sábado, 2 de junho de 2012

Pastor evangélico convida católicos a agir


No final de abril de 2012, o juiz Victorio Giuzio Neto, de São Paulo, extinguiu a ação movida pelo Ministério Público Federal contra o Pastor Silas Malafaia, exigindo que ele se retratasse de um discurso considerado homofóbico, pronunciado em julho de 2011, no programa "Vitória em Cristo", na TV Bandeirantes.

Ao se referir à Parada Gay, realizada no mês anterior em São Paulo, ocasião em que seus organizadores haviam levado na marcha estátuas de santos em poses homoeróticas, ele havia afirmado: «Os caras da Parada Gay ridicularizaram símbolos da Igreja Católica, e ninguém fala nada! A Igreja Católica deveria entrar de pau em cima deles! Baixar o porrete neles, para que aprendam! É uma vergonha!».

Para o juiz, «as palavras de condenação do Pastor foram dirigidas mais aos organizadores do evento – pelo mau emprego de imagens de santos da Igreja Católica – do que aos homossexuais».

Nos mesmos dias, o oficial de Justiça Paulo José de Souza, membro da Igreja “Deus é amor”, de Dourados, tomava uma direção contrária, censurando, através de um jornal local, padres da Igreja Católica. Permito-me trazer alguns tópicos de seu artigo: «Pedofilia, essa palavra causa nojo em qualquer pessoa de bom senso. No entanto, é praticada por muitas pessoas e, inconcebivelmente, por alguns padres. O padre, em minha opinião, deveria ser casado. Não casar é, no mínimo, uma privação de direitos, fato esse que gera problemas em seu organismo, levando-o a praticar atos libidinosos, e até conjunção carnal anormal ao ser humano. Se o padre realmente for proibido de casar, deveria ser castrado. Se essa medida fosse adotada, não teríamos tantos casos de pedofilia e menos sofrimento a esses meninos que terão que carregar pelo resto de suas vidas, apesar da tenra idade, a desgraça de serem violentados e vilipendiados».


Pensei que acusação tão impertinente recebesse uma avalanche de respostas dos católicos da Diocese de Dourados, que conhecem os seus sacerdotes e acreditam que, dos 65 que nela atuam atualmente, ninguém mereça as críticas do Paulo José. De minha parte, posso dizer que, em sua totalidade, eles lutam para serem fiéis a Deus e se esforçam para acolher como irmãos a todos os que os procuram em busca de conforto e de apoio. Mas, por serem humanos, podem pecar, como também as pessoas que lhes jogam pedras!

Por que a maioria dos católicos prefere ficar em silêncio ante situações constrangedoras como as de São Paulo e de Dourados? Alguns, talvez, porque não chegam a tomar conhecimento dos fatos. Outros, por não se julgarem preparados para uma resposta adequada. É provável que haja também aqueles que pensam que não valha a pena, pois sempre haverá ataques contra a Igreja, por mais que se queira defendê-la. Mas, sem dúvida, há muitos que não o fazem por falta de coragem ou de convicções.

Não é o caso de Danilo Scandilheiro, o qual, no dia 3 de maio, no mesmo jornal em que apareceu a crítica do Paulo José, julgou que era seu dever responder. E o fez com sabedoria: «A opinião de Paulo José de Souza nos remete a uma época onde os homossexuais seriam apedrejados em praça pública. Causa-me estranheza que um homem que lida com leis, levante tal hipótese em pleno ano de 2012, onde os direitos humanos são tão difundidos! Com esse princípio, o ladrão deveria ter sua mão amputada como forma de castigo: teríamos, então, um bando de políticos “manetas” no Brasil! Seguindo o raciocínio de Paulo José, na cidade onde um juiz for acusado de pedofilia, deveríamos castrar todos quantos forem da lei! A Igreja Católica tem problemas, como qualquer instituição. Se numa família há um filho traficante, prende-se toda a família?».

