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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A educação afetiva e sexual dos filhos e o uso do preservativo como inibidor da Aids


Qual a melhor forma para se evitar a AIDS? Os preservativos são realmente seguros? Existe "sexo seguro" ? Como deve ser a educação afetiva e sexual dos filhos?

Neste artigo o autor explica à católicos e não-católicos quais os fundamentos da Igreja para não recomendar o uso dos preservativos, e comenta o programa de distribuição de preservativos iniciado pelo Ministério da Saúde e da Educação.

Caríssimos irmãos e irmãs: hoje gostaria de ter com vocês uma conversa amigável. Somos uma família. Uma família mais unida do que julgam aqueles que não nos conhecem. E na família há esses momentos gostosos de conversa depois do almoço, na varanda, no quintal ou na sala tomando um cafezinho. Desejaria, agora, se vocês me permitissem, entrar no vosso lar, sentar-me ao lado de vocês e, num cálido ambiente familiar, ir falando daquilo que me preocupa e que penso ser motivo de preocupação e de perplexidade para vocês, como fazem os irmãos entre si, os pais com os filhos, os filhos com os pais e os amigos de verdade. 
 
E provável que esse nosso encontro se prolongue por um certo tempo. É bom que seja assim. Deste modo tudo o que gostaria de lhes comunicar, penso, ficará claro e, provavelmente, a partir dessa nossa conversa, vocês sairão mais esclarecidos e se sentirão mais fortalecidos para abordar esse tema com os seus filhos, vizinhos, amigos e irmãos na fé. 

Ultimamente tem aparecido, nos jornais, revistas e televisão – inclusive num programa de grande audiência – ataques a nossa grande família que é a Igreja, chamando-a de “retrógrada” e “medieval”, e tratando ao Cardeal Alfonso López Trujillo, que trabalha no Vaticano como Presidente do Pontifício Conselho para a Família, de uma maneira afrontosa. Culpam-no, erradamente, de não ter apresentado nenhuma pesquisa sobre a ineficácia dos preservativos. Também por esta razão nos vimos obrigados a citar bastantes pesquisas sobre esta matéria. Trabalhos estes que também são do conhecimento de D. Alfonso. 


OS QUESTIONAMENTOS 

Alguns meios de comunicação questionam: como é possível que a Igreja não recomende o uso dos preservativos? Não é este o método mais eficaz para deter o avanço dessa doença que está se convertendo numa verdadeira epidemia endêmica de âmbito planetário?: “A Igreja nega o óbvio”, apregoa a manchete de um importante jornal paulistano... 

Talvez nós, que amamos a Igreja, nos sentimos constrangidos quando o Ministério da Saúde, ou a Organização Mundial da Saúde (OMS) expressa opiniões semelhantes. 

Vamos por isso raciocinar juntos num âmbito familiar. Muitos de nós já enviamos a diferentes jornais artigos e cartas que tentavam esclarecer o problema. Mas ou não os publicam ou os publicam fracionados ou incluídos num contexto que os desfigura. E é por isso que sinto necessidade de abrir o coração e falar agora, sem entraves, à nossa querida família cristã. Esta é a razão de ser desta carta familiar. Num clima sereno, sem polemicas, vamos ir deixando fluir os nossos pensamentos, procurando que prevaleça o bom senso e a ponderação. 

A OMS parte de um fato: os costumes atuais não seguem as normas tradicionais, nas que as relações sexuais estão destinadas a consumar um amor estável dentro do matrimônio onde, como fruto desse amor, hão de vir os filhos, criados e educados dentro desse âmbito familiar. Isto, porventura, poderia ser considerado como o “ideal” mas – argumenta-se – não podemos viver de “idealismos” mas de realidades. E a realidade é bem diferente. Os jovens começam a ter relações sexuais antes do matrimônio; muitos não se casam, e mantêm relações eventuais e transitórias; as moças jovens com freqüência deixam-se levar pelos seus impulsos e sentimentos, não se vive a fidelidade conjugal... Há, enfim, em não poucos ambientes um clima de permissividade ou até de promiscuidade, bem diferente a um eventual e teórico “ideal”. E é preciso encarar essa realidade, deixando de lado certos princípios, que estão sendo ultrapassados pelo progresso das ciências e das descobertas dos fármacos anticoncepcionais e dos preservativos. A verdade é que a Igreja está fora da realidade. 

Continua-se argumentando: Qual é o método mais seguro, barato e de fácil divulgação?: o preservativo. Mas o preservativo não tem falhas? Alguns representantes do Ministério da Saúde e da OMS dizem taxativamente que não. Outros, contudo, admitem que elas existem, mas argumentam deste modo: admitamos que os preservativos têm 10% de ineficácia, mas este risco é muito maior quando eles não são usados; então o risco é de 100%. É por esta razão que recomendamos o preservativo. Um cientista, num importante jornal do Rio de Janeiro, alega que as vacinas contra o sarampo e a pólio, também não imunizam 100%. E nem por isso se pensa na possibilidade de não usá-las ou de fazer campanhas chamando a atenção para isso, sob pena de incentivar a rejeição das vacinas que praticamente erradicaram aquelas doenças.
Estes argumentos parecem tão contundentes que não poucos católicos ficam perplexos. Talvez não chegam a contradizer abertamente a posição da Igreja, mas ficam com dúvidas ou acuados ou pelo menos fragilizados. 

ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS 

Devemos, contudo, ponderar que a Igreja – a única instituição duas vezes milenar – tem razões muito sérias para recomendar que não se usem os preservativos. Convido-os, por isso, novamente, para continuarmos refletindo juntos, com toda calma e serenidade. 

Falando-lhes como um irmão, preocupado como estou, que se deteve a estudar esse assunto em profundidade, a fim trazer-lhes um posicionamento seguro a respeito destes questionamentos, quero dizer-lhes que a argumentação antes apresentada – que compara as falhas do preservativo com as das vacinas do sarampo, ou da pólio, por exemplo – não é consistente, por duas razões: a primeira, porque os vírus da pólio e do sarampo não se podem evitar: atacam em qualquer momento, transmitem-se pelo ar que se respira, pela água que se bebe, pelo alimento que se come ou pelo contato habitual do relacionamento social... A AIDS, não: transmite-se fundamentalmente pelas relações sexuais. E ninguém é obrigado a praticá-las com uma pessoa que não se conhece em profundidade, da mesma maneira que é obrigado a comer, a beber, a respirar ou a relacionar-se socialmente... A segunda, porque no caso dos preservativos, a propaganda recomenda o uso como se as relações promíscuas fossem “normais”, inócuas, inevitáveis, ou até recomendáveis. Essa é a feição que tem as propagandas que às vezes aparecem: “aproveite o carnaval, mas use ‘camisinha’”. Aceita-se um pressuposto inadequado – a promiscuidade – e inclusive incentiva-se a mesma: “não se iniba, divirta-se, mas – cuidado! – use ‘camisinha’”. 

