quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Myanmar: Discurso do Papa no encontro com o Conselho Supremo Budista


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A MYANMAR E BANGLADESH
(26 DE NOVEMBRO - 2 DE DEZEMBRO DE 2017)

ENCONTRO COM O CONSELHO SUPREMO SHANGA DOS MONGES BUDISTAS

DISCURSO DO SANTO PADRE 
À COMISSÃO ESTATAL SANGHA MAHA NAYAKA

Kaba Aye Center (Yangon)
Quarta-feira, 29 de novembro de 2017


Sinto grande alegria por estar convosco. Agradeço ao Ven. Bhaddanta Kumarabhivamsa, Presidente da Comissão Estatal Sangha Maha Nayaka, as suas palavras de boas-vindas e os seus esforços na organização da minha visita aqui hoje. Ao saudar-vos a todos, permiti-me manifestar particular apreço pela presença de Sua Excelência Thura Aung Ko, Ministro dos Assuntos Religiosos e da Cultura.

O nosso encontro é uma ocasião importante para renovar e fortalecer os laços de amizade e respeito entre budistas e católicos. É também uma oportunidade para afirmar o nosso empenho pela paz, o respeito da dignidade humana e a justiça para todo o homem e mulher. E não é só no Myanmar, mas em todo o mundo, que as pessoas precisam deste testemunho comum dos líderes religiosos. Com efeito, quando falamos a uma só voz afirmando o valor perene da justiça, da paz e da dignidade fundamental de todo o ser humano, oferecemos uma palavra de esperança. Ajudamos os budistas, os católicos e todas as pessoas a lutarem por uma maior harmonia nas suas comunidades.

Em cada idade, a humanidade experimenta injustiças, momentos de conflito e desigualdade entre as pessoas. No nosso tempo, porém, estas dificuldades parecem ser particularmente graves. Embora a sociedade tenha conseguido um grande progresso tecnológico e, em todo o mundo, as pessoas estejam cada vez mais conscientes da sua humanidade e destino comuns, as feridas dos conflitos, da pobreza e da opressão persistem e criam novas divisões. A estes desafios, não devemos jamais resignar-nos. Pois sabemos, com base nas nossas respetivas tradições espirituais, que existe realmente um caminho para avançar, há um caminho que leva à cura, à mútua compreensão e respeito; um caminho baseado na compaixão e no amor.

Quero expressar a minha estima a todos aqueles que vivem, no Myanmar, segundo as tradições religiosas do Budismo. Através dos ensinamentos de Buda e do testemunho zeloso de tantos monges e monjas, o povo desta terra foi formado nos valores da paciência, tolerância e respeito pela vida, bem como numa espiritualidade solícita e profundamente respeitadora do meio ambiente. Como sabemos, estes valores são essenciais para um desenvolvimento integral da sociedade, a começar pela unidade mais pequena e mais essencial que é a família para depois se estender à rede de relações que nos põem em estreita conexão – relações essas radicadas na cultura, na pertença étnica e nacional, e, em última análise, na pertença à humanidade comum. Numa verdadeira cultura do encontro, estes valores podem fortalecer as nossas comunidades e ajudar o conjunto da sociedade a irradiar a tão necessária luz.

O grande desafio dos nossos dias é ajudar as pessoas a abrir-se ao transcendente; ser capazes de olhar-se dentro em profundidade, conhecendo-se de tal modo a si mesmas que sintam a sua interconexão com todas as pessoas; dar-se conta de que não podemos permanecer isolados uns dos outros. Se devemos estar unidos, como é nosso propósito, ocorre superar todas as formas de incompreensão, intolerância, preconceito e ódio. Como podemos consegui-lo? As palavras de Buda oferecem a cada um de nós uma guia: «Vence o rancor com o não-rancor, vence o malvado com a bondade, vence o avarento com a generosidade, vence o mentiroso com a verdade» (Dhammapada, XVII, 223). Sentimentos semelhantes se expressam nesta oração atribuída a São Francisco de Assis: «Senhor, fazei-me instrumento da vossa paz. Onde houver ódio fazei que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, (...) onde houver trevas que eu leve a luz, e onde houver tristeza que eu leve a alegria».

