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sábado, 15 de outubro de 2016

Adepto da Wicca revela seus dogmas


Tudo bom, amigo?

O quero por meio deste e-mail é tentar passar, um assunto que vem tomando a "cabeça" dos neo-cristãos. 

Quero informar que sou Wicca, a 8anos, e porcurando artigos que se opuserem a isso, encontrei como fonte o site de vocês... Gostaria então de informar 3 itens...

- A Wicca, apesar de ser uma religião livre, ou seja sem cargos e grandes regras a seguir; ela jamais terá como fundamento, a arte de "colher pessoas" para a religião. Ao contrario do Cristianismo que "pesca" como a Biblia ensina.

- Apesar de não ser Cristão, também não sou Anti-Cristo... E como a maioria dos Wiccanos, acredito que Jesus existiu, que ele pregou amor e paz, tão quanto acredito em Maóme, que não teve diferença em ambos. Mas acho que "Quem conta um conto aumenta um ponto", portanto não sigo a Bíblia, pois acho que ela é um mero Fruto de pontos de vistas de outras pessoas. Apesar de ter passagens lindas e bastantes corretas, o mesmo que encontro no Alcorão, no Mandamento Chinês e outros...

- A religião Wicca ou a Bruxaria Moderna não é nova; tal termo "Wicca" foi empregado, para amenizar muita polêmica, já que na Inglaterra, em nome da corte Cristã, foram mortas diversas pessoas Bruxos ou Não... Desde então o termo Wicca, se torna mais simples de se expressar, do que falar, Bruxo... Pois tal nome Bruxo, já foi muito "mistificado" desde a Igreja, aos filmes da Disney.

Pois a Wicca se baseia em 5 regras básicas, resumirei tais:

- A Magia é algo natural, não sobrenatural, pois ela é provieniente da Natureza.

- Acreditamos em dois Deuses principais, A Deusa e o Deus, pois se não há esses dois, jamais teria existência, já que o amor e o sexo, é fruto de um bem natural. Acredito que não haja procriação sem duas pessoas de sexo oposto, se houvesse teria que acreditar em um Deus com dois sexo, o que se torna confuso.

- Acreditamos na reencarnação, como um fato, de justificação. Onde explica diversas coisas. Todo mundo sabe que a Teoria da Reencarnação, é muito mais antiga que qualquer religião.

- Acreditamos que tudo que fazemos, bem ou mal, volta 3 vezes. Porém não há quem jugar, apenas o próprio consciente.

- E por fim acreditamos, que a arte de "buscar pessoas" é considerada Tabu.

Desculpe se você crê assim, creia, mas analise apenas pra vc, esse ponto de vista, teocêntrico cristão... Quanto as suas fontes, é interressante afirmar, que não se pode ir contra outra religião usando a Bíblia, pois tal livro se coloca contra as religiões, se eu ao escrever um livro como a Bíblia e colocassem que todas as religiões, tem bons fudamentos, não sei se a religião criada, iria ter bons frutos.

E definitivamente, não colocamos nosso ponto de vista sobre outras religiões, pois nos importamos com a nossa. Ao invés de perdemos tempo, com as dos outros, se encontrarem alguém que seja Wicca e Anti-qualquer religião, tal pessoa simplemente é leigo.

Não temos ligação com o Diabo, tal ser é puramente Cristão... Na verdade não acreditamos na sua existência. Sabemos que se há algum mal na Terra, esse mal, está no coração das pessoas. Quanto ao Deus Cornífero, ser o Diabo, vejo que você é mais um fruto da nossa sociedade midializada, pois empregou o Diabo como ser de Chifre e rabinho; Este fruto, se você realmente pesquisasse, e tirasse a veda que há em seus olhos, e assumisse teus erros, veria que o Diabo que a midia prega, foi designada na época da "Santa Inquisição" feita exclusivamente pelo Cristianismo. Desculpe mais esse é um site católico né? há sim... Acho que você não tem muito o que defender tua religião...

Mim desculpe, se não acredito em jugamentos sobre céu e inferno, mas se eu tiver de ser jugado, que eu seja, pelo grato e belo caminho que escolhi, e diferente de diversos católicos tenho uma religião e a sigo. E se eu fosse católico temeria ir ao inferno, pois é muito dificil, alguém ir pro céu, afinal são tantas regrinhas...

Ah, a religião Wicca não crer em diferença entre Magia Branca ou Negra, aliás não existe... Tal diferença foi colocada por leigos... Existe apenas Magia bem direcionada ou mal direcionada.

Queremos apenas viver em paz, num mundo tão conturbado por diversas origens.

E o que eu quero bem reçaltar, não há tese o suficiente para condenar pessoas por elas seguirem caminhos adversos, como diz a Bíblia que "..feiticeiros, bruxos, cartomantes.... etc."

A sobre uma dúvida que eu tenho, tais passagens da Bíblia sobre codenação aos praticantes de Magia, Feitiços e etc... não entendo, se sou uma pessoa que busca o amor, se eu tenho uma forma de adorar diferente da sua, e se busco apenas minha forma de suprir minha vida espiritual... de que eu serei jugado? Qual o motivo de mim condenar? Mim corrija se eu tiver errado, você não estaria "pecando" na sua religião, ao ler a passagem, e afirmar que a Bíblia estaria certa, ao dizer tal afirmação? Que se a pessoa for "...feiticeiro, cartomante..." isso não seria um tipo de jugamento? No seu interior você não estaria dizendo que estas pessoas já serão jugadas... Vejo que você já errou...

Para terminar quanto as suas fontes, do Satanismo, esta religião que eu não tenho nada contra, é como posso dizer: Cristã... Pois ela acredita em Cristo e no Diabo. Que tais aspectos não adoramos. E como todos sabem, ela se coloca contra o Paganismo. O Pentagrama virado para baixo, é exemplo, tão quanto a cruz.

E outra a Wicca, não é uma nova religião, ela tem base do Xamanismo, e na religião Celta... Desde então é muito mais antiga que a Religião Cristã.

Se olharmos de um angulo diferente, vemos que o cristianismo, poderia se chamar de Anti-Paganismo, ao invés do paganismo, como vocês tentam difamar, ser o Anti-Cristão... Definitivamente não somos cristão, mas também não somos anti-cristãos.

Se você quer alguma fonte, leia O livro: "As Verdades Sobre A Bruxaria Moderna" de Scott... Este é o livro mais coerente que já li até hoje. A sim, a Wicca é uma religião individual, onde seguimos apenas 5 regras básicas... Que desde o homem da pré-história seguia...

Ei, parece que não vou mais parar de digitar, eu já ia mim esquecendo, quero que veja assim...

