curada “Filha”, para lhe revelar aquilo que deseja realmente dar-lhe: não só um dom para o seu corpo, mas a vida divina que a pode renovar inteiramente. Com efeito, Jesus realiza os milagres para que seja acolhida a salvação de que é portador, o perdão, o dom do Pai que é Ele mesmo e que, comunicando-se ao homem, o transforma. […] Como viver, então, esta Palavra? Demonstrando a Deus, nas necessidades graves, toda a nossa confiança. Esta atitude não nos isenta das nossas responsabilidades, não nos dispensa de fazer toda a nossa parte. […] Pode acontecer que a nossa fé seja posta à prova. É o que verificamos nesta mulher que sofre, mas que consegue ultrapassar o obstáculo da multidão que a separa do Mestre. […] Devemos, portanto, ter fé. Mas aquela fé que não vacila diante da provação. Devemos também mostrar a Jesus que compreendemos o imenso tesouro que Ele nos trouxe, o dom da vida divina, estando-Lhe gratos e correspondendo a esse dom»(1).

Morte de presidente deve aumentar êxodo de haitianos, diz padre de São Paulo


A crescente violência no Haiti e o assassinato do presidente Jovenel Moïse na madrugada desta quarta-feira, 7 de julho, deve ter impacto no fluxo de haitianos que buscam sair do país, disse o padre Paolo Parise, da Missão Paz, que acolhe migrantes em São Paulo (SP).

O presidente Jovenel Moïse, de 53 anos, foi assassinado na madrugada de hoje, 7 de julho, em sua casa, na capital Porto Príncipe. A informação foi confirmada pelo primeiro ministro interino do Haiti, Claude Joseph. “O presidente foi morto na casa dele por estrangeiros que falavam inglês e espanhol. Eles atacaram a residência do presidente da República”, disse. A primeira-dama, Martine Moïse, foi ferida no ataque e está hospitalizada.

Após o ocorrido, Claude Joseph decretou estado de emergência no Haiti, até que seja definido quem assumirá o poder, já que ele é primeiro-ministro interino e o presidente da Suprema Corte, que poderia assumir a Presidência, morreu de covid-19 no mês passado e ainda não foi substituído.

“A situação do Haiti continua há tempos caracterizada por uma grande instabilidade política, com aumento da violência, gangues disputando o território e ultimamente sendo colocada em discussão por alguns grupos a legitimidade do presidente Moïse, que foi assassinado”, disse à ACI Digital o padre Paolo Parise, da Congregação dos Missionários de São Carlos, os scalabrinianos.

Moïse assumiu a presidência do Haiti em 2017 e, desde então, enfrentava protestos, sendo acusado de tentar instalar uma ditadura. Ele foi eleito em outubro de 2015, em meio a eleições conturbadas. O pleito foi anulado e repetido em novembro de 2016, quando Moïse venceu no primeiro turno. O presidente e seus apoiadores, então, afirmavam que seu mandato de cinco anos teve início em 2017. Mas, a oposição afirmava que o mandato teria acabado em fevereiro de 2021 e, por isso, exigia sua renúncia.

O presidente dissolveu o Parlamento e governava por decreto desde janeiro de 2020, já que não houve eleições no Haiti nos últimos anos. Ele também queria promover uma reforma constitucional. Um referendo constitucional estava agendado par abril, mas foi adiado para 27 de junho e depois para 26 de setembro, por causa da pandemia.

Em meio à crise política, o Haiti também viu aumentar a violência, com a luta de gangues contra a polícia por controle das ruas. A tudo isso se soma ainda a pobreza e a escassez de alimentos.

Neste cenário, o padre Parise disse à ACI Digital que “já é grande o número de deslocamentos internos no Haiti, com as pessoas tendo que sair de seus bairros por causa da violência”. Agora, “Podemos prever um maior número de haitianos chegando”, disse o sacerdote que acolhe milhares de migrantes na Missão Paz.

Segundo o padre Parise, atualmente os migrantes haitianos veem o Brasil como “oportunidade de trânsito, a fim de chegar a países como França, Estados Unidos”. Essas pessoas deixam seu país por causa “da pobreza, das tensões sociais e políticas e também questões ambientais, como terremotos”, disse.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Dez igrejas são queimadas no Canadá por causa de túmulos de crianças indígenas


Pelo menos dez igrejas católicas e templos anglicanos foram vítimas de incêndios criminosos após a descoberta, no final de maio, de túmulos não marcados de centenas de crianças indígenas nas antigas escolas residenciais dirigidas por católicos no Canadá. Várias das igrejas atingidas, na sua maioria católicas, estão nos territórios das Nações Originárias do Canadá, as Primeiras Nações, ao sul da região ártica.