Papa preside Missa em Myanmar: só o perdão cura as feridas da violência


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A MYANMAR E BANGLADESH
(26 DE NOVEMBRO - 2 DE DEZEMBRO DE 2017)

SANTA MISSA

HOMILIA DO SANTO PADRE

Kyaikkasan Ground (Yangon)
Quarta-feira, 29 de novembro de 2017


Amados irmãos e irmãs!

Há muito tempo que anelava por este momento da minha vinda ao país. Muitos de vós viestes de longe e de áreas montanhosas remotas, e não poucos mesmo a pé. Eu vim como peregrino para vos ouvir e aprender de vós, e para vos oferecer algumas palavras de esperança e consolação.

A primeira leitura de hoje, do livro de Daniel, ajuda-nos a ver como era limitada a sabedoria do rei Baltasar e dos seus videntes. Sabiam como louvar «os deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra» (Dn 5, 4), mas não possuíam a sabedoria para louvar a Deus em cujas mãos está a nossa vida e a nossa respiração. Ao contrário, Daniel tinha a sabedoria do Senhor e era capaz de interpretar os seus grandes mistérios.

O intérprete definitivo dos mistérios de Deus é Jesus. Ele é a sabedoria de Deus em pessoa (cf. 1 Cor 1, 24). Jesus não nos ensinou a sua sabedoria com longos discursos ou por meio de grandes demonstrações de poder político ou terreno, mas com a oferta da sua vida na cruz. Às vezes, podemos cair na armadilha de confiar na nossa própria sabedoria, mas a verdade é que facilmente perdemos o sentido da direção. Então é necessário lembrar-nos de que dispomos, à nossa frente, duma bússola segura: o Senhor crucificado. Na cruz, encontramos a sabedoria, que pode guiar a nossa vida com a luz que provém de Deus.

E da cruz vem também a cura. Lá, Jesus ofereceu as suas feridas ao Pai por nós: mediante as suas feridas, somos curados (cf. 1 Pd 2, 4). Que nunca nos falte a sabedoria de encontrar, nas feridas de Cristo, a fonte de toda a cura! Sei que muitos no Myanmar carregam as feridas da violência, quer visíveis quer invisíveis. A tentação é responder a estas lesões com uma sabedoria mundana que, como a do rei na primeira leitura, está profundamente deturpada. Pensamos que a cura possa vir do rancor e da vingança. Mas o caminho da vingança não é o caminho de Jesus.

O caminho de Jesus é radicalmente diferente. Quando o ódio e a rejeição O conduziram à paixão e à morte, Ele respondeu com o perdão e a compaixão. No Evangelho de hoje, o Senhor diz-nos que, à sua semelhança, podemos também deparar-nos com a rejeição e tantos obstáculos, mas nessa ocasião dar-nos-á uma sabedoria a que ninguém pode resistir (cf. Lc 21, 15). Aqui Ele fala do Espírito Santo, por Quem o amor de Deus foi derramado nos nossos corações (cf. Rm 5, 5). Com o dom do Espírito, Jesus torna cada um de nós capaz de ser sinal da sua sabedoria, que triunfa sobre a sabedoria deste mundo, e da sua misericórdia, que dá alívio mesmo às feridas mais dolorosas.

Na véspera da sua paixão, Jesus deu-Se aos Apóstolos sob as espécies do pão e do vinho. No dom da Eucaristia, com os olhos da fé, não só reconhecemos o dom do seu corpo e sangue, mas aprendemos também a encontrar repouso nas suas feridas, sendo nelas purificados de todos os nossos pecados e extravios. Buscando refúgio nas feridas de Cristo, possais vós, queridos irmãos e irmãs, experimentar o bálsamo salutar da misericórdia do Pai e encontrar a força de o levar aos outros, ungindo cada uma das suas feridas e dolorosas lembranças. Deste modo, sereis testemunhas fiéis da reconciliação e da paz que Deus quer que reine em cada coração humano e em todas as comunidades.