Não sei quanto crédito mereçam as estatísticas: de acordo com elas, 85% dos casos de pedofilia são praticados por casados (e descasados), 65% por familiares e 0,3% por padres católicos. Em Dourados, até o dia 18 de maio, haviam sido registrados 37 abusos sexuais contra menores, número “inexpressivo” se comparado com os do Rio Grande do Sul, onde eles se sucedem a cada três horas, quase sempre em casa. Por tudo isso, num período histórico em que as Igrejas são cada vez mais contestadas, um pouco de humildade – e de ecumenismo – talvez não faça mal a ninguém...

Dom Redovino Rizzardo
Bispo de Dourados (MS)

CNBB manifesta-se contrária à proposta de Lei que altera Ficha Limpa


Em audiência Pública, realizada na última terça-feira, 29 de maio, promovida pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania na Câmara Federal, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, por meio de seu representante, Dr. Marcelo Lavenère, manifestou-se contrária ao Projeto de Lei do deputado Silvio Costa (PTB-PE) que pretende alterar a conhecida Lei da Ficha Limpa.

O Projeto estabelece que o governador, o prefeito ou servidor público que tiver suas contas rejeitadas por improbidade administrativa, em decisão irrecorrível de um Tribunal de Contas, só se tornará inelegível depois que a decisão for confirmada em sentença definitiva de órgão judicial colegiado.

Durante a discussão, Dr. Lavenère, representante da CNBB e membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), organismo vinculado à Conferência, foi tratado de forma deselegante e ofensiva pelo deputado Silvio Costa. Em carta enviada pelo Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, ao senhor Presidente da Câmara Federal, deputado Marco Maia (PT-SP), a CNBB manifesta a estranheza com o comportamento dispensado pelo deputado ao enviado da CNBB e afirma que “ao ofendê-lo, o deputado também ofendeu à CNBB a quem o eminente advogado representava na ocasião”. Dom Leonardo ainda ressalta que “os relevantes serviços prestados à sociedade brasileira pelo Dr. Lavenére, um dos maiores presidentes que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já teve, são um testemunho eloquente de seu compromisso com a construção de um país democrático e cidadão”.

Na mesma carta, Dom Leonardo Steiner reafirma ao presidente da Câmara que “o Projeto afronta a moralidade pública e vai na contramão do anseio popular que consagrou a Ficha Limpa com quase 2 milhões de assinaturas”.  E ressalta que “a aprovação desse PL, caso ocorra, desfigurará a Ficha Limpa num dos seus pontos essenciais e contrariará a soberania popular que anseia por homens probos na administração pública”.
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Fonte: http://cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/9497-a-cnbb-manifesta-se-contraria-a-proposta-de-lei-que-altera-ficha-limpa

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Visitação de Nossa Senhora a Isabel (31 de maio)


Efetivamente, Isabel, embora mais idosa, com a saudação: “Bendita és tu entre as mulheres[1]...”, manifesta a sua própria submissão a Maria. A mesma coisa, no fundo, faz também o Batista que “estremeceu no ventre de Isabel[2]”,para realizar assim, a própria vocação de orientar para Jesus. Isabel exalta Maria como a mais bem-aventurada entre todas as mulheres e a chama de mãe do Messias em que se realizará a história da antiga aliança. Maria, a mãe do Messias é vista ao mesmo tempo como a mãe da fé: “Bem-aventurada aquela que acreditou[3]...”.

Isabel, cheia do Espírito Santo, reconhece em Maria Aquele que é maior, o Senhor que vem. A Lei e os Profetas vão até João, Maria, Arca da Nova Aliança se encontra com Isabel. É o encontro entre o Antigo e o Novo Testamento.

Polêmicas: informações secretas do Vaticano foram roubadas e publicadas em um livro - Vaticano tomará providências legais.


 

A Santa Sé anunciou este sábado (19/05) que tomará medidas legais pela publicação do livro “Sua Santidade, as cartas secretas de Bento XVI”, que mostra sem autorização alguma correspondência privada do Vaticano.

O livro foi escrito pelo jornalista Gianluigi Nuzzi, colaborador do jornal italiano Il Corriere della Sera, e já está à venda nas livrarias de toda a Itália.

Através de um comunicado, a Sala de Imprensa do Vaticano denunciou “a nova publicação de documentos da Santa Sé e de documentos privados do Santo Padre”, que “não se apresentam como uma discutível -e objetivamente difamatória-, iniciativa jornalística, mas assume claramente o caráter de um ato criminal”.


