segunda-feira, 24 de maio de 2021

Conflito entre Israel e palestinos: minoria cristã relata como enfrenta disputa 'na terra de Cristo'

Os cristãos que vivem nos territórios palestinos são cerca de 1% da população


Em menos de uma semana, o conflito entre Israel e os palestinos escalou dramática e violentamente. É a situação mais grave em cinco anos, e a Organização das Nações Unidas teme uma "guerra em grande escala".

Em meio a essa crise, uma minoria observa como um conflito - que está sem solução há quase 70 anos - coloca em risco sua própria existência. São os cristãos que residem nos territórios palestinos.

Moradores milenares dessa região, os cristãos palestinos representam 1% da população. Para muitos, a única opção é emigrar, abandonar sua nação. Os que ficam sofrem com o conflito que atravessa o território.

"Não somos apenas cristãos. Somos acima de tudo árabes, palestinos. E tudo o que acontece aqui nos afeta diretamente", diz Bandak Saleh, cristão ortodoxo que mora em Belém, na Cisjordânia, à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

A maioria dos cristãos que vivem em Jerusalém são palestinos.

A BBC Mundo consultou vários líderes e membros de igrejas cristãs que residem nos territórios palestinos para descobrir como eles veem esta crise, a escala da violência e seu futuro na região.

1. "Uma 'ideologia extremista' sangra a Cidade Santa"

Muitos cristãos temem que em poucos anos sua comunidade desapareça da chamada Terra Santa

Atualmente, a população cristã nos territórios palestinos é de cerca de 50 mil pessoas (apenas 1%), distribuídas nas cidades de Belém, Ramallah e Jerusalém, além dos residentes na Faixa de Gaza.

Do total, 48% pertencem à Igreja Ortodoxa Grega, 38% à Igreja Católica e o restante a Igrejas Protestantes, Presbiterianas e Ortodoxas de outros ritos (Síria e Armênia).

Nessas cidades estão alguns dos centros de peregrinação de suas crenças religiosas: os lugares onde Jesus nasceu, pregou e morreu, de acordo com o relato bíblico e a tradição cristã.

Os líderes cristãos da região criticam as ações do governo israelense, parte de "uma tentativa, inspirada em uma ideologia extremista, que nega o direito de existir a quem mora em suas próprias casas", como disse o bispo católico Pierbattista Pizzaballa de Jerusalém em uma declaração recente.

"E isso sangra a alma da Cidade Santa", acrescentou.

Nos territórios palestinos há presença de igrejas ortodoxas, evangélicas e católicas

Por sua vez, para o secretário-geral do Conselho das Igrejas Cristãs do Oriente Médio, Michel E. Abs, há uma consequência clara: "Qualquer conflito, guerra, confronto político sempre causa deslocamento. As pessoas têm que sair do lugar onde vivem", disse ele à BBC Mundo.

Para Abs, como os cristãos são minoria, essa ameaça subjacente os coloca em maior risco de desaparecer se o conflito continuar.

"Os árabes cristãos que precisam fugir não têm muitos países ou comunidades próximas para se estabelecer e, sendo uma minoria, não têm as mesmas possibilidades de apoio que os árabes muçulmanos, que são a maioria."

Isso pode condenar a comunidade que habita a região palestina há séculos, disse o secretário do conselho.

"A ameaça é constante. Você não pode crescer ou ter uma vida tranquila se houver constantemente uma entidade que quer te tirar de sua casa, derrubar a árvore que está em seu quintal ou que não te deixa andar quieto" ele diz.

Estima-se que 50 mil cristãos habitem os territórios palestinos.

Um ponto chave para os cristãos tem sido a ajuda de cristãos palestinos que vivem fora dos territórios - em outros países, outros continentes - e que têm fortalecido a rede de apoio criada por centros comunitários, especialmente na Cisjordânia.

"O papel que os líderes religiosos cristãos têm desempenhado tem sido mais eficaz no nível micro: apoiar as suas comunidades através das paróquias, de forma espiritual, independentemente de o beneficiário ser cristão ou não", conclui.