Mais de mil túmulos anônimos nas antigas escolas residenciais criadas pelo governo canadense. Mais da metade dessas escolas foi administrada pela Igreja Católica entre 1831 e 1996. Em 22 de maio, foram encontrados os primeiros 215 túmulos anônimos de crianças indígenas na escola residencial indígena Kamloops, na Colúmbia Britânica. Em 24 de junho, líderes da Primeira Nação de Cowessess anunciaram o descobrimento de 751 túmulos anônimos na antiga escola Marieval. Outros 182 restos humanos foram encontrados perto da antiga escola da Missão de San Eugênio, dirigida por católicos em Cranbrook, também na Colúmbia Britânica.

Até o momento, não se sabe a identidade nem as circunstâncias da morte dos menores. Na época, os óbitos e os enterros não foram documentados. A descoberta dos túmulos foi possível graças ao uso de um radar de penetração terrestre. Neste fim de semana, o jornal americano Fox News noticiou que várias igrejas foram incendiadas na Colúmbia Britânica. No dia 21 de junho, a igreja do Sagrado Coração foi incendiada em Penticton Indian Band. No mesmo dia, também foi incendiada a igreja católica de São Gregório, nas terras da Osoyoos Indian Band. No dia 26 de junho, outras duas igrejas católicas, Nossa Senhora de Lourdes Chopaka e Sant´Ana, foram incendiadas em terras indígenas. No mesmo dia, a igreja anglicana de São Paulo também foi danificada por um pequeno incêndio. Mas no dia 1º de julho, o templo voltou a sofrer um novo incêndio que o destruiu completamente. Em 28 de junho, foi a vez de um novo incêndio na igreja católica da Primeira Nação Siksika, que terminou sendo controlado. Em Alberta, a igreja da paróquia de São João Batista foi incendiada no dia 30 de junho. No dia seguinte, 1º de julho, a catedral de São Patrício em Yellowknife, nos territórios do noroeste, também foi atacada, sofrendo danos menores. Um incêndio, que foi controlado, atingiu, no dia 2 de julho, a igreja anglicana de São Columbano, na Colúmbia Britânica. No domingo, 4 de julho, houve um incêndio no templo da House of Prayer Alliance Church, na cidade de Calgary. Pelo menos 10 igrejas da cidade foram manchadas com tinta vermelha ou marcas de mãos vermelhas. Uma delas teve a janela quebrada e uma lata de tinta foi jogada no seu interior.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, se reuniu com líderes indígenas e funcionários provinciais na sexta-feira, 2 de julho para condenar a onda de incêndios. “Não posso deixar de pensar que queimar igrejas está realmente privando as pessoas que precisam de luto, cura e lugares onde possam chorar, refletir e buscar apoio. Não devemos atacar os edifícios que podem servir de consolo para alguns dos nossos concidadãos”, disse o primeiro-ministro.

Além das autoridades, sobreviventes das escolas residenciais e líderes indígenas também estão pedindo o fim da violência. “Queimar igrejas não é um ato de solidariedade para conosco, os povos indígenas. Como eu disse, não destruímos os locais de culto das pessoas”, afirmou Jenn Allan-Riley, líder pentecostal indígena da Living Waters Church, em entrevista coletiva na segunda-feira, 5 de julho. “Nos preocupa que o incêndio e a destruição de igrejas tragam mais conflitos, depressão e ansiedade àqueles que já estão em luto e abalados”. Allan-Riley é uma antiga aluna das escolas residenciais. Queimar as igrejas “não é nossa forma nativa”, disse ela, para quem os incêndios alimentam a divisão entre os povos indígenas e os não-indígenas. Vários ex-alunos das escolas residenciais “permaneceram católicos e agora perderam seu lugar de culto e consolo”, disse a ministra pentecostal.

CNBB cria grupo de trabalho sobre expressões carismáticas


O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou, na última quinta-feira, 17, a criação de um grupo de trabalho que irá refletir sobre as expressões carismáticas na Igreja no Brasil. A proposta foi apresentada pela Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato.

Composto por bispos e representantes da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), da Renovação Carismática Católica e do Serviço Internacional de Comunhão Charis, o GT vai retomar as reflexões já realizadas pela Conferência Episcopal sobre a atuação e identidade dos grupos ligados à RCC, movimentos eclesiais e novas comunidades.