O comunicado lamenta que logo depois da filtração destes documentos reservados “o Santo Padre, assim como vários de seus colaboradores e dos remetentes das mensagens dirigidas diretamente a ele, viram violado seu direito pessoal de reserva e de liberdade de correspondência”.

“A Santa Sé continuará aprofundando nas diferentes solapas destes atos de violação da privacidade e da dignidade do Santo Padre –como pessoa e como suprema autoridade da Igreja e do Estado da Cidade do Vaticano-, e cumprirá os passos oportunos para que os atores do roubo, das interceptações, e da divulgação de notícias secretas, assim como do uso comercial dos documentos privados, conseguidos e reunidos ilegalmente, respondam por seus atos perante a justiça”.

Em caso de necessidade, “será pedido para tal fim a colaboração internacional”, conclui o texto.
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Disponível em: http://doutrinacatolica.wordpress.com/2012/05/23/polemicas-informacoes-secretas-do-papa-foram-roubadas-e-publicadas-em-um-livro-vaticano-tomara-medidas-legais/

Formação: que formação?


É raro participar de alguma assembleia diocesana ou paroquial onde nestes últimos anos não apareça a exigência ou a prioridade da FORMAÇÃO. Trata-se de um clamor que brota do desejo de conhecer mais e de preparar pessoas e agentes para desempenhar melhor o seu papel dentro da comunidade e no confronto com a cultura contemporânea.

Mas, qual é o sentido esta palavra? Ele significa criar convicção, dar uma forma, modelar, adquirir uma personalidade, um estilo de vida que caracterize alguém.

Podemos-nos também perguntar: como acontece a formação?

Logo nos deparamos com dois modelos de formação:
 
1.    Estática: parte das idéias, das normas, das doutrinas. Exige uma Verdade objetiva e absoluta. Nela prevalece a execução, é ativista, genérica, aérea, uniforme. Baseia-se na ascética, pois exige sacrifício e sublimação.

2.    Dinâmica: parte da vida, da situação de cada pessoa e de cada cultura, dos anseios, dos relacionamentos. Exige a elaboração de um projeto de vida e, portanto discernimento. Trata-se, portanto de uma formação situada, criativa, fecunda, existencial. Exige mística, convicção. Fundamenta-se numa experiência profunda de Deus.

Para nós cristãos a luz sempre nos vem da Palavra de Deus que de forma pedagógica interveio na vida e na história do seu povo.

Portanto toda a história do Povo de Deus manifesta a pedagogia de Deus que acompanha a sua caminhada e o forma ensinando-o progressivamente. O Salmo 118 sobre a lei de Deus louva o homem reto “que na lei do Senhor vai progredindo”.

Através dos profetas e dos acontecimentos, Ele vem acalentando o sonho da Terra Prometida e alterna o uso da bondade com o uso dos castigos, mas sempre trata com misericórdia e amor os seus filhos para reconduzi-los ao bom caminho.

No meio deste Povo a fidelidade de Deus se expressa na escolha de um “pequeno resto” o resto de Israel, os pobres de Javé aos quais manifesta o seu carinho e que cultiva, sobretudo em meio ao sofrimento, para manter viva a sua promessa. Até chegar à “plenitude dos tempos”, quando envia o seu Filho Jesus.(cfr. Gal 4,4).


Jesus, por sua vez, experimenta a progressividade e o crescimento na sua existência de vida. Lucas afirma no seu evangelho: “O menino crescia”(Lc 2,40). Ora, se há crescimento há progressão, há avanços, há aperfeiçoamento.

Jesus usa da pedagogia da progressão também com os apóstolos: prepara-os para a missão, às vezes é duro com eles, chama atenção, toma atitudes, mas sempre dá chance até a última hora: “Amigo, para que estás aqui?”(Mt 26,50).

Com as pessoas que não entendem ou não querem entender, ele usa de uma psicologia e de uma pedagogia de mestre: basta ver o diálogo com a Samaritana (Cfr Jo 4).

