sábado, 12 de novembro de 2011

Resultado do Sorteio do Carro Corsa Classic 2011/2012


A Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro hoje, 12/11, fez o sorteio pela Loteria Federal do Carro Corsa Classic com o objetivo de angariar recursos na sustentabilidade dos trabalhos de evangelização da paróquia; em especial a reforma de nossa Igreja Matriz. 


A entrega do prêmio foi feita na Paróquia N. S. Perpétuo Socorro no dia 14/11 após a missa das 17h.

O sorteio foi realizado às 20:30 (horário de Brasília) e o ganhador foi informado conforme o número e endereço de contato do canhoto sorteado.

O número sorteado pela Loteria Federal e que consta o ganhador do carro Corsa Classic 2011/2012 é:  12.499 cartela pertencente a João Gabriel Teixeira, morador do bairro Renascença II.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Imagens e Ídolos*



“Deus criou o homem da terra, formou-o segundo a sua própria imagem” (Eclo 17,1).

No Antigo Testamento (AT) é proibido fabricar imagens de Deus:

Deuteronômio 4,27-28; Êxodo 20,3-6; Isaías 40,18-25; 46,5

Entretanto, Deus manifesta a sua glória, não através dos bezerros de ouro:

Êxodo 32; 1Reis 12,26-33

Nem de outras imagens fabricadas pelos homens, mas através da criação:

Oséias 8,5; Sabedoria 13; Romanos 1,19-23

Dar valor às imagens não significa idolatria. A imagem é uma forma importante de comunicação, e o homem sensato sabe dar, sem exageros, devido valor às imagens. A Igreja Católica é injustamente acusada de idólatra, pois algumas pessoas tomam do AT argumentos para a acusação:

Deuteronômio 5,8-9

Todos os povos que estavam em contato com o povo de Israel consideravam a imagem não só como símbolo da divindade, mas também como habitação da própria divindade, ou seja, a própria divindade a habitava de fato. Ela era de certa forma o mesmo “deus” representado. Assim de acordo com esta mentalidade primitiva oriental, na imagem da divindade residia um fluído pessoal divino. Quando alguém fazia uma imagem, o “deus” deveria vir residir nela, já que toda a imagem realizava um apelo a que o “deus” viesse habitá-la. Era uma espécie de dublagem da divindade simbolizada. Por isso a Bíblia conta que quando Raquel, esposa de Jacó, rouba os ídolos de seu pai Labão, ele se queixa que roubaram os seus “deuses” e não suas imagens. Realmente é falta contra Deus adorar ídolos, acreditar que eles podem realizar algo, quando são de pedra, pau ou gesso, e nem podem responder:

Salmo 115,4-8 (113,12-16); Ezequiel 14,3; 2Coríntios 6,16-18; Isaías 44,9-20; Jeremias 10,2-5; Sabedoria 15,14-15; Deuteronômio 4,28; 1Macabeus 2,1-2

No entanto, o mesmo Deus que proíbe que se façam ídolos para a adoração é o mesmo que manda que se façam imagens para a veneração:[2]

Êxodo 25,18-20; 37,07-09; 40,18; 1Crônicas 28,18; 2Crônicas 3,10-13



Moisés, Josué e os Sumos Sacerdotes Judeus sempre se prostraram diante da Arca da Aliança para consultar a Deus. Sobre a Arca da Aliança que ficava no Templo de Jerusalém,[3] existiam dois Querubins de ouro:

Êxodo 25,1-22; Hebreus 9,1-5; Ezequiel 1,5-13; 10,1-9.14-22

Também na Igreja Católica, a exemplo do Templo de Jerusalém existem imagens que nos recordam as coisas celestiais. Ter imagens no Templo, portanto, não se configura como idolatria, de maneira nenhuma. Portanto, aqueles que recriminam os católicos deveriam primeiramente provar que as imagens de Nosso Senhor Jesus Cristo, de Maria Santíssima e dos Santos são realmente imagens daqueles deuses estrangeiros. Uma coisa é imagem, outra é ídolo. O mesmo Deus que proibiu fazer imagens (de ídolos) mandou fazer imagens (de não-ídolos):

Números 21,3-9; Sabedoria 16,5-8;

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Festa dos Santos


Começamos o mês de novembro celebrando a Festa de todos os Santos, próximo do Dia de Finados. São dois fatos que marcam nossa vida. Um como fim na terra, e outro, como continuidade na vida eterna, marcada pela santidade e amor total.

