quinta-feira, 15 de julho de 2021

“Tragicamente lamentável”, diz Arcebispo de Miami sobre repressão em Cuba



O arcebispo de Miami, nos Estados Unidos, dom Thomas Wenski, emitiu um comunicado solidarizando-se com o povo de Cuba e condenou a atitude repressiva do regime comunista contra os protestos massivos em toda a ilha no último domingo, 11 de julho. “As manifestações populares em toda a ilha expressaram as frustrações legítimas do povo cubano. É tragicamente lamentável que o governo cubano tenha optado por responder com ações repressivas e um discurso que ameaça com mais violência àqueles que, sob o lema de ´Pátria e Vida´ e ´Não temos medo´, buscam um futuro melhor para si mesmos e para seu país”, disse o bispo americano em 12 de julho.

Cerca de um 1,36 milhão de cubanos moram nos EUA segundo o censo americano. Muitos são exildos e moram em Little Havana, bairro cubano de Miami.

Em seu comunicado, dom Wenski lembrou que, “além da pandemia da covid-19 que afeta Cuba”, a ilha sofre uma série de privações como a “falta de liberdades, alimentos e perspectivas de futuro”. Segundo o arcebispo, essas foram as causas da explosão social. Ewenski lembrou a visita de São João Paulo II a Cuba em 1998 e da exortação que fez então aos cubanos, “especialmente os seus jovens, a serem protagonistas do seu futuro”.

“A falta de liberdades fundamentais, a marginalização e exclusão daqueles que discordam da linha partidária”, frustram o sonho de José Martí, apóstolo da independência cubana, de uma Cuba ´com todos e para o bem de todos´”, afirmou dom Wenski.

O arcebispo de Miami disse que “hoje os cubanos e os que não somos cubanos somos muito conscientes dos sofrimentos da nação cubana e sentimos nosso dever de ajudar, através de qualquer gesto possível de solidariedade efetiva e com nossas orações”.

Padre agredido em manifestações pede pelos que ainda estão presos em Cuba



O padre Castor Álvarez Devesa contou sua experiência de passar 13 horas como prisioneiro das autoridades cubanas por causa do protesto contra a situação do páis que ocorreu no domingo dia 11 de julho. Na tarde de ontem, depois de ser libertado, ele falou sobre a repressão do regime aos protestos e pediu pelas pessoas que continuam presas.

O padre Devesa, sacerdote da arquidiocese de Camagüey, foi detido na tarde do domingo quando defendia os manifestantes. Ele ficou preso até a madrugada da segunda-feira na delegacia de Monte-Carlo, acusado de desordem pública.

“Graças a Deus, já não estou preso e estou em casa. Obrigado a todos os que pediram por mim a Deus e pediram que eu estivesse em liberdade. Muito obrigado”, disse o sacerdote na mensagem difundida nas redes sociais na qual também contou o que aconteceu. “Ontem [domingo], comecei a rezar para ver o que fazia. E realmente, não pude chegar à minha casa. Fui aonde estavam os manifestantes para acompanhá-los”.

O padre Álvarez disse que caminhou ao lado das pessoas que protestavam para tentar “evitar que houvesse confrontos, que houvesse violência”, mas que “no final, tentando evitar a violência, recebi um golpe, de alguém com um taco”.

“Mas graças a Deus estamos bem e com o desejo de que todos os cubanos estejam em paz, que não haja violência, que não haja essa força que oprime, mas que tenhamos paz e justiça”, disse o sacerdote. “Acho que devemos seguir rezando pelos que ainda estão detidos, para que haja justiça e não haja excessos, e para que os cubanos possamos encontrar o caminho da paz e da liberdade”, afirmou.

ACI Prensa apurou que, em Camagüey, também foram detidos Yasmani González Aguilar, Leonardo Fernández Otaño, o cineasta Manuel Alejandro Rodríguez Yong, Neife María Rigau Chiang e Henry Constantín, diretor da revista La Hora de Cuba.