"A comunidade cristã tem um peso simbólico, mas é muito pequeno", diz o analista Mariano Aguirre, especialista em questões do Oriente Médio do instituto Chatham House, em Londres.

O conflito afeta fortemente todos aqueles que vivem em Jerusalém, especialmente na parte chamada Cidade Velha e em Jerusalém Oriental, de onde os palestinos são constantemente deslocados e onde dizem se sentir perseguidos pelos colonos israelenses.

A Igreja Ortodoxa Grega denunciou fortes pressões para que deixasse Jerusalém

A comunidade cristã, em particular, é muito afetada por duas razões. Primeiro, pelo crescente assédio por parte dos colonos israelenses às comunidades cristãs ortodoxas e seus representantes religiosos.

Em segundo lugar, porque dos aproximadamente 16 mil cristãos que vivem em Jerusalém, cerca de 13 mil são palestinos.

A comunidade cristã em Jerusalém é muito pequena. Tem um peso simbólico e uma forte presença religiosa, mas sua capacidade de influenciar politicamente o conflito israelense-palestino é limitada.

2. "Se houver conflito, não há economia"

Muitos cristãos palestinos foram forçados a deixar sua nação

Em Jerusalém, empresários de turismo denunciaram entidades israelenses por um suposto lobby para confiscar vários hotéis na Cidade Velha que pertencem a igrejas cristãs.

Walid Dajani é dono do Imperial Hotel, que fica em um prédio que pertence à Igreja Ortodoxa Grega e está localizado no bairro cristão da parte velha.

Dajani diz que testemunhou a pressão de grupos radicais israelenses para que ele deixasse esses lugares e abrisse mão da posse.

"Foi um pesadelo. Este prédio pertence à Igreja Ortodoxa Cristã há séculos e, devido a decisões judiciais que não entendemos, ela está prestes a perder esse controle", disse Dajani à BBC Mundo.

"Para isso, eles tomaram uma série de decisões: aumento de impostos sobre igrejas, agressões verbais e até propostas para aprovar a desapropriação de nossas propriedades", diz.

Muitos cristãos nos territórios palestinos encontraram refúgio em suas paróquias

O governo da cidade de Jerusalém e o de Israel negaram, em diferentes declarações sobre o tema, que haja uma campanha para tomar o controle dos prédios das igrejas cristãs.

Uma das entidades israelenses indicadas por trás dessa pressão é a organização Ateret Cohanim, que negou as acusações de "assédio" e de ataques verbais a padres ortodoxos.

"As alegações ou acusações do Patriarcado grego sobre 'colonos radicais' atacando seus padres com abuso verbal, etc. são absurdas, inaceitáveis ​​e vergonhosas", disse Daniel Luria, porta-voz de Alteret Cohanim, ao jornal britânico The Guardian.

"Ateret Cohanim acredita na coexistência com cristãos e muçulmanos, vivendo lado a lado sem cercas ou fronteiras, vivendo em qualquer bairro de Jerusalém", acrescentou.

A verdade é que a grande maioria dos cristãos que residem nos territórios palestinos vive da indústria do turismo. Principalmente em Belém.

No centro desta cidade, o Grand Hotel se destaca com seus sete andares de altura. E há anos vem sofrendo as consequências do conflito e agora da pandemia de covid-19.

"Tínhamos conseguido sobreviver à pandemia e quando os potenciais visitantes começaram a fazer reservas novamente e vimos a luz no fim do túnel, essa escalada nos obrigou a fechar novamente", conta à BBC Mundo Fares Bandak, cristão ortodoxo e dono do Grand Hotel.

"E sempre foi assim: é impossível pensar que alguém vai fazer uma viagem se tem que viver as férias com a sensação de que pode haver um bombardeio. Sem estabilidade é muito difícil construir uma comunidade."

Para Bandak, este é um dos grandes problemas: o turismo depende totalmente do que Israel permite.

"Não temos aeroporto, ou seja, as viagens para Belém ou Jerusalém dependem principalmente do Ben Gurion (aeroporto internacional localizado próximo a Tel Aviv, em território israelense)."