O futuro de Myanmar deve ser a paz, diz Papa às autoridades do país


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO A MYANMAR E BANGLADESH
(26 DE NOVEMBRO - 2 DE DEZEMBRO DE 2017)

ENCONTRO COM AS AUTORIDADES GOVERNAMENTAIS, 
COM A SOCIEDADE CIVIL E COM O CORPO DIPLOMÁTICO

DISCURSO DO SANTO PADRE

Centro Internacional de Congressos (Nay Pyi Taw)
Terça-feira, 28 de novembro de 2017


Senhora Conselheira de Estado,
Ilustres membros do Governo e Autoridades Civis,
Senhor Cardeal, Veneráveis Irmãos no Episcopado,
Distintos membros do Corpo Diplomático,
Senhoras e Senhores!

Expresso vivo reconhecimento pelo amável convite para visitar o Myanmar e agradeço à Senhora Conselheira de Estado as suas cordiais palavras.

Estou muito grato a todos aqueles que trabalharam incansavelmente para tornar possível esta visita. Venho sobretudo para rezar com a pequena mas fervorosa comunidade católica da nação, para a confirmar na fé e encorajá-la no esforço de contribuir para o bem da nação. Motivo de contentamento é o facto de a minha visita se realizar depois do estabelecimento formal das relações diplomáticas entre o Myanmar e a Santa Sé. Apraz-me ver esta decisão como sinal do empenho da nação em prosseguir o diálogo e a cooperação construtiva dentro da comunidade internacional alargada, bem como em renovar o tecido da sociedade civil.

Gostaria também que a minha visita pudesse atingir toda a população do Myanmar e oferecer uma palavra de encorajamento a todos aqueles que estão a trabalhar para construir uma ordem social justa, reconciliada e inclusiva. O Myanmar foi abençoado com o dom duma beleza extraordinária e numerosos recursos naturais, mas o maior tesouro dele é, sem dúvida, o seu povo, que sofreu muito e continua a sofrer por causa de conflitos civis e hostilidades que duraram muito tempo e criaram profundas divisões. Uma vez que agora a nação está a trabalhar por restaurar a paz, a cura destas feridas não pode deixar de ser uma prioridade política e espiritual fundamental. Só posso expressar apreço pelos esforços do Governo em enfrentar este desafio, em particular através da Conferência de Paz de Panglong, que reúne os representantes dos vários grupos numa tentativa para pôr fim à violência, criar confiança e garantir o respeito pelos direitos de quantos consideram esta terra como a sua casa.

Com efeito, o árduo processo de construção da paz e reconciliação nacional só pode avançar através do compromisso com a justiça e do respeito pelos direitos humanos. A sabedoria dos antigos definiu a justiça como a vontade de reconhecer a cada um aquilo que lhe é devido, enquanto os antigos profetas a consideraram como o fundamento da paz verdadeira e duradoura. Estas intuições, confirmadas pela trágica experiência de duas guerras mundiais, levaram à criação das Nações Unidas e à Declaração Universal dos Direitos Humanos como base dos esforços da comunidade internacional para promover a justiça, a paz e o progresso humano em todo o mundo e para resolver os conflitos através do diálogo, e não com o uso da força. Neste sentido, a presença do Corpo Diplomático entre nós testemunha não só o lugar que o Myanmar ocupa entre as nações, mas também o compromisso do país em manter e perseguir estes princípios fundamentais. O futuro do Myanmar deve ser a paz, uma paz fundada no respeito pela dignidade e os direitos de cada membro da sociedade, no respeito por cada grupo étnico e sua identidade, no respeito pelo Estado de Direito e uma ordem democrática que permita a cada um dos indivíduos e a todos os grupos – sem excluir nenhum – oferecer a sua legítima contribuição para o bem comum.

Jornalista incentiva a “queimar a Igreja Católica” e sacerdote responde


Eduardo Quintana, que se apresenta no LinkedIn como "jornalista e colunista" do jornal paraguaio ABC Color, assegurou que "devemos queimar a Igreja Católica". Um sacerdote lhe respondeu através das redes sociais.

