quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Espanha: Histórico convento fechará depois de 500 anos por falta de vocações


O convento de Santa Maria do Socorro da Congregação religiosa da Imaculada Conceição de Sevilha (Espanha) fechará as suas portas no dia 15 de outubro, depois de comemorar 500 anos de sua fundação de vida consagrada.

Este é o último convento de religiosas desta congregação que ainda está aberto na cidade de Sevilha, onde chegaram a ter até quatro.

A redução do número de vocações, assim como o gradual envelhecimento das religiosas, obrigou-as a fechar este mosteiro histórico.

Também informaram que as religiosas foram transferidas para o mosteiro da congregação na cidade de Mairena de Aljarafe, Sevilha (Espanha).

Mensagem do Santo Padre aos Católicos Chineses e à Igreja Universal


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO 
AOS CATÓLICOS CHINESES E À IGREJA UNIVERSAL

«O seu amor é eterno!
É eterna a sua fidelidade!»
(Sal 100/99, 5)

Caríssimos irmãos no episcopado, sacerdotes, pessoas consagradas e todos os fiéis da Igreja Católica na China, demos graças ao Senhor porque é eterna a sua misericórdia e reconhecemos que «foi Ele quem nos criou e nós pertencemos-Lhe, somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho» (Sal 100/99, 3).

Neste momento, ecoam no meu espírito as palavras com que vos exortava o meu venerado Predecessor, na Carta de 27 de maio de 2007: «Igreja Católica na China, pequeno rebanho presente e ativo na vastidão de um imenso povo que caminha na história, como ressoam encorajadoras e provocantes para ti as palavras de Jesus: “Não temas, pequenino rebanho, porque aprouve ao vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12, 32) (…); por isso, “brilhe a vossa luz diante dos homens de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem vosso Pai, que está nos Céus” (Mt 5, 16)» (Bento XVI, Carta aos Católicos Chineses, 27 de maio de 2007, 5).

1. Nos últimos tempos, circularam muitas vozes contrastantes sobre o presente e, principalmente, sobre o futuro das comunidades católicas na China. Estou ciente de que semelhante tropel de opiniões e considerações possa ter criado não pouca confusão, suscitando sentimentos contrapostos em muitos corações. Nalguns, surgem dúvidas e perplexidade; outros vivem a sensação de ter sido como que abandonados pela Santa Sé e, ao mesmo tempo, colocam-se a questão pungente do valor dos sofrimentos que enfrentaram para viver na fidelidade ao Sucessor de Pedro. Em muitos outros, ao contrário, prevalecem expectativas positivas e reflexões animadas pela esperança dum futuro mais sereno para um testemunho fecundo da fé em terra chinesa.

Tal situação tem-se vindo a acentuar sobretudo a propósito do Acordo Provisório entre a Santa Sé e a República Popular Chinesa que, como sabeis, foi assinado em Pequim nos dias passados. Num momento tão significativo para a vida da Igreja e através desta breve Mensagem, antes de mais nada desejo assegurar que vos tenho diariamente presente nas minhas orações e partilhar convosco os sentimentos que moram no meu coração.

São sentimentos de gratidão ao Senhor e de sincera admiração – que é a admiração de toda a Igreja Católica – pelo dom da vossa fidelidade, da constância na provação, da arraigada confiança na Providência de Deus, mesmo quando certos acontecimentos se revelaram particularmente adversos e difíceis.

Estas experiências dolorosas pertencem ao tesouro espiritual da Igreja na China e de todo o Povo de Deus peregrino na terra. Asseguro-vos que o Senhor, através do crisol das próprias provações, nunca deixa de nos cumular com as suas consolações e preparar-nos para uma alegria maior. Estamos absolutamente certos de que «aqueles que semeiam com lágrimas – como afirma o Salmo 126 – vão recolher com alegria» (v. 5).

Por isso, continuemos a manter o olhar fixo no exemplo de tantos fiéis e Pastores que não hesitaram em oferecer o seu belo testemunho (cf. 1 Tim 6, 13) pelo Evangelho, chegando até ao dom da própria vida. Devem ser considerados verdadeiros amigos de Deus.

