segunda-feira, 8 de abril de 2019

Terceira pregação da Quaresma 2019: "A idolatria, a antítese do Deus vivo"



MEDITAÇÃO PARA A QUARESMA
"A idolatria, a antítese do Deus vivo"
 
Todas as manhãs, quando acordamos, temos uma experiência única, que quase nunca notamos. Durante a noite, as coisas à nossa volta existiam, eram como as tínhamos deixado na noite anterior: a cama, a janela, o quarto. Talvez o sol já esteja brilhando lá fora, mas não o vemos porque nossos olhos estão fechados e nossas cortinas estão abaixadas. Só agora, quando acordo, é que as coisas começam ou voltam a existir para mim, porque me dou conta delas, as percebo. Antes era como se elas não existissem, como se eu não existisse.

A mesma coisa acontece com Deus. Ele está sempre ali; "nele nos movemos, respiramos e somos", disse Paulo aos atenienses (At 17,28); mas geralmente isso acontece como no sono, sem que nos demos conta. O espírito também precisa de um despertar, um aumento da consciência. É por isso que a Escritura nos exorta tantas vezes a despertar do sono: "Acordai vós que dormis, despertai dos mortos, e Cristo vos iluminará" (Ef 5, 14), "Agora é tempo de vos despertar do sono! (Rm 13,11). É o que nos propomos para continuar, na Quaresma, a busca do Deus vivo que começou no Advento.

Idolatria antiga e nova


O Deus "vivo" da Bíblia é assim definido para distingui-lo dos ídolos que são coisas mortas. É a batalha que une todos os livros do Antigo e do Novo Testamento.  Basta abrir quase ao acaso uma página dos profetas ou dos salmos para encontrar os sinais desta luta épica em defesa do único Deus de Israel. A idolatria é a antítese exata do Deus vivo. Dos ídolos, diz um salmo:

Os ídolos dos povos são prata e ouro,
trabalho das mãos do homem.
Eles têm boca e não falam,
têm olhos e não conseguem ver,
têm ouvidos e não ouvem,
têm narinas e não cheiram.
Têm mãos e não apalpam,
têm pés e não andam;
Da garganta não fazem barulho. (Sl 114, 3-7).

Do contraste com os ídolos, o Deus vivo aparece como um Deus que "faz o que quer", que fala, que vê, que ouve, um Deus "que respira"! O sopro de Deus também tem um nome na Escritura: é chamado de Ruah Jahwe, o Espírito de Deus. É o sopro que Deus soprou sobre Adão quando ainda era um simulacro de argila (Gn 2, 7); é o sopro que o Ressuscitado soprou sobre os discípulos na noite de Páscoa: "Soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo" (Jo 20, 22).

A batalha contra a idolatria infelizmente não terminou com o fim do paganismo histórico; ela está sempre em ato. Os ídolos mudaram de nome, mas estão mais presentes do que nunca. Mesmo dentro de cada um de nós, veremos, há um que é o mais assustador de todos. Por conseguinte, vale a pena insistir, por uma vez, neste problema, como um problema atual, e não apenas do passado.

Aquele que fez da idolatria a análise mais lúcida e profunda é o apóstolo Paulo. Deixemo-nos guiar por ele para a descoberta do "bezerro de ouro" que se esconde em cada um de nós. No início da carta aos Romanos nós lemos estas palavras:

"Na realidade, a ira de Deus é revelada do céu contra toda a impiedade e toda injustiça dos homens que sufocam a verdade na injustiça, pois o que pode ser conhecido de Deus é manifesto a eles; o próprio Deus o manifestou a eles. Com efeito, desde a criação do mundo em diante, as suas perfeições invisíveis podem ser contempladas com o intelecto nas suas obras, como seu eterno poder e divindade; são, portanto, indesculpáveis, porque, embora conheçam a Deus, não lhe deram glória nem graças como Deus, mas vaguearam em seus raciocínios e as suas mentes obtusas foram obscurecidas" (Rm 1, 18-21).

