segunda-feira, 29 de agosto de 2016

O que Jesus quis dizer com "Onde dois ou três..." (Mateus 18,20)?


Alguns se enganam a si mesmos com uma presunçosa interpretação das palavras do Senhor, que disse: "Onde quer que se encontrem dois ou três reunidos em meu nome, eu mesmo estou com eles" (Mt 18,20).

São falsificadores do Evangelho e intérpretes mentirosos. Apegam-se ao que é dito depois, esquecendo o que foi dito antes, lembram-se de uma parte da frase e, astutamente, deixam do lado a outra. Assim como eles se separaram da Igreja, do mesmo modo truncam o sentido de uma única sentença.

De fato, o que queria dizer nosso Senhor? Para inculcar aos seus discípulos a união e a paz, diz ele: "Eu vos afirmo que, se dois de vós concordarem na terra em pedir qualquer coisa, ela lhes será outorgada por meu Pai que está nos céus" (Mt 18,19). E continua: "Onde quer que se encontrem dois ou três reunidos em meu nome, eu mesmo estou com eles", mostrando que o que mais vale na oração não é o número dos que oram, mas a sua união de espírito.

"Se dois de vós concordarem na terra", diz ele. Antes exige a união, põe na frente a paz: o seu primeiro e mais firme preceito é que entre nós haja acordo. E como poderá estar de acordo com alguém aquele que está em desacordo com o corpo da Igreja e a totalidade dos irmãos?
 
Como poderão estar reunidos dois ou três em nome de Cristo, se é patente que estão separados de Cristo e do seu Evangelho? De fato não somos nós que nos apartamos deles, mas eles de nós. E quando, em seguida, formando entre si vários grupos, deram origem a heresias e cismas, abandonaram a Cabeça e a fonte da verdade.

Martírio de São João Batista


Com satisfação lembramos a santidade de São João Batista que, pela sua vida e missão, foi consagrado por Jesus como o último e maior dos profetas: “Em verdade eu vos digo, dentre os que nasceram de mulher, não surgiu ninguém maior que João, o Batista…De fato , todos os profetas, bem como a lei, profetizaram até João. Se quiserdes compreender-me, ele é o Elias que deve voltar.” (Mt 11,11-14).

Filho de Zacarias e Isabel, João era primo de Jesus Cristo, a quem “precedeu” como um mensageiro de vida austera, segundo as regras dos nazarenos.

São João Batista, de altas virtudes e rigorosas penitências, anunciou o advento do Cristo e ao denunciar os vícios e injustiças deixou Deus conduzí-lo ao cumprimento da profecia do Anjo a seu respeito: “Pois ele será grande perante o Senhor; não beberá nem vinho, nem bebida fermentada, e será repleto do Espírito Santo desde o seio de sua mãe. Ele reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus: e ele mesmo caminhará à sua frente…” ( Lc 1, 15)

São João Batista desejava que todos estivessem prontos para acolher o Mais Forte por isso, impelido pela missão profética, denunciou o pecado do governador da Galileia: Herodes, que escandalosamente tinha raptado Herodíades – sua cunhada – e com ela vivia como esposo.

Preso por Herodes Antipas em Maqueronte, na margem oriental do Mar Morto, aconteceu que a filha de Herodíades (Salomé) encantou o rei e recebeu o direito de pedir o que desejasse, sendo assim, proporcionou o martírio do santo, pois realizou a vontade de sua vingativa mãe: “Quero que me dês imediatamente num prato, a cabeça de João, o Batista” (Mc 6,25)

Desta forma, através do martírio, o Santo Precursor deu sua vida e recebeu em recompensa a Vida Eterna reservada àqueles que vivem com amor e fidelidade os mandamentos de Deus.

São João Batista, rogai por nós!


