sábado, 29 de maio de 2021

Como seria a vida humana sem o pecado original?



Na descrição do pecado, trata-se de um evento primordial, isto é, de um fato que, segundo a Revelação, teve lugar no início da história da humanidade. A presença da justiça original e da perfeição do homem, criado à imagem de Deus, não excluía que o homem, como criatura dotada de liberdade, fosse submetido (como os outros seres espirituais, os anjos) desde o início à prova da liberdade, prova na qual ele caiu em falta.

A árvore (da ciência), significa o limite impreterível ao homem e a qualquer criatura, por mais perfeita que seja. Assim, a criatura é sempre apenas uma criatura, e não Deus. Por certo, não pode pretender ser como Deus, conhecer o bem e o mal como Deus. Só Deus é a fonte de todo ser. Só Deus é a Verdade e a Bondade absolutas.

Como consequência do pecado original, o homem todo, alma e corpo, foi afetado

Só Deus é o Legislador Eterno, d’Ele procede toda lei no mundo criado, em particular a lei da natureza humana. Nem o homem nem alguma criatura podem colocar-se no lugar de Deus, atribuindo a si o controle da ordem moral.

Toda a existência do homem sobre a terra está sujeita ao medo da morte, que, segundo a Revelação, se acha claramente conjugada com o pecado original. Sinal e consequência do pecado original é a morte do corpo, como, desde então, ela é experimentada por todos os homens.

O homem foi criado por Deus e para a imortalidade; a morte, que aparece como um trágico salto no escuro, vem a ser a consequência do pecado, quase devida à lógica imanente do próprio pecado, mas principalmente infligida como castigo de Deus. Tal é o ensinamento da Revelação e tal é a fé da Igreja: sem o pecado, o fim da nossa provação terrestre não seria tão dramático.

O homem foi criado por Deus também para a felicidade, que, no âmbito da existência terrestre, significava ser isento de muitos sofrimentos, ao menos no sentido de ser isento. Como se depreende das palavras atribuídas a Deus no Gênesis e em muitos outros textos da Bíblia e da Tradição, o pecado original fez que essa isenção deixasse de ser o privilégio do homem.

O pecado e o pecador



Com o crescimento dos movimentos pro-LGBTetc, surge sempre a questão da discriminação e da fobia com relação a pessoas. Por isso, vale sempre lembrar a posição equilibrada da Igreja Católica a esse respeito.

São condenáveis toda a violência, discriminação injusta e preconceito contra as pessoas homossexuais. Deve-se defender sempre a caridade para com essas pessoas. Mas isso não significa aprovação da prática homossexual.

“A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Cf. Gn 19, 1-29; Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 9-10; 1 Tm 1, 10) a Tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’ (Congregação da Doutrina da Fé, Decl. Persona humana, 8). São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2357).

As citações acima da Sagrada Escritura são muito graves: O livro do Gênesis 19, 1-29 narra como a maldade de Sodoma e Gomorra, onde se praticava esse pecado, clamou ao céu, e lhes trouxe a destruição. São Paulo, na Epístola aos Romanos, 1, 24-27, condena abertamente esse pecado como sendo contra a natureza. Na 1ª Epístola aos Coríntios 6, 9-10, o Apóstolo fala claramente que os efeminados, os sodomitas... não terão parte no reino de Deus. E repete essa reprovação na 1ª Epístola a Timóteo,1, 10.

Mas a Igreja ensina a compreensão para com essas pessoas, quando sofrem com essa situação e não se vangloriam da prática do pecado.

Prisão de bispo na China mostra que acordo da Santa Sé foi um fracasso, diz perito



“O acordo entre a Santa Sé e o regime chinês fracassou enormemente em dar a proteção à Igreja na China que se esperava e, na verdade, desde que o acordo foi assinado em 2018, e até mesmo depois de sua renovação no final do ano passado, a situação dos cristãos na China piorou”, afirma Benedict Rogers. Após a prisão do bispo Joseph Weizhu, junto de 10 padres e 13 seminaristas na prefeitura apostólica de Xinxiang, na China, Rogers afirma que a Santa Sé definitivamente “cometeu um erro” ao negociar com o Partido Comunista Chinês e que o acordo foi um fracasso para a proteção dos cristãos.

