segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Pedagogia Litúrgica para Dezembro de 2017: "Natal: encontro da humanidade com Deus"


A Liturgia celebra o Natal em três grandes momentos: preparação, solenidade e celebrações natalinas. A preparação consta de quatro semanas, das quais as duas últimas são dedicadas a uma preparação mais próxima e mais intensa. A celebração da Solenidade do Natal consta de quatro Missas em momentos diferentes do dia e da noite e, por fim, as “celebrações natalinas” que constam de festas e solenidades, concluídas com a festa do Batismo de Jesus. Nossa atenção se concentrará no Lecionário proposto para o “Ano B”, que conta algumas peculiaridades, neste ano de 2017.

Tempo da preparação

O tempo de preparação denomina-se Advento, termo que designa espera, expectativa, tempo de preparação de um acontecimento importante. São quatro semanas de Advento, mas neste ano de 2017, teremos apenas três porque — e aqui está a primeira peculiaridade — o 4º Domingo do Advento será celebrado no dia 24 de dezembro. Isto significa que a Liturgia do 4º Domingo do Advento será celebrada somente nas Missas vespertinas de sábado à tarde-noite (23 de dezembro) e nas Missas Dominicais matutitas. As Missas de Domingo à tarde já serão Missas do Natal.

Desde a antiguidade, desde quando a Liturgia introduziu um tempo de preparação ao Natal, os dois primeiros Domingos do Advento são dedicados à 2ª vinda de Jesus Cristo. São Domingos escatológicos que, juntamente com os últimos Domingos do Tempo Comum, completam uma série de celebrações dedicadas à segunda vinda de Jesus Cristo. Nestas celebrações dedicadas à 2ª vinda do Senhor, o Advento é um tempo de preparação marcado pela virtude da vigilância.

O convite para se cultivar a virtude da vigilância, no “1º Domingo do Advento – B” é apresentado com dois símbolos: o caminho e o trabalho do porteiro. Vigilante para não tomar um caminho que não conduza ao encontro com Jesus, em sua 2ª vinda. Vigilância, vivendo atento, como deve ser o trabalho de um porteiro para impedir que algo estranho entre na casa (a vida pessoal) e impeça a preparação do encontro com o Senhor que vem.

O 2º Domingo do Advento do Ano B (Ano Litúrgico em curso) tem a particularidade de apresentar um dos principais personagens do Advento, João Batista, o qual é ligado à primeira vinda de Jesus. Por isso, a dimensão escatológica da preparação da 2ª vinda encontra-se na 2ª leitura e na eucologia. No Ano B, iluminando-se na 2ª leitura, o 2º Domingo do Advento é celebrado nos desertos da sociedade, o local onde João Batista continuando profetizando a necessidade de preparar caminhos que conduzam ao encontro do Senhor que um dia voltará.

A preparação do Natal, propriamente dita, denominada de preparação próxima do Natal, inicia-se no 3º Domingo do Advento, conhecido como “Dominca laetare” – “Domingo da Alegria” —, termo emprestado pela antífona de entrada: “alegrai-vos sempre no Senhor, alegrai-vos”. Neste 3º Domingo do Advento, a Igreja coloca flores na celebração e a Liturgia celebra a Eucaristia vestida com paramentos cor de rosa. Motivo disso? A aproximação do Natal de Jesus Cristo. Por isso, o 3º Domingo do Advento é o primeiro momento preparatório diretamente relacionado ao Natal; momento que prepara a 1ª vinda do Senhor, no Natal. Para tal, a Liturgia propõe aos celebrantes as figuras de Isaias e João Batista como testemunhas de uma nova esperança para a humanidade.

Por fim, o “4º Domingo do Advento”, Domingo essencialmente mariano, dedicado à Virgem Mãe. Ela está grávida do Menino Jesus e a Igreja proclama alegremente que “Ele está no meio de nós”. É uma celebração que conduz os celebrantes ao acolhimento do projeto divino, que se realiza no Natal, tendo Nossa Senhora como modelo de fé e de disponibilidade, condições indispensáveis para acolher o Menino Jesus. Uma celebração para incentivar os celebrantes a preparar suas vidas e seus corações a ser a casa de acolhida do Menino Jesus, a exemplo da Virgem Mãe Maria.  

Mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz 2018: "Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz".


MENSAGEM DO SANTO PADRE
FRANCISCO
PARA A CELEBRAÇÃO DO
51º DIA MUNDIAL DA PAZ 

1° DE JANEIRO DE 2018

Migrantes e refugiados: homens e mulheres em busca de paz

1. Votos de paz

Paz a todas as pessoas e a todas as nações da terra! A paz, que os anjos anunciam aos pastores na noite de Natal,[1] é uma aspiração profunda de todas as pessoas e de todos os povos, sobretudo de quantos padecem mais duramente pela sua falta. Dentre estes, que trago presente nos meus pensamentos e na minha oração, quero recordar de novo os mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados. Estes últimos, como afirmou o meu amado predecessor Bento XVI, «são homens e mulheres, crianças, jovens e idosos que procuram um lugar onde viver em paz».[2] E, para o encontrar, muitos deles estão prontos a arriscar a vida numa viagem que se revela, em grande parte dos casos, longa e perigosa, a sujeitar-se a fadigas e sofrimentos, a enfrentar arames farpados e muros erguidos para os manter longe da meta.

Com espírito de misericórdia, abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se veem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental.

Estamos cientes de que não basta abrir os nossos corações ao sofrimento dos outros. Há muito que fazer antes de os nossos irmãos e irmãs poderem voltar a viver em paz numa casa segura. Acolher o outro requer um compromisso concreto, uma corrente de apoios e beneficência, uma atenção vigilante e abrangente, a gestão responsável de novas situações complexas que às vezes se vêm juntar a outros problemas já existentes em grande número, bem como recursos que são sempre limitados. Praticando a virtude da prudência, os governantes saberão acolher, promover, proteger e integrar, estabelecendo medidas práticas, «nos limites consentidos pelo bem da própria comunidade retamente entendido, [para] lhes favorecer a integração»[3]. Os governantes têm uma responsabilidade precisa para com as próprias comunidades, devendo assegurar os seus justos direitos e desenvolvimento harmónico, para não serem como o construtor insensato que fez mal os cálculos e não conseguiu completar a torre que começara a construir.[4]

2. Porque há tantos refugiados e migrantes?

Na mensagem para idêntica ocorrência no Grande Jubileu pelos 2000 anos do anúncio de paz dos anjos em Belém, São João Paulo II incluiu o número crescente de refugiados entre os efeitos de «uma sequência infinda e horrenda de guerras, conflitos, genocídios, “limpezas étnicas”»[5] que caraterizaram o século XX. E até agora, infelizmente, o novo século não registou uma verdadeira viragem: os conflitos armados e as outras formas de violência organizada continuam a provocar deslocações de populações no interior das fronteiras nacionais e para além delas.

Todavia as pessoas migram também por outras razões, sendo a primeira delas «o desejo de uma vida melhor, unido muitas vezes ao intento de deixar para trás o “desespero” de um futuro impossível de construir».[6] As pessoas partem para se juntar à própria família, para encontrar oportunidades de trabalho ou de instrução: quem não pode gozar destes direitos, não vive em paz. Além disso, como sublinhei na Encíclica Laudato si’, «é trágico o aumento de migrantes em fuga da miséria agravada pela degradação ambiental».[7]

A maioria migra seguindo um percurso legal, mas há quem tome outros caminhos, sobretudo por causa do desespero, quando a pátria não lhes oferece segurança nem oportunidades, e todas as vias legais parecem impraticáveis, bloqueadas ou demasiado lentas.

Em muitos países de destino, generalizou-se largamente uma retórica que enfatiza os riscos para a segurança nacional ou o peso do acolhimento dos recém-chegados, desprezando assim a dignidade humana que se deve reconhecer a todos, enquanto filhos e filhas de Deus. Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos.[8]

Todos os elementos à disposição da comunidade internacional indicam que as migrações globais continuarão a marcar o nosso futuro. Alguns consideram-nas uma ameaça. Eu, pelo contrário, convido-vos a vê-las com um olhar repleto de confiança, como oportunidade para construir um futuro de paz.

