sábado, 30 de março de 2019

24 horas para o Senhor: Papa afirma que para Jesus antes do pecado, vem o pecador


CELEBRAÇÃO DA PENITENCIAL
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Sexta-feira, 29 de março de 2019

«Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia» (Santo Agostinho, In Johannis 33, 5): assim interpreta Santo Agostinho o final do Evangelho que acabamos de ouvir. Foram-se embora aqueles que tinham vindo para atirar pedras contra a mulher ou para acusar Jesus a propósito da Lei. Foram-se embora; nada mais lhes interessava. Mas Jesus continua... E continua, porque lá ficou o que era precioso a seus olhos: aquela mulher, aquela pessoa. Para Ele, antes do pecado, vem o pecador. No coração de Deus, eu, tu cada um de nós vem em primeiro lugar; vem antes dos erros, das normas, dos juízos e das nossas quedas. Peçamos a graça dum olhar semelhante ao de Jesus; peçamos para ter o enquadramento cristão da vida: nele, antes do pecado, olhamos com amor o pecador; antes do erro, o transviado; antes do caso, a pessoa.

«Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia». Naquela mulher surpreendida em adultério, Jesus não vê uma alínea da Lei, mas uma situação concreta que O reclama. Por isso, fica ali com a mulher, mantendo-Se quase todo o tempo em silêncio; entretanto, por duas vezes, efetua um gesto misterioso: escreve com o dedo por terra (Jo 8, 8). Não sabemos o que terá escrito, e talvez não seja a coisa mais importante: a atenção do Evangelho centra-se no facto de o Senhor escrever. Vem à mente o episódio do Sinai, quando Deus escrevera as tábuas da Lei com o seu dedo (cf. Ex 31, 18), tal como faz agora Jesus. Depois, através dos profetas, Deus prometera que não mais escreveria em tábuas de pedra, mas diretamente nos corações (cf. Jr 31, 33), nas tábuas de carne dos nossos corações (cf. 2 Cor 3, 3). Com Jesus, misericórdia de Deus encarnada, chegou o momento de escrever no coração do homem, dando uma segura esperança à miséria humana: dar, não tanto leis externas que muitas vezes deixam Deus e o homem distantes, mas a lei do Espírito, que entra no coração e o liberta. Assim sucede com aquela mulher, que encontra Jesus e recomeça a viver. Segue a sua estrada, para não mais pecar (cf. Jo 8, 11). É Jesus, com a força do Espírito Santo, que nos liberta do mal que temos dentro, do pecado que a Lei podia obstaculizar, mas não remover.

E ainda assim o mal é forte, tem um poder sedutor: atrai, encandeia. Para desprender-se dele, não basta o nosso esforço, é preciso um amor maior. Sem Deus, não se pode vencer o mal: só o amor d’Ele eleva por dentro; só a sua ternura, derramada no coração, é que torna livre. Se queremos a libertação do mal, temos de dar espaço ao Senhor, que perdoa e cura; e fá-lo sobretudo através do Sacramento que estamos prestes a celebrar. A Confissão é a passagem da miséria à misericórdia, é a escrita de Deus no coração. Sempre que nos abeiramos dela, lemos que somos preciosos aos olhos de Deus, que Ele é Pai e ama-nos mais de quanto nos amamos a nós mesmos.

terça-feira, 26 de março de 2019

Participe da Campanha SOS África!


Centenas de milhares de pessoas foram afetadas pela passagem do ciclone Idai que devastou territórios inteiros na África do Sul, no último dia 14 de março. Moçambique, Zimbabué e Maláui foram os países mais atingidos pela catástrofe que já é a pior da história enfrentada pela população destes países.

Até o momento, pelo menos 750 perderam a vida, mas se estima que esse número possa passar de mil. No cenário urgente de ajuda humanitária, cerca de um milhão e meio de pessoas estão desalojadas.

A missionária comboniana Monica Luparello reside na cidade de Beira, uma das mais danificadas pelo ciclone, e nos deu o seu testemunho da tragédia vivida nos últimos dias:

Para organizar a solidariedade brasileira com as populações atingidas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Cáritas Brasileira lançam a campanha SOS África: Moçambique, Zimbabué e Maláui.

Os recursos arrecadados serão utilizados para ações de socorro imediato, água potável, alimentos, roupas, cobertores, kits de higiene, remédios, primeiros socorros e tendas, que serão coordenadas pela Cáritas Internacional, organismo da Santa Sé. Com a solidariedade de cada pessoa, a Cáritas Internacional quer ainda ajudar na reconstrução de moradias e meios de vida das populações afetadas nos três países.

“Que o Deus da vida e da ternura derrame suas bênçãos sobre cada pessoa e comunidade pela colaboração e gesto amoroso, em favor das famílias de Moçambique, Zimbábue e Maláui”, diz um trecho da carta assinada pelas presidências da CNBB e da Cáritas Brasileira, enviada para todas as paróquias do Brasil.