Neste momento, uma expressão muito citada na Sagrada Escritura, vem à tona: “A vida vence a morte”. É o mistério da existência humana que só é entendido numa dimensão de fé em Deus e na dignidade da pessoa como ser de eternidade.

A fé, baseada na Palavra de Deus, nos diz que Deus é Santo. E assim deve ser também a criatura humana. Para isto ela é chamada pelo Criador a atravessar um caminho de perfeição para sua realização plena e eterna em Deus.

A Festa de todos os Santos é firmada pela esperança, por aquilo que é capaz de sustentar a continuidade da vida na terra. O desespero é trampolim para a morte. É a incapacidade para implantar a justiça e de testemunhar a solidariedade projetada pelo Criador.


A santidade é fruto da prática de justiça e da pureza do coração. É abençoado aquele que procura estar em sintonia com o Senhor e não tem os desejos voltados para o mal e para o crime. Temos que levar em conta que somos chamados filhos de Deus.

A pessoa humana tem uma dignidade especial, com capacidade para amar verdadeiramente os semelhantes. Entre os filhos de Deus deve ter destaque a fraternidade, de convivência, de respeito e de comunidade. Isto implica a prática da justiça.

A integridade do coração humano seja sem ambiguidades. Coração aberto e acolhedor, de discípulo que tem consciência das consequências de seu modo de agir. Mesmo num mundo de conflitos e violência, pratica atos de solidariedade.

A santidade é dom de Deus e resposta consciente e livre da criatura humana. É fruto de decisão e determinação na vida, seguindo os passos comuns de Jesus Cristo. Não importa fazer grandes coisas ou não, importa ter convicção e audácia no que faz.
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Dom Paulo Mendes Peixoto

Bispo de São José do Rio Preto - SP

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Por quem os sinos dobram?



No dia de Finados, costumamos recordar com carinho nossos mortos queridos. Por um lado, poderíamos dizer que nossa saudade, nosso sofrimento e nossas lágrimas são um problema pessoal ou, quando muito, familiar. Por outro, na grande família dos filhos de Deus, a alegria de um membro deve ser a alegria de todos e a dor de um irmão que sofre deve ser compartilhada por toda a comunidade. São Paulo exprimiu esse entrelaçar-se de nossas vidas com uma afirmação que se tornou clássica: “Alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram” (Rm 12,15). O poeta inglês John Donne (†1631) expressou de maneira feliz essa necessidade de solidariedade entre os cristãos. Estava doente, de cama, e ouviu os sinos baterem com aquele toque que anunciava a morte de alguém. O poeta perguntou, então, aos que o cercavam: “Por quem os sinos dobram?”, e ele próprio respondeu: “Eles dobram por ti!” Sim, quando morre um membro da comunidade, são todos os seus membros que participam da mesma dor, por se empobrecerem um pouco com a morte dessa pessoa.

Os que já fizeram a experiência da perda de um ente querido que enfrentou uma longa doença e os que receberam a inesperada notícia da morte de uma pessoa que lhes era muito cara são capazes de avaliar a extensão da dor de inúmeros irmãos que diariamente vivem e sofrem essas mesmas situações. Em cada cristão que sofre, Cristo continua sua paixão. No mundo atual, são outras as estações da Via Sacra, mas o sofrimento e a dor são uma continuação da dor e do sofrimento vivenciados por nosso Mestre, naquela primeira.


É importante saber repartir com todos as muitas lições que aprendemos nessas circunstâncias. É também uma maneira de retribuir o que recebemos daqueles que, ao partirem, deixaram saudades. Eis algumas lições:

Entre as inúmeras experiências que se pode fazer, quando perdemos uma pessoa querida, uma das maiores é, sem dúvida, a da bondade de Deus. Nessas horas, devemos tomar consciência de que a vida de cada pessoa que passou em nossos caminhos é um imenso presente que o Senhor nos deu. Através do profeta Isaías, Ele nos diz: “Eu, o Senhor, te chamei... e te peguei pela mão” (Is 42,6). Percebemos Sua presença ao nosso lado pela força que nos dá, pela esperança que renova em nosso coração e pela fé que ilumina esses momentos de dor. Como, então, não sairmos dessa experiência de dor animados e fortalecidos?

