terça-feira, 2 de abril de 2019

Palavra de Vida: “Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros” (Jo 13, 14).




O evangelista João, ao recordar as últimas horas passadas na companhia de Jesus antes da sua morte, põe no centro da narrativa o episódio de Jesus que lava os pés aos seus discípulos. Lavar os pés era, no antigo Oriente, um sinal de acolhimento ao hóspede, depois da viagem por estradas cheias de poeira. E era normalmente feito por um escravo. Precisamente por isso, num primeiro momento, os discípulos recusam aceitar esse gesto do seu Mestre. Mas depois, Ele explica-lhes:

“Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.”

Com esta imagem tão significativa, João revela-nos inteiramente a missão de Jesus: Ele, o Mestre e o Senhor, entrou na história humana para ir ao encontro de cada homem e de cada mulher, para os servir e os levar ao encontro com o Pai.

Dia após dia, durante toda a sua vida terrena, Jesus despojou-se de todo e qualquer sinal da sua grandeza, e ali prepara-se para dar a vida na cruz. E é precisamente nesse momento que Ele confia aos seus discípulos, como sua herança, a palavra que lhe está mais a peito:

“Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.”

É um convite claro e simples. Todos o podemos compreender e pôr em prática imediatamente, em todas as situações e em qualquer contexto social e cultural.

Os cristãos que receberam a revelação do Amor de Deus, por intermédio da vida e das palavras de Jesus, têm uma “dívida” para com os outros: imitar Jesus, acolhendo e servindo os irmãos, para se tornarem também arautos do Amor. Como Jesus: primeiro amar concretamente e depois acompanhar o gesto com palavras de esperança e amizade. E o testemunho é tanto mais eficaz quanto mais prestarmos atenção aos pobres, com espírito de gratuidade. Por outro lado, devemos evitar qualquer atitude de servilismo para com quem tem poder e prestígio.

Mesmo perante situações complexas, e até trágicas, que não conseguimos impedir, há sempre qualquer coisa que ainda podemos e devemos fazer para contribuir para o “bem” comum: sujar as mãos, com generosidade e responsabilidade, e sem nunca esperar recompensas.

Além disso, Jesus pede-nos que testemunhemos o Amor, não só pessoalmente, nos nossos ambientes de vida, mas também como comunidade, como povo de Deus, cuja lei fundamental é precisamente o amor recíproco.
“Se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.”

Após ter proferido estas palavras, Jesus continua: «Na verdade, dei-vos o exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também… Uma vez que sabeis isto, sereis felizes se o puserdes em prática» (1). Comentando esta frase do Evangelho, Chiara Lubich escreveu: «[…] “Sereis felizes…”. O serviço recíproco, o amor mútuo que Jesus ensina com este gesto desconcertante é, portanto, uma das bem-aventuranças ensinadas por Jesus. […] Como havemos de viver, durante este mês, esta palavra? A imitação que Jesus nos pede não consiste em repetir pedestremente o seu gesto, mesmo se o devemos ter sempre diante de nós, como um luminosíssimo e incomparável exemplo. Imitar Jesus significa compreender que a nossa vida de cristãos tem sentido se vivermos “para” os outros. Se entendermos a nossa existência como um serviço aos irmãos. Se toda a nossa vida se basear nisto. Então teremos realizado aquilo que Jesus tem mais a peito. Teremos centrado o Evangelho. Seremos realmente felizes, bem-aventurados (2).


Letizia Magri
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1) Cf. Jo 13, 15-17; 2) C. Lubich, Parola di Vita abril 1982, in Parole di Vita, por Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5, Città Nuova, Roma 2017), pp. 233, 235.
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Movimento dos Focolares

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