O acordo visava terminar com a divisão do catolicismo na China entra igreja oficial, controlada pelo Partido Comunista Chinês, e a Igreja clandestina, ligada ao papa e, assim, encerrar a perseguição aos católicos leais a Roma.

Rogers é o fundador da Hong Kong Watch, organização sediada no Reino Unido que monitora direitos humanos, liberdades e o Estado de direito. Ele também é analista sênior para a Ásia Oriental no grupo de direitos humanos Christian Solidarity Worldwide (CSW).

As prisões dos clérigos começou na tarde da sexta-feira, 20 de maio, quando pelo menos 100 policiais cercaram o prédio da fábrica usado como seminário diocesano. Ali foram presos 13 seminaristas e 7 sacerdotes. A fábrica que abrigava o seminário foi fechada e o dono foi preso. Os 13 candidatos ao sacerdócio foram enviados às suas casas e estão proibidos de estudar teologia. Os policiais confiscaram todos os pertences pessoais dos sacerdotes e seminaristas. A prisão do bispo ocorreu no dia seguinte. A agência reportou nesta segunda-feira, 24 de maio, que os clérigos presos em Xinxiang encontram-se em um hotel em Henan onde passam por sessões de reeducação política.

Rogers se converteu ao catolicismo há 5 anos através de sua relação de trabalho e amizade com o cardeal Charles Bo, arcebispo de Yangon em Myanmar, e hoje é um dos maiores peritos sobre liberdade religiosa na Ásia e particularmente na China.

“Embora as intenções da Santa Sé foram sem dúvida boas, o acordo foi definitivamente um erro”, diz ele. “Especialmente no momento em que o regime do Partido Comunista Chinês está intensificando seu ataque à religião especificamente e aos direitos humanos em geral”.

Segundo Rogers, “o Partido Comunista Chinês sempre violou a liberdade religiosa e foi hostil à religião, mas nos últimos anos, sob Xi Jinping, a perseguição aumentou para um nível que é o pior desde a Revolução Cultural. O regime tem destruído cruzes e igrejas, prendido o clero e forçado as igrejas a exibir imagens de Xi Jinping e propaganda do Partido Comunista ao lado de imagens religiosas”.

“Os jovens menores de 18 anos são proibidos de frequentar locais de culto, nas igrejas controladas pelo Estado as câmeras de vigilância registram a presença de todos os fiéis, e o regime está planejando produzir uma nova tradução da Bíblia que distorça e deturpe completamente as Escrituras para fins de propaganda do partido”, informa Rogers.

“Este acordo foi alcançado com um preço muito alto, ou seja, o silêncio do Vaticano sobre a liberdade religiosa e os direitos humanos na China, o que é de partir o coração", afirmou Rogers.

Cardeal alemão pede que Santa Sé reaja a bênçãos a uniões gay



O cardeal Gerhard Müller, que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por 5 anos, pediu ao Vaticano “uma declaração clara de princípios com consequências práticas”, depois que, no dia 10 de maio, cerca de 100 padres e agentes pastorais abençoaram uniões homossexuais apesar da proibição da Santa Sé.

“Pela verdade do Evangelho e pela unidade da Igreja, Roma não deve vigiar em silêncio, esperando que as coisas não piorem ou que os alemães sejam pacificados com sutileza tática e pequenas concessões. Precisamos de uma declaração clara de princípios com consequências práticas”, escreveu o cardeal em artigo publicado em 24 de maio na revista norte-americana First Things, intitulado “Bênção e blasfêmia”.

“Esta encenação de pseudo-bênçãos de uniões homossexuais ativas, homens ou mulheres, em termos teológicos é uma blasfêmia. É uma contradição cínica da santidade de Deus”, disse o cardeal alemão.

A declaração do Vaticano é necessária, diz Müller, “para que, após 500 anos de divisão, o remanescente da Igreja Católica na Alemanha não se desintegre, com consequências devastadoras para a Igreja universal”.

O prefeito emérito afirmou que “a Igreja em Roma tem o primado não só por causa das prerrogativas da Sé de Pedro, cujo ocupante pode agir como bem entender, mas ainda mais por causa do grave dever do Papa, que Cristo lhe conferiu, de guardar a unidade da Igreja universal revelada na fé”.