A ideia surgiu partir do contato do bispo de Tocantinópolis (TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato da CNBB, dom Giovane Pereira de Melo; do secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado; do bispo de Paranavaí (PR), dom Mário Spaki, referencial para o Serviço de Comunhão Charis no Brasil; e do bispo auxiliar de Brasília, dom José Aparecido Gonçalves Almeida.

Desde a década de 1990 a CNBB tem estudado e oferecido orientações relacionadas ao carisma pentecostal católico, como a publicação do documento 53 “Orientações pastorais sobre a Renovação Carismática Católica”, a realização de seminários sobre novas comunidades e a elaboração do subsídio “Associações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades” para a 55º Assembleia Geral.

Segundo dom Giovane, na realidade das expressões carismáticas, há frutos e conflitos, como a questão da identidade e alguns grupos com “tendências fundamentalistas bastante fortes”. Outra preocupação é a relação com a Igreja local. Desses grupos, recordou o bispo, nasceram ministérios, serviços e novas comunidades, cujas expressões “têm uma forte presença nos meios de comunicação social e forte influência na forma de pensar de uma grande parte dos fiéis católicos”. Assim, “diante da extensão do tema e da necessidade de continuar o diálogo, estamos propondo, retomando todo o caminho que foi percorrido pela Conferência”, destacou. 

terça-feira, 6 de julho de 2021

A cruz escondida


A Diocese de Guaira é o retrato da pobreza em que se encontra a Venezuela. É apenas uma das dioceses da Venezuela. Mas o que se passa em Guaira retrata, com fidelidade, o drama que se vive em todo o país, com cada vez mais pessoas de mão estendida, numa angústia que parece não ter fim. De Guaira chegam-nos também histórias de gente extraordinária, de irmãs que estão no meio do povo, no meio dos pobres, e que são sinal de esperança, mesmo quando muitas vezes pouco mais têm para oferecer do que a ternura dos seus sorrisos…

A situação agrava-se de dia para dia. A Venezuela é um país mergulhado numa crise sem fim com uma população amordaçada pela fome, com uma inflação que cresce sem parar, com famílias incapacitadas para comprar o pão ou medicamentos. As prateleiras vazias das lojas são o sinal do desmoronamento de um país onde a farinha, o arroz, o leite ou artigos de higiene parecem ser já um luxo inacessível à maior parte das pessoas. É assim em todo o lado. É assim também em Guaira. Nesta diocese, perante o desalento geral, quando tudo parece estar a desmoronar-se, sobram os gestos, o carinho e a coragem de um punhado de mulheres consagradas a Deus. São apenas 46 irmãs, mas parecem ser muitas mais graças à energia contagiante com que todos os dias vão ao encontro dos mais pobres dos pobres, das famílias mais desesperadas, dos que já tantas vezes desistiram de lutar. “Nós permanecemos com os pobres”, diz madre Felipa. Esta religiosa espanhola, das Irmãzinhas dos Pobres, está em Maiquetía, ao lado do povo que adoptou como seu. Não ficar seria trair aquelas pessoas, avós e netos de olhar triste, famílias com doentes a seu cargo, casas com pessoas com fome e panelas vazias… Maria Larissa é outra destas 46 heroínas. Ela pertence a outra congregação, as Irmãs Missionárias da Caridade. Tal como madre Felipa, também não é venezuelana. Veio da Índia e tal como ela também o seu vocabulário se reduz quase por completo à palavra amor. São nove religiosas que tomam conta, entre outros, de 21 crianças com síndrome de Down. 

Lobby LGBT censura histórias de ‘transgêneros’ arrependidos


“Os ativistas podem não querer admitir, mas não estou sozinha em meu arrependimento”, afirmou Grace Lidinsky-Smith. Ela se arrepende de ter feito “transição de gênero” e lamenta que os ativistas ocultem histórias de pessoas como ela, cujas histórias poderiam fazer com que as pessoas não caiam nessas terapias.

Aos 20 anos, Lidinsky-Smith se tornara uma pessoa “depressiva e com disforia de gênero depois de anos de obsessão por questões de identidade”.

“Eu achei que tinha encontrado meu caminho: a transformação total através da transição médica, para viver como homem”, contou. “Comecei minha transformação com injeções de hormônios. Quatro meses depois, meus seios foram removidos no procedimento cirúrgico conhecido como cirurgia superior”, acrescentou. Um ano depois, “eu estava encolhida na minha cama, agarrando-me às cicatrizes da dupla mamectomia e chorando de arrependimento”, disse.