Torna-se duro, não com os pecadores, mas com os chefes, os doutores da lei, os fariseus e os sacerdotes porque impõem pesos nos outros, porque julgam e condenam sem dar chance. Típico é o caso do comportamento de Jesus na ocasião em que estavam apedrejando a mulher adúltera: ele apela para a fraqueza e o pecado de todos: “Quem não tiver pecado, atire nela a primeira pedra”(Jo 8,7).

Jesus ensina mais com a vida, a convivência, as atitudes, a partir dos fatos da vida do que com discursos e cursos: “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração”. Ele não apresenta uma Verdade formal, objetiva e fria, mas se propõe a si mesmo como a Verdade. Ora, ele é pessoa viva, uma verdade que palpita, que cativa e que abrange toda a pessoa: cabeça, coração, afetividade, sexualidade, relacionamentos e socialidade. Ele não é uma verdade abstrata, um sistema que se impõe e escraviza, mas Verdade que liberta e salva. São Paulo exclamará: “É para a liberdade que Cristo vos libertou!”(Gal 5,1).

A experiência da Igreja

A formação dos fiéis na Igreja nunca se deu somente a nível acadêmico, aliás a formação na Igreja abrange todos os aspectos da sensibilidade humana: a arte em todas as suas expressões, o conhecimento intelectual, as manifestações religiosas, os relacionamentos interpessoais, as várias fases da vida pessoal, familiar, social etc.

Assim a Igreja forma os fiéis quando celebra, quando faz festa, quando realiza obras sociais, quando prepara as pessoas para os ministérios (ordenados ou não), quando organiza a atividade pastoral, quando usa os meios de comunicação. A formação, portanto, não consiste apenas em organizar cursos e palestras, mas abrange todas as suas expressões da vivência eclesial.

É claro que, vivendo na história, a Igreja tem adotado, ao longo dos séculos, a metodologia de ensino, de educação e de formação de cada época.

Hoje o método da Igreja, sobretudo aqui na AL é participativo, indutivo, a partir da experiência, interativo e aberto ao diálogo.

No Doc. de Aparecida se afirma que “a formação é permanente e dinâmica, de acordo com o desenvolvimento das pessoas e com o serviço que são chamadas a prestar, em meio às exigências da história” (DA 279) E quando fala da formação bíblico doutrinal, acrescenta: “Junto a uma forte experiência religiosa e uma destacada convivência comunitária, nossos fiéis necessitam aprofundar o conhecimento da Palavra de Deus e os conteúdos da fé, visto que esta é a única maneira de amadurecer sua experiência religiosa. Neste caminho acentuadamente vivencial e comunitário, a formulação doutrinal não se experimenta como um conhecimento teórico e frio, mas como uma ferramenta fundamental e necessária no crescimento espiritual, pessoal e comunitário” (DA 226d).

Enfim, na Igreja a formação significa em primeiro lugar estilo de vida segundo o evangelho para alcançar a plena maturidade em Cristo e testemunho de vida. Isso, naturalmente, inclui também a participação a cursos de formação, a encontros para conhecer e motivar mais o testemunho e a vivência.

Mas, participar de cursos e ter títulos acadêmicos, até de teologia, sem ter uma vida que testemunhe o evangelho no amor, no perdão, na solidariedade, no desapego, no respeito dos outros e na fraternidade, não significa ter a “forma Christi”, que só se dá na configuração a Cristo Senhor. Em outras palavras, a formação cristã aponta para uma vida de santidade. E nós na Igreja devemos trabalhar para isso se quisermos que a formação ajude na trans-formação da vida das pessoas, das nossas comunidades e da sociedade em que vivemos.