Na segunda-feira, 10 de maio, padres e agentes pastorais da Igreja na Alemanha abençoaram uniões homossexuais em um evento intitulado “O amor vence”, em rebelião aberta à proibição do Vaticano, que no dia 15 de março aclarou que esse tipo de bênção não é possível. As bênçãos foram realizadas nos lugares que aparecem no site https://www.liebegewinnt.de/.

No site, lê-se: “diante da negativa da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a possibilidade de abençoar as uniões homossexuais, levantamos a nossa voz para dizer que continuaremos acompanhando as pessoas na sua união vinculante em vista do futuro e abençoaremos a sua relação”.

O evento foi endossado por vários bispos, como o presidente da conferência episcopal alemã, dom Georg Bätzing, bispo de Limburgo, e o bispo de Essen, dom Franz-Josef Overbeck, que disse que não aplicará qualquer sanção aos padres que abençoem casais homossexuais.

“O espetáculo de bênçãos de uniões do mesmo sexo não só questiona a primazia do ministério petrino, que se baseia na revelação, mas também questiona a autoridade da própria revelação de Deus”, escreveu o cardeal Müller.

O cardeal alemão criticou também a teologia que trata de justificar a bênção dos pares homossexuais e que “regressa ao paganismo com a sua descabida insistência em se chamar católica, como se a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e na tradição apostólica pudesse ser descartada como meras opiniões e expressões temporárias de sentimentos e ideais religiosos que precisam evoluir e se desenvolver de acordo com novas experiências, necessidades e mentalidades”.

“Hoje nos dizem que reduzir as emissões de CO2 é mais importante do que evitar os pecados mortais que nos separam de Deus para sempre”, escreveu Müller.

O matrimônio natural é constituído por um homem e uma mulher

Em seu artigo, o cardeal Müller afirma que “a bênção nupcial está intimamente relacionada ao matrimônio como instituição da criação e sacramento instituído por Cristo”. Por isso, “a bênção nupcial é uma oração poderosa da Igreja para que um noivo e uma noiva participem da salvação: para que o seu casamento ajude a construir a Igreja e a promover o bem dos cônjuges, dos filhos e da sociedade”.

O prefeito emérito frisou que “a bênção nupcial não é como as outras bênçãos ou consagrações. Não pode ser separada de sua conexão específica com o sacramento do casamento e ser aplicada a casais não casados ​​ou, pior, ser mal utilizada para justificar uniões pecaminosas” como são as uniões homossexuais.

“O lugar legítimo e sagrado para a união corporal de um homem e uma mulher é o matrimônio natural ou sacramental de um marido e uma esposa. A atividade sexual livremente escolhida fora do casamento é uma grave violação da santa vontade de Deus”, escfeveu Müller. “O pecado contra a castidade é ainda maior se o corpo de uma pessoa do mesmo sexo for instrumentalizado para estimular o desejo sexual”.

Por tudo isso, disse o cardeal alemão, o que a Congregação para a Doutrina da Fé estabeleceu em março ao proibir a bênção aos casais homossexuais “foi uma simples expressão daquilo que todo cristão católico, instruído nos fundamentos de nossa fé, sabe: a Igreja não tem autoridade para abençoar uniões do mesmo sexo”.

Contra o argumento de alguns teólogos e bispos alemães que justificam a bênção como uma resposta a uma “urgência pastoral” em meio à pandemia do coronavírus, o cardeal respondeu que “se os bispos proibiram a participação na missa, as visitas dos padres aos doentes e os casamentos nas igrejas por causa do risco de infecção, então sua alegação de que há uma necessidade urgente de abençoar pares do mesmo sexo não é nem remotamente plausível”.

Para o prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, “o escândalo na Alemanha não é sobre os indivíduos e suas consciências. Nem parece se orientar à sua salvação temporal ou eterna. Ao contrário, testemunhamos a negação herética da fé católica no sacramento do casamento e a negação da verdade antropológica de que a diferença entre homens e mulheres expressa a vontade de Deus na criação”.