Ó Deus, quisestes que São João Batista fosse o precursor do nascimento e da morte do vosso Filho; como ele tombou na luta pela justiça e a verdade, fazei-nos também lutar corajosamente para testemunhar a vossa Palavra. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

domingo, 28 de agosto de 2016

EUA: Duas freiras foram assassinadas em casa, no Mississippi

Irmãs Paula Merrill & Margaret Held foram encontradas mortas em Durant, Mississippi

Duas religiosas foram assassinadas no estado de Mississippi na quinta-feira, 25, em circunstâncias que as autoridades ainda estão investigando.

A Irmã Paula Merrill, enfermeira das Irmãs da Caridade de Nazaré em Kentucky, e a Irmã Margaret Held, também enfermeira, mas da congregação de São Francisco em Milwaukee, foram encontradas mortas ontem de manhã onde viviam na localidade de Durant, no condado de Holmes.

Ambas trabalhavam na Lexington Medical Clinic. Além de ajudar na área de saúde, as religiosas distribuíam livros, materiais escolares e outros artigos aos mais necessitados.

Pe. Greg Plata, que servia com elas, disse que “eram as irmãs mais doces que poderíamos imaginar”. “Isto é terrível”, disse o sacerdote segundo assinala a página ‘The Clarion Ledger’.

Realizarão as autópsias correspondentes para conhecer a causa da morte delas.

EUA teme que Estado Islâmico se expanda para o sudeste asiático


O grupo Estado Islâmico (EI) busca expandir suas redes pelo sudeste asiático, alertou nesta sexta-feira o coordenador para a luta antiterrorista do departamento de Estado americano, Justin Siberell.

O EI pretende aliar-se a grupos extremistas em todo o mundo, como no Egito, Líbia ou Nigéria, e a organização pretende ampliar suas alianças no sudeste asiático, considerou Siberell durante uma conferência telefônica em Washington com jornalistas atuantes na Ásia.

“Creio entender que a organização está interessada nos grupos existentes na região. Há pessoas que juraram lealdade ao EI. Estamos verdadeiramente preocupados com o aumento das novas implantações do EI, e colaboramos com os governos para impedir isso”, acrescentou.

O funcionário americano assinalou que há militantes do sudeste asiático que integram as fileiras do EI na Síria e no Iraque e que pertencem a um grupo chamado Katibah Nusantara, e que podem representar uma ameaça quando voltarem a seus países.

Síria: Veja quem são os principais atores na guerra


Iniciado em 15 de março de 2011, o conflito na Síria se tornou cada vez mais complexo e internacional com a entrada de grupos extremistas e países estrangeiros.

A última potência a se envolver militarmente foi a Turquia, que enviou tropas para expulsar o grupo Estado Islâmico (EI) de uma localidade em sua fronteira e parar os avanços das forças curdas.

QUEM COMBATE QUEM- Regime contra rebeldes:

Esta é a principal frente. O exército (300.000 homens) e seus aliados combatem uma miríade de grupos rebeldes aliados a jihadistas sírios e estrangeiros.

A maior aliança antirregime é o Exército da Conquista. Ela reúne grupos islamitas, como Ahrar al-Sham ou Faylaq al-Sham e extremistas da Frente Fateh al-Sham (ex-Frente al-Nosra liderada por Abu Muhammad al-Jolani e que renunciou a sua ligação com a Al-Qaeda).

Os opositores procuram acima de tudo tomar a cidade de Aleppo (norte), a segunda maior do país.

O regime também quer retomar o controle da região de Ghouta oriental, perto de Damasco, em grande parte nas mãos de Jaich al-Islam.

– Regime contra o EI:

O regime expulsou, no final de março, o Estado Islâmico da cidade histórica de Palmira (centro), mas não foi capaz de retomar Tabqa, na província de Raqa (norte).

– Regime contra os curdos:

A aviação síria atingiu os curdos pela primeira vez em meados de agosto. Ela visou a cidade de Hassaké (noroeste), mas as forças curdas controlam 90% da cidade.