E acrescenta que enquanto em Israel avança uma grande campanha de vacinação contra o coronavírus que tem permitido a reativação do turismo, nos territórios palestinos ela está apenas começando.

Ele também está ciente de que do lado palestino existem obstáculos para se chegar a um acordo de paz. E um muito específico é o Hamas, a principal organização militante palestina que controla a Faixa de Gaza.

"Não faço parte do Hamas porque é uma organização muçulmana e, embora tenha uma posição extremista, não acho que seja uma organização terrorista como Israel aponta", diz ele.

"É claro que o Hamas é um obstáculo para se chegar a um acordo de paz, mas eles estão buscando defender os interesses de todos os palestinos contra a ocupação e o constante assédio de Israel", acrescenta.

domingo, 23 de maio de 2021

Bento XVI: “Floresce na Polônia o que está murchando na Alemanha”


Bento XVI escreveu uma mensagem à comunidade de um seminário da arquidiocese de Czestochowa, na Polônia, em resposta a uma carta que havia recebido deles.

Os seminaristas, que estão prestes a começar os estudos de teologia, convidavam o Papa Emérito a visitá-los por ocasião dos 70 anos de existência do seu seminário.

SegundoDie Tagespost, um conhecido jornal católico da Alemanha, Bento XVI respondeu:

“A carta do vosso seminário, assinada pelo Reitor juntamente com os dois Prefeitos e o Decano dos Alunos, trouxe muita alegria à minha casa. Como é maravilhoso ver florescer na Polônia o que está murchando na Alemanha!”

Papa em Pentecostes diz “não” às ideologias na Igreja: vêm do inimigo


SANTA MISSA NA SOLENIDADE DE PENTECOSTES
HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica de São Pedro
Domingo, 23 de maio de 2021

 
«Virá o Paráclito, que Eu vos hei de enviar da parte do Pai» (cf. Jo 15, 26). Com estas palavras, Jesus promete aos discípulos o Espírito Santo, o dom supremo, o dom dos dons; e fala do Espírito, usando uma palavra particular, misteriosa: Paráclito. Debrucemo-nos hoje sobre esta palavra, que não é fácil de traduzir pois encerra vários significados. Substancialmente, Paráclito significa duas coisas: Consolador e Advogado.

1. O Paráclito é o Consolador. Todos nós, especialmente em momentos difíceis como este que estamos a atravessar devido à pandemia, procuramos consolações. Muitas vezes, porém, recorremos só a consolações terrenas, que depressa se extinguem, são consolações momentâneas. Hoje Jesus oferece-nos a consolação do Céu, o Espírito, o «Consolador perfeito» (Sequência). Qual é a diferença? As consolações do mundo são como os anestésicos: oferecem um alívio momentâneo, mas não curam o mal profundo que temos dentro. Insensibilizam, distraem, mas não curam pela raiz. Agem à superfície, ao nível dos sentidos, dificilmente ao nível do coração. Com efeito, só dá paz ao coração quem nos faz sentir amados tal como somos. E o Espírito Santo, o amor de Deus, faz isso: como Espírito que é, age no nosso espírito, desce ao mais íntimo de nós mesmos. visita «o íntimo do coração», pois é «das almas hóspede amável» (ibid.). É a ternura de Deus em pessoa, que não nos deixa sozinhos; e o facto de estar com quem vive sozinho, já é consolar.