A propaganda, em geral, não faz nenhuma advertência, não entra em sutilezas, simplesmente incita a usar a “camisinha” fomentando o que este uso traz consigo: uma relação eventual e insegura. É um meio que, sem dúvida, convida ao desregramento sexual. Desregramento sexual este que traz consigo muitos inconvenientes: o enfraquecimento da saúde e da força de vontade, a perda de um comportamento social e profissionalmente correto, a falta de respeito à pessoa humana e, sobretudo, a infidelidade conjugal e a gravidez precoce, da qual não poucas vezes deriva o aborto. 

A mentalidade permissivista pode aceitar-se teoricamente, porém, quando na prática nos afetam pessoalmente, é bem diferente. Pode-se defender o “sexo livre”, mas ninguém aceita que a sua esposa, ou o seu marido, tenha relações com um terceiro. Pode-se, intelectualmente, ser favorável às relações sexuais pré-matrimoniais, mas ninguém gosta que uma filha de quinze anos fique grávida, ou que um filho de quatorze anos seja pai. O fim bom não justifica utilizar meios perversos. Quem aceitaria montar uma escola para ensinar aos pivetes de rua a roubar sem matar? Alguém alegaria que o fim é excelente: evitar muitas mortes. Mas os meios utilizados são péssimos. 

Evitar o pior não justifica consentir no que é mau. Evitar a AIDS é ótimo mas fomentar a promiscuidade é péssimo. Não estaremos utilizando um inibidor para a AIDS – o preservativo – que, em última análise, pode se tornar causa desta mesma doença? Descuida-se a educação dos adolescentes para a afetividade e a vida sexual sadias, lamenta-se o uso precoce do sexo e a gravidez das adolescentes e de repente, “a toque de caixa”, põe-se nas mãos dos menores um pacote de preservativo como que dizendo: “fique bem a vontade, a ‘camisinha’ garante”. É igual que querer apagar um incêndio com gasolina! E depois chamam de irresponsável a quem dá um grito de alerta. 

O “slogan” da “camisinha” que foi anunciado num conhecido programa de televisão é este: “Pecado é não usar camisinha”. É difícil inventar uma tão ardilosa falácia. “Pecado é não usar ‘camisinha’”, mas não é pecado trair a esposa usando camisinha; não é pecado o desregramento sexual porque se usa “camisinha”; não é pecado deflorar uma menina porque se usa “camisinha”; não é pecado perverter menores incitando-os a usar “camisinha”; não é pecado desfigurar a imagem do Brasil, que tem tantos valores, apresentando-o como o país da libertinagem, das mulheres fáceis, dos bacanais de carnaval... 

Se uma campanha gastou tempo para inventar esta “sutileza”, o que poderemos esperar no desenvolvimento da mesma campanha? A Igreja simplesmente aconselha a ter um comportamento decente – porque, não o esqueçamos, a questão consiste em ser simplesmente decente – e deixa em liberdade para que as pessoas tomem a atitude que o desejarem: não faz campanha. Não tem milhões para fazer propaganda. Não pressiona a opinião pública dessa maneira. Mas, tem que suportar o peso fabuloso que representa para a opinião pública programas de televisão caríssimos. Nós perguntaríamos, quem realmente comete o pecado? Por que esse interesse em denegrir a imagem da Igreja? Não será por medo que a atitude transparente d’Ela desperte a consciência dos cidadãos? Será necessário gastar milhões para tentar convencê-los: “Não, não há pecado quando se usa ‘camisinha’”. A Igreja não pretende admiração. A Igreja o que pretende é respeito. 

As ações que facilitam a propagação de uma doença são eticamente reprováveis. E os atos que desumanizam o sentido da sexualidade são igualmente reprováveis. João Paulo II assim se expressou: “o uso dos preservativos acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo”. 

Podemos inibir-nos às vezes, queridos irmãos e irmãs, mas é preciso ter a coragem de dizer as verdades, aos filhos, à sociedade e ao Estado: não existe sociedade estável, sem família bem constituída; não há família bem constituída sem fidelidade conjugal; e não há fidelidade conjugal sem a educação da afetividade e do sexo, sem auto-controle. E quando não há auto-controle, o que fazer? A OMS e o Ministério da Saúde advertem: Não é para se preocupar: use a “camisinha”! A “camisinha” soluciona todos os problemas... Perguntamos: a “camisinha” protege das crises conjugais, do sexo prematuro tão perturbador para tantos menores de idade, da delinqüência juvenil e das conseqüências naturais da desestruturação do lar? Sabemos muito bem que a questão não consiste em curar os efeitos; é preciso suprimir as causas. Não se soluciona o problema profilático da água colocando um filtro em cada torneira, mas purificando a água na fonte, no reservatório. Não se encontra o remédio na “camisinha”, mas na mudança de atitude: um verdadeiro trabalho educativo no qual a Família, o Estado e a Igreja têm que envidar os mais vigorosos esforços. 

Não, não é com preservativos que se solucionarão os problemas do desregramento sexual, mas com um trabalho profundo que venha a colocar no lugar que merece o valor da vida, do amor, do sexo, do matrimônio e da família. 

E é nessa empreitada que está metida a Igreja. A Igreja não nega o óbvio. A Igreja reconhece o óbvio – a realidade – mais esforça-se por superá-la. Talvez seja a única entidade, a nível mundial, que tem a coragem de chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome. E talvez seja por essa razão que é tão duramente criticada: a luz alegra os olhos sadios e fere os que estão doentes. 

O FUNDAMENTO DA POSIÇÃO DA IGREJA 

Mas, caríssimos amigos e amigas, voltemos a um ponto concreto destas nossas reflexões. Há quem diga: que tem a ver a Igreja com a eficácia técnica e profilática dos preservativos? E nós poderíamos responder com toda a certeza: em realidade ela não tem nada que ver com isso, como não tem nada que ver com a eficácia da estreptomicina, enquanto o assunto estiver no âmbito científico. A Igreja defenderia a mesma opinião de sempre ainda que os preservativos fossem absolutamente seguros. Com efeito, o fundamento da posição da Igreja é muito mais profundo: a mesma natureza humana. 