Santa Bárbara


Santa Bárbara nasceu na cidade de Nicomédia na região da Bitínia, onde hoje se localiza a cidade de Izmit, na Turquia, às margens do Mar de Mármara. Bárbara viveu no final do Século III. Foi uma bela jovem, filha única de Dióscoro, um rico e nobre morador de Nicomédia.

Dióscoro não queria deixar sua filha única viver no meio da sociedade corrupta daquele tempo. Por isso, decidiu fechá-la numa torre. Lá, ela era ensinada por tutores da confiança de seu pai. Porém, aquilo que parecia um castigo, começou a abrir a mente de Bárbara. Do alto da torre ela contemplou a natureza: as estações do ano, a chuva, o sol, a neve, o frio, o calor, as aves, os animais, etc. Tudo isso fez Bárbara questionar se aquilo era realmente criação dos “deuses”, como seus tutores e seu povo creditavam, ou se havia “alguém” muito mais inteligente e poderoso por trás da criação.

Quando atingiu a idade para o casamento, por volta de 17 anos, seu pai a trouxe para casa e permitia que ela recebesse a visita de pretendentes, mas não permitia que ela visitasse a cidade. Bárbara era uma jovem muito bela e de família rica. Por isso, muitos eram os pretendentes que queriam se casar com ela. Mas Bárbara não aceitava nenhum, enxergando neles a superficialidade e o interesse, e nenhum toque de amor verdadeiro.

Para seu pai, isso era um problema sério, pois, segundo os costumes, ele tinha obrigação de casar sua filha. Dióscoro pensava que as “desfeitas” da filha diante dos pretendentes se davam por causa do tempo que ela passou na torre. Então, ele decidiu permitir que Bárbara conhecesse a cidade.

Santa Bárbara, então, começou a frequentar a cidade. Nessas visitas, acabou conhecendo os cristãos de Nicomédia. Estes passaram para Bárbara a mensagem de Jesus Cristo. Falaram-lhe também sobre o mistério da Santíssima Trindade. A novidade cristã tocou profundamente o coração de Bárbara. Com os cristãos ela encontrou a resposta para seus questionamentos: o Criador de tudo era o Deus Único e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo e não os deuses que seu povo cultuava.

Bárbara se converteu ao cristianismo de todo o coração. Logo, um padre vindo de Alexandria ministrou a ela o batismo. E Bárbara passou a ser uma jovem fervorosa e cheia de virtudes cristãs. Em Jesus Cristo ela encontrou o sentido mais profundo de sua vida.

Dióscoro, pai de Santa Bárbara, decidiu construir para ela uma casa de banho na torre, onde ele planejou instalar duas belas janelas. Quando a obra começou, Dióscoro teve que fazer uma longa viagem. Durante a viagem do pai, Santa Bárbara ordenou que construíssem uma terceira janela na obra. Sua intenção era que a torre tivesse três janelas em homenagem à Santíssima Trindade. Além disso, Santa Bárbara esculpiu uma cruz na torre.

Quando Dióscoro voltou, reparou logo nas mudanças feitas na construção e foi perguntar à filha o porquê daquilo. Santa Bárbara explicou que as mudanças eram símbolos de sua nova fé: três janelas em homenagem ao Deus Uno e Trino, Criador de todas as coisas. E a Cruz lembrava o sacrifício do Filho de Deus para salvar a humanidade. Dióscoro ficou furioso.

Ao perceber que a filha estava irredutível em sua fé cristã, Dióscoro, num impulso de ira, denunciou a filha ao prefeito da cidade. Este ordenou que Bárbara fosse torturada em praça pública, para tentar fazer com que a jovem renegasse a fé cristã. Porém, para surpresa de todos, Santa Bárbara não renegou sua fé, mesmo diante dos mais atrozes sofrimentos.

Durante a tortura, uma jovem cristã chamada Juliana denunciou os nomes dos carrascos, coisa que era expressamente proibida na época. Por isso, Juliana foi presa e condena à morte por decapitação juntamente com Santa Bárbara.


As duas jovens cristãs foram levadas amarradas pelas ruas de Nicomédia, sob os gritos furiosos de muita gente. Santa Bárbara teve os seios cortados. Depois, foi conduzida para fora da cidade. Lá, seu próprio pai a degolou.