Outra lição: Deus se faz presente na hora da dor através de parentes e amigos. Diz a Bíblia que “quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro” (Eclo 6,14). Vemos, em tais situações, quantos tesouros temos ao nosso lado! Descobrimos muitas pessoas que também sofrem com tais mortes e, mesmo assim, procuram ser uma presença de bondade junto a nós. Seus gestos de solidariedade não nascem apenas em seus corações. Nascem, em primeiro lugar, no coração do próprio Deus.

Terceira lição: quando se trata da morte violenta de uma pessoa – por exemplo, em um acidente de carro – percebemos o quanto somos responsáveis por nossos atos. O Senhor não nos colocou no mundo para sermos peças inconscientes de uma grande máquina, com comportamentos pré-determinados. Não! Ele nos dá a liberdade e a capacidade de fazermos nossas escolhas e tomarmos as devidas decisões. Podemos e devemos usar nossa liberdade para fazer o bem, para servir. Mas podemos também usar nossa liberdade para fazer o mal, prejudicando com isso outras pessoas. Nós é que, então, passamos a ser causa de dor e tristeza para outros.

Mais uma lição: anima-nos a certeza de que “a figura desse mundo passa” (1Cor 7,31). Somos peregrinos. Nossa vida sobre a terra não teria mesmo muito sentido se não desabrochasse em outra vida, que é eterna. Arde, no coração do Pai, o desejo de dizer-nos um dia, face a face, o que falou a seu Filho por ocasião do batismo, no rio Jordão: “Tu és meu filho amado, de ti eu me agrado” (Lc 3,22).

Aproveitemos, pois, a graça do dia de Finados! Rezemos por nossos mortos e tomemos consciência do dom que continuam sendo para nós!
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Dom Murilo S.R. Krieger, scj

Arcebispo de São Salvador da Bahia - BA

Perder alguém querido...

 


Não há palavras para expressá-la.
Não há livro que a descreva.
Por isso, o melhor jeito de consolar é falar pouco, orar junto,
sentir junto e estar presente, cada um do jeito que sabe.
Palavras não explicam a morte de alguém querido.
Sabem disso o pai, a mãe, os filhos, os irmãos, o namorado e a namorada, 
o marido e a mulher, amigos de verdade. 

Quando o outro morre, parte do mistério da vida vai com ele.
A parte que fica torna-se ainda mais intrigante.
Descobrimos a relação profunda entre a vida e a morte quando alguém
que era a razão, ou uma das razões, de nossa vida vai-se embora.
Para onde? Para quem? Está me ouvindo?
A gente vai se ver novo? Como será o reencontro?
Acabou-se para sempre, ou ela apenas foi antes?
Por que agora? Por que desse jeito?
As perguntas insistem em aparecer e as respostas não aparecem claras.
Dói, dói, dói e dói…
Então a gente tenta assimilar o que não se explica.
Cada um do jeito que sabe.

Há o que bebe, o que fuma, o que grita, o que abandona tudo,
o que agride, o que chora silencioso num canto,
 o que chama Deus para uma briga, o que mergulha
no fatalismo e o que, mesmo sem entender ou crer, aposta na fé.
Um dia nos veremos de novo… enquanto este dia não chegar,
entes que eu amo sei que me ouvem e oram por mim, lá, junto de Deus.
Para eles a vida tem, agora, uma outra dimensão.
Alcançou o definitivo. 

Quem fica perguntando e sofrendo somos nós.
Mas como a vida é um riacho que logicamente deságua,
a nossa vez também chegará e,
 quando isso acontecer, então não haverá mais lágrimas.
As que aqui ficaram chorando terão a sua explicação.
Por enquanto, fica apenas o mistério.
Alguém que não sabemos por que nasceu de nós e por que cresceu em nós,
por que entrou tão de cheio em nossa vida, fechou os olhos e foi-se embora.
Quem ama de verdade não crê que se acabou.

A vida é uma só: começa aqui no tempo e continua,
 depois, na ausência de tempo e de limite.
Alguém a quem amamos se tornou eterno.
E essa pessoa já sabe quem e como Deus é.
E também sabe o porquê de sua partida.
Por isso, convém falar com ela e mandar recados a Deus por meio dela.
Se ela está no céu, então alguém, além de Deus,
 de Jesus e dos santos, se importa conosco.
Definitivamente, não estamos sozinhos, por mais que doa a solidão de havê-la perdido.
Mas é apenas por pouco tempo.
Quem amou aqui, sem dúvida, se reencontra no infinito… 
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Pe. Zezinho

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As aparições de Nossa Senhora



Há ocasiões em que há muitos indícios de uma forte presença de Deus, fazendo-nos acreditar que não é algo inventado ou sonhado pelas pessoas. Assim aconteceu em Guadalupe, Lourdes e Fátima.