O eminente descobridor do HIV, Luc Montagnier, não se recusou a comprometer-se a fundo ao indicar como deveriam ser as campanhas contra a AIDS: “são necessárias campanhas contra práticas sexuais contrárias à natureza biológica do homem. E, sobretudo, há que educar a juventude contra o risco da promiscuidade e o vagabundeio sexual” . Note-se que não é o Padre que fala no confessionário, mas o cientista-descobridor do HIV. 

A lei natural determina que existe um vínculo inseparável entre a relação sexual e a transmissão da vida. Romper artificialmente essa união – como acontece no uso do preservativo – representa uma grave infração dessa mesma lei natural. 

A Igreja reafirmou este princípio em repetidos documentos. Apresentamos aqui, apenas um texto da Humanae Vitae, de Paulo VI: “A doutrina da Igreja está fundamentada sobre a conexão inseparável que Deus quis e que o homem não pode alterar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriador”(n. 12). 

A mesma Encíclica esclarece: “É de excluir, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, tanto perpétua como temporária, e tanto do homem como da mulher; é, ainda, de excluir toda, a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação”(n. 14). 

Não se pode mudar a ordem natural em função de uma solução imediatista e inadequada que, além de não solucionar o problema da proliferação da AIDS, propicia e incentiva a uma prática desregrada do sexo. 

Se a Igreja não tem porque dar um diagnostico técnico sobre a eficácia do preservativo, contudo – como qualquer pai ou qualquer mãe – muito se importa quando se pretende enganar os seus filhos com afirmações pouco transparentes ou falaciosas. Nos artigos que têm aparecido recentemente nos jornais, infectologistas afirmam que “não conhecem qualquer estudo confirmando que o vírus da AIDS passa pelos poros da camisinha”. Uma afirmação como esta só tem duas explicações: ou, por um lado, há um desconhecimento das múltiplas pesquisas verificativas existentes nesse sentido (ignorância que não se pode desculpar num verdadeiro cientista); ou, por outro, existe má fé: ocultam-se dados importantes para não tirar força a uma campanha que envolve milhões de reais, alimenta a próspera “indústria do sexo” e enriquece os laboratórios. 

A EFICÁCIA DOS PRESERVATIVOS 

Com efeito, existem numerosos trabalhos que demonstram a ineficácia dos preservativos. A nossa conversa familiar está-se prolongando demais. Não a quero tornar mais cansativa e pesada, com uma repetição enfadonha de dezenas de pesquisas existentes nesta matéria. Por isso pediria o vosso consentimentos para citar apenas alguns exemplos. 

“A Food and Drug Administration (FDA) – entidade do governo dos Estados Unidos encarregada de aprovar medicamentos, próteses, aditivos alimentares, etc. – estudou 430 marcas com 102.000 preservativos; 165 fabricadas nos EUA com 38.000 preservativos e 265 marcas estrangeiras com 64.000 preservativos. O resultado da pesquisa verificou que 12% das marcas de estadunidenses e 21% das estrangeiras não tinha um nível suficiente de qualidade” . “Aceitando essa taxa de defeitos, a probabilidade de falha no caso do preservativo seria de 20,8% anual se mantivessem relações uma vez por semana e de 41,6% se fossem duas vezes por semana” . 

“Em 1992 o Dr. Ronald F. Carey, pesquisador da FDA, introduz microesferas de poliestireno do diâmetro do HIV em preservativos que tinham superado positivamente o teste da FDA e os submeteu a variações de pressão similares às que se produzem numa relação sexual: um terço deles perdeu entre 0,4 e 1,6 nanolitros. Numa relação sexual de dois minutos, com um preservativo que perde um nanolitro por segundo, passariam 12.000 vírus de HIV” . Como se observa, a porosidade do látex pode permitir a passagem de milhares de vírus da AIDS, com toda a sua carga mortífera, apenas numa breve relação. Este vírus é 450 vezes menor que o espermatozóide. 

O Centro de Controle de Doenças de Atlanta (EEUU), o que mais informações possuem na luta contra AIDS, reconhece que “o uso apropriado dos preservativos em cada ato sexual pode reduzir, mas não eliminar, o risco de doenças de transmissão sexual” e acrescenta: “a abstinência e a relação sexual com um parceiro(a) mutuamente fiel e não infectado (a) são as únicas estratégias preventivas totalmente eficazes”. Nestes mesmos termos, a OMS, paradoxalmente, em algum momento já afirmou que “só a abstinência ou a fidelidade recíproca perdurável entre os parceiros sexuais não infectados, elimina completamente o risco de infecção do vírus HIV”. Se tornássemos a ler, novamente, esta última frase pareceria estarmos escutando um aconselhamento da Igreja. Mas, não, é a própria OMS que o afirma. Criticando a Igreja, essa organização está, sem perceber, contestando afirmações feitas por ela mesma. 

Uma fonte da Internet subscreve: “Em maio de 2003, um estudo realizado na França pelo “Instituto da Saúde e da Pesquisa Médica”, põe os cabelos em pé, ao indicar que a metade dos preservativos usados se rompem ou se utilizam mal: há, portanto, segundo esse estudo, somente uns 50% de eficácia prática dos preservativos. A eficácia teórica, realizada no laboratório em condições ideais, é bem diferente da eficácia alcançada no uso prático dos preservativos. 

Esta mesma fonte acrescenta: “Toda sociedade se fundamenta na confiança que os cidadãos têm nos responsáveis políticos, escolhidos democraticamente nas urnas, por isso mesmo não há nada mais decepcionante que a queda dessa confiança. Confiamos em que os responsáveis políticos haverão tomado nota destes importantes estudos que se acabam de citar, para agir em conseqüência, já que não se pode brincar com a saúde dos cidadãos” . 

Não se poderia aplicar esse apelo a algumas autoridades brasileiras e a certos meios de comunicação social? Por que culpar o Cardeal Lopez Trujillo das suas afirmações e não ao Instituto da Saúde e da Pesquisa Médica da França? Aliás, ao referirmos ao Cardeal Lopez Trujillo, acrescentaremos a resposta que ele mesmo deu à BBC de Londres depois das suas declarações tão mal interpretadas, dizendo que o Sr. Cardeal não apresentava provas científicas para as suas declarações. Assim se expressa D. Alfonso:“Há muitos estudos publicados que fazem surgir dúvidas fundamentadas no que diz respeito à «segurança» do uso do preservativo. Jacques Suaudeau, doutor em Medicina, que seguiu de perto o debate e problema da AIDS na África, tem um importante artigo em nosso «Lexicon» cheio de anotações bibliográficas acerca do tema. Nós recebemos também notícias de um relatório de grupos que representam 10.000 médicos que acusam o «Centre for Disease Control» (CDC) nos Estados Unidos de ocultar a pesquisa do próprio governo, a qual mostrava a «ineficácia dos preservativos para prevenir a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis». Este informe do «Catholic Family and Human Rights Insitut» (um grupo em Nova York que controla os temas da ONU em relação à família e à vida) manifesta além disso que a rejeição do CDC de reconhecer este fato «contribuiu para propagar a epidemia de doenças sexualmente transmissíveis»”. 

