segunda-feira, 6 de maio de 2019

Marcha pela Vida reúne milhares no Rio de Janeiro e impacta com “bebê gigante”


Quem passou pelas ruas e praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, no último domingo, 5 de maio, foi impactado pela presença de um “bebê gigante”, que por si só demonstrava a importância de proteger o nascituro, durante a 7ª Marcha pela Vida Contra o aborto.

O evento, realizado pelo Movimento Nacional da Cidadania pela Vida – Brasil sem aborto, reuniu, de acordo com a organização, cerca de 3 mil pessoas nas duas atividades promovidas, a Marcha e as Arenas Juntos pela Vida, contando com os jogos pela vida, além de exposição e, em paralelo, coleta de assinaturas para a aprovação do Estatuto do Nascituro.

Neste ano, trouxe como tema “Brasil pelas duas vidas”. Segundo a coordenadora Zezé Luz, o objetivo foi “alertar a população sobre o ativismo judicial que tenta usurpar o poder do Legislativo em aceitar a discussão de descriminalização do aborto nos casos de Zika Vírus, através da ADI 5581, e da ADPF442, que versa sobre a legalização do aborto até os 3 meses de gestação”.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5581 foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP), a fim de despenalizar o aborto no caso de grávidas infectadas pelo vírus da zika.

Por sua vez, A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442/2017 (ADPF 442) foi apresentada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) ao Supremo Tribunal Federal e propõe a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

Trata-se, explicou Zezé Luz, de “uma tentativa clara de invasão de competência” por parte do Supremo. “Não iremos nos calar! Chamamos a atenção dos parlamentares presentes”, afirmou.

Londres: O túmulo do filósofo Karl Marx foi vandalizado


O túmulo do filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), localizado em um cemitério de Londres (Reino Unido), foi vandalizado em um ataque aparentemente deliberado.

A parte mais antiga e mais frágil do monumento, uma placa de mármore que menciona os nomes de Marx e seus parentes enterrados lá, foi repetidamente atingida por um objeto de metal pontiagudo, explicou Ian Dungavell, que administra o Friends of Highgate Cemetery Trust. As informações são das agências de notícias AFP e Reuters.

“O nome de Karl Marx parece ter sido particularmente atacado, por isso não foi um simples acidente aleatório em um monumento, mas sim um ataque muito seletivo contra Karl Marx”, disse Dungavell.

O Capital

O filósofo alemão, autor de “O Capital”, é uma das personalidades mais famosas enterradas no cemitério de Highgate, localizado no norte de Londres. O monumento é considerado uma estrutura com “excepcional interesse histórico” no Reino Unido.

Sob um grande busto de Marx, financiado em 1956 por um fundo estabelecido pelo Partido Comunista Britânico, pode-se ler a conhecida frase “trabalhadores do mundo, uni-vos”.

“Nada será igual” na Igreja após o Sínodo da Amazônia

Um bispo alemão, favorável a ideologia LGBT, resolveu prever que mudanças radicais irão se suceder na Igreja Católica nos campos da moralidade sexual, do sacerdócio masculino e do celibato sacerdotal, após o próximo sínodo no Vaticano, marcado para o final deste ano.

Segundo o Katholische.de, site oficial dos bispos alemães, Dom Franz-Josef Overbeck, bispo da Diocese de Essen, na Alemanha, disse em entrevista que o Sínodo de outubro causará uma “ruptura” na Igreja e que “nada será como antes”.

O bispo disse que a estrutura hierárquica da Igreja, sua moralidade sexual e a imagem geral do sacerdócio (“Priesterbild”, alemão para “imagem do sacerdote”) seria minuciosamente analisada e que o papel da mulher na Igreja também seria reconsiderado.

Ele também relatou que o declínio na quantidade de fiéis católicos na Europa e na América Latina seria colocado em pauta, juntamente com as temáticas da “exploração gigantesca” do meio ambiente e da violação dos direitos humanos.