Papa na Estônia: "Quando a fé tem a coragem de sair, consegue manifestar as palavras mais belas do Mestre"


ENCONTRO COM OS ASSISTIDOS 
NAS OBRAS SOCIO-CARITATIVAS DA IGREJA

DISCURSO DO SANTO PADRE

Estônia - Catedral dos Santos Pedro e Paulo em Tallinn 
Terça-feira, 25 de setembro de 2018

Queridos irmãos e irmãs!

Obrigado por me terdes recebido, esta tarde, na vossa casa. Para mim, é importante fazer esta visita e poder encontrar-me aqui no vosso meio. Obrigado pelo vosso testemunho e por terdes partilhado connosco tudo aquilo que trazeis no coração.

Antes de mais nada, quero congratular-me contigo, Marina, e com o teu marido pelo belíssimo testemunho que nos destes. Fostes abençoados com nove filhos, com todo o sacrifício que isso implica como no-lo fizestes notar. Onde existem crianças e jovens, há muito sacrifício, mas sobretudo há futuro, alegria e esperança. Por isso mesmo, é reconfortante ouvir-vos dizer: «Damos graças ao Senhor pela comunhão e o amor que reina na nossa casa». Nesta terra, onde os invernos são duros, não vos falta o calor mais importante: o da casa, o que nasce de estar em família. Com discussões e problemas? Sim, é normal, mas com o desejo de prosseguir juntos. Não se trata de palavras bonitas, mas dum exemplo claro.

E obrigado por terdes compartilhado também o testemunho destas Irmãs que não tinham medo de sair e ir aonde vos encontráveis vós, para serem sinal da proximidade e da mão estendida do nosso Deus. Tu disseste que eram como anjos que vos vinham visitar. É assim: são anjos.

Quando a fé não tem medo de deixar as comodidades, de se envolver e tem a coragem de sair, consegue manifestar as palavras mais belas do Mestre: amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei (cf. Jo 13, 34). Amor que rompe as cadeias que nos isolam e separam, lançando pontes; amor que nos permite construir uma grande família onde todos nos podemos sentir em casa, como nesta casa. Amor que sabe de compaixão e dignidade. E isto é bonito. [olhando os nove filhos de Marina sentados num único banco, conta-os] Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove. Bonita família! Bonita família!

A fé missionária vai, como estas Irmãs, pelas estradas das nossas cidades, dos nossos bairros, das nossas comunidades, dizendo com gestos muito concretos: Fazes parte da nossa família, da grande família de Deus onde todos nós temos um lugar. Não fiques fora! É isto que vós, irmãs, fazeis! Obrigado.

Aos jovens na Estônia: "O amor não está morto, nos chama e nos envia"


ENCONTRO ECUMÊNICO COM OS JOVENS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Estônia - Igreja Luterana de São Carlos em Tallinn
Terça-feira, 25 de setembro de 2018

Queridos jovens!

Obrigado pela vossa calorosa recepção, os vossos cânticos e os testemunhos de Lisbel, Tauri e Mirko. Agradeço as palavras amáveis e fraternas do Arcebispo da Igreja Evangélica Luterana da Estônia, Urmas Viilma, bem como a presença do Presidente do Conselho das Igrejas da Estônia, o Arcebispo Andres Põder, a do Bispo D. Philippe Jourdan, Administrador Apostólico da Estônia, e dos outros representantes das diversas confissões cristãs presentes no país. Agradeço também a presença da Senhora Presidente da República.

É sempre bom reunir-nos, partilhar testemunhos da vida, expressar o que pensamos e queremos; e é muito bom estarmos juntos, nós que cremos em Jesus Cristo. Estes encontros tornam realidade o sonho de Jesus na Última Ceia: «Que todos sejam um só (…) para que o mundo creia» (Jo 17, 21). Se fizermos esforço por nos vermos como peregrinos que fazem o caminho juntos, aprenderemos a abrir com confiança o coração ao companheiro de estrada, sem cultivar suspeitas nem difidências, olhando apenas para aquilo que realmente procuramos: a paz diante do rosto do único Deus. E, uma vez que a paz é artesanal, ter confiança nos outros é também algo de artesanal, constitui uma fonte de felicidade: «Felizes os pacificadores» (Mt 5, 9). E esta estrada, este caminho, não o fazemos só com os crentes, mas com todos. Todos têm qualquer coisa a dizer-nos; e nós, a todos, temos algo a dizer.