Nas mentes dos que estudaram teologia, estas palavras estão quase exclusivamente ligadas à tese da cognoscibilidade natural da existência de Deus a partir das criaturas. Portanto, uma vez resolvido este problema, ou depois de ter deixado de ser tão atual como no passado, acontece que estas palavras raramente são lembradas e valorizadas. Mas a do conhecimento natural de Deus é, no contexto, um problema completamente marginal. As palavras do Apóstolo têm muito mais a nos dizer; elas contêm um desses "trovões de Deus" capazes de derrubar também os cedros do Líbano.

O Apóstolo está empenhado em demonstrar a situação da humanidade antes de Cristo e fora dele; em outras palavras, onde começa o processo de redenção. Ele não parte de zero, da natureza, mas de subzero, do pecado. Todos pecaram, ninguém excluído. O Apóstolo divide o mundo em duas categorias: Gregos e judeus, isto é, pagãos e crentes, e começa sua acusação precisamente a partir do pecado dos pagãos. Identifica o pecado fundamental do mundo pagão na impiedade e na injustiça. Diz que este é um ataque à verdade; não a esta ou aquela verdade, mas à verdade original de todas as coisas.

O pecado fundamental, o objeto primário da ira divina, é identificado na asebeia, isto é, na impiedade. Em que consiste exatamente esta impiedade, o Apóstolo explica imediatamente, dizendo que consiste na recusa de "glorificar" e de "agradecer" a Deus. Em outras palavras, ao recusar reconhecer Deus como Deus, ao não lhe dar a consideração que lhe é devida. Consiste, poderíamos dizer, em "ignorar" a Deus, onde, no entanto, ignorar não significa tanto "não saber que existe" mas "fazer como se ele não existisse".

No Antigo Testamento ouvimos Moisés que grita ao povo: "Reconhece que Deus é Deus! (cf. Dt 7,9) e um salmista retoma este grito, dizendo: "Reconhecei que o Senhor é Deus: Ele fez-nos e nós somos seus! (Sl 100,3). Reduzido ao seu núcleo germinativo, o pecado é negar este "reconhecimento"; é a tentativa, por parte da criatura, de anular a diferença qualitativa infinita que existe entre a criatura e o Criador, recusando-se a depender dele. Esta recusa tomou forma, concretamente, na idolatria, em que a criatura é adorada em vez do Criador (cf. Rm 1, 25). Os pagãos, continua o Apóstolo, "vaguearam nos seus raciocínios e escureceram as suas mentes obtusas. Como se declararam sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível com a imagem e a figura do homem corruptível, dos pássaros, quadrúpedes e répteis" (Rm 1,22-23).

O Apóstolo não quer dizer que todos os pagãos, sem distinção, devam ter vivido subjetivamente neste tipo de pecado (mais tarde ele falará de pagãos que se tornam aceitos a Deus seguindo a lei de Deus escrita em seus corações, cf. Rm 2,14 ss); ele só quer dizer qual é a situação objetiva do homem diante de Deus depois do pecado. O homem, criado " reto " (no sentido físico de ereto e no sentido moral de justo), com o pecado tornou-se " curvo ", isto é, dobrado sobre si mesmo, e " perverso ", orientado para si mesmo, mais do que para Deus.

Na idolatria, o homem não "aceita" Deus, mas se faz um deus. As partes são invertidas: o homem torna-se o oleiro e Deus o vaso que molda ao seu gosto (cf. Rm 9, 20 ss.). Em tudo isto há uma referência, pelo menos implicitamente, ao relato da criação (cf. Gn 1, 26-27).  Ali se diz que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança; aqui se diz que o homem trocou por Deus a imagem e a figura do homem corruptível. Em outras palavras, Deus fez o homem à sua imagem, agora o homem faz Deus à sua imagem. Porque o homem é violento, eis que fará da violência um deus, Marte; porque é cobiçoso, fará da luxúria uma deusa, Vênus, e assim por diante. Faz de Deus a projeção de si mesmo.