O Sínodo acontecerá de 6 a 27 de outubro e entre os temas principais estão a ecologia, a teologia e o cuidado pastoral, as preocupações com os povos indígenas e com os direitos humanos.

De acordo com o Katholische.de, Dom Overbeck disse que Francisco, por ter uma perspectiva sul-americana, é a garantia de “consciência diante de tais desafios”.

A “estrutura eurocêntrica” da Igreja está próxima de ser extinta, prometeu o bispo ao dizer que as igrejas locais da América Latina, bem como seu clero, se tornariam cada vez mais independentes.

“O rosto destas igrejas locais é feminino”, disse.

Papa: "Com o fogo do amor, derreter o gelo das guerras".



VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
 À BULGÁRIA E MACEDÔNIA DO NORTE

ENCONTRO PELA PAZ PRESIDIDO PELO SANTO PADRE
NA PRESENÇA DE EXPOENTES DAS CONFISSÕES RELIGIOSAS NA BULGÁRIA

Praça Nezavisimost (Sófia)
Segunda-feira, 6 de maio de 2019

PALAVRAS DO SANTO PADRE

Queridos irmãos e irmãs!

Rezamos pela paz com palavras inspiradas em São Francisco de Assis, grande enamorado de Deus Criador e Pai de todos. Amor que ele, com idêntica paixão e sincero respeito, testemunhou pela criação e por toda a pessoa que encontrava no seu caminho. Amor que transformou o seu olhar, dando-lhe a consciência de que em cada um existe «um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 6). Amor que o levou a ser um autêntico construtor de paz. Na sua esteira, também cada um de nós é chamado a tornar-se um construtor, um «artesão» de paz. Paz que devemos implorar e pela qual devemos trabalhar: dom e tarefa, presente e esforço constante e diário para construir uma cultura, onde também a paz seja um direito fundamental. Paz ativa e «fortificada» contra todas as formas de egoísmo e indiferença, que nos fazem antepor os interesses mesquinhos de alguns à dignidade inviolável de toda a pessoa. A paz exige e pede-nos para fazermos do diálogo um caminho, da colaboração comum a nossa conduta, do conhecimento mútuo o método e o critério (cf. Documento sobre a Fraternidade Humana, Abu Dhabi 4 de fevereiro de 2019), para nos encontrarmos naquilo que nos une, respeitarmo-nos naquilo que nos separa, e encorajarmo-nos a olhar o futuro como um espaço de oportunidades e dignidade, especialmente para as gerações vindouras.

Nesta noite, estamos aqui a rezar diante destas tochas trazidas pelas nossas crianças. Simbolizam o fogo do amor que está aceso em nós e deve tornar-se um farol de misericórdia, amor e paz nos ambientes onde vivemos. Um farol que gostaríamos pudesse iluminar o mundo inteiro. Com o fogo do amor, queremos derreter o gelo das guerras. Estamos a viver este evento em prol da paz nas ruínas da antiga Serdika, em Sófia, coração da Bulgária. Daqui podemos ver os lugares de culto de diferentes Igrejas e Confissões religiosas: Santa Nedélia dos nossos irmãos ortodoxos, São José dos católicos, a sinagoga dos nossos irmãos mais velhos – os judeus –, a mesquita dos nossos irmãos muçulmanos e, perto, a igreja dos armênios.

Papa se reúne com comunidade católica na Bulgária


VIAGEM APOSTÓLICA À BULGÁRIA E À MACEDÔNIA
Encontro com a Comunidade Católica

Igreja de São Miguel Arcanjo, em Rakovsky
Segunda-feira, 6 de maio de 2019

Queridos irmãos e irmãs,

Boa tarde! Agradeço-vos a calorosa recepção, as danças e os testemunhos. É sempre motivo de alegria poder encontrar o Povo santo de Deus com os seus mil rostos e carismas.