O cardeal Müller também disse que “os bispos e teólogos alemães tratam as pessoas como tolas, alegando que possuem um conhecimento exegético secreto que lhes permite interpretar os versos da Sagrada Escritura, condenatórios das coisas contrárias à natureza, como se fossem algo compatível com a afirmação das uniões homossexuais”.

Papa ordena visita apostólica à arquidiocese alemã de Colônia



O Papa Francisco ordenou uma visita apostólica à arquidiocese de Colônia, na Alemanha, em meio a duras críticas ao tratamento de casos de abuso por parte de sua autoridade, o Cardeal Rainer Maria Woelki. Segundo a Enciclopédia Católica a visita apostólica é uma “uma iniciativa excepcional da Santa Sé que envolve enviar um visitador ou visitadores para avaliar um instituto eclesiástico, como um seminário, diocese ou instituto religioso”. A visita não deve ser entendida como uma punição, pelo contrário, é um instrumento que “tem por objetivo ajudar o instituto em questão a melhorar a forma com que realiza suas funções na vida da Igreja".

A arquidiocese emitiu em um comunicado na manhã desta sexta-feira, 28 de maio, afirmando que os visitadores apostólicos do papa deverão avaliar "possíveis erros" cometidos por seu arcebispo, o cardeal Rainer Maria Woelki.

Os visitadores apostólicos serão o cardeal Anders Arborelius, bispo de Estocolmo na Suécia e o bispo Johannes van den Hende de Rotterdam, presidente da conferência episcopal holandesa, informou a CNA Deutsch, agência de notícias em língua alemã do grupo ACI.

“Durante a primeira quinzena de junho, os enviados da Santa Sé visitarão a arquidiocese para obter uma visão abrangente da sua complexa situação pastoral”, diz o comunicado.

O texto acrescentou que os visitadores também irão examinar os possíveis erros cometidos pelo Arcebispo Stefan Heße, de Hamburgo, que foi Vigário Geral da Arquidiocese de Colônia de 2012 a 2015, e pelos Auxiliares Dom Dominikus Schwaderlapp e Dom Ansgar Puff.

Heße ofereceu sua renúncia ao Papa Francisco e solicitando “liberação imediata” de todas as funções em março deste ano e Dom Ansgar Puff e Dom Dominikus Schwaderlapp se encontram temporariamente afastados desde o mesmo período.

Acolhendo a iniciativa da visita apostólica encomendada pelo papa Francisco, Woelki disse: “Já em fevereiro havia informado o Santo Padre em Roma de forma abrangente sobre a situação em nossa arquidiocese”.

“Congratulo-me com o fato de que, com a visita apostólica, o papa deseja obter sua própria imagem da investigação independente e das consequências dela”.

“Apoiarei o cardeal Arborelius e o bispo van den Hende em seus trabalhos com plena convicção. Congratulo-me com todas as medidas que irão ajudar a garantir a responsabilização”, disse.

O cardeal de 64 anos, líder da diocese com mais fiéis da Alemanha, anunciou em dezembro de 2020 que havia pedido ao Papa Francisco que revisasse as decisões tomadas em relação a um padre acusado - identificado apenas como “Pároco O.” - em 2015.

Woeki, que foi nomeado arcebispo de Colônia em setembro de 2014, tem enfrentado pressão por parte de outros bispos e fiéis para renunciar ao cargo desde que a arquidiocese se recusou a publicar um relatório do escritório de advocacia de Munique Westphal Spilker Wastl.

Em janeiro de 2019, a arquidiocese encarregou a firma Westpfahl Spilker Wastl de examinar arquivos pessoais relevantes que datam de 1975 em diante para determinar "quais déficits pessoais, sistêmicos ou estruturais foram responsáveis ​​no passado por incidentes de abuso sexual encobertos ou que não foram punidos de forma consistente".

Depois que os advogados que assessoraram a arquidiocese levantaram preocupações sobre "deficiências metodológicas" na investigação feita por este escritório de advocacia, Woelki contratou o especialista em direito penal de Colônia, o professor Björn Gercke, para escrever um novo relatório.