Quando Dióscoro degolou a filha e a cabeça de Santa Bárbara rolou pelo chão, um raio riscou o céu e um enorme trovão foi ouvido pelo povo. E, para o assombro de todos, o corpo de Dióscoro caiu no chão sem vida, atingido pelo raio. Parece que a natureza se revoltou contra a atitude desse pai infanticida.

Depois deste fato, Santa Bárbara ganhou o status de "protetora contra relâmpagos e tempestades", além de ser nomeada Padroeira dos artilheiros, dos mineradores e das pessoas que trabalham com fogo.

A festa de Santa Bárbara é celebrada na Igreja Católica e na Igreja Ortodoxa no dia 4 de Dezembro de cada ano e não pode e nem deve ser identificada com nenhuma entidade espiritual como costumam fazer integrantes da Umbanda sincretizando-a com Iansã um orixá (oiá, nagô ou xangô). Ao contrário, como vimos, Santa Bárbara foi uma mulher cristã que defendeu a sua fé católica e acreditava no Deus Uno e Trino, rejeitando qualquer forma de paganismo e idolatria, por isso foi morta e tornou-se mártir da fé cristã.

A grande mensagem de Santa Bárbara destina-se a todos aqueles que buscam a verdade, principalmente os jovens. Ela nos ensina a buscar a verdade com coração sincero e aberto. Ensina também que o casamento não deve acontecer por mero interesse, mas sim por amor. Por fim, Santa Bárbara nos dá uma mensagem de coragem e fé. A palavra mártir quer dizer testemunha e se aplica aos cristãos que preferiram morrer a negar sua fé e pecar. Este é o grande testemunho de Santa Bárbara.


Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura. Ficai sempre ao meu lado para que possa enfrentar de fronte erguida e rosto sereno todas as tempestades e batalhas de minha vida, para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido, possa agradecer a vós, minha protetora, e render graças a Deus, criador do céu, da terra e da natureza: este Deus que tem poder de dominar o furor das tempestades e abrandar a crueldade das guerras. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

domingo, 3 de dezembro de 2017

Baixa audiência de “Apocalipse” seria por ataques à Igreja Católica


Cercada de grande expectativa desde o seu lançamento, a novela bíblica Apocalipse não está conseguindo repetir o sucesso de suas antecessoras. A trama de Vivian de Oliveira viu seus índices despencarem ao longo da segunda semana de exibição.

Na quarta-feira (29), chegou a registrar 8 pontos em diversos minutos em sua exibição, deixando-a em terceiro lugar no Ibope. O mesmo aconteceu na quinta (30) quando mostrou o nascimento do Anticristo, marcando 9.0 pontos de média. No mesmo horário, a Globo estava com com 31.2 e o SBT manteve a a vice-liderança com 10.9 pontos.

Segundo sites especializados como o TV em Foco, um dos motivos da baixa audiência seria as modificações no rumo da história, resultado das intervenções de bispos da Igreja Universal. O dono da Record é Edir Macedo, fundador da igreja e desafeto declarado dos católicos.

Os cortes na narrativa são visíveis e alguns atores importantes perderam espaço. Sérgio Marone, que interpreta o Anticristo, está narrando algumas sequências.

A Igreja da Sagrada Luz, que guarda similaridades notáveis com o catolicismo romano, está no centro do problema. 

Encontro com os jovens conclui viagem do Papa a Bangladesh


VIAGEM DO PAPA FRANCISCO A MIANMAR E BANGLADESH
(26 DE NOVEMBRO – 2 DE DEZEMBRO DE 2017)

Encontro com os jovens no Notre Dame College de Dhaka
Sábado, 2 de dezembro de 2017


Amados jovens, queridos amigos, boa tarde!