O Bispo D. Iovcev pediu-me para vos ajudar a «ver com olhos de fé e amor». Antes de tudo, quero agradecer-vos porque me ajudastes a mim a ver melhor e a compreender um pouco mais o motivo pelo qual esta terra foi tão amada e significativa para São João XXIII, onde o Senhor estava a preparar algo que haveria de ser um passo importante no nosso caminho eclesial. No vosso meio, germinou uma forte amizade com os irmãos ortodoxos e isso impeliu-o por uma estrada capaz de gerar a tão suspirada e frágil fraternidade entre as pessoas e as comunidades.

Ver com os olhos da fé. Desejo recordar as palavras do «Papa bom», que soube sintonizar de tal modo o seu coração com o Senhor, que pôde dizer que não estava de acordo com as pessoas que ao redor de si mesmas só viam mal, chamando-as profetas da desgraça. Segundo ele, era preciso ter confiança na Providência, que nos acompanha continuamente e, no meio das adversidades, é capaz de realizar desígnios superiores e inesperados (cf. Discurso de abertura do Concílio Vaticano II, 11 de outubro de 1962).

Os homens de Deus são aqueles que aprenderam a ver, confiar, descobrir e deixar-se guiar pela força da ressurreição. Reconhecem – é verdade! – que existem situações ou momentos dolorosos e particularmente injustos, mas não ficam ociosos, assustados ou, pior ainda, alimentando um clima de incredulidade, mal-estar ou aborrecimento, porque isto nada mais faz do que prejudicar a alma, debilitando a esperança e impedindo qualquer solução possível. Os homens e as mulheres de Deus são aqueles que têm a coragem de dar o primeiro passo e, com criatividade, procuram colocar-se na linha da frente, testemunhando que o Amor não está morto, mas venceu todos os obstáculos. Arriscam, pois aprenderam que, em Jesus, arriscou o próprio Deus. Arriscou a própria carne, para que ninguém pudesse sentir-se sozinho ou abandonado.

Neste sentido, quero partilhar convosco uma experiência vivida algumas horas atrás. De manhã, tive a alegria de encontrar, no campo de refugiados de Vrazhedebna, deslocados e refugiados que vieram de vários países do mundo para encontrar uma situação de vida melhor daquela que deixaram, e também voluntários da Cáritas. Disseram-me lá que o coração do Centro é constituído pela consciência de que toda a pessoa é filha de Deus, independentemente da etnia ou confissão religiosa. Para amar alguém, não é preciso pedir-lhe o seu currículo; o amor precede, antecipa-se. Porque é gratuito. Naquele Centro da Cáritas, são muitos os cristãos que aprenderam a ver com os próprios olhos do Senhor, o Qual não se detém nos adjetivos, mas procura e atende a cada um com olhar de Pai. Ver com os olhos da fé convida-nos a passar a vida, não colando etiquetas nem classificando quem é digno de amor e quem não o é, mas procurando criar as condições para que cada pessoa possa sentir-se amada, sobretudo quem se sente esquecido por Deus porque é esquecido pelos seus irmãos. Quem ama, não perde tempo em lamentos, mas procura sempre algo de concreto que possa fazer. Naquele Centro, aprenderam a ver os problemas, reconhecê-los, enfrentá-los; deixaram-se interpelar e procuraram discernir com os olhos do Senhor. Como disse o Papa João, «nunca conheci um pessimista que tenha concluído algo de bom». O Senhor é o primeiro a não ser pessimista e procura continuamente abrir, para todos nós, caminhos de Ressurreição. Como é belo quando as nossas comunidades lembram um canteiro de obras de esperança!

Mas, para adquirir o olhar de Deus, precisamos dos outros, precisamos que nos ensinem a olhar e sentir como Jesus olha e sente; que o nosso coração possa palpitar com os próprios sentimentos d’Ele! Por isso, gostei de ouvir Mitko e Miroslava, com o seu anjinho Bilyana, dizer-nos que, para eles, a paróquia sempre foi a segunda casa, o lugar onde sempre encontram, graças à oração comunitária e ao apoio das pessoas amigas, a força para prosseguir.