Igreja na África age para libertar dois padres sequestrados



O bispo de Sokoto, na Nigéria, dom Matthew Hassan Kukah, vem buscando a libertação de um sacerdote de sua diocese sequestrado há 6 dias, enquanto nos Camarões um grupo de padres vem tentando a soltura de outro sacerdote, sequestrado na semana passada.

Sequestro na Nigéria

O bispo de Sokoto, bispo Matthew Hassan Kukah, informou que a sua diocese conta com uma pessoa que atualmente negocia a liberação do padre Joseph Keke, de 75 anos, com os sequestradores. O sacerdote foi sequestrado no dia 21 de maio por homens armados que atacaram a paróquia de São Vicente Ferrer, em Malunfashi, no estado de Katsina.

“Um de nossos funcionários está negociando com eles. Mas a experiência é dolorosa, muitas vezes traumática, devido à maneira desumana como eles falam e as ameaças que eles fazem. Nossa única arma é a oração”, disse o bispo Kukah à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), no dia 26 de maio.

O padre Alphonsus Bello, de 33 anos, sequestrado junto com o padre Keke, foi assassinado. No dia 20 de maio, seu corpo foi encontrado em uma fazenda. “A morte do padre Bello faz parte das perdas sem sentido e intermináveis que assolam a nossa nação. Na Nigéria, estamos todos literalmente sob o regime da espada. O país está sendo consumido por uma horda bárbara da humanidade”, disse dom Kukah à agência ACI África, do Grupo ACI.

O bispo disse a negociação com os sequestradores tem sido “uma das experiências mais dolorosas” que ele já viveu. Originalmente, os criminosos pediram um resgate de mais de US$ 240 mil, mas logo reduziram o pedido para pouco mais de US$ 120 mil.
“Como as agências reguladoras afirmaram, esses homens são meros ladrões, que muitas vezes trabalham com os moradores nas comunidades, que servem para eles como informantes. Eles simplesmente identificam os alvos fáceis e sua principal motivação é o dinheiro”, disse ele.

O sequestro de padres e de outros católicos é um problema constante no país mais populoso da África.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Papa Francisco brinca sobre brasileiros: “Não têm salvação”.


O papa Francisco fez uma brincadeira com um grupo de brasileiros ao final de sua audiência geral no Vaticano nesta quarta-feira (26). O padre João Paulo Souto Victor, de Campina Grande (PB), abordou o pontífice, que caminhava pelo pátio de San Damaso, e pediu orações para a população do Brasil: "Santo Padre, reze por nós, brasileiros", disse, segundo informações da agência italiana Ansa. O papa respondeu sorrindo e em tom descontraído: "Vocês não têm salvação. É muita cachaça e pouca oração". Um vídeo com o diálogo foi compartilhado em redes sociais nesta tarde.

O sacerdote paraibano, que está no Vaticano estudando Teologia, conta que, desde sua chegada à Roma, desejava falar com o papa, mas ainda não havia conseguido. O que ele não esperava era tamanha informalidade. "Eu travei na hora, porque a gente sempre espera algo formal e curto. Mas aí o papa Francisco nos surpreende com a sua espontaneidade, com seu jeito de ser afetuoso. E aí o encontro tornou-se muito agradável, muito especial", comenta.

Padre João Paulo complementa dizendo que, para quem acredita na imagem de um papa rígido, Francisco tem surpreendido com seu carisma e humanidade. Após a brincadeira, o pontífice garantiu: "rezo sempre pelos brasileiros".

O encontro foi registrado pelo padre Carlos Henrique, brasileiro de Divinópolis (MG). De acordo com o padre Carlos Henrique, a resposta do papa levou os presentes à risada. "Rimos bastante, porque, de fato, não esperávamos. Foi uma resposta muito descontraída. Uma brincadeira de amigos, uma gozação mesmo", comentou o padre mineiro.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Conflito entre Israel e palestinos: minoria cristã relata como enfrenta disputa 'na terra de Cristo'

Os cristãos que vivem nos territórios palestinos são cerca de 1% da população


Em menos de uma semana, o conflito entre Israel e os palestinos escalou dramática e violentamente. É a situação mais grave em cinco anos, e a Organização das Nações Unidas teme uma "guerra em grande escala".