Em outras ocasiões os sinais são tão confusos que a gente deve desconfiar quando aparecem videntes fanáticos com mensagens esquisitas, que não estão em sintonia com o Evangelho e a Igreja. De qualquer forma, as aparições não são uma comunicação de Deus totalmente pura.

Na mensagem do vidente, sempre vêm misturadas as suas experiências psicológicas e culturais, a visão que ele tem do mundo, a mentalidade da época e tantas outras coisas.

Por isso, a mensagem das aparições não pode ser tomada ao pé da letra, como se fosse uma comunicação “diretinha” de Jesus ou de Maria. A gente deve separar o que nos parece mais próximo de Deus daquilo que é limitação humana.

O fato de ver ou ouvir Nossa Senhora ou Jesus não significa que os videntes têm mais fé do que nós. A fé não precisa de sinais. Para nós importa saber que Deus se serve dessa capacidade extraordinária das pessoas para nos comunicar algo de seu amor.

As aparições não podem ser uma nova revelação de Deus para continuar ou completar o que Jesus Cristo nos deixou. Os videntes destacam alguns aspectos da vida de fé como a conversão, a penitência, a renovação pela opção ao Evangelho e a oração. Embora seja uma forma de comunicação extraordinária, as mensagens das aparições não substituem a Bíblia nem o Espírito Santo que fala no coração de cada cristão e da comunidade.

A gente dificilmente pode afirmar com tal certeza quando uma aparição é verdadeira, mas há alguns critérios que nos ajudam:

Ø    EQUILÍBRIO MENTAL DO VIDENTE: Se a pessoa tem boa saúde psíquica. As aparições vêm por pura graça de Deus e deve acontecer em pessoas mentalmente saudáveis.

Ø    HONESTIDADE DO VIDENTE E DE SEU GRUPO: Por vezes a busca de fama, poder e dinheiro ou a pressão de parentes e amigos acaba provocando aparições falsas nos videntes que como gravadores, passam a repetir mensagens para atrair um grande público.

Ø    A QUALIDADE DA MENSAGEM: A mensagem do vidente deve estar de acordo com o Evangelho e com a caminhada da Igreja. Tem que ser boa notícia, atualização do Evangelho para nós. Se começa a falar mal dos outros, a criticar as pastorais e os movimentos, especialmente os que defendem os pobres, é sinal que vem de Deus, mas do engano, do orgulho e da vaidade.

Ø    OS FRUTOS DAS APARIÇÕES: Se o movimento de uma aparição leva muitos cristãos a viver melhor na fé, na esperança e na caridade é um bom sinal. Nem sempre quando nas aparições acontecem sinais no céu ou milagres indica que a aparição seja divina. Pode acontecer que mesmo que o vidente seja desonesto ou desequilibrado, as pessoas também vejam sinais no sol, na lua, nuvens ou em qualquer coisa da natureza. A força do poder da mente associada à fé pode produzir frutos maravilhosos mesmo que a aparição não seja verdadeira.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Piedade Mariana nas Devoções e Práticas (Parte II)



 A Oração do Rosário

Uma forma de oração mariana praticada ininterruptamente por muitos séculos e sempre encorajada pela mais alta autoridade eclesiástica é a oração do rosário.

A primeira tradição foi o uso muito antigo, atestado já a propósito dos monges egípcios dos primeiros séculos cristãos, de contar as orações orais com a ajuda de grãos ou pedrinhas. Posteriormente lanço-se mão de uma cordinha munida de pérolas ou grãos, enquanto na maioria das vezes a oração repetida ao ritmo desta cadeia era o “pai-nosso”.

A partir do século XII a “ave-maria” difundiu-se sempre mais. Começou-se a repetir-se também esta oração através de cordinhas munidas de nós, e por fim, foi unida ao “pai-nosso”. A contemplação hoje habitual dos 20 mistérios da vida, paixão e glorificação de Jesus Cristo é atestada com certeza a partir de 1480.

Durante séculos a tradição cristã considerou São Domingos como o verdadeiro criador do rosário, mas o certo é que as origens do rosário devem ser procuradas no fundador da Ordem dos Pregadores, no início do século XIII.