Assim, a paróquia transforma-se numa casa no meio de todas as casas e é capaz de tornar presente o Senhor precisamente lá onde cada família, cada pessoa procura diariamente ganhar o seu pão. Lá, na encruzilhada das estradas, encontra-Se o Senhor, que não quis salvar-nos com um decreto, mas entrou e deseja entrar no mais íntimo das nossas famílias para nos dizer, como aos discípulos, «a paz esteja convosco!».

Fico feliz em saber que considerais boa esta «máxima» que gosto de partilhar com os cônjuges: «Nunca vades dormir zangados, nem uma noite sequer» (e convosco, pelo que vejo, funciona). Uma máxima, que pode servir também para todos nós, cristãos. Como contastes vós mesmos, é verdade que se passa através de várias provas; por isso, é necessário estar atentos para que a ira, o ressentimento ou a amargura nunca se apoderem do coração. Nisto, devemos ajudar-nos uns aos outros, cuidar uns dos outros, para que não se apague a chama que o Espírito acendeu no nosso coração.

Reconheceis – e disso vos sentis agradecidos – que os vossos sacerdotes e irmãs cuidam de vós. Mas, quando vos ouvia, impressionou-me aquele sacerdote que falou, não da sua boa prestação durante estes anos de ministério, mas das pessoas que Deus colocou junto dele para o ajudar a tornar-se um bom ministro de Deus.

Bulgária: Mais de 200 crianças recebem Primeira Comunhão das mãos do Papa


VIAGEM APOSTÓLICA À BULGÁRIA E À MACEDÔNIA
Homilia do Papa Francisco

Santa Missa na Igreja do Sagrado Coração
Rakovsky, Bulgária
Segunda-feira, 6 de maio de 2019

Amados irmãos e irmãs!

Com grande alegria, saúdo os meninos e meninas da Primeira Comunhão, bem como seus pais, parentes e amigos. A todos vós, dirijo a linda saudação de boas-festas que se usa também no vosso país neste tempo pascal: «Cristo ressuscitou». Esta saudação é a expressão da nossa alegria de cristãos, discípulos de Jesus, porque Ele, tendo dado a vida por amor na cruz para destruir o pecado, ressuscitou e tornou-nos filhos adotivos de Deus Pai. Sentimo-nos contentes porque Ele está vivo e presente no meio de nós, hoje e sempre.

Vós, queridos meninos e meninas, viestes aqui de todos os cantos desta «Terra das Rosas» para participar numa festa maravilhosa, que nunca – tenho a certeza – esquecereis: o vosso primeiro encontro com Jesus no sacramento da Eucaristia. Algum de vós poderia perguntar-me: Como podemos encontrar Jesus, que viveu há muitos anos, depois morreu e foi colocado no túmulo? Isso é verdade! Mas Jesus fez um ato imenso de amor, para salvar a humanidade de todos os tempos. Ficou no túmulo três dias, mas nós sabemos – assim no-lo asseguraram os Apóstolos e muitas outras testemunhas que O viram vivo – que Deus, Pai d’Ele e Pai nosso, O ressuscitou. E agora Jesus está vivo e está aqui conosco. Por isso, hoje podemos encontrá-Lo na Eucaristia. Não O vemos com estes olhos, mas vemo-Lo com os olhos da fé.

Vejo-vos aqui vestidos com as túnicas brancas: é um sinal importante e lindo. Porque estais vestidos de festa. A Primeira Comunhão é, antes de mais nada, uma festa, na qual celebramos Jesus que quis ficar sempre ao nosso lado e nunca Se separará de nós. Festa que foi possível graças aos nossos pais, aos nossos avós, às nossas famílias e comunidades que nos ajudaram a crescer na fé.