Em meio a essa crise, uma minoria observa como um conflito - que está sem solução há quase 70 anos - coloca em risco sua própria existência. São os cristãos que residem nos territórios palestinos.

Moradores milenares dessa região, os cristãos palestinos representam 1% da população. Para muitos, a única opção é emigrar, abandonar sua nação. Os que ficam sofrem com o conflito que atravessa o território.

"Não somos apenas cristãos. Somos acima de tudo árabes, palestinos. E tudo o que acontece aqui nos afeta diretamente", diz Bandak Saleh, cristão ortodoxo que mora em Belém, na Cisjordânia, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

A maioria dos cristãos que vivem em Jerusalém são palestinos.

A BBC Mundo consultou vários líderes e membros de igrejas cristãs que residem nos territórios palestinos para descobrir como eles veem esta crise, a escala da violência e seu futuro na região.

1. "Uma 'ideologia extremista' sangra a Cidade Santa"

Muitos cristãos temem que em poucos anos sua comunidade desapareça da chamada Terra Santa

Atualmente, a população cristã nos territórios palestinos é de cerca de 50 mil pessoas (apenas 1%), distribuídas nas cidades de Belém, Ramallah e Jerusalém, além dos residentes na Faixa de Gaza.

Do total, 48% pertencem à Igreja Ortodoxa Grega, 38% à Igreja Católica e o restante a Igrejas Protestantes, Presbiterianas e Ortodoxas de outros ritos (Síria e Armênia).

Nessas cidades estão alguns dos centros de peregrinação de suas crenças religiosas: os lugares onde Jesus nasceu, pregou e morreu, de acordo com o relato bíblico e a tradição cristã.

Os líderes cristãos da região criticam as ações do governo israelense, parte de "uma tentativa, inspirada em uma ideologia extremista, que nega o direito de existir a quem mora em suas próprias casas", como disse o bispo católico Pierbattista Pizzaballa de Jerusalém em uma declaração recente.

"E isso sangra a alma da Cidade Santa", acrescentou.

Nos territórios palestinos há presença de igrejas ortodoxas, evangélicas e católicas

Por sua vez, para o secretário-geral do Conselho das Igrejas Cristãs do Oriente Médio, Michel E. Abs, há uma consequência clara: "Qualquer conflito, guerra, confronto político sempre causa deslocamento. As pessoas têm que sair do lugar onde vivem", disse ele à BBC Mundo.

Para Abs, como os cristãos são minoria, essa ameaça subjacente os coloca em maior risco de desaparecer se o conflito continuar.

"Os árabes cristãos que precisam fugir não têm muitos países ou comunidades próximas para se estabelecer e, sendo uma minoria, não têm as mesmas possibilidades de apoio que os árabes muçulmanos, que são a maioria."

Isso pode condenar a comunidade que habita a região palestina há séculos, disse o secretário do conselho.

"A ameaça é constante. Você não pode crescer ou ter uma vida tranquila se houver constantemente uma entidade que quer te tirar de sua casa, derrubar a árvore que está em seu quintal ou que não te deixa andar quieto" ele diz.

Estima-se que 50 mil cristãos habitem os territórios palestinos.

Um ponto chave para os cristãos tem sido a ajuda de cristãos palestinos que vivem fora dos territórios - em outros países, outros continentes - e que têm fortalecido a rede de apoio criada por centros comunitários, especialmente na Cisjordânia.

"O papel que os líderes religiosos cristãos têm desempenhado tem sido mais eficaz no nível micro: apoiar as suas comunidades através das paróquias, de forma espiritual, independentemente de o beneficiário ser cristão ou não", conclui.

"A comunidade cristã tem um peso simbólico, mas é muito pequeno", diz o analista Mariano Aguirre, especialista em questões do Oriente Médio do instituto Chatham House, em Londres.

O conflito afeta fortemente todos aqueles que vivem em Jerusalém, especialmente na parte chamada Cidade Velha e em Jerusalém Oriental, de onde os palestinos são constantemente deslocados e onde dizem se sentir perseguidos pelos colonos israelenses.

A Igreja Ortodoxa Grega denunciou fortes pressões para que deixasse Jerusalém

A comunidade cristã, em particular, é muito afetada por duas razões. Primeiro, pelo crescente assédio por parte dos colonos israelenses às comunidades cristãs ortodoxas e seus representantes religiosos.