Em seu perfil no Facebook, Quintana escreveu em 28 de novembro: "Será que alguém tem dúvidas? Claro que é necessário queimar a Igreja Católica! Mas para que isso aconteça, a população deve ser muito educada, algo utópico no Paraguai".

O jornalista paraguaio publicou outras mensagens ofensivas aos católicos nas suas redes sociais.

No dia 28 de novembro também descreveu a devoção à Virgem de Caacupé, padroeira do Paraguai, de um "negócio" que "se mantêm graças à superstição, ignorância e obscurantismo da sociedade", e criticou que a população paraguaia acredite "ainda que uma boneca de argila, madeira ou plástico resolverá os seus problemas".

"O aborto, a eutanásia e o casamento gay em algum momento serão aceitos legalmente no Paraguai e a Igreja Católica não terá outra como não aceitar", escreveu em certa ocasião e acrescentou que "os pobres católicos que não se adaptam ao século XXI, devem saber que já não estamos em épocas escuras".

Homilética: 2º Domingo do Tempo do Advento - Ano B: "Trigo ao celeiro, palha ao fogo!"


Advento! Tempo de se preparar para acolher o Senhor que vem! Por mais escuro que esteja o horizonte à nossa frente, precisamos acreditar que dias melhores virão, pois Deus é fiel e não abandona seu povo. Este período do Ano Litúrgico põe em realce as duas figuras que desempenharam um papel saliente na preparação da vinda histórica do Senhor Jesus: a Virgem Maria e São João Batista. Precisamente sobre São João Batista se concentra o texto do Evangelho de hoje ( Mc 1, 1-8). De fato, o texto descreve a personalidade e a missão do Precursor de Cristo. Começando pelo aspecto externo, João é apresentado como uma figura muito ascética: vestido de pele de camelo, alimenta-se de gafanhotos e mel selvagem, que se encontra no deserto da Judeia (Mc 1,6). O próprio Jesus, certa vez, o contrapôs àqueles que se “encontram nos palácios dos reis” e que “usam roupas delicadas” (Mt 11, 8). O estilo de João Batista deveria chamar todos os cristãos a escolher a sobriedade como modelo de vida, especialmente em preparação para a festa do Natal, na qual o Senhor – como diria São Paulo – “sendo rico, Se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer pela pobreza” (2Cor8, 9).

Na linha da pregação de João Batista, acodem-me à mente as palavras do Profeta Isaías: “Uma voz clama: abri no deserto um caminho para o Senhor  […]. Que todo vale seja aterrado, que toda montanha e colina sejam abaixadas… Subi a uma alta montanha, para anunciar a boa nova a Sião. Elevai com força a voz…, dizei às cidades de Judá: “Eis o vosso Deus!” (Is 40, 1-5.9-11).

“Preparai o caminho do Senhor” (Is 40,3). Para Isaías, o caminho do Senhor é um caminho de conversão: “Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados” (v. 4). Os Padres da Igreja associam esses vales, essas montanhas, essas tortuosidades às nossas paixões, a tudo o que turva a visão de nosso coração, impedindo-a de contemplar as coisas do alto (Cl 3,1).

Marcos e Isaías falam da mesma pessoa, porque “o nosso Deus” é um só e porque em Jesus Cristo é Deus mesmo que “visitou o seu povo” (Lc 7,16).

Está na hora de retomar a boa notícia sobre Jesus Cristo, Filho de Deus, para gritá-la com força (é o sentido do Kerigma!) em Jerusalém e nas cidades de Judéia, isto é, na Igreja e fora da Igreja.

João Batista nos oferece um esplêndido exemplo de proclamação do Evangelho. O que o Batista compreendeu a respeito de Jesus é que se trata de alguém de que ele não é sequer digno de aproximar-se para desatar-lhe as sandálias; que é “o mais forte”, aquele que batizará no Espírito Santo e que desafiará, por assim dizer, o mundo a ferro e fogo!