Infelizmente do equívoco da BBC se fez eco uma muito conhecida revista brasileira e, aquele programa de televisão de tão grande audiência a que nos referimos antes. Não é só a imatura superficialidade de ambas as reportagens as que nos causam espanto, mas a irresponsabilidade com que se acusa, sem provas, (aí sim é que não apresentam provas!) uma autoridade da Igreja digna de crédito. 

Poderíamos prosseguir citando dúzias de pesquisas até esgotar a vossa paciência, queridos irmãos e irmãs. Limitamo-nos apenas a fazer constância de algumas delas, a mais, citando-as no fim desta carta. 

Depois de tudo o que foi dito perguntamos: como é possível que um pesquisador, professor de uma renomada Universidade do Rio de Janeiro, possa afirmar que “não existe qualquer estudo mostrando que a “camisinha” é ineficaz na prevenção da AIDS”? Como se explica que as críticas dirigidas a quem desaconselha o uso do preservativo e propõe uma educação afetiva e sexual mais de acordo com a natureza humana, tenha como um único destinatário a Igreja Católica? 

O descobridor do HIV, o Centro de Controle de Doenças de Atlanta, o Instituto da Saúde e da Pesquisa Médica da França, não falam fundamentando-se numa norma religiosa mas, pelo contrário, baseando-se nos resultados orientados por um estudo científico sério e consciencioso. 

Então, como é possível dizer que a “Igreja nega o óbvio”? Não seria melhor asseverar que a Igreja afirma o que toda pessoa com um mínimo de informação e de consciência ética também afirmaria, seja esta hindu, budista, maometana, cristã ou espírita; quer seja parte do povo comum do Brasil, quer integre um governo que diz querer representar os sentimentos desse povo? 

Voltamos a insistir em algo fundamental: a Igreja não rejeita o uso de preservativos somente porque estes não são eficazes. Continuaria afirmando o mesmo se estes fossem 100% perfeitos, em todo momento e em todas as circunstâncias. Mas levando em conta as falhas da “camisinha”, é natural que, como faria qualquer mãe responsável, advirta aos seus filhos dos riscos que correm. Há momentos em que calar-se representa uma grave omissão. Porque faz isso o Ministério da Saúde? Como já afirmamos em outro momento, não é transparente uma propaganda de difusão indiscriminada do uso do preservativo sem chamar a atenção sobre os seus perigos. Se todo laboratório tem a obrigação legal de indicar na bula dos remédios os efeitos colaterais do mesmo, e os fabricantes de cigarros alertar, em cada maço, as doenças que o fumo provoca, o Ministério da Saúde tem também a obrigação de prevenir a população a respeito do risco no uso dos preservativos. Coisa que ele sistematicamente não faz: fala-se sempre de “sexo seguro”. 

A ATITUDE DA IGREJA DISSEMINA A AIDS? 

A Igreja não está impedindo o combate à AIDS, pelo fato de não concordar com o uso da “camisinha”. Quem afirmar o contrário está difundindo uma inverdade insidiosa que muitos aceitam passivamente sem ulteriores verificações. Como uma pequena mostra disto que acabamos de afirmar copio um artigo de, ISTMO, uma conhecida e prestigiosa revista cultural mexicana, – não de uma revista religiosa – escrita por um especialista na matéria e não por um moralista: “Se analisarmos a AIDS na África, devemos pensar que a influência da Igreja Católica se circunscreve a 15,6% da sua população total. Alguém se atreveria a afirmar que a AIDS prejudica em maior medida aos católicos do que aos muçulmanos ou animistas? Não seria possível fazer isto, já que diversas estatísticas demonstram que a comunidade católica sofre em medida bem menor a praga da AIDS: é lógico que o ensinamento em favor da monogamia e da castidade tenham os seus efeitos positivos em ambiente de promiscuidade generalizada. 

“Então entre que grupos humanos a atitude da Igreja poderia contribuir para disseminar AIDS? Entre os católicos sem prática religiosa, nem vivência dos seus princípios morais? Seria sensato supor que quem é infiel a sua esposa, virá a respeitar a orientação da Igreja que desaconselha o uso do preservativo? Nestas condições correria, por acaso, o risco de contaminar-se para ser fiel às orientações de uma religião que não pratica? Seria um absurdo. Evidentemente que quem não têm escrúpulos de ter relações com uma mulher fácil ou uma prostituta, nem se apresentará a questão da licitude moral do preservativo. Portanto acusar a Igreja Católica na difusão da AIDS por esse motivo é, mais do que um absurdo, uma manobra para negar-se a reconhecer a realidade contrária: sem a moral católica a sociedade seria mais promíscua e, em conseqüência, a AIDS estaria muito mais estendida”. 

The Wall Street Journal, no 14 de outubro último, deixou constância que 25% dos doentes de AIDS no mundo são atendidos por instituições católicas. E, igualmente, afirmou que os estudos científicos – um deles a cargo do Serviço de Saúde dos Estados Unidos e outro à responsabilidade da Universidade de Harvard – coincidiam em alertar sobre os decepcionantes resultados da prevenção da AIDS baseados no preservativo. Menciona-se o caso de Uganda que em 1991 contava com uma taxa de infecção de 20%, enquanto que no ano de 2002 tinha descido aos 6%, em virtude de uma política sanitária centrada na fidelidade e na abstinência, não no preservativo, (à diferença de Botsuana e Zimbábue que ainda ocupam os primeiros lugares nos contágios) . 

Chama a atenção que estes fatos são sistematicamente silenciados. Por baixo das realidades verdadeiramente científicas desliza uma correnteza estranha e anticientifica que silencia estas realidades positivas. A agência LifeSite e a agência ACI, por exemplo, denunciaram recentemente que a maioria dos informes sobre a AIDS na África ignoram sempre os êxitos conseguidos em Uganda, por haver apostado, na sua política sanitária, na promoção da abstinência sexual, da fidelidade e da castidade. 

Muitas autoridades, incluindo o Secretário de Estado norte-americano Colin Powell, louvaram e reconheceram o êxito de Uganda em reduzir a taxa de infecção uns 50% desde 1992. Inclusive a CNN informou que no ano 2000 foi o país “com maior sucesso na luta contra a AIDS”. No entanto a LifeSite adverte que por uma razão desconhecida “o êxito de Uganda poucas vezes é mencionado” . 