Finalmente encontramo-nos! Sinto-me grato a todos pela vossa calorosa recepção. Agradeço a D. Gervas [Rozario] as suas amáveis palavras, a Upasana e Anthony os seus testemunhos. Há qualquer coisa de único nos jovens: estais sempre cheios de entusiasmo e sinto-me rejuvenescer sempre que vos encontro. Upasana, falaste disto no teu testemunho, quando disseste que eras verdadeiramente «muito entusiasta» e posso vê-lo e notá-lo. Este entusiasmo juvenil está ligado com o espírito de aventura. Expressou-o um dos vossos poetas nacionais, Kazi Nazrul Islam, ao definir a juventude do país como «arrojada», «habituada a arrancar a luz do ventre das trevas». Os jovens estão sempre prontos para avançar, fazer com que as coisas aconteçam e correr riscos. Encorajo-vos a avançar com este entusiasmo nas circunstâncias boas e nas más. Avançar, especialmente nos momentos em que vos sentis oprimidos pelos problemas e pela tristeza e, olhando para fora, parece que Deus não Se faz ver no horizonte.

Mas, ao avançar, certificai-vos de escolher o caminho certo. Que significa isto? Significa saber viajar na vida, não vagar sem rumo. A nossa não é vida sem direção; tem um objetivo, que nos foi dado por Deus. Ele guia-nos, orientando-nos com a sua graça. É como se tivesse colocado dentro de nós um software, que nos ajuda a discernir o seu programa divino e a responder-lhe livremente. Mas, como qualquer software, também este precisa de ser constantemente atualizado. Mantende atualizado o vosso programa, prestando ouvidos ao Senhor e aceitando o desafio de fazer a sua vontade.

Anthony, fizeste referência a este desafio no teu testemunho, quando disseste que sois homens e mulheres que estais a «crescer num mundo frágil que clama por sabedoria». Usaste a palavra sabedoria e, com ela, forneceste-nos a chave. Quando se passa do viajar ao vagar sem rumo, perdeu-se toda a sabedoria! A única coisa que nos orienta e faz avançar pelo caminho certo é a sabedoria, a sabedoria que nasce da fé. Não é a falsa sabedoria deste mundo. É a sabedoria que se vislumbra nos olhos dos pais e dos avós, que puseram a sua confiança em Deus. Como cristãos, podemos ver nos seus olhos a luz da presença de Deus, a luz que descobriram em Jesus, que é a própria sabedoria de Deus (cf. 1 Cor 1, 24). Para receber esta sabedoria, devemos ver o mundo, as nossas situações, os nossos problemas… tudo com os olhos de Deus. Recebemos esta sabedoria quando começamos a ver as coisas com os olhos de Deus, a escutar os outros com os ouvidos de Deus, a amar com o coração de Deus e a avaliar as coisas com os valores de Deus.

Esta sabedoria ajuda-nos a identificar e rejeitar as promessas falsas de felicidade. Uma cultura que faz promessas falsas não pode libertar; conduz apenas a um egoísmo que enche o coração de escuridão e amargura. Pelo contrário, a sabedoria de Deus ajuda-nos a saber como acolher e aceitar aqueles que agem e pensam de forma diferente de nós. É triste quando começamos a fechar-nos no nosso pequeno mundo e nos retraímos em nós próprios. Então adotamos o princípio «ou é como digo eu, ou não se faz nada», acabando enredados, fechados em nós mesmos. Quando um povo, uma religião ou uma sociedade se tornam um «pequeno mundo», perdem o melhor que têm e precipitam numa mentalidade presunçosa, que faz dizer «eu sou bom, tu és mau». Upasana, destacaste as consequências desta maneira de pensar, quando disseste: «perdemos a direção e perdemo-nos a nós mesmos» e «a vida torna-se insensata». A sabedoria de Deus abre-nos aos outros. Ajuda-nos a olhar para além das nossas comodidades pessoais e das falsas seguranças que nos deixam cegos perante os grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna de ser vivida.