O grande quadro que se encontra na abside desta igreja contém uma frase do Evangelho de São Mateus: «Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu hei de aliviar-vos» (Mt 11, 28). Vós, jovens cristãos, podeis identificar-vos com alguns elementos deste texto do Evangelho.

Nas narrações anteriores, o evangelista mostra-nos que Jesus tem vindo a acumular decepções. Primeiro, lamenta-Se porque parece que, para aqueles a quem Se dirige, nada está bem (cf. Mt 11, 16-19). A vós, jovens, acontece muitas vezes que os adultos ao vosso redor não sabem o que querem ou esperam de vós; ou, quando vos veem muito felizes, ficam desconfiados; e, se vos veem angustiados, relativizam o sucedido. Na consultação preliminar do Sínodo, que está para se realizar e vai refletir sobre os jovens, muitos de vós pedem que alguém vos acompanhe e compreenda sem julgar e saiba escutar-vos bem como dar resposta às vossas questões (cf. Sínodo dedicado aos jovens, Instrumentum laboris, 132). Às vezes, as nossas Igrejas cristãs – e ousaria dizer todo o processo religioso estruturado institucionalmente – carregam consigo atitudes nas quais nos é mais fácil falar, aconselhar, propor a partir da nossa experiência, do que escutar, do que se deixar interpelar e iluminar por aquilo que vós viveis. Muitas vezes, sem dar por isso, as comunidades cristãs fecham-se e não escutam as vossas inquietações. Sabemos que vós quereis e esperais «ser acompanhados, não por um juiz inflexível nem por um pai receoso e superprotetor que gera dependência, mas por alguém que não tem medo da sua própria fraqueza e sabe fazer resplandecer o tesouro que guarda dentro de si, como num vaso de barro (cf. 2 Cor 4, 7)» (Ibid., 142). Aqui, hoje, quero-vos dizer que desejamos chorar convosco se estais a chorar, acompanhar com os nossos aplausos e nossos sorrisos as vossas alegrias, ajudar-vos a viver o seguimento do Senhor. Vós jovens, rapazes e moças, fixai isto: quando uma comunidade cristã é verdadeiramente cristã não faz proselitismo. Apenas escuta, acolhe, acompanha e caminha; mas não impõe nada.

Jesus queixa-Se também das cidades que visitou, nelas realizando mais milagres e reservando-lhes maiores gestos de ternura e proximidade, e lamenta a sua falta de perspicácia para perceber que a mudança que lhes viera propor era urgente, não podia esperar. Chega mesmo a dizer que são mais relutantes e cegos do que Sodoma (cf. Mt 11, 20-24). E quando nós, adultos, nos fechamos a uma realidade que é já um facto, dizeis-nos com ousadia: «Não o vedes?». E alguns mais decididos têm a coragem de dizer: «Não vos dais conta de que já ninguém vos escuta, nem crê em vós?». Verdadeiramente precisamos de nos converter, de descobrir que, para estar ao vosso lado, devemos derrubar muitas situações que, em última análise, são aquelas que vos afastam.

Papa se reúne com líderes da Estônia em última etapa nos países bálticos


ENCONTRO COM AS AUTORIDADES, 
A SOCIEDADE CIVIL E O CORPO DIPLOMÁTICO

DISCURSO DO SANTO PADRE

Estônia - Jardim das Rosas do Palácio Presidencial em Tallinn 
Martedì, 25 settembre 2018

Senhora Presidente, 
Membros do Governo e Autoridades,
Ilustres Membros do Corpo Diplomático,
Excelências, Senhoras e Senhores!

Sinto-me muito feliz por me encontrar convosco aqui em Tallinn, a capital mais setentrional que o Senhor me concedeu visitar. Agradeço-lhe, Senhora Presidente, as suas palavras de boas-vindas e a oportunidade de encontrar os representantes deste povo da Estónia. Sei que, entre vós, há também uma delegação dos setores da sociedade civil e do mundo da cultura, motivo este que me levou a conhecer um pouco mais da vossa cultura, especialmente aquela capacidade de resiliência que vos permitiu recomeçar face a tantas situações adversas.

Há séculos que estas terras são chamadas «Terra de Maria», Maarjamaa. Um nome que não só pertence à vossa história, mas faz parte da vossa cultura. A evocação de Maria sugere-me duas palavras: memória e fecundidade. Maria é a mulher da memória, que guarda tudo o que vive, como um tesouro, em seu coração (cf. Lc 2, 19); mas é também a mãe fecunda que gera a vida de seu Filho. Por isso mesmo, gostava de pensar na Estónia como terra de memória e de fecundidade.