João Batista teve a capacidade de fazer sentir Cristo “perto”, às portas (Jo 1,26), como alguém que está “no meio” dos homens e não como uma abstração mental; como alguém que já tem na mão a pá (Mt 3,12) e se apresenta para atuar o juízo, por isso não há mais tempo a perder. A força de seu anúncio estava em sua humildade (Jo 3,30): Importa que ele cresça e eu diminua, em sua austeridade e em sua coerência.

No que diz respeito à missão de João, ela foi um apelo extraordinário à conversão: o seu batismo “está ligado a um convite fervoroso para uma nova forma de pensar e de agir, está ligado sobretudo ao anúncio do juízo de Deus” (Bento XVl, Jesus de Nazaré, 2007) e do iminente surgir do Messias, definido como “Aquele que é mais forte do que eu” e que “batizará no Espírito Santo” (Mc 1, 7. 8). O apelo de João vai, portanto, além e mais em profundidade em relação à sobriedade do estilo de vida: exorta a uma mudança interior, a partir do reconhecimento e da confissão do próprio pecado. Enquanto nos preparamos para o Natal é importante que olhemos para nós próprios e façamos um exame sincero da nossa vida. Deixemo-nos iluminar por um raio da luz que provém de Belém, a luz d’Aquele que é “o Maior” e se fez pequeno, “o mais Forte” e se fez frágil.

Hoje precisamos de anúncios inspirados e corajosos, como os de Isaías e de João Batista; diante deles o mundo não poderia ficar insensível, como acontece quando se fala de Jesus Cristo só com sabedoria de palavras, com livros que não acabam mais, mas sem a força e sem a coerência de vida.

Toda a essência da vida de João, desde o seio materno, esteve subordinada a essa missão! João se entrega totalmente nessa missão, dedicando-se a ela, não por gosto pessoal, mas por ter sido concebido para isso. E vai realizar a sua missão até o fim, até dar a vida, no cumprimento da sua vocação.

Foram muitos os que conheceram Jesus graças ao trabalho apostólico do Batista. Os primeiros discípulos seguiram Jesus por indicação expressa dele e muitos outros se prepararam interiormente para segui-Lo, graças à sua pregação.

É bela a Vocação de João Batista! A vocação abarca a vida inteira e leva a fazer girar tudo em torno da missão divina. Cada homem, no seu lugar e dentro das suas próprias circunstâncias, tem uma vocação dada por Deus; de que ela se cumpra dependem outras coisas queridas pela vontade divina!

“Eu sou a voz que clama no deserto!” João Batista não é mais do que a voz, a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo o seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer cristão. O importante da nossa vida é Jesus!

À medida que Cristo se vai manifestando, João procura ficar em segundo plano, ir desaparecendo. 

Como precursor, indica-nos o caminho que devemos seguir! Na ação apostólica pessoal- enquanto preparamos os nossos amigos para que encontrem o Senhor-, devemos procurar não ser o centro. O importante é que Cristo seja anunciado, conhecido e amado.

Sem humildade, não poderíamos aproximar os nossos amigos de Deus. E então a nossa vida ficaria vazia.

Não somos apenas precursores! Somos também testemunhas de Cristo. Recebemos, com a graça batismal e a Crisma, o honroso dever de confessar a fé em Cristo, com as nossas ações e com a nossa palavra.  Que tipo de testemunhas nós somos? Como é o nosso testemunho cristão entre os nossos colegas, na família?

Temos que dar testemunho e, ao mesmo tempo, apontar aos outros o caminho. “Também conduzir-nos de tal maneira que, ao ver-nos, os outros possam dizer: este é cristão porque não odeia, porque sabe compreender, porque não é fanático, porque está acima dos instintos, porque é sacrificado, porque manifesta sentimento de paz, porque ama” (É Cristo que passa, nº 122).

Nesse tempo do Advento, encontramos muitas pessoas olhando em outra direção, de onde não virá ninguém; ou onde outros estão debruçados sobre os bens materiais, como se fossem o seu último fim; mas eles jamais satisfarão o seu coração!  Cabe a nós apontar-lhes o Caminho. A todos! Diz-nos Santo Agostinho: “Sabeis o que cada um de nós tem que fazer em casa, com o amigo, com o vizinho, com os dependentes, com o superior com o inferior. Não queirais, pois, viver tranquilos até conquistá-los para Cristo, porque vós fostes conquistados por Cristo.”