Alegro-me por estarem connosco, ao lado dos católicos, muitos jovens amigos muçulmanos e doutras religiões. Com o facto de vos encontrardes aqui hoje, mostrais a vossa determinação de promover um clima de harmonia, onde se estende a mão aos outros, apesar das vossas diferenças religiosas. Isto lembra-me uma experiência que tive em Buenos Aires, numa nova paróquia situada numa área extremamente pobre. Um grupo de estudantes estava a construir alguns locais para a paróquia e o padre convidara-me para ir encontrá-los. Fui e, quando cheguei à paróquia, o padre apresentou-mos um a um, dizendo: «Este é o arquiteto, é judeu, este é comunista, este é católico praticante» (Saudação aos Jovens do Centro Cultural P. F. Varela, Havana, 20 de setembro de 2015). Aqueles estudantes eram todos diferentes, mas estavam todos a trabalhar para o bem comum. Estavam abertos à amizade social e decididos a dizer não a qualquer coisa que pudesse afastá-los do propósito de estarem juntos e se ajudarem uns aos outros. 

Aos consagrados de Bangladesh, Papa pede atenção às divisões e nada de tristeza


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A MYANMAR E BANGLADESH
(26 DE NOVEMBRO - 2 DE DEZEMBRO DE 2017)

ENCONTRO COM OS SACERDOTES, CONSAGRADOS, 
SEMINARISTAS E NOVIÇOS

DISCURSO DO SANTO PADRE

Igreja do Santo Rosário (Daca)
Sábado, 2 de dezembro de 2017

Amados irmãos e irmãs!

Sinto-me muito feliz por estar convosco. Agradeço ao Arcebispo Moses [Costa] a calorosa saudação que me fez em vosso nome. Estou especialmente agradecido a quantos ofereceram os seus testemunhos e partilharam connosco o seu amor a Deus. Expresso a minha gratidão também ao Padre Mintu [Palma] por ter composto a oração que, em breve, recitaremos a Nossa Senhora. Como sucessor de Pedro, é meu dever confirmar-vos na fé. Mas gostaria que soubésseis que hoje, através das vossas palavras e da vossa presença, também vós me confirmais na fé e me dais uma grande alegria.

A Comunidade católica no Bangladesh é pequena. Mas sois como o grão de mostarda que Deus, no tempo devido, fará árvore perfeita (cf. Mt 13, 31-32). Alegro-me por ver como cresce este grão e por ser testemunha direta da fé profunda que Deus vos deu. Penso nos missionários dedicados e fiéis que plantaram e cuidaram deste grão de fé durante quase cinco séculos. Em breve, visitarei o cemitério e rezarei por estes homens e mulheres que serviram, com tanta generosidade, esta Igreja local. Pousando os olhos em vós, vejo missionários que continuam esta santa obra. Vejo também muitas vocações nascidas nesta terra: são um sinal das graças com que o Senhor a está a abençoar. Uma alegria particular me dão as irmãs de clausura com a sua presença entre nós e as suas orações.

É significativo que o nosso encontro tenha lugar nesta antiga Igreja do Santo Rosário. O Rosário é uma meditação magnífica sobre os mistérios da fé que são a seiva vital da Igreja; uma oração que forja a vida espiritual e o serviço apostólico. Quer sejamos sacerdotes, religiosos, consagrados, seminaristas ou noviços, a oração do Rosário incentiva-nos a dar as nossas vidas completamente a Cristo, em união com Maria. Convida-nos a participar na solicitude de Maria para com Deus no momento da Anunciação, na compaixão de Cristo por toda a humanidade quando está pregado na cruz e na alegria da Igreja quando recebe, do Senhor ressuscitado, o dom do Espírito Santo.

A solicitude de Maria. Terá havido, ao longo da história, uma pessoa tão solícita como Maria no momento da Anunciação? Deus preparou-A para aquele momento e Ela respondeu com amor e confiança. Assim também o Senhor preparou cada um de nós e nos chamou pelo nome. Responder a tal chamada é um processo que dura toda a vida. Cada dia, somos chamados a aprender a ser mais solícitos para com o Senhor na oração, meditando as suas palavras e procurando discernir a sua vontade. Sei que o trabalho pastoral e o apostolado exigem muito de vós e que muitas vezes as vossas jornadas são longas e vos deixam cansados. Mas não podemos levar o nome de Cristo ou participar na sua missão, sem sermos antes de tudo homens e mulheres radicados no amor, inflamados pelo amor, através do encontro pessoal com Jesus na Eucaristia e nas palavras da Sagrada Escritura. Isto mesmo nos lembraste, Padre Abel, quando falaste da importância de intensificar uma relação íntima com Jesus, porque nela experimentamos a sua misericórdia e dela recebemos uma nova energia para servir os outros.