Osvaldo Gallardo, leigo católico de Camagüey que atualmente reside em Miami, informou que Manuel Yong foi transferido para a unidade El Cotorro, em Havana, “com outras 600 pessoas detidas no Capitólio”. “As acusações serão feitas em 72 horas. Essas pessoas já receberam roupas de presos”, informou.

O povo de Cuba tem o direito de se manifestar, diz conferência episcopal


A conferência episcopal de Cuba apoia o direito da população de expressar publicamente “sua insatisfação pelo agravamento da situação econômica e social” e considera que não haverá solução através de “imposições, nem apelando ao confronto”. A Conferência dos Bispos Católicos de Cuba (COCC) publicou um comunicado no dia 12 de julho, um dia após milhares de pessoas saírem às ruas em dezenas de cidades em toda a ilha para exigir liberdade e expressar sua insatisfação pela crise econômica, a falta de alimentos, de medicamentos e a necessidade de vacinas para fazer enfrentar o coronavírus, que registrou um aumento do contágio nos últimos dias.

O presidente Miguel Díaz-Canel ordenou aos seus partidários que saíssem às ruas para confrontar os protestos. A oposição criticou a postura do presidente e denunciou a tentativa do regime de promover um confronto entre cubanos. Imagens difundidas nas redes sociais mostram agentes do governo e da polícia reprimindo manifestantes. A agência espanhola ABC denunciou a detenção de uma das suas jornalistas em Havana e exigiu sua liberação, além da devolução do material profissional confiscado. “A detenção da jornalista Camila Acosta, da ABC em Cuba, e a de muitos outros colegas seus de profissão, que se limitam a cumprir com seu direito e dever de informar, é totalmente inadmissível”, expressou o jornal.

No comunicado, a COCC disse que não é possível “fechar os olhos ou virar o rosto, como se nada estivesse acontecendo”. No país, “milhares de pessoas saíram às ruas em cidades e povoados de Cuba, protestando publicamente, expressando sua insatisfação pelo agravamento da situação econômica e social que o nosso povo está vivendo e que tem piorado significativamente”.

“Entendemos que o governo tem responsabilidades e tentou tomar medidas para paliar as referidas dificuldades, mas também compreendemos que o povo tem o direito de manifestar suas necessidades, anseios e esperanças e de expressar publicamente as sérias consequências de algumas medidas que foram tomadas”, afirmou a conferência episcopal.

“Neste momento, como pastores, preocupa-nos que a resposta a esta reivindicações seja o imobilismo, que contribui para que os problemas continuem sem resolução. Vemos que a situação está se agravando e que, além disso, há uma crescente rigidez e endurecimento das posições. Isso poderia gerar respostas negativas, com consequências imprevisíveis que seriam prejudiciais para todos”.

Arcebispo venezuelano apoia protestos em Cuba pelo fim da ditadura


O arcebispo de Ciudad Bolívar, na Venezuela, dom Ulises Gutiérrez, expressou sua solidariedade com os manifestantes de Cuba que no domingo passado saíram às ruas para protestar contra a ditadura comunista está há 60 anos no poder. “Esta é a hora em que vocês decidiram seguir em frente. Estou seguro de que este é o início do fim da ditadura. Um ciclo histórico está se concluindo e vocês são protagonistas hoje, na construção de uma nova Cuba, na liberdade”, disse o arcebispo em mensagem de vídeo publicada nas redes sociais. A Venezuela também vive uma profunda crise econômica e social, fruto de mais de vinte anos do regime de esquerda estabelecido por Hugo Chávez no país em 1999.

Gutiérrez disse que, como pastor e membro da Ordem dos Mercedários, quer “elevar” sua “voz solidária” com Cuba, que “merece liberdade, merece saúde, merece progresso, merece bem-estar”. “Hoje, quero agradecer a Deus porque o povo cubano despertou. Mas também elevo minha oração para que este povo lutador vá em frente, porque a repressão não poderá com vocês”, expressou.