Questionamo-nos se essas razões, desconhecidas e entranhas, são as que fazem a alguns cientistas brasileiros dizerem que “desconhecem a existência de pesquisas sobre falhas nos preservativos” e os levam a formular críticas maldosas dizendo que a Igreja “desconhece a realidade” e “nega o óbvio”. 

O jornal espanhol La Gaceta de los Negócios, (16/12/02) comenta nesse sentido: “os patrocinadores do preservativo, como principal instrumento de prevenção da AIDS, em lugar de aceitar esta evidência – o grande sucesso da Uganda – se obstinam nas políticas de extensão do uso do preservativo, que leva inevitavelmente consigo o implícito convite à promiscuidade sexual sob a mentirosa promessa do ‘sexo seguro’. O resultado é o que temos diante dos olhos. Há loucos dispostos a tudo antes de propor o domínio sobre as paixões”. A afirmação está feita por um jornal comercial, não por um boletim paroquial. 

O governo Bush procura, agora, incorporar um treinamento de abstinência ao Programa Internacional Americano para a AIDS. Este plano questiona a efetiva prevenção da Aids por preservativos . 

Há evidentes realidades de que o chamado “sexo seguro” não têm contido a expansão da doença. Por exemplo, conduzida por Nelson Mandela, a África do Sul abraçou firmemente a estratégia do “sexo seguro”, e o uso de preservativo aumentou. Mas a África do Sul continua a liderar mundialmente os casos de infecção por AIDS com 11,4% de sua população atualmente infetada. Há Notícias do Mercury News de Miami que a Fundação Bill e Melinda Gates gastarão US$ 28 milhões para estudar o potencial dos preservativos no controle de natalidade e no combate a AIDS na África. Porém, as mesmas notícias de Mercury News, acautelam que: “As bases científicas para a prevenção da AIDS através de preservativos são mais teóricas que clinicamente provadas”. 

Insistimos: não entendemos como, depois de tantos questionamentos de tão alto nível, algum professor universitário brasileiro ou algum representante do Ministério da Saúde afirmem, sem fazer nenhuma ressalva, “a segurança absoluta dos preservativos”. Perguntamos reiteradamente: é ignorância ou uma versão nova da “conspiração do silêncio”? 

A SOLICITA PREOCUPAÇÃO DA IGREJA PELA AIDS 

Não podemos deixar de notar que a Igreja preocupa-se extraordinariamente com a AIDS. Mas ainda, é uma das entidades que, de uma maneira mais efetiva, luta contra a AIDS. O Cardeal Cláudio Humes, chefe da delegação da Santa Sé na ONU, no 22 de setembro de 2003, também proclamou que “a Santa Sé, graças as suas instituições no mundo inteiro, provê 25% da atenção total que se dá às vítimas do HIV/AIDS, e assim ela se situa entre os principais atores nessa matéria, particularmente entre os mais assíduos e melhores provedores de atenção às vítimas” . 

A Igreja no Brasil já assumiu o serviço de prevenção do HIV e da assistência a soro-positivos e, sem preconceitos, acolhe, acompanha e defende o direito à assistência médica e gratuita daquelas e daqueles que foram infectados pelo vírus da AIDS. Faz também um trabalho de prevenção pela conscientização dos valores evangélicos, sendo presença misericordiosa e promovendo a vida como bem maior (Cf. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, nº 123 – Doc. 71, 2003). 

Evidentemente, ninguém dedicaria tamanho esforço para atender solicitamente e curar, na medida do possível, os doentes da AIDS, e ao mesmo tempo, estivesse facilitando a propagação da mesma doença de uma maneira irresponsável, como maldosamente já disse ultimamente algum meio de comunicação. Em todas as questões é preciso olhar, de diferentes ângulos, para todas as facetas de um problema a fim de obter a respeito dele um diagnóstico equilibrado e certeiro. Este critério não é certamente o que seguem os que estão criticando a Igreja agora por desaconselhar o uso do preservativo. 

O PROGRAMA DE DISTRIBUIÇÃO DE PRESERVATIVOS 
 
Capítulo à parte constitui o programa de distribuição de preservativos iniciado pelo Ministério da Saúde e da Educação. Pretendem entregar cerca de 235 milhões de preservativos por ano, para 2 milhões e meio de estudantes das escolas fundamentais. Voltamos a repetir o que já dissemos em outro lugar. No âmbito de uma população estudantil formada por adolescentes, o perigo de que a propaganda de distribuição de preservativos venha a ser um incentivo para a prática do sexo precoce, é algo claro e evidente de per si. Porque, sob a capa de evitar uma doença, parece que, subliminarmente, se está insinuando com uma a pedagogia indireta,: “Transar, não há nada demais”. “se você sente esse impulso porque não satisfazê-lo? O importante – isso sim! – é usar a “camisinha”. É isto, por ventura, o mais importante para um pai e uma mãe responsáveis? Que pai responsável pensa: se minha filha se deita com qualquer coleginha para se divertirem não tem importância, o que tem importância é que não se esqueçam de usar a “camisinha”? 

Por outro lado, sendo a educação afetiva e sexual uma tarefa que compete primordialmente aos pais, a propaganda maciça, iniludível e impositiva sobre o uso dos preservativos entre menores, significa uma interferência abusiva num direito inalienável do pátrio poder. 

Poder-se-ia também questionar que os pais não estão preparados para oferecer uma educação afetiva e sexual aos filhos. Isto, porém, não deve levá-los a culpável omissão de relegar obrigação tão grave a uma orientação impessoal e massiva que, pelo que se observa, também não está preparado para transmiti-la. São os pais que devem, com responsabilidade própria e intransferível, ir, gradativamente, adquirindo esses conhecimentos para passá-los, na sua devida hora, aos seus filhos. Essa tarefa faz toda mãe responsável a respeito da alimentação, dos cuidados da puericultura, de higiene e dessa função tão importante como é a de discernir do certo e do errado, sem necessidade de fazer estudos especializados. É uma questão de interesse, de prioridades. Não se pode alienar direitos que são deveres. 

O Estado não pode instigar a um tipo de educação sexual sem abrir opções aos pais para que possam escolher, com liberdade, entre uma solução ou outra. Será que as autoridades públicas dão às Igrejas e a outras instituições não-governamentais – formados por cidadãos brasileiros – de forma proporcional, os recursos educacionais semelhantes aos que o governo, unilateralmente, gasta em um programa milionário como a campanha dos preservativos? 

Nesse terreno o caráter subsidiário do Estado na educação dos filhos deveria oferecer a estas instituições esses recursos, a fim de que os pais venham a dispor de novas perspectivas e opções. 