O caminho para a transição de gênero era fácil. “Tive o ambiente mais favorável possível para a transição: fácil acesso a hormônios, uma comunidade que me estimulava, além da cobertura do seguro”, disse. “O que eu não tinha era um terapeuta que pudesse me ajudar a examinar os problemas subjacentes que eu tinha antes de tomar aquelas sérias decisões médicas”, lamentou. Lidinsky-Smith foi diagnosticada com disforia de gênero e "meu médico me deu luz verde para começar a transição na primeira consulta", disse.

Em artigo publicado no dia 25 de junho na revista americana Newsweek, Lidinsky-Smith disse que não é a única pessoa que se arrepende das terapias hormonais e das cirurgias prescritas pelos prestadores de assistência médica.

Em sua trajetória, Lidinsky-Smith descobriu outros “detransicionistas” com histórias similares. Algumas pessoas interromperam logo o procedimento de transição de gênero, mas “outras tomaram hormônios durante anos e se submeteram a múltiplas cirurgias antes de decidir que o caminho não era adequado para elas”.

Ela falou sobre a necessidade de trazer esses casos ao conhecimento público e de preocupar-se “pelas pessoas que foram feridas pelo tratamento médico transgênico, que se administra cada vez mais a pacientes adolescentes”.

Lidinsky-Smith também contou suas vivências em entrevista à 60 Minutes da CBS News, em maio de 2021. Ativistas LGBT pediram para censurar ou cancelar o episódio antes de ele ir ao ar. “Fui ao '60 Minutes' porque queria que as pessoas entendessem que a medicina trans nem sempre é administrada de maneira responsável e segura”, disse Lidinsky-Smith em seu artigo. “Eu sabia que minha transição tinha me machucado gravemente e eu não era a única”.

Segundo Lidinsky-Smith, os “detransicionistas” observam várias causas que, em retrospectiva, contribuíram para sua decisão de “fazer a transição” de gênero, como problemas de saúde mental não tratados, uma crise importante, trauma de abuso sexual, autismo não diagnosticado ou uma luta pela aceitação da sua orientação sexual”.

“Para muitos, o arrependimento e a dor foram intensos, como foi para mim”, continuou. “Em muitos sentidos é impossível voltar atrás. Muitos de nós se perguntam: por que meu terapeuta não me ajudou primeiro a resolver meus problemas subjacentes?”, disse.

Lidinsky-Smith é presidente da Gender Care Consumer Advocacy Network, organização que luta por melhores tratamentos para pessoas que “passaram ou estão passando por serviços de assistência relacionadas a gênero”.

Lidinsky-Smith apóia os padrões da WPATH, a Associação Profissional Mundial para a Saúde Transgênero, que qualifica como “amplamente aceitos”, mas lamenta que não exista obrigatoriedade de segui-los por parte dos médicos.

“Em minha própria odisseia médica, não recebi a maior parte da exploração terapêutica recomendada pelos padrões de atendimento da WPATH”, disse. “Deixaram-me ao meu próprio autodiagnóstico”.

Imagem da “pachamama” foi usada como ostensório no México


A polêmica imagem da “pachamama” ou “mãe terra”, que acompanhou diversas atividades do Sínodo da Amazônia de 2019, foi usada como ostensório da Eucaristia em uma igreja em Guadalajara, no México.

Em imagens publicadas pelo sacerdote mexicano José Luis González Santoscoy em sua página do Facebook, mas posteriormente eliminadas, se vê o ostensório com a forma da pachamama, uma mulher grávida nua, levando em seu ventre a Eucaristia.

As fotos foram tiradas no interior da paróquia São João Macías, em Zapopan, na área metropolitana de Guadalajara.

Em declarações à ACI Prensa, o padre González Santoscoy afirmou que “não tenho absolutamente nada a comentar”, e disse que “o assunto já foi discutido com o meu bispo, com as minhas autoridades”.

A arquidiocese de Guadalajara não se pronunciou sobre o assunto.

O padre Juan Pedro Oriol, pároco da paróquia São João Macías, disse que não sabia nem autorizou o uso do ostensório com a forma da pachamama.

“Saí por alguns dias de férias, na segunda-feira, 28 de junho, e isso foi feito sem o meu conhecimento e sem a minha permissão”, disse, ressaltando que se trata de “uma enorme tristeza para mim”.

O padre Oriol explicou que “obviamente esse ostensório não é da paróquia” e afirmou que “na nossa paróquia se usa sempre o mesmo ostensório e expomos o Santíssimo todos os dias”.

“Inclusive nestas férias estou tentando encontrar um ostensório parecido, um pouco mais novo, mas nunca usamos outro ostensório diferente do que temos na nossa sacristia e usamos todos os dias para a exposição e adoração do Santíssimo, quando temos adoração noturna ou horas santas especiais”, reiterou.