Em todo caso, São Domingos e a sua Ordem (dominicana) permaneceram através dos tempos, e até hoje, um símbolo da difusão desta oração por meio da pregação, dos escritos e das associações. Outras Ordens, como a Companhia de Jesus (jesuítas), a adotaram e contribuíram de maneira significativa para a sua difusão em toda a Igreja.


Num tempo de graves perigos provocados pelas heresias e pelo ataque dos turcos contra o Ocidente, São Pio V (1569 e 1571) exortou a cristandade a encontrar conforto no rosário. Depois da grande vitória conseguida na batalha naval de Lepanto, ele acrescentou à virtude desta oração a salvação da cristandade, definiu sua forma, e instituiu o dia 7 de outubro como festa do santo rosário e concedeu uma indulgência plenária aos que o rezassem.

De modo particular, o rosário é ilustrado sob os seguintes aspectos essenciais:

Ø    O rosário é uma oração bíblica;
Ø    Ele faz a resenha dos dados essenciais da história da salvação;
Ø    Está orientado para Cristo;
Ø    Apresenta um caráter meditativo;
Ø    Entre liturgia e rosário existe uma relação profunda.

O Concílio de Éfeso no ano de 431 afirmou: “Quem não confessar que o Emanuel é verdadeiramente Deus e que conseqüentemente a bem-aventurada Virgem Maria é a Mãe de Deus, porque, segundo a carne, deu à luz o Verbo encarnado que procede de Deus, seja excomungado”.

Como afirma o Magnificat, Deus realizou grandes coisas em Maria. Estas grandes coisas nada mais são senão isto: “Maria tornou-se Mãe de Deus”.

A finalidade última e autêntica da oração é o louvor a Cristo, ao passo que Maria abre caminho para Ele.

O que as nossas igrejas e o Cristianismo experimentado cotidianamente parecem oferecer apenas de maneira insuficiente, é procurado por muitos indivíduos nas filosofias e religiões orientais que com freqüência chegam ao homem ocidental sedento de soluções e cheio de problemas confeccionados de maneira sincretista.

Que o indivíduo recorra ao esquema orgânico e fixo de uma oração continuamente repetida não é necessariamente uma coisa de que deva envergonhar-se.

Para compreender realmente a natureza desta oração e experimentar a sua bênção, existe apenas um caminho: aproximar-se dela e rezá-la.

O Terço

Desde o início do Cristianismo, há mais de dois mil anos, os seguidores de Jesus desenvolveram muitas formas de oração. Uma delas, muito conhecida, é a oração vocal ou de repetição[1].

Não se sabe quando os cristãos começaram a rezar a ave-maria como oração vocal. Na Idade Média, monges analfabetos não podiam ler os Salmos e recitavam de memória algumas frases, inclusive a primeira parte da ave-maria que vem do Evangelho de Lucas.

Como há 150 Salmos, eles rezavam no correr do dia o mesmo número de ave-marias, mas só a primeira parte que junta a saudação do anjo com a de Isabel[2]. A segunda parte da ave-maria se espalhou a partir do ano 1480. Embora exista uma lenda que São Domingos tenha recebido diretamente de Maria o rosário, foi um monge que, nos anos 1300 fez a divisão das ave-marias em 15 dezenas com um pai-nosso em cada uma. Mais tarde, outro monge propôs a meditação dos mistérios. E depois, um frade dominicano criou o rosário, dividindo nos mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos.

O nome rosário quer dizer uma corrente de ave-marias, como uma coroa de rosas. O Papa João Paulo II, no aniversário de seu pontificado (16/10/2002) incluiu os Mistérios Luminosos no rosário. 

Atualmente o rosário possui duzentas ave-marias e vinte pai-nosso. O terço significa, como a palavra já fala, a terça parte do rosário, ou seja, 50 ave-marias. Um rosário completo tem quatro terços. A devoção do terço é livre. O devoto de Maria reza o terço como lhe guia o coração.

Se há desejo e tem possibilidades, pode rezar mais ave-marias, se lhe falta ocasião, reza menos. Mas deve ser bem rezado, com o coração aberto e boa preparação. Não é bom rezar o terço de forma mecânica, repetindo às pressas as ave-marias, para acabar logo. Os mistérios podem ser enriquecidos com trechos da Palavra de Deus, hinos e canções.