Bispos cubanos dos EUA se solidarizam com os protestos na ilha



O arcebispo da Filadélfia, dom Nelson Pérez, e outros três bispos cubanos dos EUA expressaram solidariedade e apoio aos milhares de cidadãos que saíram às ruas de Cuba para pedir liberdade na ilha. “Nas dramáticas e corajosas imagens que deram a volta ao mundo”, vimos que “o povo de Cuba saiu às ruas em demonstrações massivas de solidariedade, em povoados, aldeias e cidades, nos dias 11 e 12 de julho”, afirma uma nota da arquidiocese da Filadélfia. “Como cubanos e como bispos da Igreja Católica nos Estados Unidos, estamos sempre conscientes dos sofrimentos constantes e da frustração de nossos irmãos e irmãs na ilha”, diz a nota assinada por dom Pérez, dom Manuel Cruz, bispo auxiliar de Newark, dom Felipe Estévez, bispo de Santo Agostinho, e dom Otávio Cisneros, bispo emérito de Brooklyn. “O direito e a coragem do povo de Cuba de elevar publicamente sua voz, afastando o temor da repressão e revelando uma autêntica solidariedade como povo, são reconhecidos e aplaudidos”, disseram os bispos.

“Seu slogan ´Pátria e Vida´ expressa a frustração ao experimentar um número recorde de casos de covid-19, falta de vacinas, de adequada assistência médica e dos suprimentos necessários: são circunstâncias desumanas, que agravam a falta de alimentos e de cobertura das necessidades básicas”, afirma o texto.

Os bispos disseram que o “´canto de liberdade´ também revela o desejo de todo cidadão cubano de desfrutar dos direitos humanos básicos, reconhecidos como parte da dignidade humana pelas Nações Unidas, e defendidos por séculos pela Igreja Católica e seu ensino social”.

Os bispos também se disseram muito “preocupados com a reação agressiva do governo às manifestações pacíficas, lembrando que a violência gera violência. Tal reação parece negar o princípio básico cubano de ter uma pátria com todos e para o bem de todos”.

“Expressamos nossa solidariedade com os que foram detidos por terem expressado suas opiniões. Rezamos por suas famílias e pedimos sua libertação imediata”, acrescentaram.

Autoridades indianas demolem igreja católica por considerá-la estrutura ilegal



A igreja siro-malabar Little Flower de Lado Sarai, em Nova Deli, na Índia, foi demolida no dia 12 de julho por ser uma estrutura ilegal segundo a Autoridade para o Desenvolvimento de Deli (DDA). A DDA, órgão responsável pelas obras de infraestrutura na capital da Índia, disse, em 9 de julho, que a construção da igreja era ilegal. Segundo a Asia News, agência de notícias do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras, membros da comunidade católica de Deli disseram que a DDA “agiu de forma preventiva e por iniciativa própria, enquanto a justiça ainda estava estudando a controvérsia sobre a construção”. O presidente do Conselho Mundial de Igrejas Cristãs na Índia, Sajan K. George, lamentou o fato e afirmou que a demolição é um “ato anticristão”. Para ele, “a igreja foi destruída porque os cristãos são uma minoria discriminada”.

Papa Francisco deixa hospital e volta ao Vaticano


O Papa Francisco voltou ao Vaticano nesta quarta-feira, 14 de julho, depois de onze dias internado no policlínico Gemelli recuperando-se de uma cirurgia no cólon. A Sala de Imprensa da Santa Sé disse em comunicado hoje, 14, que “o Papa Francisco teve alta do Hospital Gemelli pouco depois das 10h30, horário de Roma, e deixou o hospital para retornar à sua residência no Vaticano de carro”. “No caminho para casa, o Papa parou para rezar na Basílica de Santa Maria Maior.”