Os índios viviam aqui, na America, sem contato com o mundo exterior... Eles adoravam a Natureza, tão quanto a Lua, o Sol, os Elementos e outros... Seus pensamentos eram limpos, viviam como os animais, mais construíam seus lares, e sociedade como os europeus... Daí depois das grandes navegações, tiveram, de uma maneira forçada de aceitar as divergências cristãs... Vários índios foram mortas, talvez por vocês condenados ao inferno, afinal acreditavam em outros Deuses, eram politeístas, e adoravam a Natureza. Talvez vocês dissessem mais eles não podem ser jugados, pois serão jugados pelo que conhecem, e de fato, é certo... O mesmo vale, para todos de outras religiões, vocês Cristãos, não podem jugar ou tentar mudar o conceito de outras pessoas, a religião é algo nosso, do nosso individualismo, do nosso ser, que jamais outro ser tem o motivo de designar isso... Portanto, ao invés de perder seu tempo, indo contra outras religiões, porque não prorcura se reunir o povo de tua religião, e estudar SUA RELIGIÃO? E deixar que as pessoas se decidam sozinhas, qual religião tem que ir... Você não iria gostar de que outras pessoas tentassem mudar seu modo de pensar...

Obrigado pela atenção, 

Espero respostas, 


Elias, Aracaju - SE

RESPOSTA

Caro Elias, 
salve Maria!

Fico curioso em saber o que você quer dizer com Neo-Cristão. Desconheço esta distinção entre cristãos e neo-cristãos. Ao que eu saiba, nós, católicos somos os autênticos cristãos. Se por neo-cristão você quis dizer protestantes, fico feliz em informar que eu e todos na Montfort somos Católicos Apostólicos Romanos, a única Igreja, fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, "Deo Vero de Deo Vero".

Somos cristãos por aderir à sua lei e a sua justiça, que foi inicialmente dada ao povo judeu, mas que foi difundida a todos os povos do mundo pela vinda de Deus Encarnado, Jesus Cristo.

Somos da mesma religião de Grandes Santos e Filósofos, como Santo Agostinho. Somos da mesma religião que os construtores das grandes catedrais medievais, obras inigualáveis que o mundo moderno esqueceu e que não pode suplantar. Somos da mesma religião de São Tomás de Aquino, o doutor Angélico, que colocou a Teologia na justa posição de Rainha das disciplinas. Somos da mesma religião que trouxe a cultura e a justiça a povos bárbaros incivilizados que praticavam sacrifícios humanos e antropofagia. Somos da mesma religião que fundou as universidades, e que levou a sabedoria aos homens. Somos da mesma religião dos intrépidos navegantes portugueses e espanhóis, que, enfrentando o desconhecido, buscavam a salvação das almas dos selvagens no novo mundo.

E Nosso Senhor nos disse: "Ide e evangelizai toda a gente".

Por isso, o Evangelho foi levado aos confins do mundo, a custa do sangue de milhares de mártires que deram sua vida por ele. E se arriscaram grandemente para converter os povos avançados, como os Romanos, que construíam estradas e aquedutos, e para civilizar povos bárbaros, que pintavam a cara e faziam sacrifícios humanos, como os celtas e os nativos americanos e seus xamãs.

Quanto a seus três itens:

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Quem é o meu próximo? Uma pergunta que não se faz…


Quem é o meu próximo? Foi o doutor da Lei que fez a pergunta. Ele a fez, foi mais para justificar-se (Lc 10,29). Diante da reação de Jesus à sua pergunta anterior, ele ficou com vergonha. Perguntara: Mestre, o que devo fazer para obter a vida eterna?(Lc 10, 25). E Jesus, em vez de responder diretamente, disse: O que está escrito na lei? O que você lê ali? (Lc 10,26). Foi como se dissesse: Você, então, não sabe uma coisa tão evidente, você que se diz conhecedor da lei! E, querendo ou não, ele mesmo teve que dar a resposta: amar a Deus e amar ao próximo (Lc 10,27). Perguntara uma coisa já sabida de todos. Parecia uma desonestidade da sua parte. Por isso, para justificar-se, tornou a perguntar: E quem é o meu próximo?.

Mas não foi só para justificar-se e para salvar a sua reputação de doutor da Lei. Para ele, doutor da Lei, aquela pergunta era importante mesmo. Já imaginou: se o pagão não fosse próximo, se o romano, o pobre, o operário, a empregada em casa, não caíssem na categoria de próximo, isso faria uma diferença muito grande e tiraria da vida uma grande preocupação. Estaria livre de prestar-Ihes um serviço por amor. A miséria do mundo e a injustiça generalizada já não seriam uma acusação contra ele. Passaria tranquilo ao lado dos pobres e das favelas, sem que a consciência lhe mordesse e lhe fizesse aqueles apelos incômodos. Pois a Lei, isto é, Deus, mandava amar somente os próximos, e aquela gente não era próximo. Já não haveria motivo para preocupar-se tanto. Saber direitinho quem era o próximo daria mais tranquilidade. Realmente, para ele, o doutor, aquilo era uma pergunta muito importante, mas muito importante mesmo.

A resposta de Jesus

Jesus respondeu, mas respondeu a seu modo, como sempre, por meio de um exemplo tirado da vida. Tais exemplos ou histórias falam mesmo a quem não quer ouvir, pois da vida todos entendem ao menos alguma coisa. Jesus falou de um homem que desceu de Jerusalém para Jericó (Lc 10, 30), uns vinte quilômetros de viagem, pelo deserto perigoso de Judá, cheio de bandidos e ladrões, fugidos da polícia, e de subversivos e guerrilheiros, dispostos a matarem qualquer romano que passasse por lá. Esse homem passou por lá, e aconteceu o que se podia esperar. Caiu na mão de ladrões que o roubaram e o deixaram meio morto, ao lado da estrada, de tanta pancada que deram nele. Fugiram com o dinheiro (Lc 10,30). Quem sabe, naqueles dias mesmo tivesse ocorrido um assalto desse tipo. Estaria ainda bem vivo na lembrança de todos. Nada mais eficiente do que fazer um sermão com fatos da vida.

Passa um sacerdote no local onde agonizava a vítima. Era o doutor da Lei, passando ao lado da miséria do povo, agonizante, devido às feridas, feitas pela sociedade sem amor. O sacerdote era alguém que estava por dentro das coisas da religião, conhecia teologia, sabia situar-se, com a sua fé, neste mundo complicado. Chega lá olha e percebe o fulano indefeso que necessitava de ajuda urgente. Mas, na história que Jesus estava contando, o sacerdote olhou e passou, desviando para o outro lado da estrada. Deixou o homem ali. Não ajudou. Era o doutor da lei, passando ao lado da miséria do mundo e raciocinando consigo mesmo: Aquela gente não cai dentro da categoria de próximo. Portanto, não tenho nenhuma obrigação para com ela. Deus, aqui, nada me pede. Posso passar tranquilo, sem correr o risco de perder a recompensa que Ele prometeu àqueles que observam fielmente a sua Lei. Estou dentro da Lei. A Lei está do meu lado! O sacerdote passou, como o doutor passava pela vida, tranquilo, sem que a consciência lhe acusasse. O doutor, porém, pelo que parece, já não andava de todo tranquilo, pois, do contrário, não teria feito aquela pergunta. Alguma coisa, lá dentro dele, o devia estar incomodando.