Irmã, irmão, se sentes o negrume da solidão, se trazes dentro um peso que sufoca a esperança, se tens no coração uma ferida que queima, se não encontras a via de saída, abre-te ao Espírito. Como dizia São Boaventura, «onde houver maior tribulação, Ele leva maior consolação. Não faz como o mundo, que na prosperidade consola e adula, mas na adversidade troça e condena» (Sermão na Oitava da Ascensão). Assim faz o mundo, assim faz sobretudo o espírito maligno, o diabo: primeiro, lisonjeia-nos e faz-nos sentir invencíveis – as lisonjas do diabo, que fazem crescer a vaidade –, depois atira-nos ao chão e faz-nos sentir errados: joga conosco. Faz todo o possível por nos derrubar, enquanto o Espírito do Ressuscitado nos quer levantar. Olhemos os Apóstolos: estavam sozinhos naquela manhã, estavam sozinhos e perdidos, com as portas fechadas pelo medo; viviam no temor, tendo diante dos olhos todas as suas fragilidades e fracassos, os seus pecados: tinham renegado Jesus Cristo. Os anos transcorridos com Jesus não conseguiram mudá-los, continuavam a ser os mesmos. Depois, recebem o Espírito e tudo muda: os problemas e defeitos permanecem os mesmos, mas eles já não os temem porque não temem sequer quem pretende fazer-lhes mal. Sentem-se intimamente consolados, e querem fazer transbordar a consolação de Deus. Antes eram medrosos, agora só têm medo de não testemunhar o amor recebido. Jesus profetizara-o: o Espírito «dará testemunho a meu favor. E vós também haveis de dar testemunho» (Jo 15, 26-27).

Avancemos um passo. Também nós somos chamados a dar testemunho no Espírito Santo, a tornar-nos paráclitos, isto é consoladores. Sim, o Espírito pede-nos para darmos corpo à sua consolação. E como podemos fazê-lo? Não fazendo grandes discursos, mas aproximando-nos das pessoas; não com palavras empoladas, mas com a oração e a proximidade. Lembremo-nos de que a proximidade, a compaixão e a ternura são o estilo de Deus, sempre. O Paráclito diz à Igreja que hoje é o tempo da consolação. É o tempo do anúncio feliz do Evangelho, mais do que do combate ao paganismo. É o tempo para levar a alegria do Ressuscitado, não para nos lamentarmos do drama da secularização. É o tempo para derramar amor sobre o mundo, sem abraçar o mundanismo. É o tempo para testemunhar a misericórdia, mais do que para inculcar regras e normas. É o tempo do Paráclito! É o tempo da liberdade do coração, no Paráclito.

2. Depois, o Paráclito é o Advogado. No contexto histórico de Jesus, o advogado não exercia as suas funções como hoje: em vez de falar pelo acusado, costumava ficar junto dele sugerindo-lhe ao ouvido os argumentos para se defender. Assim faz o Paráclito, «o Espírito da verdade» (Jo 15, 26), que não nos substitui, mas defende-nos das falsidades do mal, inspirando-nos pensamentos e sentimentos. Fá-lo com delicadeza, sem nos forçar: propõe, não Se impõe. O espírito da falsidade, o maligno, faz o contrário: procura constranger-nos, quer fazer-nos acreditar que somos sempre obrigados a ceder às más sugestões e aos impulsos dos vícios. Esforcemo-nos então por acolher três sugestões típicas do Paráclito, do nosso Advogado. São três antídotos basilares contra três tentações atualmente muito difusas.

O primeiro conselho do Espírito Santo é: «Vive no presente»; no presente, não no passado nem no futuro. O Paráclito afirma o primado do hoje, contra a tentação de fazer-se paralisar pelas amarguras e nostalgias do passado, ou de focar-se nas incertezas do amanhã e deixar-se obcecar pelos temores do futuro. O Espírito lembra-nos a graça do presente. Não há tempo melhor para nós: agora e aqui onde estamos é o único e irrepetível momento para fazer bem, fazer da vida uma dádiva. Vivamos no presente!

Depois o Paráclito aconselha: «Procura o todo». O todo, não a parte. O Espírito não molda indivíduos fechados, mas funde-nos como Igreja na multiforme variedade dos carismas, numa unidade que nunca é uniformidade. O Paráclito afirma o primado do todo. É no todo, na comunidade que o Espírito gosta de agir e inovar. Olhemos para os Apóstolos. Eram muito diferentes entre eles: por exemplo, havia Mateus, um publicano que colaborara com os Romanos, e Simão, chamado o Zelote, que a eles se opunha. Tinham ideias políticas opostas, visões do mundo diferentes. Mas, quando recebem o Espírito, aprendem a dar o primado não aos seus pontos de vista humanos, mas ao todo de Deus. Hoje, se dermos ouvidos ao Espírito, deixaremos de nos focar em conservadores e progressistas, tradicionalistas e inovadores, de direita e de esquerda; se fossem estes os critérios, significava que na Igreja se esquecia o Espírito. O Paráclito impele à unidade, à concórdia, à harmonia das diversidades. Faz-nos sentir parte do mesmo Corpo, irmãos e irmãs entre nós. Procuremos o todo! E o inimigo quer que a diversidade se transforme em oposição e por isso faz com que se torne ideologia. Devemos dizer «não» às ideologias, «sim» ao todo.