Percorrestes um longo caminho para chegar até aqui, a esta cidade de Rakovski. Os vossos sacerdotes e catequistas, que acompanharam o vosso percurso de catequese, acompanharam-vos também no caminho que vos leva hoje a encontrar Jesus e a recebê-Lo no vosso coração. Um dia, como ouvimos no Evangelho de hoje (cf. Jo 6, 1-15), Ele multiplicou miraculosamente cinco pães e dois peixes, saciando a fome da multidão que O havia seguido e escutado. Notastes como foi que começou o milagre? Pelas mãos dum menino que trouxe o que tinha: cinco pães e dois peixes (cf. Jo 6, 9). Da mesma forma como hoje vós ajudais a realizar-se o milagre de lembrar a todos nós, os adultos aqui presentes, o primeiro encontro que tivemos com Jesus na Eucaristia e de poder agradecer por aquele dia. Hoje tornais possível a todos nós estar novamente em festa e celebrar Jesus que está presente no Pão da Vida. Com efeito, há milagres que só podem acontecer, se tivermos um coração como o vosso, capaz de partilhar, sonhar, agradecer, ter confiança e honrar os outros. Fazer a Primeira Comunhão significa querer estar cada dia mais unido a Jesus, crescer na amizade com Ele e desejar que também os outros possam gozar da alegria que Jesus nos quer dar. O Senhor precisa de vós para poder realizar o milagre de envolver com a sua alegria muitos dos vossos amigos e familiares.

Bulgária: Papa reza o Regina Coeli com os fiéis e recorda S. João XXIII


VIAGEM APOSTÓLICA À BULGÁRIA E À MACEDÔNIA
Regina Coeli
Domingo, 5 de maio de 2019

Queridos irmãos e irmãs, 
«Cristo ressuscitou!» – «Ressuscitou verdadeiramente!»

É com estas palavras que desde os tempos antigos, nestas terras da Bulgária, os cristãos – ortodoxos e católicos – trocam votos entre si no tempo da Páscoa. Tais palavras expressam a grande alegria pela vitória de Jesus Cristo sobre o mal e sobre a morte. São uma afirmação e um testemunho do coração da nossa fé: Cristo vive. Ele é a nossa esperança e a mais bela juventude deste mundo. Tudo o que toca torna-se novo, enche-se de vida. Por isso as primeiras palavras que quero dirigir a cada um de vós são: Ele vive e quer-te vivo! Está em ti, está contigo e jamais te deixa. Por mais que te possas afastar, junto de ti está o Ressuscitado, que te chama e espera por ti para recomeçar. Quando te sentires envelhecido pela tristeza, os rancores, os medos, as dúvidas e os fracassos, Ele estará lá para te devolver força e esperança (Francisco, Exort. ap. pós-sinodal Christus vivit, 1-2).

Esta fé em Cristo ressuscitado tem vindo a ser proclamada desde há dois mil anos por todos os cantos da terra, através da generosa missão de tantos crentes, que são chamados a dar tudo pelo anúncio evangélico, sem guardar nada para si mesmos. Na história da Igreja, também aqui na Bulgária, houve Pastores que se distinguiram pela santidade de vida. Entre eles, apraz-me recordar o meu antecessor – por vós designado «o Santo búlgaro» – São João XXIII, um Santo pastor, cuja memória permanece particularmente viva nesta terra, onde ele viveu de 1925 a 1934. Aqui aprendeu a admirar a tradição da Igreja Oriental, estabelecendo relações de amizade com as outras Confissões religiosas. A sua experiência diplomática e pastoral na Bulgária deixou uma marca tão forte no seu coração de pastor que o levou a promover na Igreja a perspetiva do diálogo ecumênico. Este recebeu um notável impulso no Concílio Vaticano II, desejado precisamente pelo Papa Roncalli. A esta terra, de certo modo, devemos agradecer a intuição sábia e inspiradora do «Papa bom».

Na esteira deste caminho ecumênico, daqui a pouco terei a alegria de saudar os expoentes das várias Confissões religiosas da Bulgária, que, apesar de ser um país ortodoxo, se revela uma encruzilhada onde se encontram e dialogam várias expressões religiosas. A estimada presença no encontro dos Representantes destas diversas Comunidades indica o desejo que todos têm de percorrer o caminho, cada dia mais necessário, de «adotar a cultura do diálogo como caminho, a colaboração comum como conduta, o conhecimento mútuo como método e critério» (Documento sobre a Fraternidade Humana, Abu Dhabi 4 de fevereiro de 2019).