Terra de memória

O vosso povo teve que suportar, em diferentes períodos históricos, duros momentos de sofrimento e tribulação. Lutas pela liberdade e independência, que sempre se viram postas em questão ou ameaçadas. No entanto, nos últimos cerca de vinte e cinco anos – em que voltastes a entrar, a título pleno, na família das nações – a sociedade estoniana realizou «passos de gigante» e o vosso país, apesar de ser pequeno, está entre os primeiros pelo índice de desenvolvimento humano, pela sua capacidade de inovação, bem como pela demonstração dum alto nível de liberdade de imprensa, democracia e liberdade política. Além disso, reforçastes os laços de cooperação e amizade com vários países. Quando consideramos o vosso passado e o vosso presente, encontramos motivos para olhar com esperança o futuro nos novos desafios que surgem. Ser terra de memória significa saber lembrar que o lugar que alcançastes atualmente se deve ao esforço, ao trabalho, ao espírito e à fé dos vossos pais. Cultivar, agradecidos, a memória permite identificar todos os resultados que hoje desfrutais com uma história de homens e mulheres que lutaram para tornar possível essa liberdade e que, por sua vez, vos desafia a prestar-lhes homenagem, abrindo caminhos para aqueles que virão a seguir.

Conheça o Foro de São Paulo, o maior inimigo do Brasil


O maior inimigo do Brasil e do continente nas últimas décadas precisa ser identificado pelos homens de bem deste país, de modo que reúno abaixo o mínimo que você precisa saber a respeito para se informar e educar os amigos, compartilhando este link nas redes sociais.

Fundado em 1990 por Lula e Fidel Castro — por ideia de Lula, segundo ele mesmo declarou (o que nunca é de todo confiável) em maio de 2011 [ver Vídeo 5] —, o “Foro de São Paulo é a mais vasta organização política que já existiu na América Latina e, sem dúvida, uma das maiores do mundo. Dele participam todos os governantes esquerdistas do continente. Mas não é uma organização de esquerda como outra qualquer. Ele reúne mais de uma centena de partidos legais e várias organizações criminosas ligadas ao narcotráfico e à indústria dos sequestros, como as Farc e o MIR chileno, todas empenhadas numa articulação estratégica comum e na busca de vantagens mútuas. Nunca se viu, no mundo, em escala tão gigantesca, uma convivência tão íntima, tão persistente, tão organizada e tão duradoura entre a política e o crime”, como escreveu em 2007 o filósofo Olavo de Carvalho, autor do best seller idealizado e organizado por mim, O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota.

Por quase duas décadas, os jornais e supostos oposicionistas brasileiros esconderam do grande público a existência do Foro de São Paulo, descoberto pelo advogado paulista José Carlos Graça Wagner, que o denunciou publicamente em 1º de setembro de 1997, e não faltou quem rotulasse seus denunciadores como “teóricos da conspiração”. De uns anos para cá, quando o Foro já tinha feito e desfeito governos em toda a América Latina, elegendo presidentes dos países do continente cerca de 15 membros da organização, seu nome começou a aparecer aqui e ali em reportagens, como se o Foro fosse apenas uma entidade como outra qualquer.

Vamos ver se é mesmo? Vem comigo.

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

A campanha de Bolsonaro na reta final


Disseram por aí: “para quem votou no Aécio a eleição passada, você não acha que está muito exigente nesta eleição?”. Em 2014 o voto antipetista foi todo para o candidato do PSDB, Aécio Neves. De fato, a preferência a Aécio significava votar num grupo político de modo a escolher um “mal menor”, e quem sabe, nas eleições 2018, aparecesse um nome mais realista no campo da oposição, aonde a escolha do “mal menor” fosse transformada numa escolha por um “voto assertivo”. E se, mesmo que este voto assertivo não tivesse chances reais de vitória, seria de extrema importância sua participação nos debates presidenciais para expor e questionar toda uma agenda política de esquerda, hegemônica no País em todas as eleições das últimas décadas. Por isso, a campanha de Bolsonaro (PSL) na reta final da disputa eleitoral merece toda a atenção.