Para nós não cabe a menor dúvida de que um programa de distribuição massiva de “camisinhas” pode ser o estopim para desencadear um novo processo de perversão de menores, paradoxalmente amparado por lei. 

CONCLUSÃO 

Finalizando a nossa conversa, caríssimos irmãos e irmãs, reconheço que a minha confidência foi longa demais. Entretanto, estendi-me bem além do que desejaria pensando em que vocês, apoiando-se nessas idéias, poderiam transmiti-las em primeiro lugar dentro do vosso âmbito familiar e, depois, fora dele a outros, e estes por sua vez a outros, em ondas sucessivas – como a pedra que cai no lago formando círculos concêntricos cada vez mais amplos –, para que a verdade a respeito da Doutrina da Igreja fique no seu verdadeiro lugar e se expanda com os seus benéficos efeitos a toda pessoa e lugar. Penso que é anseio de todos nós que estas verdades não se detenham no nosso reduzido círculo, mas que se espalhem com toda a força e a ressonância de que estão dotadas. 

Não é nossa intenção fomentar um conflito entre as autoridades governamentais, a Igreja e a instituição familiar. Pelo contrário, tentamos harmonizar o desejo inegável, de reconhecido valor, do Estado de evitar a propagação da AIDS, com os direitos e deveres da Igreja na transmissão de sua Doutrina e com os direitos e deveres das famílias de serem devidamente informadas e de fazerem valer as suas prerrogativas no que diz respeito à educação sexual dos seus filhos. 

Tomara que estas considerações contribuam de alguma forma para que se estabeleça um diálogo respeitoso, construtivo e enriquecedor, entre o Estado, a Igreja e as famílias. 

Nós amamos a Igreja – nossa Mãe – e a nossa família – Igreja doméstica –. Esse amor deve levar-nos a protegê-las dos ataques feitos, muitas vezes por ignorância e outras por intenções escusas e menos nobres. É por isso que a minha conversa se alongou demais: pude alargar o coração, em confidência de irmão, ou de pai, ao vosso lado em quem, por constituírem a minha família, confio ilimitadamente. 

Brasília, 12 de novembro de 2003. 

Dom Rafael Llano Cifuentes
Presidente da Comissão Família e Vida
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Disponível em: http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo207.shtml 
Acesso em: 07/10/2011

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Nossa Senhora do Rosário - 7 de Outubro



Tornou-se festividade da Igreja Universal em 1716, pela vitória contra os turcos na batalha naval de Lepanto (07 de outubro de 1571). Inicialmente era celebrada no primeiro domingo de outubro, mas a partir de 1913 foi novamente colocada no aniversário daquela vitória.


Esta memória não se refere à forma de oração do rosário, mas a Maria que, em razão da sublime posição que ocupa em tal oração, é invocada com o nome de “Rainha do Santo Rosário”.


Com a sua simplicidade que a torna familiar também aos fiéis sem instrução, e com a sua profundidade de pensamento que só evidencia numa reflexão e numa meditação muito atenta, ela representa a forma mais universal de oração praticada na cristandade católica.


Por sua natureza, a oração do rosário exige um ritmo tranqüilo e quase um vagar pensativo, que favoreçam no orante a meditação dos mistérios da vida do Senhor, e desvendem as suas insondáveis riquezas.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

NOTA DA CNBB - Jornada Mundial da Juventude


“Ide e fazei discípulos a todos os povos” (Mt 28,19). Com esta citação bíblica o Papa Bento XVI apresentou o lema da próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ) que acontecerá no Brasil e que terá seu momento alto em julho de 2013 no Rio de Janeiro. Este evento, criado por um Papa apaixonado pela juventude, João Paulo II, é de responsabilidade de toda a Igreja com todos os seus serviços, organismos e pastorais. 

O pedido oficial para que o Brasil pudesse sediar esse evento foi feito pela CNBB em maio de 2007 no encontro do Papa com os jovens no Pacaembu, São Paulo. E o anúncio da aceitação foi realizado por Bento XVI no último dia 21 de agosto, por ocasião do encerramento da JMJ em Madri.


Ao longo da história, a Igreja no Brasil tem assumido e efetivado sua opção preferencial pela Juventude. O documento 85, “Evangelização da Juventude – Desafios e Perspectivas Pastorais”, lançado em 2007, e a busca de comunhão das diferentes expressões de juventude no Brasil motivada por este documento são sinais visíveis desse esforço. A recém criada Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude na Assembléia Geral da CNBB deste ano e a aprovação do tema sobre a Juventude para a Campanha da Fraternidade de 2013 revelam, também, este carinho para com os jovens. E agora, com a JMJ acontecendo no Brasil, nossa voz a favor dos jovens se torna mais forte e comprometedora.

Com a festa que a Arquidiocese de São Paulo preparou no dia 18 de setembro passado, a Igreja em nosso país acolheu a Cruz e o ícone da Virgem dando início a esta caminhada no Brasil rumo ao Rio 2013. Estes símbolos percorrerão as nossas dioceses, convidando a todos a intensificar o seu amor para com Jesus Cristo e sua Mãe, e a dar passos mais seguros no processo de opção e evangelização da juventude do Brasil.

A peregrinação destes símbolos já é o início da nossa Jornada Mundial da Juventude! Bem preparada e conduzida esta peregrinação provocará maior encantamento do jovem para com Jesus Cristo, orientações para a sua vida, fortalecimento de sua adesão à Igreja, conscientização de sua responsabilidade missionária na construção de uma sociedade mais de acordo com o projeto de Deus.

As Dioceses e Paróquias, as Pastorais da Juventude e outras Pastorais, as Congregações Religiosas, as Comunidades Eclesiais de Base, os Movimentos e as Novas Comunidades, encontrarão aí ocasião propícia para provocar na Igreja e na Sociedade a opção pelos jovens. É um “momento favorável” de evangelização da juventude proporcionando a ela ocasiões especiais de amadurecimento da sua vida de discípula e missionária do Mestre:

“A crescente participação do Brasil nas Jornadas Mundiais da Juventude nos convida à organização de um caminho que garanta o crescimento da animação dos jovens em vista de sua identidade de discípulos missionários de Jesus Cristo”. (DGAE n. 81 - Doc 94).

