terça-feira, 29 de maio de 2012

Fica difícil de entender

Na minha já longa vida de Bispo vi muitas coisas lindas dentro da Igreja: a dedicação incansável da maioria dos Padres;  o zelo por Cristo por parte das catequistas; a prontidão dos ministros da Comunhão;  o respeito pelo Bispo Diocesano;  o grande amor que o povo demonstra para com seus Padres;  o amor filial do povo pelo Santo Padre. Haveria possibilidade de ampliar ainda mais essa listagem. Isso nos leva à conclusão que, apesar dos curtos circuitos, de mal-entendidos, e outras escaramuças, é bonito viver em comunidade e procurar vivenciar em conjunto o grande ideal de vida cristã. Como é bom, como é agradável os irmãos viverem unidos” (Sl. 133, 1). Jesus, desde o início de sua vida pública deu grande importância à vida comunitária. Mas não há lâmpada sem sombra. Vamos apontar uma delas: a instrução doutrinal das novas gerações.

A atitude de passar a “sã doutrina” para as crianças e os jovens deve ser incansável. Não dá para entrar em tranqüilo repouso quando uma geração se abeberou das maravilhas da salvação de Jesus. É preciso que a geração subseqüente também dela se aproxime. O ideal seria que a fé passasse como que por osmose, dentro da família. Mas exigir isso, nos dias atuais, seria acreditar em delírios. Como resposta, a própria comunidade paroquial se organiza para transmitir os valores da fé, através da Catequese. Por toda a parte encontramos pessoas zelosas (80% do mundo feminino), que passam a sua experiência de fé para aqueles que querem se aproximar dos sacramentos de iniciação. Ficamos otimistas quando visitamos esse grupos de catequese paroquial. Dizem-nos os responsáveis, cheios de satisfação: temos 130 crianças na catequese de primeira Eucaristia; neste ano contamos com 80 jovens crismandos. Mas quando visitamos as escolas verificamos que existem 3.000 crianças que jamais farão a Primeira Eucaristia;  topamos com uns 2.000 jovens, que jamais serão crismados. Simplesmente porque não freqüentam a Paróquia. Os pais, arrumam para os filhos cursos de natação; reforço para o estudo da língua inglesa; aulas básicas para tocar violão. Mas se omitem nos caminhos para esclarecer a fé em Cristo. Essa massa corre o perigo de se tornar matéria prima para o trabalho das seitas. Não aprenderam em tempo que Jesus é a “luz do mundo” (Jo 8, 12).
Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)



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