Como disse o professor Olavo de Carvalho, antes de colocar um presidente em Brasília que quebre o sistema político hegemônico, seria melhor um prazo maior para que a militância se organizasse bem, fazendo com que a base se fortalecesse para só depois, então, fosse empossado um presidente realmente de oposição, contando com a força de uma base militante estabelecida.

Formam-se aqui duas questões: 1- Não tivemos este período mais longo de preparação de uma base militante, mas temos um candidato favorito agora. 2- Até que ponto a base militante deste candidato ainda é fraca, uma vez que um dos motivos de Bolsonaro ter alcançado este favoritismo se dê por causa do trabalho de tal militância.

É óbvio que, se temos no presente momento, um candidato outsider, não contaminado pela atividade criminosa da política nacional, faz-se necessário e urgente apoiá-lo e (para usar uma expressão do professor Carlos Nougué) “Não é hora de ter medo, nem sequer de fraude. É hora de disputar votos palmo a palmo, conquistar todos quantos nos seja possível. Quanto mais votos em Bolsonaro, menos chances de fraude". E nisso consiste esta urgência: dar continuidade à hegemonia política, neste momento, seria levar o golpe fatal que nos conduziria à queda ao radicalismo esquerdista nos moldes da Venezuela ou Nicarágua.

Houve uma grande batalha no Céu


Ao tirar do nada o universo, quis o Divino Artífice fazer deste um reflexo seu, espelhando-se no homem, rei da criação e microcosmo, criando-o à sua imagem e semelhança” (Gn l, 26)

No ápice desta obra, superando em perfeição todas as criaturas visíveis, encontram-se os Anjos, seres dotados de inteligência e puros espíritos, com personalidade própria e exclusiva, distribuídos por Deus em nove coros: Serafins, Querubins, Tronos, Virtudes, Dominações, Potestades, Principados, Arcanjos e Anjos. Formam estes a milícia da Jerusalém celeste, com a missão de adorar continuamente a Santíssima Trindade, executar os desígnios de Deus e guardar o gênero humano, bem como governar toda a criação material.1

Imensa e inimaginável é esta corte celeste! “Porventura podem ser contadas as suas legiões?” — indaga o livro de Jó (25, 3). E o profeta Daniel, maravilhado exclama: “Milhares e milhares o serviam, dezenas de milhares o assistiam! ” (Dn 7, 10).

A tanta diversidade e beleza quis Deus colocar um ponto monárquico, um ser que representasse de modo inigualável a luz eterna. Obra-prima, esplendor dos esplendores, cintilava no mais alto do universo angélico, todos se extasiavam diante dele: o primeiro dos Serafins e seu nome era Lúcifer, “Aquele que portava a luz”. A ele se aplicavam as palavras de Ezequiel: “Tu és o selo da semelhança de Deus, cheio de sabedoria e perfeito na beleza; tu vivias nas delícias do paraíso de Deus e tudo foi empregado em realçar a tua formosura!” (Ez 28, 12-13).

Entretanto, a seres tão excelsos, reservada também estava uma prova. Apesar da perfeição da natureza angélica, não podiam os Anjos gozar da essência da bem-aventurança: a posse da visão beatífica. Diante deles a face do Senhor achava-se como que envolta em véus, e apenas seus reflexos animavam o ardente amor dos Anjos.

Segundo exegetas e teólogos, a prova que decidiu o destino eterno dos Anjos foi o anúncio da Encarnação do Verbo: Deus haveria de enviar seu Filho Unigênito, nascido de uma mulher, criatura que teria seu trono elevado acima das Potestades: Maria Santíssima, Regina Angelorum.

A esse propósito, diz-nos o Padre Pedro Morazzani: “O Criador eterno, inacessível, todo-poderoso, se uniria hipostaticamente à natureza humana, elevando-a assim até o trono do Altíssimo; e uma mulher, a Mãe de Deus, tornar-se-ia medianeira de todas as graças, seria exaltada por cima dos coros angélicos e coroada Rainha do universo”.2

O momento decisivo: amar sem entender; subjugar os próprios critérios aos critérios do Absoluto! Eis o ato que os confirmaria, in perpetuo, na graça e na glória!

“Foram eles submetidos a uma prova. No momento da prova, muitíssimos destes espíritos permaneceram fiéis a Deus; mas muitos outros pecaram. Seu pecado foi de soberba, querendo ser iguais a Deus e não depender dEle” (CCE 3399).