Com o ardente desejo de que o Brasil viva este tempo como momento excepcional para a evangelização da Juventude, exortamos e convidamos a todas as forças vivas da Igreja para que o envio missionário “Ide e fazei discípulos a todos os povos” (Mt 28,19) faça eco e seja realidade mais viva e dinâmica na nossa Igreja.
Brasília-DF, 21 de setembro de 2011
P – Nº 0911/11

Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB

Dom Sergio Arthur Braschi
Bispo de Ponta Grossa
Vice-Presidente da CNBB Ad hoc

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB

sábado, 24 de setembro de 2011

Pregar com a Vida


Uma de nossas grandes dificuldades é a sinceridade em nos reconhecermos pecadores. Mesmo que a cada missa façamos o ato penitencial quando proclamamos, confessamos nossos pecados publicamente parece que nem sempre esse ato que fazemos com nossa voz corresponde ao nosso coração. Basta vez a dificuldade hoje, em participar do Sacramento da Penitência encontrando sempre justificativas para fugir desse momento de misericórdia. Sabemos também como nos justificamos em nossos pecados, procurando muitas vezes colocar um culpado em nosso lugar. Outras vezes queremos nos desculpar com justificativas para não assumir nossa responsabilidade de erro, de pecado.

Reconhecemos pouco o pecado e, em seguida, não sabemos pedir e dar perdão. A falta de experiência da misericórdia em nossas vidas nos faz também ser pouco misericordiosos para com os outros. Nós percebemos isso nos desejos de vingança (não de justiça), proclamados em alto e bom som por muitos comunicadores revoltados com os problemas da sociedade.


Diante do homem sujeito ao mal e ao pecado, Jesus não nos condena, mas convida todos a segui-Lo porque acredita que podemos mudar. Ele dirige uma proposta de amor. É por isso que os publicanos e as prostitutas entrarão primeiro no reino dos céus, porque acreditam naquele homem que os chama, levam a sério o seu amor, procuram o seu perdão, entendem a graça, que é a sua confiança. Entram primeiro, porque eles não têm vergonha de procurar ajuda, de falar; porque não fingem ser o que eles não são, não tentando defender-se pelos méritos ou justificações e, por isso, mudam suas vidas. O Evangelho é esta história bela, belíssima notícia: nós podemos mudar, o pecador encontra o perdão, podemos ser diferentes, novos, nascer de novo.

Neste domingo, ouvimos a parábola (cf. Mt 21, 28-32) do dizer e do fazer. Jesus fala de dois filhos que mudam de ideia: um diz "sim", mas não faz ", o outro diz "não ", mas pensa melhor e faz. Não basta apenas a verbalização de uma religiosidade, é necessária a prática, a vida coerente! Infelizmente existem pessoas que vivem em absoluta contradição com aquilo que dizem, enquanto outros, ao contrário, vivem uma boa humanidade, uma honestidade e uma vida absolutamente, fiéis à sua consciência, pregando suas convicções com a vida. Jesus pede ao seu discípulo para imitá-Lo nas suas próprias palavras e atos, na profunda consciência de que encontrar o Evangelho nos impulsiona a mudar de vida.

Um homem tinha dois filhos, e a ambos pede para ir trabalhar na vinha. O primeiro se declara pronto, mas depois não vai. O segundo, no entanto, se recusa a princípio, mas depois se arrepende e vai trabalhar. Nesse ponto, Jesus perguntou aos fariseus: "Qual dos dois fez a vontade do pai?". Eles só podem responder: "O último". Era a única resposta possível. São os próprios fariseus a expor com clareza o contraste entre o "dizer" e o "fazer". Várias vezes no Evangelho se repete a exortação de que as palavras não são suficientes: o que importa é "fazer a vontade de Deus." O exemplo do segundo filho é eficaz: ele cumpre a vontade do pai, não com palavras, que são até mesmo contrárias a ela, mas com ações.

Cumpre a vontade do pai aquele que retorna sobre suas decisões, aqueles que param de dizer não e começam a fazer. "Seja feita a vossa vontade", repetimos ao chamar Deus de Pai. Seja feita a começar por mim. Não basta proclamá-la somente com a boca. Mostre a sua fé através das obras! Não sejamos aqueles que somente dizem: Senhor, Senhor, mas não fazem o que o Pai deseja! Bem recordava o Papa Paulo VI: “os homens de hoje escutam muito mais as testemunhas que os mestres, e se escutam os mestres é porque são testremunhas”!

O discípulo não é um perfeito, mas um que muda e que se converte a cada dia. Somos chamados a reconhecer nossos pecados e dar passos concretos de conversão. Somos chamados a colocar em prática o Evangelho.

Nestes dias em que os sinais da Jornada Mundial da Juventude, a Cruz e o ícone de Nossa Senhora começaram a percorrer o nosso país – levados pelos jovens que assim anunciam o Cristo Senhor, Vida do mundo para todos, junto com a fidelidade de Maria, assim também cada um de nós, servos por amor, saiamos a trabalhar na vinha do mundo como discípulos missionários que testemunham com a vida o Senhor Jesus Cristo, Ressuscitrado, Caminho, Verdade e Vida. Desta forma, seremos felizes e daremos felicidade para muitos.

Dom Orani João Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Faraós e pecados do poder


“Surgiu no Egito um novo rei, que não conhecera José. Ele disse a seu povo: ‘Olhai como a população israelita ficou mais numerosa e mais forte que nós. Vamos tomar providências em relação a eles, para impedir que continuem crescendo e, em caso de guerra, se unam aos nossos inimigos, lutem contra nós e acabem saindo do país.’ (…) Depois o rei do Egito disse às parteiras dos hebreus, chamadas Sefra e Fua: ‘Quando assistirdes as mulheres hebreias no parto e chegar o tempo do parto, se for menino, matai-o; se for menina, deixai-a viver. Mas as parteiras tinham temor de Deus: não faziam o que o rei do Egito lhes tinha mandado e deixavam viver os meninos. (…) Um homem da casa de Levi casou-se com uma mulher de seu clã.

A mulher concebeu e deu à luz um filho. Ao ver que era um menino, manteve-o escondido durante três meses. Não podendo escondê-lo por mais tempo, pegou uma cesta de papiro, calafetou-a com betume e piche, pôs dentro dela o menino e deixou-o entre os juncos na margem do rio. A irmã do menino ficou parada à distância para ver o que ia suceder. A filha do faraó desceu para se banhar no rio, enquanto suas companheiras passeavam na margem. Ela viu a cesta no meio dos juncos e mandou que uma criada o apanhasse. Quando abriu a cesta, viu a criança: era um menino que chorava. Ficou com pena e disse: ‘É uma criança dos hebreus’. A irmã do menino disse, então, à filha do faraó: ‘Queres que eu te vá chamar uma mulher hebreia, que possa amamentar o menino?’ ‘Vai’, respondeu-lhe a filha do faraó. E a menina foi chamar a mãe do menino.” A filha do faraó disse à mulher: ‘Leva este menino, amamenta-o para mim, e eu te pagarei o teu salário.’ A mulher levou o menino e o criou.” (Ex 1,8-10. 2,1-9).