Passa, em seguida, um levita, um sacerdote de segunda categoria (Lc 10,32). Seria como um sacristão de hoje, alguém que, como o sacerdote e o doutor, estava por dentro das coisas da religião. Sabia aplicar as distinções necessárias, para não se sentir angustiado, neste mundo tão confuso, com tantos apelos. Também ele chegou, olhou e passou, pelo outro lado da estrada, tranquilo com Deus e consigo. Não ajudou. O homem continuou estendido no chão, sangrando, meio morto. O mundo com a sua miséria continuava aí, sangrando pelas feridas aplicadas pela falta de justiça e não curadas por falta de amor entre os homens. E eram precisamente os que professavam sua fé no Deus justo e bondoso, os que deveriam protestar, reagir, ajudar, esses nada faziam: o doutor, o sacerdote, o levita. A esses, o outro não importava nem um pouco. Importava ter a consciência tranquila, juridicamente tranquila.

Chega um samaritano (Lc 10, 33). Na opinião do doutor, um samaritano era um energúmeno, um herege, um renegado, um bandido, um comunista ateu. O que é que esse samaritano vinha a fazer na história que Jesus estava contando? Até agora o doutor pôde segui-lo perfeitamente. Identificou-se com o sacerdote e o levita. Gente direita. Mas agora? Onde é que esse Jesus queria chegar? O samaritano chega, olha, pára, fica com dó, desce do cavalo, se aproxima, aplica curativo, joga azeite e vinho nas feridas, coloca o homem no seu próprio cavalo, vai a pé ao lado dele, leva-o até à hospedaria, recomenda o caso ao dono, cuida dele, paga pelos gastos e deixa ainda o aviso: Cuide bem desse homem. Caso as despesas forem mais, eu, na volta, pagarei tudo (Lc 10, 33-35). Depois continuou a sua viagem, também ele, tranquilo. E para o samaritano, Deus não entrou, nem a lei. Foi o bom senso de um homem que não pode ver o outro sofrer. 

segunda-feira, 17 de julho de 2017

O mundo precisa de Santos, não de Templários de Facebook!


É assustador pensar no tamanho do buraco em que nossa sociedade se meteu. As famílias estão cada vez mais estranhas. Pais e mães (quando existem) terceirizam seus filhos com as escolas, que por sua vez, lhes ensinam a ser contra a família. Nossos jovens falam em empreendedorismo, mas crescem sonhando em depender cada vez mais do Estado. Falamos sempre em boas intenções e boas ações, mas parecem que elas apenas visam consertar o estrago que nossos valores deturpados provocam. Qual a solução para tudo isso? Aposto que muitos dirão “Guerra Cultural”, pois acho que é hora de propor uma nova guerra: a “Guerra Espiritual”. Precisamos de mais santos e menos Templários de Facebook.

É importante dizer que combater a cultura que nos vendem hoje é importante. Mas é como enxugar gelo. As coisas vão realmente mudar, quando o coração do homem (sua razão e afeição) forem tocados. E só existe realmente uma coisa que muda o coração do homem: o encontro com Cristo.

Mas qual a melhor maneira de fazer isso? Vivendo a SANTIDADE.

Já falamos isso, mas vamos repetir: a santidade não é um prêmio post-mortem para os católicos que foram bonzinhos em vida. A Santidade é um serviço URGENTE para a Igreja de Cristo! E só através dela será realmente possível mudar qualquer coisa na nossa sociedade.


Se você acessou nosso site recentemente, viu que estamos divulgando o livro “Quem sou eu para Julgar” da Editora LeYa, com textos e homilias do Papa Francisco. Lendo o livro, nos deparamos com esse belíssimo discurso:

“Não é, pois, com a clava do juízo que conseguiremos reconduzir a ovelha perdida ao redil, mas com a santidade de vida que é princípio de renovação e reforma na Igreja. A santidade nutre-se de amor e sabe suportar o peso de quem é mais frágil. Um missionário da misericórdia carrega o pecador sobre os próprios ombros e consola-o com a força da compaixão. E o pecador que o procura, a pessoa que vai até ele, encontra um pai.” - Papa Francisco em discurso aos Missionários da Misericórdia (9 de fevereiro de 2016)

É perfeito! Não é com a clava do juízo que se luta pelo coração do homem!!! É com a santidade que se mostra o rosto do Senhor!

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A purpurina de Satanás penetrou no templo de Deus


“Por algum lado, a fumaça de Satanás penetrou no Templo de Deus”, disse o Papa Paulo VI, em um discurso em junho de 1972. Nos dias de hoje, podemos afirmar: a purpurina do demo penetrou no templo de Deus, e foi por meio da TV nos lares das famílias. Tenho certeza de que não fui só eu que notei que muitos cristãos comemoraram o beijo gay da novela das oito.

Uma menina me contou que seu catequista adorou ver a bitoca entre os dois barbudos e, nas redes sociais, estava taxando quem discordasse de “mestre da lei”. Outro garoto me disse que sua ex-catequista garantiu que os bispos da Igreja vão se reunir para discutir e liberar o casamento gay (essa aí tomou chá de cogumelo estragado). Em suma: esse povo declarou nulo o Catecismo da Igreja Católica e agora segue o Catecismo dos Autores de Novelas.

“A Igreja não pode em nenhum momento, por mais autoridade que ela tenha, contradizer o que disse Jesus”, disse muito sabiamente o Padre Fábio de Melo, no programa da Gabi. E, quando a apresentadora perguntou se a posição da Igreja sobre o casamento gay poderia vir a mudar, ele foi bem claro ao dizer que não vai mudar NADA. Até ele sabe disso!

Gente, se toca: nem se o Elton John for eleito Papa um dia, ele terá poder de alterar a doutrina moral da Igreja, que ensina que o sexo foi planejado por Deus para ser feito somente entre homem e mulher, com o fim de formar uma família. O Sucessor de Pedro é o líder visível dos católicos, mas quem o comanda é Jesus Cristo, chefe vivo e ativo da Igreja. Ele garantiu que a Sua palavra jamais seria alterada (Mt 24,35):

“O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão.”

Ou seja, a Igreja não vai mudar a doutrina; quem tem que mudar somos nós, buscando entender e seguir o catolicismo ensina. Não gostou? Então tá na hora de repensar se você quer mesmo continuar sendo católico. A Igreja é herdeira e guardiã dos ensinamentos de Jesus Cristo, e os propõe à nossa consciência livre. A doutrina católica não é imposta a ninguém.