A solicitude pelo Senhor permite-nos ver o mundo através dos olhos d’Ele e, deste modo, tornar-nos mais sensíveis às necessidades daqueles a quem servimos. Começamos a entender as suas esperanças e alegrias, os medos e pesos, vemos de forma mais clara os numerosos talentos, carismas e dons que trazem para construir a Igreja na fé e na santidade. Irmão Lawrence, ao falares do teu eremitério, ajudaste-nos a compreender a importância de cuidar das pessoas procurando saciar a sua sede espiritual. Que todos vós possais, na grande variedade dos vossos serviços de apostolado, ser uma fonte de restauração espiritual e de inspiração para aqueles que servis, tornando-os capazes de partilhar cada vez mais plenamente os seus dons entre eles, promovendo a missão da Igreja.

Nossa Senhora de Filermo, padroeira do Mediterrâneo


A República de Malta é um arquipélago com três ilhas principais: Comino, Gozo e Malta a maior delas, que cedeu o nome à nação. Situada no centro do Mar Mediterrâneo. Os visitantes ficam fascinados com seus atrativos naturais e esplendidos templos erguidos com o belo calcário local, de cor dourada.

Estas igrejas não são uma referência do passado, mas a memória presente e viva da fé cristã deste povo evangelizado por São Paulo Apóstolo. Os malteses têm veneração profunda por Maria, Mãe de Deus, que sempre intercedeu por eles de maneira especial. Tal devoção também pode ser constatada no fato de que, cerca de dez imagens marianas veneradas foram coroadas canonicamente, como a de Nossa Senhora de Filermo, Padroeira de Malta.

A devoção dos malteses à padroeira começou em 1530, quando Carlos V entregou Malta como feudo perpétuo à Ordem dos Cavaleiros de São João de Jerusalém, razão pela qual adotou o nome de Ordem de Malta. Esta Ordem religiosa de fidalguia é a mais antiga. Surgiu na época das organizações das cruzadas, para defender os territórios reconquistados na Terra Santa contra os ataques dos muçulmanos.

Quando a Terra Santa foi novamente tomada pelos muçulmanos. Os Cavaleiros de São João de Jerusalém se refugiaram na Grécia. Primeiro na ilha de Chipre e depois na de Rodes, onde no santuário de Monte Filermo era venerada a imagem milagrosa da Maria, com o título de "Qeovtoko Filevremou", a Mãe de Deus de Filermo. Neste momento iniciou a veneração dos Cavaleiros por Nossa Senhora de Filermo, depois eleita Padroeira dos Cavaleiros de Malta.

No século XVI, com a possessão definitiva de Malta, os Cavaleiros conseguiram trasladar o ícone para igreja de São Lourenço de Birgu, em Malta, onde ganhou a devoção do povo e reforçou sua fama, ao se salvar milagrosamente de um incêndio. Em 1941, a iminente invasão nazista seu destino se tornou um mistério. Entretanto, uma cópia deste ícone foi entregue aos Cavaleiros de Malta, que decidiram deixá-la na Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis, Itália. E para alegria dos devotos, confirmando a fé na poderosa intercessão de Nossa Senhora de Filermo, a imagem original apareceu em 1997.


Venerada tanto pela Igreja Católica como pela Igreja Ortodoxa, foi declarada Padroeira do Mediterrâneo, também. Nossa Senhora de Filermo é celebrada em várias datas especiais, principalmente no dia 08 de setembro e 03 de dezembro.


Lembrai-Vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, e reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado.Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, Virgem entre todas singular, como a Mãe recorro, de Vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro aos Vossos pés. Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia e de me alcançar o que Vos rogo. Amém.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Em Bangladesh, Papa destaca esforços comuns das religiões pela paz


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A MYANMAR E BANGLADESH
(26 DE NOVEMBRO - 2 DE DEZEMBRO DE 2017)

ENCONTRO INTER-RELIGIOSO E ECUMÊNICO
 EM PROL DA PAZ  EM BANGLADESH

DISCURSO DO SANTO PADRE

Residência do Arcebispo (Ramna, Daca)
Sexta-feira, 1° de dezembro de 2017

Ilustres Convidados,
Queridos Amigos!