Como acontece com outras devoções, não se deve misturar o terço com a liturgia. Na hora da missa não se reza o terço.

Embora seja tão bom, nenhum católico é obrigado a rezar o terço. Como devoção, rezar o terço não é lei para ninguém, mas um instrumento abençoado.


[1] cf. Mc 14,39; Mt 26,44
[2] cf. Lc 28,42
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Fonte: O Culto a Maria Hoje, Paulinas. (com algumas adaptações).

domingo, 23 de outubro de 2011

Uma só Maria em todas as "Nossas Senhoras"


Epíteto é uma palavra qualificando o nome de uma pessoa. Celebridades, reis e santos tem epítetos após o nome. É um título! Ex. Átila, o flagelo de Deus. Napoleão, o corso (Ilha de Córsega, onde ele nasceu). São Boaventura, o doutor seráfico. São João Maria Vianney, o cura d´Ars. Rui Barbosa, a águia de Haia. Os títulos após um nome ou são honoríficos ou são uma espécie de ‘apelido’ que caracteriza alguém: o que fez, foi ou pelo seu modo de ser. A bíblia acrescenta títulos aos nomes, a começar pelo de Jesus: o Nazareno (Mt.2,23). Há no Novo Testamento mais de 100 títulos apostos ao nome de Jesus: o Messias; o Verbo de Deus; o Ungido de Deus; o Emanuel (Deus conosco); o primogênito de toda a criação; a cabeça da Igreja etc. Indicam o amadurecimento da fé em Cristo ressuscitado no início da Igreja. São Marcos (2,17) informa: Jesus deu aos dois apóstolos irmãos, Tiago e João, um epíteto: Boanerges, isto é, filhos do trovão.
 
Ora, no Evangelho de Lucas a primeira referência à pessoa de Maria é um título dado a ela pelo mensageiro de Deus: “ó cheia de graça!” (Lc.1,28). Jesus chama sua mãe de Mulher: nas Bodas de Caná e no Calvário (Jo.2,4); (Jo.19,26). “Mulher, eis aí teu filho!” Isto revela a convicção dos primeiros cristãos no papel de Maria na salvação realizada por Jesus. Ela é a nova Eva, prevista no livro do Gênesis (3,15), como a vencedora futura do demônio. Vitória confirmada no livro do Apocalipse, cap. 12, que fala do grande sinal que apareceu no céu: uma mulher vestida de sol, a lua debaixo dos pés e uma coroa de 12 estrelas na cabeça. Por isso, a reflexão cristã deu à Maria desde os primeiros tempos o título: Imaculada! Ela é ainda chamada de: Mãe de Deus e de Sempre Virgem. O título de “nossa senhora” vem desde o 1º século. Segundo a pesquisa histórica e a iconografia (arte de representar por imagens), as primeiras imagens de Nossa Senhora seriam as chamadas “virgens orantes“ das catacumbas romanas. Maria é representada de pé, braços elevados em atitude de oração. A origem da veneração à Maria para o culto litúrgico e a devoção popular, nasceu da excelência da Mãe de Deus no evangelho: do seu papel na missão de Jesus, de sua condição de discípula-modelo para os cristãos. Essa é a causa dos inumeráveis títulos das “nossas senhoras” pelo mundo afora.
 
Não raro os títulos “nossa senhora” traduzem os anseios das pessoas, grupos ou povos. Assim os escravos negros eram devotos de Nossa Senhora do Rosário. Com o tempo o culto litúrgico à Mãe de Jesus e as invocações populares (ladainhas, novenas, terço) multiplicaram as “nossas senhoras”. Lembravam os locais onde Maria viveu (Belém, Nazaré); os episódios narrados nos Evangelhos (Ex: a Natividade; a Anunciação); o papel dela na missão de Jesus; um local onde aconteceram fatos extraordinários (Lourdes, Fátima, aparecida). Enfim, Maria é uma só em seu corpo terreno. Os títulos referem-se à sua condição glorificada, à íntima e inseparável união com o Filho ressuscitado. A grande imprensa não sabe distinguir isso. Um cristão consciente deve saber! Nomes e títulos de “nossa senhora” devem nos conduzir à escuta da Palavra de Deus e ao amor a Jesus Cristo. “Todas as gerações me chamarão: bem-aventurada!”
 
 
Pe. Antonio Clayton Sant ´Anna – CSsR
Diretor da Academia Marial de Aparecida