Dom Francisco Biasin
Bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ)

terça-feira, 29 de maio de 2012

Fica difícil de entender

Na minha já longa vida de Bispo vi muitas coisas lindas dentro da Igreja: a dedicação incansável da maioria dos Padres;  o zelo por Cristo por parte das catequistas; a prontidão dos ministros da Comunhão;  o respeito pelo Bispo Diocesano;  o grande amor que o povo demonstra para com seus Padres;  o amor filial do povo pelo Santo Padre. Haveria possibilidade de ampliar ainda mais essa listagem. Isso nos leva à conclusão que, apesar dos curtos circuitos, de mal-entendidos, e outras escaramuças, é bonito viver em comunidade e procurar vivenciar em conjunto o grande ideal de vida cristã. Como é bom, como é agradável os irmãos viverem unidos” (Sl. 133, 1). Jesus, desde o início de sua vida pública deu grande importância à vida comunitária. Mas não há lâmpada sem sombra. Vamos apontar uma delas: a instrução doutrinal das novas gerações.

A atitude de passar a “sã doutrina” para as crianças e os jovens deve ser incansável. Não dá para entrar em tranqüilo repouso quando uma geração se abeberou das maravilhas da salvação de Jesus. É preciso que a geração subseqüente também dela se aproxime. O ideal seria que a fé passasse como que por osmose, dentro da família. Mas exigir isso, nos dias atuais, seria acreditar em delírios. Como resposta, a própria comunidade paroquial se organiza para transmitir os valores da fé, através da Catequese. Por toda a parte encontramos pessoas zelosas (80% do mundo feminino), que passam a sua experiência de fé para aqueles que querem se aproximar dos sacramentos de iniciação. Ficamos otimistas quando visitamos esse grupos de catequese paroquial. Dizem-nos os responsáveis, cheios de satisfação: temos 130 crianças na catequese de primeira Eucaristia; neste ano contamos com 80 jovens crismandos. Mas quando visitamos as escolas verificamos que existem 3.000 crianças que jamais farão a Primeira Eucaristia;  topamos com uns 2.000 jovens, que jamais serão crismados. Simplesmente porque não freqüentam a Paróquia. Os pais, arrumam para os filhos cursos de natação; reforço para o estudo da língua inglesa; aulas básicas para tocar violão. Mas se omitem nos caminhos para esclarecer a fé em Cristo. Essa massa corre o perigo de se tornar matéria prima para o trabalho das seitas. Não aprenderam em tempo que Jesus é a “luz do mundo” (Jo 8, 12).
Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)



A Face Mariana da Igreja


O culto dos Santos e, em seu centro, o culto de Maria constituem – sobretudo para a área protestante – um dos rebentos secundários, biblicamente fundamentados, de que  Igreja Católica se enriqueceu no decurso dos séculos. Tal ponto de vista não é exato no sentido de que o mesmo fenômeno se encontra também nas Igrejas Orientais, onde – de maneira ainda mais escandalosa – uma parede inteira coberta de imagens de Santos separa o povo celebrante da ação sacra.

A iconostase, que nem os católicos conseguem compreender bem – ainda que os teólogos ortodoxos procurem justificá-la -, tem por finalidade mostrar à Comunidade que só podemos encontrar Cristo, e n’Ele o Deus Trino que nos ama, no seio da “comunhão dos santos” e em união com ela. Com efeito, não existe homem algum que viva só para si e que possa ser isolado da comunidade humana, proposição que sem dúvida deve ser aplicada a Cristo, se Ele é verdadeiro homem, seja Ele o que for além disso: Filho de Deus, Redentor da humanidade, etc.

Esse pensamento representa uma base da qual nós podemos partir para oferecer aos homens de hoje – talvez afastados dos ensinamentos outrora familiares da fé cristã – uma compreensão de tais verdades esquecidas.

De qualquer forma, nós já esquecemos e não nos é mais familiar a idéia de que a Igreja é nossa mãe e que esta maternidade se revela de maneira plástica e pode ser captada no fato e no modo de Maria ser mãe de Jesus.


Em primeiro lugar estão os pais, “honra teu pai e tua mãe”,[1] é um Mandamento que é a expressão das relações humanas mais elementares em qualquer cultura sadia, tanto primitiva como superior.

Aqui não se tem em vista o simples ato sexual fisiológico através do qual nasce um novo ser humano – mas a completa responsabilidade pessoal que os pais assumem com relação à educação dos filhos -, nem se entende unilateralmente a dependência para toda a vida do filho que se tornou maior e autônomo com relação aos pais, mas somente uma atitude de “respeito” que continua também na idade madura, porque o momento da gratidão objetivamente não cessa nunca.