– Curdos contra o EI:

Desde janeiro de 2015, os curdos expulsaram o grupo de Abu Bakr al-Baghdadi das cidades estratégicas de Kobani e Minbej, na província de Aleppo, de Tall Abyad, na província de Raqa, e de localidades da província de Hassaké.

Os curdos estabeleceram em 2012 uma região semiautônoma no norte e nordeste, onde têm a sua própria polícia (Assayech).

O principal partido curdo é o PYD (Partido da União Democrática) com o seu braço armado, as YPG (Unidades de Proteção do Povo Curdo).

As YPG lideram as Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança antijihadista formada em outubro de 2015 e que também inclui combatentes árabes.

– EI contra os rebeldes:

Os rebeldes foram os primeiros a combater o EI, antes de serem derrotados pelos ultrarradicais.

Os extremistas ainda ameaçam o reduto rebelde de Marea, na província de Aleppo.

Um pequeno número de grupos rebeldes, apoiados por Ancara, participou na quarta-feira da operação turca para expulsar o EI de Jarablos (norte).

Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade!




Instigado a voltar a mim mesmo, entrei em meu íntimo, sob tua guia e o consegui, porque tu te fizeste meu auxílio (cf. Sl 29,11). Entrei e com certo olhar da alma, acima do olhar comum da alma, acima de minha mente, vi a luz imutável. Não era como a luz terena e evidente para todo ser humano. Diria muito pouco se afirmasse que era apenas uma luz muito, muito mais brilhante do que a comum, ou tão intensa que penetrava todas as coisas. Não era assim, mas outra coisa, inteiramente diferente de tudo isto. Também não estava acima de minha mente como óleo sobre a água nem como o céu sobre a terra, mas mais alta, porque ela me fez, e eu, mais baixo, porque feito por ela. Quem conhece a verdade, conhece esta luz. 

Ó eterna verdade e verdadeira caridade e cara eternidade! Tu és o meu Deus, por ti suspiro dia e noite. Desde que te conheci, tu me elevaste para ver que quem eu via, era, e eu, que via, ainda não era. E reverberaste sobre a mesquinhez de minha pessoa, irradiando sobre mim com toda a força. E eu tremia de amor e de horror. Vi-me longe de ti, no país da dessemelhança, como que ouvindo tua voz lá do alto: “Eu sou o alimento dos grandes. Cresce e me comerás. Não me mudarás em ti como o alimento de teu corpo, mas tu te mudarás em mim”. 

E eu procurava o meio de obter forças, para tornar-me idôneo a te degustar e não o encontrava até que abracei o mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus (1Tm 2,5), que é Deus acima de tudo, bendito pelos séculos (Rm 9,5). Ele me chamava e dizia: Eu sou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). E o alimento que eu não era capaz de tomar se uniu à minha carne, pois o Verbo se fez carne (Jo 1,14), para dar à nossa infância o leite de tua sabedoria, pela qual tudo criaste. 

Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz.


Dos Livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo 
(Lib. 7,10.18;10,27: CSEL 33,157-163.255)                (Séc.V)

O Senhor se compadeceu de nós




Felizes de nós, se o que ouvimos e cantamos também executamos. A audição é nossa semeadura, e nossos atos, frutos da semente. Disse isto de antemão para exortar vossa caridade a não entrardes sem fruto na igreja, ouvindo tantas coisas boas sem realizá-las. Porque por sua graça fomos salvos, assim diz o Apóstolo, não por nossas obras, não aconteça alguém se ensoberbecer (Ef 2,8-9) pois por sua graça fomos salvos (Ef 2,5). Pois não precedeu nenhuma vida virtuosa que Deus pudesse amar e dizer: “Ajudemos, socorramos estes homens porque vivem bem”. Desagradava-lhe nossa vida, desagradava-lhe em nós tudo o que fazíamos, mas não lhe desagradava o que ele mesmo fez em nós. Por isto, o que nós fizemos, ele o condenará; o que ele próprio fez, ele o salvará.  

Não éramos bons. Mas ele se compadeceu de nós e enviou seu Filho para morrer não pelos bons, mas pelos maus, não pelos justos, mas pelos ímpios. Na verdade Cristo morreu pelos ímpios (Rm 5,6). E como continua? Mal se encontra alguém que morra por um justo, pois talvez alguém se atreva a morrer por um bom (Rm 5,7). Quiçá haja alguém que ouse morrer por um bom. Mas pelo injusto, pelo ímpio, pelo iníquo, quem quererá morrer? Só Cristo, para que, justo, justifique até mesmo os injustos.  

Não tínhamos, meus irmãos, nenhuma obra boa, mas todas eram más. E sendo tais os atos dos homens, sua misericórdia não abandonou os homens. Deus enviou seu Filho, para remir-nos, não por ouro, não por prata, mas ao preço de seu sangue derramado, cordeiro imaculado levado como vítima pelas ovelhas maculadas, se é que só maculadas e não totalmente corrompidas! Recebemos então esta graça. Vivamos de modo digno dessa graça e não façamos injúria à grandeza do dom que recebemos. Tão grande médico veio a nós e perdoou todos os nossos pecados. Se quisermos recair na doença, não só nos prejudicaremos a nós mesmos, mas seremos ingratos ao próprio médico.  

 Sigamos os caminhos que ele próprio indicou, muito em especial a via da humildade, via que ele mesmo se fez por nós. Mostrou-nos pelos preceitos o caminho da humildade e criou-o padecendo por nós. Com o intuito de morrer por nós – e sem poder morrer – o Verbo se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14), para poder morrer por nós, aquele que não podia morrer. E com sua morte matar nossa morte.  

Fez isto o Senhor, isto nos concedeu. O excelso humilhou-se, humilhado foi morto e, ressurgindo, foi exaltado, a fim de não nos deixar mortos nas profundezas, mas de exaltar em si na ressurreição dos mortos aqueles que já agora exaltou pela fé e o testemunho dos justos. Deu-nos então a humildade como caminho. Se nos agarrarmos a ela, confessaremos o Senhor e com toda razão cantaremos: Nós te confessaremos, Senhor, confessaremos e invocaremos teu nome (Sl 74,2).



Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo  
(Sermo 23A,1-4: CCL 41,321-323)                 (Séc.V)

Bento XVI fala, com grande simplicidade, das razões de sua renúncia


“Servo de Deus e da humanidade” é o título de uma nova biografia de Bento XVI, prevista para ser lançada neste próximo 30 de agosto. O livro é assinado pelo teólogo Elio Guerriero e conta com prefácio de ninguém menos que o Papa Francisco, que presta vibrante homenagem ao seu antecessor: “Sua discreta presença e oração pela Igreja constituem um apoio e um conforto” para o seu ministério, declara o Santo Padre.

“A renúncia me surgiu como um dever”

Uma semana antes do lançamento desta biografia, Bento XVI deu uma entrevista a Elio Guerriero, publicada no site do jornal italiano La Repubblica. O papa emérito evoca, com toda a simplicidade, as razões que o levaram à histórica decisão de renunciar.

“Depois da experiência das viagens ao México e Cuba [março de 2012], eu não me sentia mais capaz de empreender uma viagem dessas", disse Bento XVI em referência à Jornada Mundial da Juventude, prevista para o ano seguinte no Rio. É um evento em que “a presença física de um papa é indispensável (…) É uma das circunstâncias pelas quais a renúncia me surgiu como um dever", afirmou ele com simplicidade, confessando ter sentido os limites das suas forças físicas.

Convencido desde o início de que era apenas um “simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor", o papa emérito refletiu que não poderia fazer outra coisa além de “colocar-se nas mãos do Senhor e confiar n’Ele”, contando com a presença de Maria e dos santos, em especial daqueles a quem chama de “companheiros de viagem de toda uma vida”: Santo Agostinho e São Boaventura.