A nossa família, os amigos, os colegas de trabalho, as pessoas que vemos com frequência, devem ser os primeiros a beneficiar-se do nosso amor por Deus. Com o exemplo e com a oração, devemos chegar até mesmo àqueles com quem não temos ocasião de falar habitualmente, porém, não devemos nos esquecer que é a graça de Deus, não as nossas forças humanas, que consegue levar as almas ao Senhor!

Que o Senhor nos ilumine para descobrirmos, em nossa vida, quais as estradas tortuosas temos que endireitar para chegar até Ele.

Durante o tempo do Advento, preparando-nos para o Natal, busquemos o Sacramento da Penitência (Confissão) como um gesto que manifesta a vontade de conversão e esperança dos tempos novos. O Sacramento da Confissão é um encontro privilegiado com Deus que salva e perdoa! Busquemos, então, o Sacramento da Reconciliação e, na medida do possível, uma vivência regular da Eucaristia, o convívio familiar com a Palavra e, sempre, o amor e o perdão nas relações fraternas. Assim, estaremos preparando o caminho enquanto o Caminho nos prepara.

À intercessão materna de Maria, Mãe de Deus e nossa, confiemos o nosso caminho ao encontro do Senhor que vem, enquanto prosseguimos o nosso percurso de Advento para preparar no nosso coração e na nossa vida a vinda do Emanuel, o Deus conosco. Maria nos ajude a reconhecer no rosto do Menino de Belém, concebido no seu seio virginal, o divino Redentor que veio ao mundo para nos revelar o rosto de Deus.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Homilética: 1º Domingo do Tempo do Advento - Ano B: "Alertas! Vigiai!"


Hoje iniciamos um novo ano litúrgico com o tempo do Advento. Este não se limita a preparar-nos para o Natal, mas insere-nos em toda a História da Salvação. Faz-nos viver a esperança da espera do Messias vivida pelo Povo de Deus, mas, ao mesmo tempo, relembra-nos que Ele já veio e voltará no fim dos tempos.

A partir de hoje até o dia do Batismo do Senhor, o domingo seguinte à Epifania, percorreremos com a fé e o amor seis semanas litúrgicas de “tempo forte” nas que celebramos a Boa Notícia: a vinda do Senhor. Advento é um tempo anual para contemplar a vinda de Cristo ao mundo, esperá-la, desejá-la, prepará-la nas nossas vidas e, em definitiva, celebrá-la. A vinda histórica de Cristo, que comemoramos no Natal, deixa em nós o desejo de uma vinda mais plena. Por isso dizemos que no Advento celebramos uma triple vinda do Senhor: (1) a histórica, quando assumiu a nossa mesma carne para fazer presente no mundo a Boa Notícia de Deus; (2) a que se realiza agora, cada dia, através da Eucaristia e dos outros sacramentos, e através de tantos sinais da sua presença, começando pelos sinais dos irmãos, e dos irmãos pobres; (3) e finalmente, a vinda definitiva, no final dos tempos, quando chegará à plenitude o Reino de Deus na vida eterna. 

Preparemo-nos para a Parusia, que será a manifestação gloriosa do Senhor no final dos tempos. Maranatha. Vem, Senhor Jesus! Era o grito dos primeiros cristãos, proclamando sua fé e esperança em Jesus ressuscitado junto com o desejo de que o Senhor se mostrasse publicamente como Rei da Igreja, das nações e do universo, como juiz que dá a vitória aos bons e permite a caída dos maus. A Igreja-e nós com ela- espera este acontecimento com impaciência, deseja ansiosamente o Advento final, a redenção consumada, em retorno em glória, o dia do Senhor, o fim do exílio e a entrada definitiva na eternidade. A Igreja- esposa que nunca deixa de suspirar pelas suas bodas eternas, que nunca se cansa de desejar o seu encontro definitivo com o Esposo, tal como deixa transparecer nos textos da liturgia do Advento: não tardes, já está perto, já está aqui. Com quais atitudes devemos nos preparar para este Advento final? Com esperança gozosa, com os nossos olhos fixos na eternidade, agradecidos no coração por todos os bens que Deus pôs em nossas mãos e com o esforço em cuidá-los e fazê-los produzir em obras de caridade, de justiça, humildade e pureza (primeira leitura).