Segundo o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, o papa visitou o ícone mariano Salus Populi Romani, diante do qual "expressou sua gratidão pelo sucesso da sua cirurgia e ofereceu uma oração por todos os doentes, especialmente aqueles que ele tinha encontrado durante sua estadia no hospital".

O papa chegou à casa Santa Marta, onde mora, pouco antes do meio-dia, horário de Roma.

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Em protestos sem precedentes movimento pede eleições livres em Cuba



O Movimento Cristão de Libertação (MCL) instou o povo de Cuba neste domingo, 11 de julho, a seguir pressionando as autoridades comunistas até que permitam eleições gerais. O pedido ocorre depois de milhares de pessoas terem tomado as ruas das principais cidades do país para protestar contra a escassez sem precedentes de bens essenciais e pelas mortes produzidas pela COVID-19 na ilha.

Após meses de escassez de alimentos e medicamentos e o colapso dos hospitais devido à pandemia, milhares de cubanos tomaram as ruas gritando "Abaixo a ditadura!", "Pátria e vida!", "Queremos vacinas!", e "Não temos medo!", formando uma das maiores manifestações em mais de 60 anos de domínio comunista. Manifestantes em algumas regiões marcharam com a imagem de Nossa Senhora da Caridade, a padroeira de Cuba. 

Eduardo Cardet Concepción, Coordenador Nacional do MCL, enviou no domingo, 11, uma declaração a ACI Prensa, a agência em espanhol do grupo ACI, dizendo que "milhares de cubanos estão hoje nas ruas manifestando-se pacificamente, exigindo liberdade e o fim da repressão e da miséria". Eles estão fazendo isso, disse Cardet, "para que a tirania acabe". "O MCL, como parte deste povo cansado da opressão e da injustiça, está plenamente identificado com os seus desejos. Apoiamos os nossos irmãos e irmãs do Movimento de Cristão Libertação e todos os cubanos que se manifestam pacificamente, fazendo uso deste direito legítimo", disse a declaração.

A declaração exige "a libertação dos presos políticos, a anulação das leis repressivas contra a liberdade, o reconhecimento dos direitos econômicos da livre iniciativa dos cubanos, o reconhecimento do direito de cada cubano, dentro e fora da ilha, de votar e ser votado ". A declaração concluiu com as exigências "de realizar eleições com todas estas garantias" e "Liberdade Agora!”.

O MCL foi fundado pelo dissidente católico Oswaldo Payá Sardiñas em 1988 para buscar uma reforma democrática pacífica em Cuba, explicitamente inspirada pela doutrina social da Igreja. Aproveitando uma lacuna na constituição comunista, Payá fez um abaixo-assinado para introduzir a democracia em Cuba. Como consequência, o movimento foi perseguido em todo o país e 42 dos seus líderes acabaram na prisão durante a onda de repressão de 2003 conhecida como a "Primavera Cubana".

Em 22 de Julho de 2012, Payá e outro líder do MCL, Harold Cepero, foram mortos num acidente de carro em circunstâncias suspeitas.

A onda de protestos de domingo começou na cidade de San Antonio de los Baños, no oeste de Cuba ilha, e se espalhou pela ilh até a capital Havana e à cidade de Santiago de Cuba, no leste.

Além da escassez de alimentos e medicamentos, a situação sanitária em Cuba agravou-se dramaticamente desde o início da pandemia. Segundo números do governo, Cuba tem mais de 218 mil casos e 1,4 mil mortos, numa população de 11 milhões de pessoas. O governo admitiu que em julho observou uma "grave retomada" da COVID-19 com mais de seis mil casos diários.

Cuba desenvolveu a sua própria vacina de três doses, mas a sua eficácia não foi confirmada por pesquisas independentes e as taxas de vacinação são inferiores a 10% da população adulta. A baixa taxa é atribuída tanto a uma falta de confiança das pessoas na vacina cubana como à incapacidade do Governo em aumentar a produção e distribuição.