Também um filho adulto, se não for um transviado, consegue compreender uma festa como a da mãe, nem se recusa a manter em casa a mãe idosa que ficou viúva.

Então ele adquirirá, em certo sentido, as dimensões da Igreja, identificar-se-á com as suas intenções e, como dizem os padres, tornarse-á um “homem da Igreja”.

Assim, fica claro que no interior da Igreja há os que se contentam em receber de maneira passiva os tesouros da graça e agradecer a Deus, e há os que, à medida que vão recebendo, manifestam da melhor forma a sua gratidão, trabalhando ativamente com a Igreja – exercendo assim o seu “sacerdócio universal”. Eles mesmos vão se dando conta de que deste modo de demonstrar a sua gratidão, longe de empobrecer a pessoa, torna-a mais rica.
Ninguém se limita a dar sem receber, e isso pelo simples fato de que todos recebem de Cristo, e todo o seu “dar” é apenas uma resposta e um efeito de tal recepção.

A grandeza da missão de Paulo é diferente da de um simples cristão de uma de suas comunidades; ele está totalmente consciente desta diferença, que é objetiva, e não se orgulha no plano subjetivo, porque pessoalmente é apenas um “escravo de Cristo” e, além disso, um “aborto”.

A amplidão de sua missão permite-lhe trabalhar “mais do que os outros (apóstolos) juntos”, mas acrescenta logo: “não eu, mas a graça de Deus em mim” [2].

O que Paulo talvez não pudesse conhecer tão bem era que também mais adiante haveria missões amplas como a sua – pensamos num Agostinho, num Francisco de Assis, num Inácio de Loyola – os quais, por sua vez, produziram efeitos através dos séculos na Igreja e no mundo. Mas à missão deve corresponder um segundo fator: a disponibilidade mais perfeita possível em aceitá-la e executá-la no seio da Igreja – todas as missões da Igreja são eclesiais -, porque se faltar tal disponibilidade, se o enviado for negligente ou desinteressado, ou se macular a missão com outros motivos e aspirações pessoais, então também as missões mais importantes podem fracassar e o prejuízo para a Igreja será tanto mais grave.

Porém, quando os dois momentos – o objetivo e o subjetivo – se encontram, produzem então uma vida cristã que pode ser proposta pela Igreja como exemplar e digna de imitação, porque espelha a Santidade de Deus e de Cristo, ou seja, uma vida que pode ser “canonizada”.

E aqui devemos acrescentar uma última coisa: existem grandes missões que são dadas para ações exteriores da Igreja, mesmo se não podem nunca estar separadas da intensidade interior da dedicação e da oração; com freqüência tais missões são facilmente reconhecíveis.
Esquecer que a Bíblia não narra uma história neutra, mas foi concebida por cristãos crentes como o testemunho de sua fé eclesialmente articulada e que a escolha dos Escritos que fazem parte dela (escolha feita entre um grande número de outros escritos) foi realizada por força do poder da Igreja.

A Escritura e seu conteúdo pertencem à Igreja, a qual tem consciência de ser uma intérprete autêntica. Da mesma forma, a Igreja, por força de sua autocompreensão, sabe que pode examinar os que querem unir-se a ela – através do Batismo -, sabe que pode agregar plenamente a si, Corpo de Cristo, os que se decidem a levar nela uma verdadeira vida cristã de fé – através de sua admissão à Eucaristia -, sabe que pode excluir de sua comunhão os que não correspondem à sua imagem da vida cristã.

O que pertence à Igreja pertence também a cada cristão, desde que ele queira viver também na Igreja e de conformidade com as normas que ela recebeu de Cristo.

Nenhum cristão, entretanto, pode apropriar-se de tais bens prescindindo da Igreja. Por exemplo, ele não pode (de modo geral, exceto os casos de necessidade) comungar quando quiser, tirando uma Hóstia do Sacrário. Também não pode dar a si mesmo a absolvição sacramental.

Isso significa que ele além de agradecer a Cristo, deve agradecer também à Igreja. Deve o seu “ser cristão” à instrução recebida da Igreja na reta da fé, a ela deve as graças sacramentais e a vida vivida no intercâmbio da comunhão eclesial.