Igreja terá um novo beato brasileiro, pe. Donizetti Tavares de Lima

Na audiência ao prefeito da Congregação das Causas dos Santos, cardeal Angelo Becciu, no último sábado, o Papa Francisco reconheceu o milagre por intercessão do Venerável Servo de Deus Pe. Donizetti Tavares de Lima que será beatificado, e as virtudes heróicas dos Servos de Deus frei Damião de Bozzano e do leigo Nelson Santana.

Durante o encontro, o Santo Padre autorizou a promulgação de alguns decretos, reconhecendo o milagre por intercessão do Venerável Servo de Deus Pe. Donizetti Tavares de Lima que será beatificado.

O sacerdote diocesano brasileiro nasceu em 3 de janeiro de 1882, em Cássia (MG), e faleceu em 16 de junho de 1961, em Tambaú (SP).

Padre Donizetti espalhou por Tambaú diversas obras sociais, dentre as quais a fundação do asilo São Vicente de Paulo e da Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Tambaú. Criou também a Congregação Mariana, a Irmandade das Filhas de Maria e o Círculo Operário Tambauense.

Exerceu seu sacerdócio como Jesus, a serviço dos pobres, dos marginalizados e doentes. Viveu de maneira simples e humilde, sempre à disposição do povo.

Ainda hoje em Tambaú as suas obras sociais continuam sendo testemunhas de seu zelo social. Tinha grande devoção a Nossa Senhora Aparecida. Em sua época, contam-se vários sinais milagrosos da multidão que ia a Tambaú para receber a bênção do pe. Donizetti.

Nelsinho Santana, menino de grande fé

Francisco reconheceu as virtudes heroicas do Servo de Deus Nelson Santana que torna-se Venerável. Leigo, brasileiro de Ibitinga (SP), Nelson nasceu 31 de julho de 1955, e morreu em Araraquara (SP), em 24 de dezembro de 1964, vigília de Natal.

Nelsinho, como era conhecido, era um garoto que tinha câncer no braço. Entre os 7-8 anos, ele sofreu uma queda, provocando um ferimento no ombro esquerdo que começou a se complicar. Seu braço esquerdo foi amputado. Dos 7 aos 9 anos praticamente morou no hospital e fez lá a sua primeira comunhão. Ele mesmo anunciou a sua morte previamente. Com o passar do tempo, o lugar onde Nelsinho foi enterrado tornou-se alvo de muitas visitas por graças alcanças atribuídas a ele.

Igreja Católica defende a "cura espiritual" de homossexuais que precisam de ajuda


O secretário-geral da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Luis Argüello, declarou em uma coletiva de imprensa na última sexta-feira (5) a criação de cursos de "cura espiritual" para homossexuais que precisam de "ajuda e acompanhamento".

Obviamente, a declaração de Arguello, que também é o bispo auxiliar de Valladolid, soou de forma distorcida nos ouvidos da imprensa, que divulgou sua posição, também, no sentido de cura psicológica.

No entanto, ele mesmo deixou claro que a iniciativa "trata-se de acompanhar as pessoas que desejam discernimento espiritual", referindo-se à cura no sentido do conhecimento espiritual, conforme à doutrina católica que, semelhante às demais de origem cristã, condenam o comportamento homossexual.

sábado, 6 de abril de 2019

Papa nomeia arcebispo pró-LGBT para Arquidiocese de Washington e católicos reagem


O Vaticano anunciou quinta-feira que o arcebispo Wilton D. Gregory, de Atlanta, será o sucessor do cardeal Donald Wuerl, na Arquidiocese de Washington DC, uma das mais proeminentes dos Estados Unidos.

Inúmeros fiéis católicos estão indignados com a nomeação de Gregório. O arcebispo tem um histórico de demonstrar apoio à homossexualidade, ao contrário do ensino católico, juntamente com outras posições não ortodoxas.

O grupo "Leigos Católicos para os Bispos e Reformas Ortodoxos" exortou a Santa Sé a "procurar um candidato digno sem laços com Joseph Cardinal Bernardin, Theodore McCarrick ou Donald Cardinal Wuerl".