Missionário em Moçambique: é preciso rezar, não só sentir a dor do povo afetado pelo Idai


Missionário da Comunidade Canção Nova, Pe. Ademir Costa, está atuando há um ano na cidade de Tete, região central de Moçambique, que não foi atingida diretamente pelo ciclone Idai de 14 de março. O registro é de problemas na comunicação e no abastecimento de combustível, além da falta de comida devido à interdição das estradas e da circulação de veículos.

As áreas mais afetadas pelo ciclone tropical são as costeiras de Sofala, Zambézia e Inhambane. Pe. Ademir relata que muitas aldeias foram levadas pela fúria das águas. Só na vila costeira de Dombe, em Manica, onde se encontram os missionários da Fazenda da Esperança e da Comunidade Obra de Maria, as Irmãs Pequenas Missionárias de Maria Imaculada e os Padres Brancos, 120 pessoas morreram: “eles sofreram muito. Tiveram que ficar refugiados junto com o povo, num colégio um pouco mais alto, com centenas de pessoas. Os missionários contaram que a situação foi dramática, inclusive com falta de comida. Não se tinha acesso à cidade. Todas as pontes caíram. Tiveram que esperar as águas baixarem para depois usar barcos para buscar alimento em outras cidades. Eles sofreram junto, mas também já estão cuidando do povo”, contou o missionário.

Fome, plantações de arroz perdidas, medo da cólera e malária

Especialistas acreditam que o fator surpresa é que gerou esse desastre de grandes proporções. A época chuvosa começou em outubro e estava para terminar neste mês de março. Pe. Rafael Ligeiro, da Comunidade Católica Nova Aliança, está na cidade de Quelimane, capital da província da Zambézia, e antecipa: "já se prevê uma grande fome no país, porque parte das plantações de arroz foram perdidas. Por causa dessa realidade, acredita-se que muito do arroz plantado no país se perdeu pela influência das fortes chuvas”.

O Pe. Ademir acrescenta: “as águas começam a baixar e começam a aparecer muitos corpos que foram levados pelas águas. Então, teremos muitos meses ainda para fazer um balanço geral do que foi essa tragédia. A questão agora também é sobre as doenças, com os casos de diarreia e o medo da cólera e da malária: o povo não tem água e muitos estão bebendo dessas águas que estão acumuladas”.

Papa Francisco destina 150 mil euros para Moçambique, Zimbábue e Maláui



 
O Papa Francisco vai doar 150 mil euros para Moçambique, Zimbábue e Maláui, 50 mil euros para cada um destes países do sudeste da África que foram atingidos pelo ciclone Idai que deixou um rasto de destruição e morte.

O Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Integral da Santa Sé, através do qual o Papa vai fazer a sua contribuição, informou que os 150 mil euros vão ajudar a socorrer as populações na primeira fase de emergência que está a decorrer.

Num comunicado, o dicastério explica que a doação pretende ser também sinal de proximidade espiritual e encorajamento de Francisco às pessoas e territórios que foram afetados pela passagem do ciclone Idai há uma semana, de 14 para 15 de março.

Fundação Ajuda à Igreja que Sofre apresenta campanha dedicada a religiosas «extraordinárias»


A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) apresentou hoje em Lisboa a sua campanha internacional de Quaresma, este ano com o lema ‘Mulheres Extraordinárias: Graças a Deus. Graças a si’, dedicada às religiosas católicas nos cinco continentes.

O encontro contou com a presença e testemunho da irmã Maria Mendes, missionária das Servas do Espírito Santo, evocando a experiência que viveu no seu país natal, Timor-Leste, aquando das manifestações pela independência.

De 1995 a 1999, fez parte da Comissão Justiça e Paz da Igreja Católica em Timor, tendo acompanhado os momentos de perseguição do regime indonésio e das milícias, quando a sua própria vida “esteve em perigo”.

“Tive de fugir de Timor para as Filipinas, por causa da situação política, após o referendo de 1999”, recordou, numa viagem de ambulância, escondida, ao longo de várias horas, e de avião.

A religiosa veio como missionária para Portugal, na localidade de Casal de Cambra (Patriarcado de Lisboa), com o desejo de “partilhar a vida” com os outros.

“Sinto que tenho lugar no coração deste povo”, observou.

Atualmente, a religiosa trabalha como assistente social, na Paróquia de São Nicolau, em Lisboa, junto de “famílias carenciadas”.

Após as “experiências dolorosas” que passou na sua pátria, a irmã Maria Mendes vive hoje numa comunidade internacional, que inclui uma religiosa indonésia.

“O valor mais importante é a reconciliação”, declarou.

Franciscanos lançam «apelo confiante» para ajudar Moçambique


O ministro provincial da Ordem dos Franciscanos Menores (OFM) em Portugal informou que, através da União Missionária Franciscana, vão juntar “a ajuda” que receberem de “toda a Família Franciscana Portuguesa” e enviá-la para Moçambique.