sábado, 22 de maio de 2021

Cardeal Sérgio da Rocha celebra missa “em memória das vítimas da transfobia”.


Nós nunca pensamos que ele fosse disso… Inclusive, houve até quem duvidasse, que achou que fosse fake news, mas não era: com forte e forçado sotaque baiano, Dom Sérgio da Rocha, cardeal arcebispo primaz do Brasil, anterior presidente da CNBB, celebrou uma Missa “em memória das vítimas da transfobia”, como anunciou o G1.

A transmissão começou com a saudação de uma pessoa que disse: “Boa tarde a todos, a todas e a todes (sic!), eu sou Scarlette Sangalo, sou da comunicação do CPDD, além de transformista. Eu estou aqui, na Capela das Dorotéias, no Garcia, e já já vai começar a Missa em pról dos LGBTs assassinados, trans, lésbicas, gays, travestis, enfim, todas…”

Na sequência, falou Renildo Barbosa, que disse: “vamos assistir este marco histórico, que é uma missa celebrada aqui na Igreja, pelo Cardeal”, o que demonstra bem a consciência profunda que os promotores da celebração tinham acerca do alcance deste fato.

Cada palavra do sermão foi devidamente calibrada pelo cardeal, que teve o trabalho de redigi-lo (ou pedir para que alguém redigisse), a tal ponto que ele chegou ao requinte de evitar a letra Q (de Queer) da sigla LGBTQI+. Mas, no cuidado das palavras, ele não ocultou os seus sentimentos.

“Precisamos dizer ‘não’ à violência nas suas múltiplas faces. A violência contra a população LGBTI+ é um sinal triste de uma sociedade que convive com constantes violações da vida, da dignidade, dos direitos de tantas vítimas de morte brutal. A vida, a dignidade das pessoas, principalmente de grupos sociais mais vulneráveis, têm sido continuamente violadas em muitos lugares. Não se pode justificar nem reproduzir a violência disseminada na sociedade”.

Ele também deu explicações estatísticas: “Dados divulgados este mês sobre as mortes violentas de LGBTQI+ ocorridas em 2020 apontaram que o Nordeste ocupa tristemente o primeiro lugar no número de mortes no país, seguido pelo Centro-oeste. E que as capitais mais violentas foram Salvador e São Paulo… Temos muito a fazer para transformar esta triste realidade e construir uma cultura de fraternidade e de paz, de respeito à vida e à dignidade de cada pessoa, especialmente as que vivem em situações de exclusão social”.

Dom Sérgio valeu-se, na homilia, dos dados do Grupo Gay da Bahia, liderado por Luiz Mott (que, pelo contexto das palavras da Sra. Conceição, que falou ao final da Missa, estava presente na Cerimônia). Estes dados são há muito tempo questionados por checadores, que acusam o grupo de divulgar “casos de mortes por acidente, infarto, bala perdida, troca de tiros com a polícia, disputa de ponto de prostituição entre travestis, mortes ocorridas em outros países e até assassinatos de heterossexuais cometidos por homossexuais como se fossem ‘crimes motivados por homofobia no Brasil’”.

Em todo o caso, considerando-se os dados do Grupo Gay da Bahia, o número de assassinatos de homossexuais no Brasil vem se reduzindo há três anos. A explicação dada por Luiz Mott ao Portal Aids chega a ser incrível: “a explicação mais plausível para a diminuição em 28% do número total de mortes violentas de LGBT em comparação com o ano anterior se deve ao persistente discurso homofóbico do Presidente da República e sobretudo às mensagens aterrorizantes de seus seguidores nas redes sociais no dia a dia, levando o segmento LGBT a se acautelar mais, evitando situações de risco de ser a próxima vítima, exatamente como ocorreu quando da epidemia da Aids e a adoção de sexo seguro por parte dessa mesma população”.