Em segundo lugar, porque dos aproximadamente 16 mil cristãos que vivem em Jerusalém, cerca de 13 mil são palestinos.

A comunidade cristã em Jerusalém é muito pequena. Tem um peso simbólico e uma forte presença religiosa, mas sua capacidade de influenciar politicamente o conflito israelense-palestino é limitada.

2. "Se houver conflito, não há economia"

Muitos cristãos palestinos foram forçados a deixar sua nação

Em Jerusalém, empresários de turismo denunciaram entidades israelenses por um suposto lobby para confiscar vários hotéis na Cidade Velha que pertencem a igrejas cristãs.

Walid Dajani é dono do Imperial Hotel, que fica em um prédio que pertence à Igreja Ortodoxa Grega e está localizado no bairro cristão da parte velha.

Dajani diz que testemunhou a pressão de grupos radicais israelenses para que ele deixasse esses lugares e abrisse mão da posse.

"Foi um pesadelo. Este prédio pertence à Igreja Ortodoxa Cristã há séculos e, devido a decisões judiciais que não entendemos, ela está prestes a perder esse controle", disse Dajani à BBC Mundo.

"Para isso, eles tomaram uma série de decisões: aumento de impostos sobre igrejas, agressões verbais e até propostas para aprovar a desapropriação de nossas propriedades", diz.

Muitos cristãos nos territórios palestinos encontraram refúgio em suas paróquias

O governo da cidade de Jerusalém e o de Israel negaram, em diferentes declarações sobre o tema, que haja uma campanha para tomar o controle dos prédios das igrejas cristãs.

Uma das entidades israelenses indicadas por trás dessa pressão é a organização Ateret Cohanim, que negou as acusações de "assédio" e de ataques verbais a padres ortodoxos.

"As alegações ou acusações do Patriarcado grego sobre 'colonos radicais' atacando seus padres com abuso verbal, etc. são absurdas, inaceitáveis ​​e vergonhosas", disse Daniel Luria, porta-voz de Alteret Cohanim, ao jornal britânico The Guardian.

"Ateret Cohanim acredita na coexistência com cristãos e muçulmanos, vivendo lado a lado sem cercas ou fronteiras, vivendo em qualquer bairro de Jerusalém", acrescentou.

A verdade é que a grande maioria dos cristãos que residem nos territórios palestinos vive da indústria do turismo. Principalmente em Belém.

No centro desta cidade, o Grand Hotel se destaca com seus sete andares de altura. E há anos vem sofrendo as consequências do conflito e agora da pandemia de covid-19.

"Tínhamos conseguido sobreviver à pandemia e quando os potenciais visitantes começaram a fazer reservas novamente e vimos a luz no fim do túnel, essa escalada nos obrigou a fechar novamente", conta à BBC Mundo Fares Bandak, cristão ortodoxo e dono do Grand Hotel.

"E sempre foi assim: é impossível pensar que alguém vai fazer uma viagem se tem que viver as férias com a sensação de que pode haver um bombardeio. Sem estabilidade é muito difícil construir uma comunidade."

Para Bandak, este é um dos grandes problemas: o turismo depende totalmente do que Israel permite.

"Não temos aeroporto, ou seja, as viagens para Belém ou Jerusalém dependem principalmente do Ben Gurion (aeroporto internacional localizado próximo a Tel Aviv, em território israelense)."

E acrescenta que enquanto em Israel avança uma grande campanha de vacinação contra o coronavírus que tem permitido a reativação do turismo, nos territórios palestinos ela está apenas começando.

Ele também está ciente de que do lado palestino existem obstáculos para se chegar a um acordo de paz. E um muito específico é o Hamas, a principal organização militante palestina que controla a Faixa de Gaza.

"Não faço parte do Hamas porque é uma organização muçulmana e, embora tenha uma posição extremista, não acho que seja uma organização terrorista como Israel aponta", diz ele.

"É claro que o Hamas é um obstáculo para se chegar a um acordo de paz, mas eles estão buscando defender os interesses de todos os palestinos contra a ocupação e o constante assédio de Israel", acrescenta.