A escravidão do povo hebreu e o infanticídio dos meninos são pecados do poder político, no Egito.

A política dos “faraós” de hoje, em países da Ásia e da África, penaliza, especialmente, as meninas. A prática do “aborto seletivo de fetos do sexo feminino é aparentemente generalizado em países asiáticos como a China, Índia e Coréia do Sul”. Com efeito, “A discriminação de gênero começa cedo. Modernos instrumentos de diagnóstico para a gestação tornaram possível determinar o sexo do bebê logo no início. Nos locais em que há uma evidente preferência econômica ou cultural por filhos homens, o mau uso dessas técnicas pode facilitar o feticídio feminino. Embora não haja evidências conclusivas para confirmar esse mau uso ilegal, histórias sobre nascimentos e dados de recenseamentos na Ásia – principalmente na China e na Índia – revelam uma proporção excepcionalmente alta de nascimentos de meninos, assim como de meninos com menos de 5 anos de idade. Essa constatação sugere a ocorrência de feticídio e infanticídio seletivos por sexo nos dois países mais populosos do mundo – apesar das iniciativas para erradicar essas práticas nos dois países.” Como consequência da “política do filho único” na China, “O número de moças que falta já estaria na casa de milhões e as causas são facilmente identificáveis: elas foram vítimas de infanticídios, de abortos provocados pelos pais quando descobriam que o feto era uma menina ou foram abandonadas nas encruzilhadas das ruas quando recém-nascidas. Alguns pais as escondem e não as declaram ao Estado, correndo perigos de sanções e prisão, se forem descobertos.” Em alguns países da África, a mentalidade da população e a política governamental são, igualmente, discriminatórias, em relação às meninas.

Moisés, como diz o seu nome, foi “salvo das águas”, graças à sensibilidade da “filha do faraó”, diante da decretação do infanticídio de meninos hebreus, no Egito, por razões políticas. O infanticídio de meninos e meninas, apenas nascidos ou em tenros anos de vida, continua acontecendo, por motivo político e em razão da mentalidade arraigada na prática de alguns povos. A face cruel do feticídio e do infanticídio se generaliza, no mundo, por razões sociais. Por isso, a legalização do aborto é um pecado do poder político e social. 

Dom Genival Saraiva
Bispo de Palmares - PE

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Igreja no Brasil celebra o Mês da Bíblia 2011 com o estudo do Livro do Êxodo

“Desconhecer as Escrituras é desconhecer o Cristo”, com essa frase, de São Jerônimo, que a Igreja celebra, nesse mês de setembro, o Mês da Bíblia. Neste ano, o estudo proposto pela Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), será o Livro do Êxodo, capítulos 15,22 a 18,27, que é conhecido como o “Livro da Travessia”.

O Mês da Bíblia tem como tema “Travessia, passo a passo, o caminho se faz”, e o lema “Aproximai-vos do Senhor”.

O presidente da Comissão para a Animação Bíblico-catequética e arcebispo de Pelotas (RS), dom Jacinto Bergmann, escreveu uma mensagem para toda a comunidade cristã que celebra o Mês da Bíblia.

Dom Jacinto pede que todos procurem viver intensamente o esse mês, em todas as comunidades cristãs espalhadas pelo território nacional. “Que bom que temos um Subsídio elaborado pela Comissão para a Animação Bíblico-catequética, que, usado em nossos Grupos Bíblicos, nos ajudará a conhecer e interpretar, a comungar e orar, a evangelizar e proclamar a Palavra de Deus e assim caminharmos sempre mais para uma verdadeira animação bíblica da pastoral, formando entusiastas discípulos missionários de Jesus Cristo”, destacou.

O Subsídio

O Subsídio apresenta vários textos para estudo, reflexão, oração e prática para o Mês da Bíblia de 2011. Não pretende dizer tudo, mas apontar pistas para o trabalho individual e comunitário. Foi pensado como material de apoio, isto é, traz elementos informativos a serem desenvolvidos posteriormente e indica também roteiros práticos, que podem orientar grupos de reflexão e leitura orante sobre o assunto.

Leia abaixo a íntegra da mensagem de dom Jacinto Bergmann, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB.

Mês da Bíblia

Mês de Setembro para a nossa Igreja no Brasil já é, por uma bonita tradição, sinônimo de MÊS DA BÍBLIA. O grande São Jerônimo, presbítero e doutor, cuja memória celebramos no final do mês de setembro, dia 30, nos motivou desde o início e motiva ainda hoje para a dedicação do mês de setembro inteiro para ser o da Bíblia. Sabemos da importância do trabalho bíblico de São Jerônimo realizando a tradução da Vulgata; e sua frase é emblemática: “Desconhecer as Escrituras é desconhecer o Cristo”.

Também já é uma bonita tradição, a CNBB, através da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, oferecer um tema para o Mês da Bíblia para o estudo, a reflexão, a oração e a vivência da Palavra de Deus. O tema pode girar ou em torno de trechos bíblicos, ou de um Livro bíblico, ou até de um conjunto de Livros bíblicos. A escolha do tema para o Mês da Bíblia deste ano de 2011, concentrou-se no trecho do Livro do Êxodo, capítulos 15,22 a 18,27, que é conhecido como o “Livro da Travessia”. É necessário olharmos as etapas da travessia desértica do Povo de Deus, saindo do Egito e buscando a Terra Prometida: as dificuldades enfrentadas pelo Povo de Deus, tanto os problemas da natureza, quanto os desafios oriundos pela convivência humana, criaram a necesidade de enraizar e vivenciar a fé, a esperança e o amor em Deus. Queremos aprender com o Povo de Deus a realizarmos a nossa travessia de discipulado e missão. Eis, pois, o tema tão propício para o Mês da Bíblia de 2011: “Travessia, passo a passo, o caminho se faz”. Mas, o fundamental em tudo isso, é estar próximo ao Senhor Deus. Assim, do capítulo 16, versículo 9, é tirado também o lema: “Aproximai-vos do Senhor”.

Vamos viver intensamente o Mês da Bíblia em todas as nossas comunidades cristãs espalhadas pelo território nacional. Que bom que temos um Subsídio elaborado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, que, usado em nossos Grupos Bíblicos, nos ajudará a conhecer e interpretar, a comungar e orar, a evangelizar e proclamar a Palavra de Deus e assim caminharmos sempre mais para uma verdadeira ANIMAÇÃO BÍBLICA DA PASTORAL, formando entusiastas discípulos missionários de Jesus Cristo.

Dom Jacinto Bergmann,
Arcebispo de Pelotas e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética