terça-feira, 29 de dezembro de 2015

As obras de misericórdia são 14. Sendo que, 7 são corporais e 7 espirituais


Estamos vivendo o Ano Santo, o Jubileu extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu este tema para nos aproximar mais de Cristo, o rosto da misericórdia do Pai. A Quaresma, é   um tempo propício por excelência, para intensificarmos a vivencia desse amor misericordioso.

Muitos ainda têm dúvidas sobre o que significa indulgencia.  É a remissão da pena devida, dos pecados que já fomos perdoados. Sobre isso, escreveu o Papa Francisco: “No sacramento da Reconciliação, Deus perdoa os pecados, que são verdadeiramente apagados; mas o cunho negativo que os pecados deixaram nos nossos comportamentos e pensamentos permanecem. A misericórdia de Deus, porém, é mais forte também do que isso. Ela se torna indulgência do Pai que, através da Esposa de Cristo, alcança o pecador perdoado e liberta-o de qualquer resíduo das consequências do pecado, habilitando-o a agir com caridade, a crescer no amor em vez de recair no pecado” (Misericordiae Vultus, 22).

Em cada Diocese há nas catedrais e santuários a Porta Santa, pela qual os peregrinos podem passar para obter as indulgencias, desde que confessem, comunguem, façam uma reflexão sobre a misericórdia, acompanhem celebrações com a profissão de fé, façam oração pelo papa e para o bem da Igreja.

Este ano santo não é restritivo, mas  abre para todos os caminhos. 

O Papa estabeleceu que se um prisioneiro estiver na cela e passar pela sua cela num ato de reconciliação tem as indulgências. Se uma pessoa doente acompanhando pela TV daí meu empenho com os meios de comunicação "que não pode ir à igreja por doença ou por idade avançada e participar fielmente da celebração recebe indulgência." 

Também é desejo do Papa que o povo cristão reflita, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia, diz ele que todas as vezes que um fiel viver uma ou mais destas obras pessoalmente obterá sem dúvida a indulgência jubilar.

As obras de misericórdia são 14. Sendo que, 7 são corporais e 7 espirituais. Por mais que já tratamos sobre elas em uma antiga edição, bem como no Livro “20 Passos para a Pz Interior”, vale a pena relembrá-las:

Gratidão no campo da graça: Cristo


O campo específico da graça – que em Cristo leva o homem a ser diretamente filho do Pai Divino, o faz “nascer de Deus” e o liberta dos laços da culpa em que vive longe de Deus – distingue-se claramente do campo da natureza.

De fato, Cristo não seria um homem se não tivesse de agradecer a algum outro homem, a Sua mãe. Efetivamente, na concepção, no parto e na educação deste Filho, a mãe assumiu uma responsabilidade pessoal totalmente, a qual se empenhou tanto no plano espiritual como no físico. Isso é tanto mais verdadeiro se levarmos a sério as palavras do símbolo apostólico: “Nascido da Virgem Maria”.

Cristo, portanto, “nascido de mulher” [1], deve agradecer à sua mãe, porque, somente através de tal ato pode ser homem. 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Homilética: Solenidade da Epifania do Senhor: "Viemos adorá-lo!".


A liturgia deste domingo celebra a manifestação de Jesus a todos os homens… Ele é a luz que se acende na noite do mundo e atrai a si todos os povos da terra. Cumprindo o projeto libertador que o Pai nos queria oferecer, essa “luz” encarnou na nossa história, iluminou os caminhos dos homens, conduziu-os ao encontro da salvação, da vida definitiva.

Inspirado, sem dúvida, pelo sol nascente que ilumina as belas pedras brancas das construções de Jerusalém e faz a cidade transfigurar-se pela manhã (e brilhar no meio das montanhas que a rodeiam), o profeta Isaías sonha com uma Jerusalém muito diferente daquela que os retornados do Exílio conhecem; essa nova Jerusalém levantar-se-á quando chegar a luz salvadora de Deus, que dará à cidade um novo rosto. 

A Carta aos Efésios apresenta-se como uma “carta de cativeiro”, escrita por Paulo da prisão. O tema mais importante da Carta aos Efésios é aquilo que o autor chama “o mistério”: trata-se do projeto salvador de Deus, definido e elaborado desde sempre, escondido durante séculos, revelado e concretizado plenamente em Jesus, comunicado aos apóstolos e, nos “últimos tempos”, tornado presente no mundo pela Igreja.

O episódio da visita dos magos ao menino de Belém é um episódio simpático e terno que, ao longo dos séculos, tem provocado um impacto considerável nos sonhos e nas fantasias dos cristãos… No entanto, convém recordar que estamos ainda no âmbito do “Evangelho da Infância”; e que os fatos narrados nesta seção não são a descrição exata de acontecimentos históricos, mas uma catequese sobre Jesus e a sua missão… Por outras palavras: Mateus não está aqui interessado em apresentar uma reportagem jornalística que conte a visita oficial de três chefes de estado estrangeiros à gruta de Belém; mas está interessado em (recorrendo a símbolos e imagens bem expressivos para os primeiros cristãos) apresentar Jesus como o enviado de Deus Pai, que vem oferecer a salvação de Deus aos homens de toda a terra.

Jesus que se manifestou aos Magos quer vir até nós. Se estamos devidamente preparados, recebamo-l’O sacramentalmente. Aproveitemos este momento privilegiado para falarmos com Ele, pedindo-Lhe nos ajude a vivermos como Ele quer. 

Homilética: Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus (1º de janeiro): "No início era a bênção!"



No início de um novo ano muitas vezes somos relembrados de que devemos adequar ou, até mesmo, readequar nossas expectativas; o ideal, dizem, é que tenhamos nossos corações e mentes tomados pela plenitude da esperança. Não há como discordar dessas palavras. No entanto, faz-se necessário refletir que não existimos sozinhos. Nossas esperanças e expectativas não devem ser pensadas e construídas sem a presença do outro que nos acompanha na história de nossas vidas. Todo ano-novo também deveria ser um novo ano para a comunidade da qual fazemos parte. Quando nos pensamos de forma plural, estamos dizendo aos outros que também eles fazem parte das nossas esperanças e expectativas e que o novo ano que se apresenta não poderá ser construído sem ou até mesmo contra eles. Pensar nos outros é sair de nós mesmos e romper as estruturas que criamos ao nosso redor e que nos impedem de conhecer novas pessoas e com elas interagir. Quando caminhamos em direção aos outros, não somente conhecemos novas pessoas, mas, principalmente, passamos a conhecer melhor a nós mesmos.

Maria Santíssima é uma boa mãe que em tudo procura a honra do Filho. Nunca foi, nem será a intenção de Maria roubar glória a Deus. Ela sempre foi a serva fiel que apontou o caminho de Deus a tantas pessoas, e seguirá realizando esse trabalho. Ela é estrela da evangelização!

A Escritura diz que “Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19) e que “sua mãe guardava todas estas coisas no seu coração” (Lc 2,51). Maria, Mãe de Deus – porque Jesus é Deus – pensava e repensava nos acontecimentos da história da salvação, da qual o seu Filho é o centro e ela está profundamente inserida. A meditação de Maria é uma meditação de Mãe, ela pensa no seu Filho continuamente. E como bem se sabe, as mães tem uma espécie de sexto sentido.

As mães intuem, sabem, tem o sentido mais profundo da realidade. Nossa Senhora é especializada na vida de Jesus. Ela é mãe. Peçamos a ela que nos ensine através do rosário, que é meditação do que aconteceu com o Filho de Deus e Filho de Maria. 

Inocentes morrem no lugar de Jesus


Hoje, a Igreja celebra o dia do martírio dos Santos Inocentes. Meditamos hoje sobre o evangelho de Mateus 2,13-18.

De Belém se vê, sobre uma colina, uma fortaleza em ruinas: trata-se da tumba do rei Herodes. O lugar do nascimento de Cristo, ao contrário, era uma gruta humilde.

Esses dois lugares diferentes caracterizam os dois reis diferentes: devemos escolher entre eles. Um era soberbo e o outro manso e humilde.

Herodes procurava eliminar todo rival, tanto que mesmo sua família encontrava-se em perigo. Seu coração havia ficado cada vez mais endurecido com o passar do tempo, devido ao seu pecado. Não teve piedade e compaixão nem mesmo diante das crianças inocentes, que comemoramos hoje.

A sua morte nos põe diante de um paradoxo: eles são mortos no lugar de Jesus, que veio ao mundo para morrer por eles.

Jesus, príncipe da paz, veio para reconciliar o mundo com Deus, trazer o perdão aos pecadores e para nos fazer participar da sua vida divina.

O evangelho ainda mostra de um lado a disposição de José em aceitar a vontade de Deus a respeito de Jesus e, do outro lado, o mal, a injustiça que frequentemente encontramos em nossa vida, concretizada na morte pelo martírio das crianças Inocentes.

José nos oferece um testemunho bem claro de resposta decidida perante o chamado de Deus. Nós nos identificamos com ele quando devemos tomar decisões nos momentos difíceis de nossa vida e de nossa fé. Mas ele dá para nós o exemplo: «Levantou-se de noite, com o menino e a mãe, e retirou-se para Egito» (Mt 2,14). 

domingo, 27 de dezembro de 2015

Papa: "Cada família cristã torne-se um lugar privilegiado em que se experimenta a alegria do perdão".


HOMILIA
Santa Missa na Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José e pelo Jubileu das Famílias
Basílica Vaticana
Domingo, 27 de dezembro de 2015


As leituras bíblicas, que acabamos de ouvir, apresentam-nos a imagem de duas famílias que realizam a sua peregrinação à casa de Deus. Elcana e Ana levam o filho Samuel ao templo de Silo e consagram-no ao Senhor (cf. 1 Sm 1, 20-22.24-28). E da mesma forma José e Maria, juntamente com Jesus, vão como peregrinos a Jerusalém pela festa da Páscoa (cf. Lc 2, 41-52).

Muitas vezes os nossos olhos deparam com os peregrinos que vão a santuários e lugares queridos da devoção popular. Mesmo nestes dias, há muitos que se puseram a caminho para penetrar na Porta Santa aberta em todas as catedrais do mundo e também em muitos santuários. Mas o fato mais interessante posto em evidência pela Palavra de Deus é a peregrinação ser feita pela família inteira: pai, mãe e filhos vão, todos juntos, à casa do Senhor a fim de santificar a festa pela oração. É uma lição importante oferecida também às nossas famílias. Antes, podemos dizer que a vida das família é um conjunto de pequenas e grandes peregrinações.

Por exemplo, como nos faz bem pensar que Maria e José ensinaram Jesus a rezar as orações! E esta é uma peregrinação, a peregrinação da educação à oração. E como nos faz bem saber que, durante o dia, rezavam juntos; depois, ao sábado, iam juntos à sinagoga ouvir as Sagradas Escrituras da Lei e dos Profetas e louvar o Senhor com todo o povo! E que certamente rezaram, durante a peregrinação para Jerusalém, cantando estas palavras do Salmo: «Que alegria, quando me disseram: “Vamos para a casa do Senhor!” Os nossos passos detêm-se às tuas portas, ó Jerusalém» (122/121, 1-2)!

Como é importante, para as nossas famílias, caminhar juntos e ter a mesma meta em vista! Sabemos que temos um percurso comum a realizar; uma estrada, onde encontramos dificuldades, mas também momentos de alegria e consolação. Nesta peregrinação da vida, partilhamos também os momentos da oração. Que poderá haver de mais belo, para um pai e uma mãe, do que abençoar os seus filhos ao início do dia e na sua conclusão? Fazer na sua fronte o sinal da cruz, como no dia do Batismo? Não será esta, porventura, a oração mais simples que os pais fazem pelos seus filhos? Abençoá-los, isto é, confiá-los ao Senhor, como fizeram Elcana e Ana, José e Maria, para que seja Ele a sua proteção e amparo nos vários momentos do dia? Como é importante, para a família, encontrar-se também para um breve momento de oração antes de tomar as refeições juntos, a fim de agradecer ao Senhor por estes dons e aprender a partilhar o que se recebeu com quem está mais necessitado. Trata-se sempre de pequenos gestos, mas expressam o grande papel formativo que a família possui na peregrinação de todos os dias. 

Como vemos os nossos filhos?


Percebe-se atualmente uma crise educativa cada vez mais intensa. De modo geral, constata-se que o nível médio de educação diminui drasticamente e que o processo formativo dos jovens enfrenta grandes dificuldades. As crianças e os adolescentes aprendem cada vez menos; a autoridade dos professores tende a desaparecer e os jovens, em meio a uma aparente energia, sentem-se sós e desorientados. E isso numa época de incrível desenvolvimento da Pedagogia. Nunca houve tantas pessoas que estudam essa ciência e nunca tivemos tantas teorias pedagógicas como agora. No Brasil a crise educativa é cada vez mais preocupante, embora tenha eminentes pedagogos. Um recente estudo comparou a educação em 40 países e mostrou que o Brasil (6ª Economia do mundo) ficou em 39º lugar na educação, atrás de países como Singapura (5º), Romênia (32º), Turquia (34º) e Argentina (35º)[1]. Certamente uma das causas da atual crise educativa no Brasil não é a falta de recursos, mas algo mais profundo: não sabemos mais como ver e tratar os nossos filhos.

Até a metade do século passado, tinhamos uma ideia bem clara sobre o que eram os nossos filhos: acima de tudo, eram considerados um dom de Deus, um presente que nos tinha sido dado para ser tratado com atenção, carinho e muita resposabilidade. Os filhos eram visto como um dom divino e a paternidade era considerada uma participação especial no poder criador de Deus. De modo que os filhos eram tratados com respeito e a vida era acolhida com alegria e generosidade.

Isso se deve ao fato de que nosso modo de viver até então era marcado pelos ensinamentos da cultura judaico-cristã. Seguia-se o exemplo de figuras como a de Ana (Cfr. 1 Sam. 1), uma mulher estéril que todos os anos ia a um Templo de Israel prestar culto a Deus, e que, certa vez teve a ousadia de pedir-lhe um filho. Depois que Deus escutara suas ferventes orações, ela retornou ao Templo para agradecer o dom recebido e para consagrar a vida daquele novo ser a Deus. Ana era plenamente consciente de que a vida humana procede e retorna a Deus, para quem nada é impossível.

A partir da “revolução” de 1968 uma nova cultura surgiu, na qual a visão bíblica foi abandonada. S. Freud, na sua época, sonhava o dia em que fosse separada a geração dos filhos da estrutura familiar, algo que a partir de 68 vem se tornando frequente. Desde então, procura-se incutir nos jovens a idéia de que os filhos são um obstáculo, algo que tolhe a liberdade, a autonomia e que impede a realização pessoal. Os filhos passam a ser considerados como uma ameaça e a gravidez como uma espécie de doença, que deve ser evitada a todo custo. E às pessoas que não são tão jovens, transmete-se a ideia de que os filhos são um “direito”. Desse modo, os filhos passam a ser considerados ou como uma “ameaça” ou como um “direito”, não mais como um dom. Daí surgem problemas sérios. Na Inglaterra, por exemplo, esse ano um dos pedidos mais feitos ao “Papai Noel” pelas crianças foi um pai; outro pedido comum foi, simplesmente, ter um irmão. O risco atual é que os adultos passem a considerar os próprios filhos como uma espécie de “mercadoria”, um sonho de consumo, que deve ser realizado num momento perfeitamente determinado. Os filhos são cada vez mais frutos de cálculos e não tanto do amor. E isso deixa feridas graves nas crianças.

Deixar de considerar os filhos como um dom divino e tê-los simplesmente como o resultado de uma técnica é um passo importante para a desconfiguração das famílias e para arruinar a educação. De fato, ocorre com frequência que os pais, paradoxalmente, procuram “superproteger” os filhos, buscando livrá-los de qualquer perigo e, ao mesmo tempo, não querem encontrar o tempo para dedicar-se à difícil tarefa educativa dos mesmos. As crianças são enviadas cada vez mais cedo às escolas e os professores devem se empenhar em transmitir valores que as crianças deveriam ter recebido em casa. 

Aprender as Lições de Nazaré



No Domingo após o Natal celebra-se a festa da Sagrada Família Jesus, Maria e José. Deus quis manifestar-se aos homens integrado numa família humana. Ele quis nascer numa família, quis transformar a família num presépio vivo. Pode-se dizer que hoje celebramos o verdadeiro Dia da Família!

A Palavra de Deus em (Eclo. 3, 3 – 7. 14 – 17) lembra aos filhos o dever de honrarem pai e mãe, de socorrê-los e compadecer-se deles na velhice, ter piedade, isto é, respeito e dedicação para com eles; isto é cumprimento da vontade de Deus.

São Paulo, em Cl 3, 12 – 21, enumera as virtudes que devem reinar na família: sentimentos de compaixão, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportar-se uns aos outros com amor, perdoar-se mutuamente. Revestir-se de caridade e ser agradecidos. Se a família não estiver alicerçada no amor cristão, será muito difícil a sua perseverança em harmonia e unidade de corações. Quando esse amor existe, tudo se supera, tudo se aceita; mas, se falta esse amor mútuo, tudo se faz sumamente pesado. E o único amor que perdura, não obstante os possíveis contrastes no seio da família, é aquele que tem o seu fundamento no amor de Deus.

A Sagrada Família é proposta pela Igreja como modelo de todas as famílias cristãs: na casinha de Nazaré, Deus ocupa sempre o primeiro lugar e tudo Lhe está subordinado.