“A Arquidiocese de Washington precisa de um pastor digno, com um histórico comprovado de ensinar e praticar a plenitude da fé católica. Precisamos de um líder robusto para o catolicismo, com o Coração de Cristo, focado na mensagem do Evangelho, não na política liberal”, disse o grupo no início desta semana, quando surgiram os rumores sobre a nomeação de Gregory.

Em um comunicado à imprensa de hoje, o grupo disse que "continua pedindo um pastor digno que será um professor robusto da fé católica e defensor da moral católica".

“Continuamos também procurando em nome dos leigos uma melhor comunicação com a hierarquia e a Santa Sé. Estamos prontos para trabalhar com o arcebispo Gregory para atingir esses objetivos”, afirmou.

O arcebispo Gregory disse que estava grato ao papa pela nomeação.

"Estou profundamente grato ao Papa Francisco por esta nomeação para servir a arquidiocese de Washington e para trabalhar com todos os membros desta comunidade de fé", disse ele. "Estou ansioso para encontrar e ouvir as pessoas desta Igreja local como abordamos as questões que enfrentamos e continuamos a crescer no Amor de Cristo que nos sustenta".

Políticas Públicas


A Quaresma é tempo de conversão, oração e esmolas, como preparação para a Páscoa. A Igreja no Brasil, incentivando-nos a esses exercícios espirituais, convida-nos também a um gesto concreto na área social, através da Campanha da Fraternidade, que trata, este ano, das políticas públicas.

Para não julgarem que a Igreja estaria se intrometendo em coisas próprias do Estado, o Papa Francisco explica: “Muito embora aquilo que se entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam ‘o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição’ (Gaudium et spes, 74)” (Papa Francisco – Mensagem para a CF desse ano).

Segundo Aristóteles, Política é a ciência que tem por objeto a felicidade humana e divide-se em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na “polis-cidade”) e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva da “polis”). Santo Tomás de Aquino cunhou o termo bem comum, ou bem público, que é o bem de toda a sociedade, finalidade do Estado,  termo adotado pela Doutrina Social da Igreja, como sendo “o conjunto das condições da vida social que permitem, tanto aos grupos como a cada membro, alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição” (Gaudium et Spes, n. 26). 

Pivô de polêmicas, Padre Pinto morre em Salvador aos 72 anos



Morreu no final da tarde desta quinta-feira (4) o padre José de Souza Pinto, conhecido como Padre Pinto. De acordo com informações da Arquidiocese de Salvador, o religioso, de 72 anos, estava internado desde quarta-feira (3) no Hospital Jorge Valente, na Avenida Garibaldi. Ele havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) em novembro do ano passado.

Nos últimos anos, o religioso, que foi pivô de diversas polêmicas envolvendo, especialmente, o candomblé, vivia na Casa de Retiro Sagrada Família, vizinha à Paróquia de São Caetano da Divina Providência, no bairro de São Caetano, com outros padres da congregação vocacionista.

Padre Pinto foi o responsável por revitalizar a Festa de Reis da Paróquia da Lapinha, onde atuou por muitos anos. Artista plástico e bailarino por formação, ele passou a lotar as ruas do bairro com a celebração e, especialmente, na Festa de Reis.

Muitas vezes, no entanto, isso provocou reações dentro da própria igreja. Em 2006, quando decidiu exacerbar o caráter sincrético da cultura religiosa da Bahia e levou para dentro da igreja rituais do candomblé, acabou sendo acusado de heresia. Numa das missas da Festa de Reis se vestiu de Oxum, orixá das águas doces. 

 
A situação, que provocou sua remoção da Paróquia da Lapinha após mais de duas décadas, ocorreu após um grupo de fiéis pedir sua saída da Lapinha. “Eu não quero sair daqui. Eu quero morrer aqui, no altar”, disse, respondendo a uma carta dos fiéis incomodados.