Como Dom Sérgio da Rocha tem coragem de emprestar a Igreja e a sua púrpura cardinalícia para isso? Como pode permitir-se usar como palanque para esse tipo de absurdo? Mas a louvação não para por aí.

Na oração dos fieis, foi feita uma prece especial pelos mortos e familiares da Comunidade LGBTQIA+ (seja lá o que isso queira dizer, é a sigla do momento, até que se adicione outras letras). O cardeal, porém, não quis distribuir a Comunhão (possivelmente para evitar fotos), deixando aos padres que o fizessem. Vale notar que a Assembleia estava constituída por pastores, pais e mães-de-santo, além de militantes do movimento gay da Bahia.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas entra em vigor


Nesta sexta-feira, 21, Israel e Hamas estabeleceram um acordo de cessar-fogo. A trégua teve início às 2h da manhã (horário local), suspendendo o conflito mais feroz entre as duas partes em anos. 

O acordo vinha sendo negociado há dias, com pressão internacional principalmente sobre Israel, embora o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu continuasse afirmando que continuaria a ofensiva até devolver “calma e segurança” aos cidadãos israelenses.

Horas antes do acordo, o gabinete de segurança do primeiro-ministro de Israel havia enfim votado de maneira unânime a favor de uma trégua “mútua e incondicional” em Gaza proposta pelo Egito.

Cerca de 90 minutos antes da trégua entrar em vigor, os residentes da Faixa de Gaza ainda relatavam bombardeios, enquanto sirenes de alarme soavam para alertar os residentes do sul de Israel sobre o lançamento de foguetes.

A maior escalada de violência na região nos últimos anos teve início no dia 10 de maio, e deixou pelo menos 244 mortos em dez dias, sendo 232 em Gaza e 12 em Israel.

Mais um passo rumo ao cisma: protestantes comungam e mulheres fazem homilia na Alemanha


Segundo o ACI (18/05/2021), protestantes receberam a comunhão em igrejas católicas de Frankfurt, Alemanha, no domingo, 16 de maio. No dia seguinte, mulheres fizeram a homilia da missa em diferentes partes do país. As duas ações são proibidas na Igreja Católica. O Código de Direito Canônico, lei que regulamenta a Igreja Católica, estabelece que “os ministros católicos só administram licitamente os sacramentos aos fiéis católicos, os quais de igual modo somente os recebem licitamente dos ministros católicos” (Cânon 844). Na Igreja Católica, o sermão na missa é reservado a um ministro ordenado: diácono, padre ou bispo. Leigos não podem fazer a homilia.

Entre os dias 13 e 16 de maio, as igrejas cristãs da Alemanha realizaram seu Terceiro Encontro Ecumênico. O evento, que aconteceu principalmente de forma virtual, teve como dia principal o sábado, 15 de maio.

De acordo com a KNA, a agência de notícias do episcopado alemão, o terceiro encontro ecumênico terminou no sábado com quatro serviços litúrgicos em que “a decisão consciente dos visitantes individuais” de “participar da ceia de outra denominação” determinou o cesso à eucaristia. Protestantes receberam a Sagrada Comunhão em missas católicas e católicos participaram do momento da ceia em celebrações protestantes.

O presidente da conferência episcopal alemã, Georg Bätzing, bispo de Limburg, disse que o evento deveria ser “ecumenicamente sensível” quando se trata de dar o sacramento da Eucaristia aos protestantes. “Não se trata de uma intercomunhão no sentido de um convite recíproco geral para participar na Eucaristia e na Ceia do Senhor, mas de como tratamos a consciência pessoal de cada cristão católico ou protestante”, disse Bätzing à CNA Deutsch, agência de língua alemã do Grupo ACI.
Em uma entrevista à KNA em abril, Bätzing disse que “daria a Comunhão a alguém que acredita no que nós católicos acreditamos e deseja receber o corpo do Senhor com fé na presença real de Jesus Cristo”. O bispo de Limburg instruiu os padres de sua diocese a dar a comunhão aos protestantes que a solicitassem desde que estes tivessem feito um exame de consciência.