“Lanço o apelo confiante aos irmãos e irmãs, para que nos juntemos e atuemos já”, escreve frei Armindo Carvalho, relançado que “é tempo de atuar com ânimo e fé corajosa”.

O ministro provincial da OFM, que na sua mensagem divulga o NIB da União Missionária Franciscana, explica que o ciclone Idai “proclama Palavra de Deus a descobrir, e a responder” com um gesto de amor e solidariedade” e os donativos podem ser também entregues em “cheque bancário, envelopes ou em mão”.

Frei Armindo Carvalho salienta que vão destinar “à restauração da vida do povo moçambicano” a renúncia quaresmal 2019 das fraternidades e o “fruto da renúncia pessoal” que cada irmão fará e de seus conhecidos e amigos.
 


Neste contexto, vão também destinar o “contributo” que as Congregações Franciscanas disponibilizarem, bem como das “Fraternidades da OFS e suas famílias”, e de Ordens e Congregações Religiosas, da Família Franciscana Portuguesa.

“Desejo que nesta hora dolorosa para os Franciscanos e todo o povo de Moçambicano em geral, nos juntemos em fraterna e generosa ação de justiça e amor”, acrescenta o frade menor.

Cruz, sinal do cristão


Como Igreja, caminhamos juntos em um tempo de penitência quaresmal que culminará no grande “Aleluia” da Festa da Páscoa. Este tempo é marcado pela contemplação do sacrifício de Jesus; e o sinal do sacrifício salvífico é a cruz. Ela é o tesouro que contém em si todo o bem. No batismo fomos marcados com o sinal da cruz. Os sacramentos que nos fizeram crescer na graça, os pedidos e as orações, cada bênção que caiu sobre nós, – tudo, realmente tudo na vida cristã encontra sua identidade no selo da cruz.

Toda luz, toda força espiritual, todo motivo de esperança tem sua origem na cruz. O madeiro da vergonha dos escravos se tornou a fonte da renovação do mundo. Se quisermos ser discípulos de Jesus e alcançar a felicidade eterna, devemos seguir os seus passos; e nestes, cedo ou tarde, vamos encontrar a cruz. Mas na cruz, embebida com o precioso sangue de Cristo, brilha ao mesmo tempo a luz da vitória.

Quanta luz vem da cruz! Ela nos diz que a nossa separação de Deus foi superada no momento em que o Filho de Deus se sacrificou pelas nossas culpas e, morrendo, pediu perdão por nós. Nenhuma das nossas iniquidades é maior que o perdão de Cristo. Até mesmo aquele que foi condenado por ser culpado recebe a promessa: “Ainda hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43). É por isso que o incentivo vale para todos: “Coragem!”

Na cruz esta perspectiva de salvação é oferecida a todos nós. Mas cada um individualmente deve colocar os seus próprios pecados aos pés da cruz e dobrar os joelhos diante de Jesus infinitamente misericordioso. Concretamente isso significa fazer uma boa confissão sacramental, com um coração arrependido e o propósito sincero de não mais pecar. Mesmo sabendo que, por causa da nossa fraqueza, vamos cair de novo, cada um de nós deve dar esse passo para a confissão! Está na hora de aprender a apreciar de modo novo este sacramento.

Famílias cristãs forçadas a saírem celebram seu retorno à Síria


Famílias Cristãs forçadas a saírem de sua cidade por causa de grupos extremistas comemoraram recentemente o retorno à Síria com uma cerimônia que celebra a reconstrução de seus lares.

Durante a celebração, paroquianos lotaram a Igreja de Saint Mary, na Vila de Krak des Chevaliers (Al Husn). Eles também receberam uma placa de pedra, dizendo ‘Jesus é a Minha Rocha’. Da mesma forma, foram distribuídas garrafas com água benta simbolizando a finalização da restauração das casas devastadas. O violento combate que destruiu as moradias durou dois anos, no auge da guerra.

Quem presidiu a cerimônia foi o Arcebispo da Igreja Greco-Católica Melquita, Nicolas Sawaf, da Lattakia. Ele agradeceu à Fundação Pontifícia ACN, que tornou possível o programa de reconstrução de 55 moradias. O Arcebispo declarou: “Considerando tudo o que as pessoas sofreram, a violência e o ódio, quem imaginaria que essas casas seriam reconstruídas? Para mim, é um sonho. Meus sinceros agradecimentos à ACN.”

Refletindo sobre a implicação dos vizinhos nos ataques às casas de Cristãos, ele continuou: “Nós devemos lembrar que, enquanto cidadãos cristãos da Síria, temos uma missão especial de amor, compaixão e reconciliação. Assim, não devemos odiar nossos inimigos, nós devemos perdoá-los.”