Papa: "Ecumenismo de sangue, do pobre e da missão dos cristãos".


VIAGEM APOSTÓLICA À BULGÁRIA E À MACEDÔNIA
Discurso do Papa Francisco na Visita ao Patriarca
Domingo, 5 de maio de 2019

Santidade, venerados Metropolitas e Bispos, queridos irmãos,
Christos vozkrese!

Na alegria do Senhor ressuscitado, vos dirijo a saudação pascal, neste domingo designado no Oriente cristão como «domingo de São Tomé». Contemplamos o Apóstolo que mete a mão no lado do Senhor e, tocadas as suas feridas, confessa: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jo 20, 28). As feridas que se abriram entre nós, cristãos, ao longo da história são dolorosos golpes infligidos no Corpo de Cristo que é a Igreja. Ainda hoje, tocamos com a mão as suas consequências. Mas, se metermos juntos a mão nestas feridas, confessarmos que Jesus ressuscitou e O proclamarmos nosso Senhor e nosso Deus, se, no reconhecimento das nossas faltas, nos deixarmos imergir nas suas feridas de amor, talvez possamos reencontrar a alegria do perdão e antegozar o dia em que poderemos, com a ajuda de Deus, celebrar o mistério pascal no mesmo altar.

Neste caminho, somos sustentados por muitos irmãos e irmãs, a quem, antes de mais nada, gostaria de prestar homenagem: são as testemunhas da Páscoa. Quantos cristãos, neste país, sofreram tribulações pelo nome de Jesus, especialmente durante a perseguição do século passado! O ecumenismo do sangue! Eles espargiram um suave perfume na «Terra das Rosas». Passaram através dos espinhos da provação para difundir a fragrância do Evangelho. Desabrocharam num terreno fértil e bem trabalhado, num povo rico de fé e humanidade genuína, que lhes deu raízes robustas e profundas: penso de modo particular no monaquismo, que, de geração em geração, alimentou a fé do povo. Creio que agora estas testemunhas da Páscoa, irmãos e irmãs de diferentes confissões unidos no Céu pela caridade divina, nos contemplam como sementes lançadas à terra para dar fruto. E, enquanto muitos outros irmãos e irmãs espalhados pelo mundo continuam a sofrer por causa da fé, pedem-nos para não ficar fechados, mas abrir-nos, pois só assim é que as sementes dão fruto.

Santidade, este encontro, que tanto desejei, acontece depois do encontro de São João Paulo II com o Patriarca Maxim, durante a primeira visita dum Bispo de Roma à Bulgária, e segue os passos de São João XXIII, que, nos anos aqui transcorridos, tanto se afeiçoou a este povo «simples e bom» (Jornal da alma, Bolonha 1987, 325), admirando a sua honestidade, laboriosidade e dignidade nas provações. Também eu me encontro aqui, hóspede recebido com afeto, e sinto no coração a nostalgia do irmão, aquela nostalgia salutar pela unidade entre os filhos do mesmo Pai, que o Papa João pôde certamente maturar nesta cidade. Precisamente durante o Concílio Vaticano II, por ele convocado, a Igreja Ortodoxa Búlgara enviou os seus Observadores. Desde então, têm-se multiplicado os contactos. Penso nas visitas de delegações búlgaras que, desde há cinquenta anos, vão ao Vaticano e que tenho a alegria de receber todos os anos; bem como a presença em Roma duma comunidade ortodoxa búlgara, que reza numa igreja da minha diocese. Enchem-me de alegria a requintada recepção reservada aos meus enviados, cuja presença se intensificou nos últimos anos, e a colaboração com a comunidade católica local, sobretudo na área cultural. Tenho confiança que tais contatos, com a ajuda de Deus e nos tempos predispostos pela Providência, poderão incidir positivamente sobre muitos outros aspetos do nosso diálogo. Entretanto somos chamados a caminhar e agir juntos para dar testemunho do Senhor, em particular servindo aos irmãos mais pobres e esquecidos em quem Ele está presente. O ecumenismo do pobre.