Dentro dessa liberdade, os homossexuais devem ser acolhidos respeitosamente nas comunidades cristãs. Porém, não é honesto que ninguém fique dentro da Igreja fazendo lobby gay. O Papa Francisco já disse que não quer isso, na entrevista no avião, na volta da JMJ no Rio.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Homilética: 32º Domingo do Tempo Comum - Ano C: “Creio na ressurreição da carne!”


Hoje somos convidados, pela Palavra de Deus, a aprofundar a nossa fé na ressurreição dos mortos. Trata-se de uma das verdades fundamentais, enunciadas no Credo e que repetimos muitas vezes: “Creio na ressurreição da carne”.

O texto bíblico de 2Mc 7, 1-2. 9-14 fala-nos dos sete irmãos Macabeus que, junto com a mãe, preferiram a morte a transgredir a Lei do Senhor. Enquanto eram torturados, confessaram, com firmeza, a sua fé numa vida além da morte: “Prefiro ser morto pelos homens, tendo em vista a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará” (2Mc 7,14).

A nossa Ressurreição, como a de Cristo, será obra da Santíssima Trindade (cf. Cat. 989). Logo após a morte do ser humano há o juízo particular (cf. Hb 9,27) e ele experimenta céu (ou purgatório com preparação para o céu) ou inferno em sua alma, não em seu corpo, que fica enterrado e com o tempo chegará à completa putrefação. Contudo, a fé cristã professa que ressuscitaremos com os nossos corpos (cf. 1 Cor 15,12-14.20; Cat. 990). Além disso, a valorização de uma antropologia realista também nos leva a ver a conveniência dessa doutrina: Deus criou o homem inteiro, corpo e alma. Por que negar ao corpo os bens eternos que a alma desfruta?

Em 2 Mac 7,1-2.9-14 se vê claramente a confiança na ressurreição; além disso se pode observar (2 Mac 7,9.14) que há uma ressurreição para a vida (céu) e outra para a morte (inferno). Nos tempos de Cristo havia judeus que acreditavam na ressurreição (fariseus) e outros que não acreditavam (saduceus). No texto de Lc 20,27-38, a questão é a ressurreição. De fato, começa falando do grupo religioso judeu que negava a ressurreição: “alguns saduceus – que negam a ressurreição, aproximaram-se de Jesus” (Lc 20,27).

Ao interpretar a Sagrada Escritura em favor de sua falta de fé na ressurreição, Jesus diz que eles estavam errados (cf. Mc 12,24). Deus que fez o homem do nada pode muito bem ressuscitá-lo a partir daquilo que ele já foi. São Paulo fala de um “corpo espiritual” (1 Cor 15,44): é o mesmo corpo do sujeito em questão, mas transfigurado, em sua máxima vivificação graças ao Espírito Santo.

No século II, Santo Ireneu afirmava que a doutrina da ressurreição dos mortos faz parte da fé apostólica (Adversus haereses, III, 12, 3). Orígenes nos dá notícia de que no século III, a ressurreição dos mortos era ridicularizada pelos os infiéis (Contra Celsum, I, 7). Santo Agostinho, no século V, afirmava que em seu tempo essa doutrina era a que mais recebia oposição.

A objeção é antiga. Porfírio, homem do século II, formulou-a da seguinte maneira: “como ressuscitará um indivíduo que perece no mar e que é comido pelos peixes, cujas partículas ficam dispersas através da cadeia alimentar: os pescadores comem os peixes e os homens são devorados pelos cachorros, e estes são comidos pelas aves?”

Atenágoras de Atenas, apologista cristão do século II, fez eco dessa objeção para depois combatê-la: o poder de Deus pode “distinguir e reunir em suas próprias partes e membros aquele que, despedaçado, foi parar numa multidão de animais de toda espécie, que costumam atacar tais corpos e saciar-se deles, tenham ido parar em só desses animais ou em muitos, e destes em outros e, dissolvido juntamente com eles, tenha voltado, conforme a natural dissolução, aos primeiros princípios. Parece ser isso o que mais perturba alguns, entre aqueles cuja sabedoria é admirável; não sei por que consideram tão grandes as dificuldades correntes entre o vulgo” (Sobre a ressurreição dos mortos, I, 3).

No Evangelho ( Lc 20, 27-38), lemos que se aproximaram de Jesus alguns saduceus que negavam a ressurreição e queriam colocá-Lo em uma situação embaraçosa. Segundo a lei do levirato (Dt 25, 5-10), o cunhado devia casar-se com a viúva para dar um filho ao irmão falecido, para não morrer seu nome. Eram sete irmãos, todos se casaram com ela e morreram sem deixar filho. Morre também a mulher. De quem ela vai ser esposa no céu?

A resposta de Jesus é extraordinária; sem fugir do terreno escolhido pelos adversários que era a Lei Mosaica, com poucas palavras, Ele primeiro mostra onde está o erro dos saduceus e o corrige, depois dá à fé na Ressurreição a sua fundamentação mais profunda e mais convincente. Compreende-se a exclamação de admiração que sai da boca de alguns dos presentes: “Mestre, falaste bem!”.

Jesus, como se vê, põe uma alternativa radical: ou fé na Ressurreição dos mortos ou ateísmo! As duas coisas ou ficam em pé ou caem juntas; não se pode crer em um Deus que colocou em movimento céu e terra para o homem, que para ele sonhou uma grandiosa história de salvação, se depois o próprio homem fosse destinado a acabar no pó da sepultura. Deus acabaria, no fim, reinando sobre um imenso cemitério; seria um Deus dos mortos e, por conseguinte, um Deus morto ele mesmo. Toda a vida não passaria de uma brincadeira cruel, um fazer-nos entrever e desejar a luz, a alegria, a vida, mas só para nos dizer que não são feitas para nós. Basta formular um pensamento desta natureza para ver-lhe o absurdo e afastar-se dele com horror. Uma vez que se acreditou em Deus, precisa-se de maior esforço para não crer na ressurreição dos mortos do que para crer nela. Compreende-se por que Jesus concluiu sua discussão com os saduceus com uma inusitada força e quase com desprezo: “estais muito errados” ( Mc 12,27 ).