A situação também envolveu o então Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo, que reprovou a atitude de Padre Pinto. O pároco chegou a dizer que tinha autorização dos superiores para as performances envolvendo a religião de matriz africana, mas foi desmentido.

quinta-feira, 4 de abril de 2019

"Novela da Globo promove aborto e o pior do feminismo", alerta psicóloga


Não é novidade para ninguém que o principal instrumento de modelagem cultural da Rede Globo são às novelas. De cena em cena, edição por edição, os produtores da emissora implementam a agenda ideológica que seguem, tendo como objetivo alcançar a população através da TV, aos poucos, influenciando gradualmente o modo como a realidade é interpretada.

A nova novela das seis, "Órfãos da Terra", seguirá esta mesma lógica, e já no primeiro capítulo a emissora dos Marinhos deixou claro que não economizará na "lacração", restando ao telespectador decidir transformar ou não a sua casa em uma fonte de renda para a Rede Globo, através da sua audiência.

A psicóloga cristã Marisa Lobo, conhecida por seu ativismo pró-família e luta contra o ativismo LGBT nos Conselhos de psicologia, comentou a estreia da novela alertando aos pais sobre o perigo da influência que ela poderá exercer sobre a mente de seus filhos.

"Órfãos da Terra? Ou pano de fundo para promoção de agendas esquerdistas subversivas?", questionou a psicóloga em sua rede social. "[A] nova novela da Globo já no primeiro capítulo promove aborto e peitos de fora em ato feminista".

Marisa explica que as cenas de mulheres com a frase "meu corpo, minhas regras", fazem alusão à legalização do aborto, pois se trata de uma referência "usada pelas abortistas, escrita no ventre das atrizes, frases, cartazes, símbolos. Ou seja, o pior do feminismo sendo louvado".

A psicóloga também explica que sempre há uma espécie de justificativa para que a Rede Globo promova tal ativismo ideológico. No caso da novela "Órfãos da Terra", será o discurso de "violência contra a mulher" e "defesa da mulher", usados como "pano de fundo" para a promoção do ativismo ideológico feminista.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Palavra de Vida: “Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros” (Jo 13, 14).




O evangelista João, ao recordar as últimas horas passadas na companhia de Jesus antes da sua morte, põe no centro da narrativa o episódio de Jesus que lava os pés aos seus discípulos. Lavar os pés era, no antigo Oriente, um sinal de acolhimento ao hóspede, depois da viagem por estradas cheias de poeira. E era normalmente feito por um escravo. Precisamente por isso, num primeiro momento, os discípulos recusam aceitar esse gesto do seu Mestre. Mas depois, Ele explica-lhes:

“Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.”

Com esta imagem tão significativa, João revela-nos inteiramente a missão de Jesus: Ele, o Mestre e o Senhor, entrou na história humana para ir ao encontro de cada homem e de cada mulher, para os servir e os levar ao encontro com o Pai.

Dia após dia, durante toda a sua vida terrena, Jesus despojou-se de todo e qualquer sinal da sua grandeza, e ali prepara-se para dar a vida na cruz. E é precisamente nesse momento que Ele confia aos seus discípulos, como sua herança, a palavra que lhe está mais a peito:

“Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.”

É um convite claro e simples. Todos o podemos compreender e pôr em prática imediatamente, em todas as situações e em qualquer contexto social e cultural.

Os cristãos que receberam a revelação do Amor de Deus, por intermédio da vida e das palavras de Jesus, têm uma “dívida” para com os outros: imitar Jesus, acolhendo e servindo os irmãos, para se tornarem também arautos do Amor. Como Jesus: primeiro amar concretamente e depois acompanhar o gesto com palavras de esperança e amizade. E o testemunho é tanto mais eficaz quanto mais prestarmos atenção aos pobres, com espírito de gratuidade. Por outro lado, devemos evitar qualquer atitude de servilismo para com quem tem poder e prestígio.

Mesmo perante situações complexas, e até trágicas, que não conseguimos impedir, há sempre qualquer coisa que ainda podemos e devemos fazer para contribuir para o “bem” comum: sujar as mãos, com generosidade e responsabilidade, e sem nunca esperar recompensas.

Além disso, Jesus pede-nos que testemunhemos o Amor, não só pessoalmente, nos nossos ambientes de vida, mas também como comunidade, como povo de Deus, cuja lei fundamental é precisamente o amor recíproco.