Ninguém está em condições de medir o que a dedicação do cristão à seqüela de Cristo – morto por todos – realiza no mundo da graça. A este propósito, só podemos dizer que quanto mais um cristão serve e se empenha desinteressadamente e sem egoísmo na obra que Deus em Cristo realiza no mundo, quanto mais Deus, a Igreja e o próximo puderem dispor dele, quanto mais o seu coração puder se abrir diante da miséria dos outros, quanto mais ele considerar importante unicamente a causa de Deus, a salvação de todos e não somente a sua própria salvação e o seu próprio bem-estar, quanto mais as orações que dirige a Deus abraçarem de maneira universal a humanidade e precisamente os seus membros mais abandonados, quanto mais oferecer também a si mesmo a Deus e puser à disposição de sua vontade salvífica a própria vida e, em caso de necessidade, a própria morte, tanto mais Deus, a Igreja e cada um dos homens poderão colher frutos de sua árvore, tanto mais a sua existência se expandirá e se tornará acessível a todos.



[1] Cf. Ex 20,12; Dt 5,16; Mt 15,4;19,9; Mc 7,10; 10,19; Lc 18,20; Ef 6,2
[2] Cf. 1Cor 15,10
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Fonte: Trecho do livro: "O Culto a Maria Hoje", Paulinas.

Irã diz ter evangelho que prova que Jesus não é o Filho de Deus e nunca foi crucificado


O governo do Irã disse hoje (28/05) que um texto religioso que contém versos atribuídos a Jesus Cristo, prova o Islã como a religião dos justos e levará a queda do cristianismo. O mundo cristão nega a existência de tal evangelho.

O livro considerado por alguns com data do século V ou VI foi confiscado na Turquia em 2000. Ele foi apreendido durante uma operação contra uma quadrilha acusada de contrabando de antiguidades, apontam os relatórios do jornal Daily Mail.

Autoridades turcas acreditam que poderia ser uma versão autêntica do Evangelho de Barnabé discípulo de Jesus, conhecido por suas viagens com o apóstolo Paulo.O Irã tem chamado o texto escrito em pele de animal em letras de ouro como evangélico Barnabé. Teerã insiste que o texto prova que Jesus nunca foi crucificado, não era o Filho de Deus e, de fato previu a vinda do profeta Maomé e a religião do Islã.

De acordo com a Basij Press, o texto ainda prevê a vinda do messias última islâmico – uma passagem que muito inspira os autores do relatório.

“A descoberta do original texto de Barnabé vai revolucionar a religião no mundo”, diz o relatório Basij.

Nenhum meio de comunicação publicou os versos. A foto liberada da capa mostra apenas inscrições em aramaico e um desenho de uma cruz.

Turquia planeja colocar o livro em exposição pública, que é susceptível de provocar debate feroz como muitos cientistas acreditam que o texto é uma farsa.


A Internacional News Agency (AINA), diz a inscrição na fotografia que pode ser facilmente lido por um assírio comum. Os assírios viviam tradicionalmente em todo o que é hoje o Iraque, a nordeste da Síria, noroeste do Irã, e sudeste da Turquia.

A tradução da inscrição inferior, que é o mais visível diz: “Em nome de nosso Senhor, este livro está escrito nas mãos dos monges do mosteiro de alta em Nínive, no ano 1.500 ª do nosso Senhor.”

A autenticidade do livro ainda tem que ser provado. Alguns especialistas dizem que o Irã está destacando o livro porque vê o cristianismo como uma ameaça.

Erick Stakelbeck, uma apresentadora de TV e um observador próximo de assuntos iranianos, disse WND.com: “Ao promover o chamado Barnabé Bíblia – o que foi provavelmente escrito por volta do século 16 e não é aceito por qualquer denominação cristã dominante – o regime tenta mais uma vez desacreditar a fé cristã. “No ano passado, as autoridades iranianas confiscaram e queimaram cerca de 6.500 Bíblias por ordem do líder supremo aiatolá Ali Khamenei.
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Fonte: Russia Today e IANoticia