Na missa celebrada na catedral de Frankfurt, Bettina Limperg, luterana e presidente protestante do encontro ecumênico, recebeu a comunhão. O presidente católico do fórum, Thomas Stemberg, foi a um serviço protestante.

Na conta de Twitter do encontro, Limperg foi questionada sobre “como era a Eucaristia”. Ela respondeu que se sentiu “muito bem-vinda” e naquele momento não “sentiu diferença alguma”.

O reitor da catedral de Frankfurt, padre Johannes zu Eltz, pediu desculpas aos protestantes presentes na missa, porque frequentemente têm que lutar contra “a arrogância e a limitação do lado católico”. “Eu peço desculpas por isso e agradeço sua enorme paciência”.

Em sua homilia, o sacerdote disse que se as igrejas e os cristãos “confiarem umas nas outras e em Deus, o mundo poderá experimentar um cristianismo mais convincente”.

As homilias feitas por mulheres foram uma iniciativa da Federação das Católicas Alemãs (KFD na sigla em alemão), um grupo de mulheres católicas que participa do Caminho Sinodal.

Membros da KFD assinalaram nesta segunda-feira 17 de maio o “Dia da Pregadora”, e como parte da iniciativa, 12 mulheres em 12 paróquias alemãs predicaram sobre o Evangelho no momento da homilia.

O dia 17 de maio foi escolhido por ser a data em que a Igreja de Roma celebrava Andrônico e Júnia personagens do Novo Testamento citados por São Paulo na Epístola aos Romanos (6, 17): “Saudai Andrônico e Júnia, meus parentes e cativos comigo, os quais são ilustres entre os apóstolos e foram em Cristo antes de mim”, na tradução do padre Matos Soares.

A KFD alega que a identidade de Júnia como mulher e como apóstola foi apagada na Igreja.

Para a KFD o objetivo das homilias feitas por mulheres era incentivar “uma Igreja com igualdade de gênero” onde “as mulheres são chamadas a pregar”. “Ninguém tem o direito de negar-lhes este chamado só porque são mulheres”, diz a KDF.

Peru: Seminário de Lima posta e retira crítica ao comunismo


O Seminário Santo Toribio de Mongrovejo da arquidiocese de Lima, Peru, publicou uma crítica ao comunismo em sua página no Facebook e, pouco depois, eliminou a postagem, nesta quarta-feira, 19 de maio. O Peru terá segundo turno das eleições presidenciais no próximo dia 6 de junho e, segundo a última pesquisa da Ipsos, Pedro Castillo, do partido comunista Perú Libre, é favorito com 51,1% das intenções de voto. Keiko Fujimori, do Partido Fuerza Popular, investigada por lavagem de dinheiro, tem 48,9%.

A postagem do seminário, dirigida explicitamente aos eleitores peruanos, citava o papa Pio XI, segundo quem a ideologia marxista transforma em seus apóstolos até “jovens inteligentes ainda pouco preparados para perceber os erros intrínsecos do comunismo”. Pio XI escreveu na encíclica Divini Redemptoris, sobre o comunismo ateu, de 1937, que o comunismo é 'uma redenção aparente. Um pseudo-ideal de justiça, igualdade e fraternidade no trabalho satura toda a sua doutrina e toda a sua atividade com uma espécie de falso misticismo', trecho também citado na postagem do seminário.

A publicação excluída também lembrava o pedido da Virgem de Fátima, em 1917, para consagrar a Rússia ao seu Imaculado Coração frente a ameaça do comunismo. O texto dizia que o regime comunista soviético instaurado na Rússia por Vladimir Lênin, exatamente em 1917, produziu “uma 'subversão radical dos direitos, bens e propriedades de todos e da própria sociedade humana.' Além disso, a religião foi proibida, foram confiscados bens da Igreja, milhares de clérigos foram fuzilados e todo o ensino religioso se tornou ilegal”.