Nós, cristãos, professamos no Credo a nossa esperança na ressurreição do corpo e na vida eterna. Este artigo da fé expressa o termo e o fim do designo de Deus sobre o homem. Se não existe ressurreição, todo o edifício da fé desaba, como afirma S. Paulo (1 Cor 15 ).


sexta-feira, 14 de março de 2014

O papa quer estudar as uniões homossexuais para entender os seus porquês


Como bom jesuíta, o papa Francisco adota a prática inaciana de analisar pareceres e informações a propósito dos diversos assuntos. E um dos temas que ele vem estudando são as uniões entre pessoas do mesmo sexo. "Não há nenhuma bênção no horizonte, nem uma abertura doutrinária", mas sobre a mesa, "entre os muitos assuntos a considerar, também está o dos casais gays" (Il Messaggero, 10 de março).
Em particular, o interesse do papa se concentra na pastoral com as crianças adotadas por parceiros homossexuais. "Os pequenos têm direito a um batismo e a um caminho de fé, exatamente como todos os outros, nem mais nem menos".
Francisco já abordou a questão ao falar com os superiores gerais das congregações religiosas, no final de novembro, observando que, "no âmbito educativo, as uniões gays nos apresentam novos desafios que às vezes são difíceis de entender".
E é para entender os contextos desses novos núcleos que o papa enviou a todas as conferências episcopais um questionário com 38 perguntas sobre uniões homossexuais, aborto, divórcio, sexo antes do casamento e eutanásia, entre outros assuntos, para formar um panorama da sociedade atual. O sínodo sobre a família, convocado para o próximo semestre, analisará todas essas questões.

O cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova Iorque, disse em entrevista à rede NBC que o papa Francisco "quer estudar as uniões gays e civis para compreender as razões que levaram alguns países a legalizar a união civil de casais do mesmo sexo" (L’Unità, 10 de março).
O pontífice, acrescentou Dolan, "não chegou a dizer que é a favor das uniões homossexuais", mas que os líderes da Igreja devem "olhar para essas uniões e ver as razões que as fizeram se tornar uma realidade, em vez de se apressar em condená-las. Vamos simplesmente tentar nos fazer perguntas sobre o porquê de algumas pessoas terem recorrido a essas uniões”.
O cardeal reiterou que a centralidade do casamento entre homem e mulher para a sociedade não é apenas um "fato de interesse sagrado e religioso". Disse ele: "Se diluirmos o significado sagrado do casamento, a minha preocupação é que não só a Igreja sofra as consequências, mas toda a nossa sociedade e a nossa cultura".
Tentar entender as razões de quem defende outros caminhos, no entanto, "é bem diferente, e o papa seria o primeiro apoiador desse esforço de entendimento".

De acordo com Dolan, o papa quer prestar atenção às várias situações, evitando as casuísticas que simplificam o fenômeno e sacrificam a humanidade da pessoa e a atenção que ela merece, no caminho da misericórdia e do acolhimento do homem contemporâneo. Afinal, esse “percurso de acolhimento” faz parte da definição de Igreja para Bergoglio.

Nos Estados Unidos, os pronunciamentos do papa Francisco sobre as uniões entre pessoas do mesmo sexo são acompanhados com particular interesse desde julho do ano passado, quando ele declarou: "Se alguém é gay e procura Deus com boa fé, quem sou eu para julgar?". Em setembro, a histórica revista gay "The Advocate" dedicou a sua capa ao pontífice (La Stampa, 10 de março).

O papado de Bergoglio se mostra cada vez mais aberto e corajoso. Na Igreja de Francisco, como observou o cardeal Francesco Coccopalmerio, presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos, "podemos dizer o que pensamos" e discutir os assuntos "respeitando a doutrina", mas "sem fingir que os problemas não existem, como no caso dos divorciados que voltam a se casar​​" (La Repubblica, 10 de março).

O papa, comenta dom Domenico Mogavero, bispo de Mazara del Vallo e membro da Comissão Episcopal para os Migrantes, "está trilhando novas estradas de misericórdia em vez de condenação. Ele não vai mudar a doutrina da Igreja sobre o casamento entre homem e mulher, mas vai estudar novas soluções pastorais sobre as novas realidades, que incluem as uniões que surgem sem o vínculo do matrimônio. Esta perspectiva de abraçar em vez de fechar encontra resistências, infelizmente, dentro da Igreja, mas também encontra muitos bispos e leigos dispostos a assumir o risco de segui-la".

O que o papa está pedindo da Igreja de hoje, disse dom Mogavero, é "mais misericórdia, mais amor e não a condenação. Não a cruzada. O papa João XXIII já nos pedia para condenar o erro, mas não condenar quem erra. Ele foi criticado dentro da Igreja, como acontece hoje, em parte, com Francisco. Mas nós temos que prosseguir sem medo. Existe uma humanidade ferida que pede ajuda e consideração. Os casais não unidos em matrimônio​​, os casais homossexuais, são uma realidade. A Igreja não pode se esconder atrás dos muros. Temos que evitar tanto o extremismo de quem quer aberturas incondicionais quanto o de quem só quer que a Igreja se feche, mas precisamos procurar novas maneiras de trazer a todos a mensagem de Jesus".
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Fonte: Aleteia

domingo, 20 de outubro de 2013

As palavras do Papa Francisco que perturbam os católicos

Toda comparação entre papas é irrelevante em uma perspectiva cristã, 
e o amor de um católico ao Santo Padre vai muito além da sintonia pessoal

Como lido com coisas católicas desde a época de Paulo VI, em livros e jornais, muitas pessoas – talvez desconcertadas ou confusas – insistem em pedir-me opiniões sobre os primeiros meses do novo pontificado. Costumo responder dizendo algo que parafraseia a resposta dada aos jornalistas no avião de volta do Brasil, precisamente pelo Papa Francisco: "Quem sou eu para julgar?". Se somos obrigados a não julgar os outros – palavras do Evangelho –, muito menos julgaremos um pontífice eleito, segundo os crentes, pelo Espírito Santo.
 
Certamente, houve séculos nos quais, ao parecer, os homens chegaram a substituir o Paráclito: conclaves simoníacos ou dirigidos pelas grandes potências da época, com candidaturas e vetos impostos pela política.

 
No entanto, os que conhecem realmente a história da Igreja – condição que não é própria de quem é superficial demais –, os que sabem perceber a dinâmica de "longa duração" ao longo de 20 séculos, acabam se surpreendendo ao descobrir que São Paulo parece realmente ter razão quando afirma que "Omnia cooperantur in bonum", tudo coopera para o bem – também o bem da Igreja, que, em matéria de fé, não é guiada unicamente por Cristo, mas também, certamente, pelo "corpo místico".



De qualquer maneira, estando em nossa época, não se trata de confiar, apesar de tudo, em uma Providência que às vezes pode nos parecer incompreensível. Não é assim, já que, para todos, é evidente a qualidade humana daqueles que, nas últimas décadas, desempenharam o papel de pontífices romanos.

 
Se nos centrarmos unicamente na sucessão desta pós-guerra, temos as figuras de Pacelli, Roncalli, Montini, Luciani, Wojtyla, Ratzinger e, agora, Bergoglio. Quem, por mais distante ou contrário à Igreja que for, poderá negar que são personalidades de insólito relevo, unidas pela mesma fé e pelo mesmo compromisso em sua função, mas com grandes diferenças de caráter, histórias, culturas e estilos pessoais?

 
E é este precisamente o ponto que, para muitos, inclusive católicos, parece não estar claro: independentemente de quem for o homem que chega ao papado e quais forem as nossas consonâncias ou dissonâncias humorais em relação à sua pessoa, ele sempre será o sucessor de Pedro, responsável e guardião da ortodoxia; portanto, um homem de Deus, que não só deve ser aceito, mas por quem também é preciso rezar e a quem é necessário obedecer com respeito e amor filial.

 
Estas coisas deveriam estar claras, sobretudo hoje, com este Bispo de Roma, "proveniente quase do fim do mundo", um homem de personalidade impetuosa, instintivamente impulsiva, talvez autoritária (como ele mesmo reconhece na entrevista com Civiltà Cattolica) e marcada, apesar de sua origem italiana, por uma cultura diferente da nossa [da europeia, N. da T.], como é o caso da sul-americana.

 
Este Papa provém, além disso, pela primeira vez em quase dois séculos, não do clero secular, mas de uma ordem religiosa caracterizada por uma formação diferente de todas as outras dentro da Igreja. É uma "Companhia" (denominação militar de um fundador procedente da vida militar) amada e detestada, admirada e temida há cinco séculos, chegando ao ponto – caso único – de ser suprimida – “propter bonum Ecclesiae ", diz a bula – por um papa franciscano, para depois ser ressuscitada por um papa beneditino.

 
A verdade exige admitir, sobretudo quando se observam muitos sites e blogs, que não faltam aqueles que recordam com nostalgia a sobriedade, o rigor doutrinal, a profundidade cultural e o respeito pelas tradições de Bento XVI, e a atenção por ele prestada à liturgia.

 
E ninguém esqueceu o quarto de século desse extraordinário ciclone que foi João Paulo II, cuja santidade já foi reconhecida. É compreensível: os sentimentos são algo eminentemente humano. Mas, repetindo, toda comparação entre papas é irrelevante em uma perspectiva cristã, e a sintonia de cada crente com um papa se baseia em algo muito diferente das simpatias pessoais.

 
A comunidade guiada e governada pelo sucessor de Pedro sempre teve e terá um fim último (e único) do qual tudo se desprende e que é recordado explicitamente pelo Código de Direito Canônico: "É lei suprema da Igreja e salvação das almas".

 
Ainda que às vezes pareça algo esquecido, tudo se desprende disso e a totalidade da instituição eclesial existe por isso: anunciar a vida eterna prometida pelo Evangelho e ajudar todos os homens – com a pregação e com os sacramentos – a seguir o caminho que leva à meta da morte – na verdade, ao nascimento à verdadeira vida.

 
Todo o resto é só instrumento, sempre modificável e destinado a passar, começando pela burocracia da cúria, apesar de esta ser indispensável: o próprio Deus quis precisar de uma instituição humana, com seus organismos e suas leis.

 
Cada papa está obviamente convencido desta prioridade da salus animarum, mas Francisco, ao que parece, com especial urgência e de tal maneira, que faz todo o necessário para que o clero, os religiosos e os leigos cheguem também a ter consciência disso.

 
Esta opção do Pontífice argentino parece produzir resultados surpreendentes: a respeito disso, eu também meço cada dia o interesse, a simpatia ou, de fato, a adesão de tantas pessoas que, no entanto, pareciam inamovíveis em sua indiferença, quando não se encontravam, além disso, em um laicismo polêmico e agressivo.

 
O retorno à sucessão natural e, por outro lado, frequentemente esquecida (em primeiro lugar a fé, e a moral será uma consequência necessária); o chamado às raisons du coeur  antes que às raisons de la raison, usando os termos pascalianos; os braços abertos a todos, recordando a misericórdia do Deus de Jesus, cujo ofício é perdoar e acolher os filhos, sem exceção, também os pródigos. Tudo isso está provocando resultados positivos, que recordam o critério de avaliação indicado pelo próprio Evangelho: "Conhecemos uma árvore pelos seus frutos". Se a colheita espiritual está sendo tão boa, não será igualmente boa a planta da qual ela provém?

 
Este homem de 77 anos, ainda vigoroso, com seu estilo de "pároco do mundo", quer comprometer a totalidade da Igreja neste desafio de reevangelização do Ocidente, que teve um caráter central também pelo programa pastoral dos seus dois últimos antecessores.


 
Nenhuma fratura, portanto, mas continuidade, inclusive na diversidade de temperamentos. Esta nossa Igreja bimilenar mostra também, dessa maneira, não ter intenção alguma de reduzir-se a uma seita rancorosa, não só minoritária, mas também marginalizada. Com Roma e seus bispos, o mundo inteiro deverá ser medido novamente, como ocorreu nos tempos do império romano, quando tudo começou.
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Fonte: Aleteia

terça-feira, 8 de março de 2016

Homilética: 5º Domingo da Quaresma - Ano C: “Acusados pela própria consciência”


No Evangelho (Jo 8, 1-11) temos uma comovente cena da vida de Jesus: os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério! Segundo a Lei de Moisés tais pessoas deviam ser apedrejadas. Aproveitaram a situação, para deixar o Cristo numa situação embaraçosa: “Mestre, que vamos fazer dessa mulher, perdoá-la ou apedrejá-la, como manda a nossa lei?” Para os escribas e fariseus, era uma oportunidade para testar a fidelidade de Jesus às exigências da Lei. Para Jesus, foi a oportunidade para revelar a atitude de Deus frente ao pecado e ao pecador. Perguntaram ao Mestre: “Que dizes?”(Jo 8,4).

O Salvador faz uma coisa absolutamente inédita, não prevista na lei antiga: não pronuncia qualquer sentença mas, após uma pausa silenciosa, um momento de tensão deveras emotiva, tanto por parte dos acusadores como da acusada, afirma simplesmente: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8,7). Todos os homens são pecadores; por isso ninguém tem o direito de se arvorar em juiz dos outros. Só um tem esse direito: o Inocente, o Senhor, mas nem sequer usa dele, preferindo exercer o Seu poder de Salvador: “Ninguém te condenou?… Também Eu não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais” (Jo 8, 10-11). Somente Cristo, que veio para entregar a Sua vida pela salvação dos pecadores, pode libertar a mulher do seu pecado e dizer-lhe: “não tornes a pecar”. A Sua palavra é portadora da graça que nasce do Seu sacrifício

Ao dizer: quem de vós estiver sem pecado, atire a primeira pedra; foi como se Jesus tivesse tirado a tampa da consciência de cada um; Jesus sabia o que estava no coração de cada um.

O silêncio se tornou pesado e insuportável; os mais velhos começaram a se retirar em silêncio, talvez por medo de que Jesus começasse a cavar em sua vida passada, para ver se estavam realmente sem pecado, sem aquele pecado que no Decálogo chamava-se “desejar a mulher do próximo”. Foi o silêncio, não o fato de Jesus escrever no chão que os deixou inquietos.

A mulher adúltera foi percebendo que estava diante de alguém que a compreendia de verdade, mas não aprovava o seu pecado. “Ninguém te condenou?”, diz Jesus à mulher. Responde ela: Ninguém, Senhor! E Jesus: Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.

Cristo é o único sem pecado; o único portanto, que podia arremessar a primeira pedra…, mas renuncia ao direito de condenar porque, como o Pai, não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva” (Ez 33,11). Quanta nova confiança deve ter infundido, na mulher, aquele Vai, pois significa: volta a viver, a esperar, volta para a casa; retoma a tua dignidade; dize aos homens, com tua presença entre eles, que não há somente a Lei, há também a Graça.

Podemos estar certos: a experiência daquele perdão, daquela compreensão infinita por parte de Jesus, reergueu aquela mulher, lhe encheu o coração com a experiência de um amor novo, tão diferente daquele que a tinha iludido em seu adultério.

Não tenho dúvida que o irmão que tem esse texto diante dos olhos nesse exato momento sabe o que é o exame de consciência. Ao examinarmo-nos todos os dias, deveríamos pedir ao Senhor que nos ajude a ver as nossas atitudes como ele as vê: os nossos pensamentos, as nossas palavras, os movimentos mais íntimos do nosso coração e todas as nossas ações. Desta maneira, a acusação que a consciência provoca em nós diante duma ação má, começará e terminará em Deus provocando uma espécie de tristeza salutar: “a tristeza segundo Deus produz um arrependimento salutar de que ninguém se arrepende, enquanto a tristeza do mundo produz a morte” (2 Cor 7,10).

O exame de consciência, especialmente para os que começam a fazer essa prática piedosa, poderia reduzir-se a três perguntas. A primeira: o que eu fiz de bom no dia de hoje? Essa pergunta ajuda não só a dar glória a Deus por todo o bem que ele nos fez, mas também a ser otimistas e não ficar pensando que tudo vai mal. Não é falta de humildade reconhecer os nossos talentos e dons se esse reconhecimento vai acompanhado de ação de graças: obrigado, Senhor! Segunda pergunta: o que eu fiz de mal? Neste momento veremos, com calma e dor de amor, que ofendemos o nosso Deus que é amor, que somos ingratos, que pecamos: perdão, Senhor! A terceira pergunta inclui o desejo de alcançar algumas metas na vida espiritual: o que eu posso fazer melhor? Muitas coisas, mas é preciso especificar: amanhã não xingarei, terei mais paciência com o meu patrão, não ficarei olhando as mulheres que passam pela rua, não darei “patadas” nos outros etc.

Na caminhada rumo à Páscoa, nesse tempo da Quaresma, façamos um bom exame de consciência! Olhemo-nos com o olhar com que Deus nos vê e, então, sentiremos, sim, a necessidade de correr a Jesus, mas para pedir o perdão para nós e não a condenação para os outros. O perdão para si mesmo também, e sobretudo, daquela culpa – se , por acaso, alguém se encontra culpado – que Jesus perdoou à adúltera; esta é uma culpa devastadora, um cristão não pode conviver tranquilo e longamente com este peso de consciência sem arruinar com ele, além da própria família, também a própria fé. Peça: ajuda-me, Senhor! Termine com um ato de contrição: “Senhor Jesus, Filho de Deus, tende piedade de mim, que sou um pecador.” Amanhã, será um dia melhor. Ah, se você percebeu que precisa se confessar, não perca tempo: peça o Sacramento da Confissão, ainda hoje se possível.

domingo, 19 de março de 2023

I Pregação da Quaresma: “Renovar a novidade”


“IPSA NOVITAS INNOVANDA EST”
Renovar a novidade
Primeira Pregação, Quaresma de 2023

A história da Igreja do final do século XIX e início do século XX nos deixou uma amarga lição, que não deveríamos esquecer para não repetir o erro que a provocou. Falo do atraso (antes, da recusa) em se dar conta das mudanças ocorridas na sociedade, e da crise do Modernismo, que foi a sua consequência.

Quem estudou, mesmo superficialmente, aquele período, conhece o dano que daí acarretou tanto para um lado quanto para o outro, isto é, seja para a Igreja, seja para os chamados “modernistas”. A falta de diálogo, por um lado, levou alguns dos mais conhecidos modernistas a posições sempre mais extremas e por terminar claramente hereticais; por outro, privou a Igreja de enormes energias, provocando lacerações e sofrimentos sem sim em seu interior, fazendo-a debruçar sempre mais sobre si mesma e perder o passo com os tempos.

O Concílio Vaticano II foi a iniciativa profética para recuperar o tempo perdido. Ele realizou uma renovação, que, certamente, não é o caso de ilustrar novamente nesta sede. Mais do que seus conteúdos, interessa-nos, neste momento, o método inaugurado por ele, que é o de caminhar na história, ao lado da humanidade, buscando discernir os sinais dos tempos.

A história e a vida da Igreja não se detiveram com o Vaticano II. Cuidado ao fazer dele o que se tentou fazer com o Concílio de Trento, ou seja, uma linha de chegada e uma meta imóvel. Se a vida da Igreja se detivesse, seria como acontece a um rio, que chega a uma barreira: transformar-se-ia, inevitavelmente, em um pântano ou um brejo.

“Não se deve pensar – escrevia Orígenes no III século – que seja o bastante sermos renovados apenas uma vez; é preciso renovar a própria novidade: ‘Ipsa novitas innovanda est’”[1]. Antes dele, o recém-Doutor da Igreja Santo Irineu escrevera: A verdade revelada é “como um precioso licor contido em um valioso vaso. Por obra do Espírito Santo, ela rejuvenesce continuamente e faz rejuvenescer também o vaso que a contém”[2]. O “vaso” que contém a verdade revelada é a tradição viva da Igreja. O “precioso licor” é, em primeiro lugar, a Escritura, mas a Escritura lida na Igreja que, é a definição mais justa da Tradição. O Espírito é, pela sua natureza, novidade. O Apóstolo exorta os batizados a servirem a Deus “na novidade do Espírito e não na velhice da letra” (Rm 7,6).

Não apenas a sociedade não se deteve ao tempo do Vaticano II, mas sofre uma aceleração vertiginosa. As mudanças que um tempo ocorriam em um ou dois séculos, hoje ocorrem em uma década. Esta necessidade de contínua renovação não é outra coisa senão a necessidade de contínua conversão, estendida desde o fiel, individualmente, até Igreja inteira, em sua componente humana e histórica. A “Ecclesia semper reformanda”. O verdadeiro problema, portanto, não está na novidade; está mais no modo de encará-la. Explico-me. Toda novidade e toda mudança se encontram diante de uma encruzilhada; pode levar a duas estradas opostas: ou a do mundo, ou a de Deus; ou o caminho da morte ou caminho da vida. A Didaqué, um escrito redigido enquanto vivia ao menos um dos doze apóstolos, já ilustrava aos fiéis estes dois caminhos.

Agora temos um meio infalível para tomar sempre o caminho da vida e da luz: o Espírito Santo. É a certeza que Jesus deu aos apóstolos antes de deixá-los: “E eu pedirei ao Pai, e ele vos dará um Paráclito, para que permaneça sempre convosco” (Jo 14,16). E ainda: “O Espírito da Verdade, então ele vos guiará a toda a Verdade” (Jo 16,13). Não fará tudo de uma vez, ou de uma vez por todas, mas à medida que as situações se apresentarem. Antes de deixá-los definitivamente, no momento da Ascensão, o Ressuscitado assegura novamente aos seus discípulos a assistência do Paráclito: “Recebereis – diz – a força do Espírito Santo que virá sobre vós e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e na Samaria, até os confins da terra” (At 1,8).

domingo, 25 de outubro de 2020

O Papa Francisco não mudou o ensino da Igreja sobre o casamento


Há menos nos comentários do Santo Padre do que aparenta, mas continua a ser uma declaração impactante, contudo o que significa exatamente permanece obscuro.

As manchetes globais informando que o Papa Francisco é a favor das uniões civis para casais do mesmo sexo apresentaram os comentários do Santo Padre como uma mudança dramática no ensino da Igreja Católica sobre as relações homossexuais. Há menos aqui do que aparenta, mas continua sendo uma afirmação significativa. 

O que isso significa exatamente permanece obscuro. Os breves comentários do Santo Padre – algumas frases – em um documentário lançado em 21 de outubro não faziam parte de um discurso cuidadosamente redigido, muito menos de um documento formal de ensino. Os comentários têm o mesmo peso e caráter das conferências de imprensa aerotransportadas que o Papa Francisco não teve a oportunidade de realizar neste ano pandêmico. Talvez este filme tenha sido abraçado como uma oportunidade de coçar aquela coceira tagarela.

Mas tem havido discussão de que a edição inadequada das declarações do Papa gerou muita confusão.

Há algo de “imbergoglio” em tudo isso.  (imbróglio)

Uma operação de comunicação modestamente competente do Vaticano deveria ter previsto o documentário e preparado materiais de base explicativos para ajudar os telespectadores a entender o que o Santo Padre estava fazendo – e o que ele não estava fazendo.

O que o Papa Francisco fez

É uma característica marcante do pontificado de Francisco que ele se aproxima dos que estão nas “periferias”, dos que sofrem e dos feridos. Na verdade, é um dos aspectos mais atraentes de seu testemunho e ministério. Se o movimento pelos “direitos dos homossexuais” está nas periferias é discutível, mas o fato de que há aqueles na comunidade “LGBT” que se sentem excluídos, até mesmo condenados ao ostracismo, da vida da Igreja é uma realidade pastoral que o Santo Padre tem procurado abordar. Seu comentário inicial é totalmente consistente com muitas de suas declarações e ações anteriores:

“Os homossexuais têm o direito de pertencer a uma família. Eles são filhos de Deus. Você não pode expulsar alguém de uma família, nem tornar sua vida miserável por isso. ”

Deve-se notar que o uso da sigla “LGBT” em muitas notícias e comentários é, neste caso, extremamente impreciso. O Santo Padre falou de “pessoas homossexuais” (LGB) e não de pessoas “trans” (T); pelo contrário, o Papa Francisco é talvez o líder mundial que mais veementemente se opõe ao que ele freqüentemente denuncia como “ideologia de gênero”.

A segunda parte do comentário do Santo Padre tratou dos arranjos legais para casais do mesmo sexo:

“O que temos que criar é uma lei da união civil; dessa forma, eles são legalmente cobertos.”

Como foi bem documentado nas biografias do Papa Francisco, em 2010 como arcebispo de Buenos Aires ele lutou contra o “casamento” de pessoas do mesmo sexo, mas defendeu as “uniões civis” ou algumas proteções legais para casais do mesmo.

A distinção que ele fez na época foi que apenas casamento é casamento – significando um homem e uma mulher – mas que os indivíduos em outros relacionamentos podem receber a proteção da lei. 

O fato de o Santo Padre ter dito que “temos que criar” foi interpretado por alguns como uma espécie de mandato pontifício, mas isso é demais para um comentário passageiro. Em qualquer caso, o cavalo da união civil há muito deixou o celeiro, então não está claro quais situações o Santo Padre tinha em mente. Em grande parte do mundo, as uniões civis seriam vistas como um retrocesso em relação aos direitos do mesmo sexo; em outras partes do mundo, é considerado uma distração do prêmio do “casamento” do mesmo sexo.

É estranho, mas verdadeiro, que a declaração do Papa Francisco seja quase totalmente irrelevante para o mundo. Continua relevante para a Igreja (veja abaixo). Dado que se referiu à sua posição em 2010 – “Eu defendi isso” – é perfeitamente possível que tenha feito um comentário explicativo sobre a história recente.

O que o Papa Francisco não fez

O Santo Padre não mudou os ensinamentos da Igreja sobre a natureza do casamento, nem sugeriu que outros arranjos poderiam tornar as relações entre pessoas do mesmo sexo equivalentes ao casamento. 

“Seus comentários de forma alguma indicam um afastamento do ensino da Igreja Católica a respeito do casamento ou da homossexualidade”, disse o bispo David Zubik, de Pittsburgh. “Trata-se, sim, de uma abordagem pastoral dessas questões”.

Dom Zubik observou que a exortação papal Amoris Laetitia (2016) convida à compaixão pelos homossexuais e suas famílias (250). Esse mesmo documento também ensina que “não há absolutamente nenhuma base para considerar as uniões homossexuais como de alguma forma semelhante ou mesmo remotamente análoga ao plano de Deus para o casamento e a família” (251). 

Ao dizer que “pessoas homossexuais” têm o “direito” de estar “em uma família” ou “parte da família” (dependendo da tradução), não parece que o Papa Francisco está falando sobre questões jurídicas complexas como FIV ou adoção. Ele provavelmente está se referindo às famílias de origem e que os homossexuais não devem ser expulsos ou privados do amor de seus pais, irmãos e parentes. Se o Santo Padre tivesse mais do que isso em mente, ele o teria dito; ele está repetindo aqui o que ensinou em Amoris Laetitia.