O nosso encontro, que reúne os representantes das diversas comunidades religiosas deste país, constitui um momento muito significativo da minha visita ao Bangladesh. Reunimo-nos para aprofundar a nossa amizade e para expressar o desejo comum do dom duma paz genuína e duradoura.

A minha gratidão ao Cardeal D'Rozario pelas suas amáveis palavras de boas-vindas e a quantos me acolheram calorosamente em nome das comunidades muçulmana, hindu, budista cristã e também da sociedade civil. Agradeço ao Bispo anglicano de Daca a sua presença, às várias Comunidades cristãs e a todos aqueles que contribuíram para tornar possível este encontro.

As palavras que ouvimos e também os cânticos e danças que animaram a nossa assembleia falaram-nos eloquentemente do desejo de harmonia, fraternidade e paz encarnado nos ensinamentos das religiões do mundo. Que o nosso encontro desta tarde seja um sinal claro dos esforços empreendidos pelos líderes e seguidores das religiões presentes neste país para viverem juntos no respeito mútuo e na boa vontade. No Bangladesh, onde o direito à liberdade religiosa é um princípio fundamental, que este compromisso seja um apelo respeitoso, mas firme, a quem procura fomentar divisão, ódio e violência em nome da religião.

Constitui um sinal particularmente reconfortante dos nossos tempos o facto de os crentes e pessoas de boa vontade se sentirem cada vez mais chamados a cooperar na formação duma cultura do encontro, diálogo e colaboração ao serviço da família humana. Isto requer mais do que simples tolerância; estimula-nos a estender a mão ao outro numa atitude de mútua confiança e compreensão, para construir uma unidade que considere a diversidade, não como ameaça, mas como potencial fonte de enriquecimento e crescimento. Anima a exercitar-nos na abertura do coração, para ver os outros como um caminho e não como um obstáculo.

Permiti-me explorar, brevemente, algumas características essenciais desta «abertura do coração», que é a condição para uma cultura do encontro.

Em primeiro lugar, é uma porta. Não é uma teoria abstrata, mas uma experiência vivenciada. Permite-nos empreender, não um mero intercâmbio de ideias, mas um diálogo de vida. Requer boa vontade e acolhimento, mas não deve ser confundida com a indiferença ou a hesitação em expressar as nossas convicções mais profundas. Comprometer-se frutuosamente com o outro significa partilhar as nossas diferentes identidades religiosas e culturais, mas sempre com humildade, honestidade e respeito.

A abertura do coração é semelhante também a uma escada que alcança o Absoluto. Ao lembrar esta dimensão transcendente da nossa atividade, damo-nos conta da necessidade de purificar os nossos corações, para podermos ver todas as coisas na sua verdadeira perspetiva. Passo a passo, ir-se-á tornando mais clara a nossa visão e receberemos a força para perseverar no compromisso de compreender e valorizar os outros e o seu ponto de vista. Assim, encontraremos a sabedoria e a força necessárias para estender a todos a mão da amizade.

A abertura do coração é também um caminho, que leva à busca de bondade, justiça e solidariedade. Induz a procurar o bem do nosso próximo. Assim exortou São Paulo, na sua carta aos cristãos de Roma: «Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem» (12, 21). Trata-se de um sentimento que todos nós podemos imitar. A solicitude religiosa pelo bem do nosso próximo, que brota dum coração aberto, flui como um grande rio, irrigando as terras áridas e desertas do ódio, da corrupção, da pobreza e da violência que lesa imenso as vidas humanas, divide as famílias e desfigura o dom da criação.

As várias comunidades religiosas do Bangladesh abraçaram de modo particular este caminho no compromisso pelo cuidado da terra, nossa casa comum, e na resposta aos desastres naturais que afligiram a nação nos últimos anos. Penso também na manifestação coletiva de pesar, oração e solidariedade que se seguiu ao trágico desabamento do Rana Plaza, que permanece gravado na mente de todos. Nestas expressões, vemos como o caminho da bondade leva à cooperação no serviço dos outros.