“Talvez os tempos a que me refiro possam parecer muito distantes. Mas o comunismo não perdeu a sua essência, visto que se transforma, adquire outras bandeiras que conduzem ao mesmo fim pretendido pelos seus ideólogos”, continuava a postagem.

Havia ainda um apelo à defesa do “respeito pela dignidade humana desde a concepção até a morte natural, da opção pela atenção às necessidades dos pobres, do salário justo para os trabalhadores, da distribuição equitativa da riqueza e da liberdade de culto”.

“Unamo-nos e peçamos à Virgem a sua intercessão, e ao Espírito Santo o entendimento e a sabedoria para escolher o melhor candidato para o Peru”, concluía a postagem.

O texto vinha acompanhado de uma foto da camisa da seleção peruana de futebol com o slogan “Não voto no comunismo”. A mesma camisa foi usada por atletas peruanos importantes, o que foi criticado publicamente pelo cardeal Pedro Barreto, arcebispo de Huancayo.

Menino chora de emoção ao receber a primeira Eucaristia



Caio Henrique Nagel Vieira fez a primeira comunhão no último sábado, 15 de maio, na paróquia Santa Inês, em Balneário Camboriú (SC). Durante a celebração, ele se emocionou e chorou antes e depois de receber pela primeira vez Jesus Eucarístico. Vídeos e fotos do menino em lágrimas começaram a ser compartilhado e viralizaram nas redes sociais.

Segundo relato publicado no site da paróquia, “enquanto Caio chorava, uma catequista, também com olhos marejados, chega, o abraça e da um beijo em sua cabeça. Ela é Patrícia Nagel Vieira que, além de catequista, também é mãe de Caio”.

À mãe, Caio afirmou que “não sabe descrever ao certo o que sentiu”. Disse que no momento da consagração, “primeiro lembrou o filme ‘A Paixão de Cristo’ e pediu perdão pelos pecados da humanidade e por tudo o que Jesus sofreu por nós”. Além disso, agradeceu, “pois Deus poderia começar um mundo novo do zero, mas preferiu sacrificar Jesus por amor a nós”.

Em seguida, quando foi comungar, o menino parou de chorar e seguiu sorrindo, com os olhos fixos no altar. Já tendo recebido Jesus na Eucaristia, colocou-se de joelhos e, novamente, chorou, sentindo que “Jesus o abraçava”.


Em entrevista à ACI Digital, Patrícia Nagel disse que, para ela, testemunhar aquele momento “foi maravilhoso, como mãe e catequista”. “Fiquei muito feliz por ele e por Deus. É o que nós esperamos para todas as crianças, que amem Deus”, afirmou.

A coordenadora de catequese da Paróquia, Eloise Cobra, disse que teve a sensação de “missão cumprida”. “É o que desejamos para todas as crianças, que tenham fé, amor a Deus e esse respeito com a Eucaristia. Toda a comunidade chorou junto ao ver o Caio”, contou.

Segundo Patrícia, Caio vem de uma “família muito religiosa” que o acompanha na fé desde pequeno, com orações e leitura da Bíblia. Durante a Quaresma deste ano, o menino fez a sua preparação para a Páscoa junto com a mãe. “Nas Missas, ele prestava atenção no que o padre dizia e falava: ‘olha mamãe, é como aprendemos na catequese’. Então, dizia que queria se confessar e ficar limpo para receber a Eucaristia na Páscoa. Mas, eu falava para ele ter calma, pois o dia da primeira Eucaristia já ia chegar”, disse.

Quando chegou o dia, Caio não conteve as lágrimas ao realizar seu grande sonho. Patrícia contou à ACI Digital que, ao conversar com o filho sobre o que aconteceu, mostrou os vídeos. “Antes da comunhão, ele ri, chora e fica com os olhos fixos no altar. Ele me falou que não se lembra de nada daquilo e eu disse que ele não lembra porque foi uma coisa do coração”, afirmou.