Preparemo-nos para comemorar um ano mais o Natal e renová-lo no nosso coração. Com quais atitudes? Dado que o Natal condensa em si o passado (Belém) e o futuro (parusia), temos que vivê-lo na firmeza da fé que nos levará à vigilância e à sobriedade (evangelho). Primeiro firmes na fé para não deixarmo-nos levar da onda das falsas ideologias e dos erros do tempo (ideologia de gênero, manipulação da linguagem genética, confusão doutrinal deliberada, propensa ao imanentismo e ao mito do progresso indefinido e do paraíso na terra…) e não perder nunca de vista a pátria definitiva. E segundo, sendo sóbrios e vigilantes para usar e não abusar das coisas deste mundo, não criar raízes de querências exageradas nesta terra, porque a figura deste mundo desaparece. Assim passaremos pelos bens temporais sem perder os eternos.

Preparemo-nos para descobrir a vinda escondida de Cristo nesse pobre que encontramos no nosso caminho ou que toca a porta da nossa casa; nesse irmão que nos feriu, nessa cruz da doença que se cravou no nosso corpo, nessa noite escura da nossa alma quando não vemos perspectiva na vida ou não sentimos Deus. Com quais atitudes preparar-nos para descobrir a vinda de Cristo aqui? Estejamos com os olhos abertos de bons samaritanos, com o coração sensível que capta como um sismógrafo os batimentos do coração do necessitado e com as mãos abertas à caridade efetiva e generosa. Manifestemos, pois, a nossa confiança em Deus e peçamos que nos perdoe a falta de convicção que talvez nos tenha faltado durante o passado ano. Vinde, Senhor Jesus, e não demoreis!

São Francisco Antônio Fasani


O santo de hoje nasceu em Lucera (Itália), a 6 de agosto de 1681, e lá morreu a 29 de novembro de 1742. Foi beatificado no dia 15 de abril de 1951 e canonizado a 13 de abril de 1986 pelo Papa João Paulo II. Fez os estudos no convento dos Frades Menores Conventuais. Sentindo o chamamento divino, ingressou no noviciado da mesma Ordem. Fez a profissão em 1696 e a 19 de setembro de 1705 recebeu a Ordenação Sacerdotal. Doutorou-se em Teologia e tornou-se exímio pregador e diretor de almas. Exerceu os cargos de Superior do convento de Lucera e de Ministro Provincial.

“Ele fez do amor, que nos foi ensinado por Cristo, o parâmetro fundamental da sua existência. O critério basilar do seu pensamento e da sua ação. O vértice supremo das suas aspirações”, afirmou o Papa João Paulo II a respeito de São Fasani.

São Fasani apresenta-se-nos de modo especial como modelo perfeito de Sacerdote e Pastor de almas. Por mais de 35 anos, no início do século XVIII, São Francisco Fasani dedicou-se, em Lucera, e também nos territórios ao redor, às mais diversificadas formas de ministério e do apostolado sacerdotal.

Verdadeiro amigo do seu povo, ele foi para todos irmão e pai, eminente mestre de vida, por todos procurado como conselheiro iluminado e prudente, guia sábio e seguro nos caminhos do Espírito, defensor dos humildes e dos pobres. Disto é testemunho o reverente e afetuoso título com que o saudaram os seus contemporâneos e que ainda hoje é familiar ao povo de Lucera: ele, outrora como hoje, é sempre para eles o “Pai Mestre”.

Como Religioso, foi um verdadeiro “ministro” no sentido franciscano, ou seja, o servo de todos os frades: caridoso e compreensivo, mas santamente exigente quanto à observância da Regra, e de modo particular em relação à prática da pobreza, dando ele mesmo incensurável exemplo de regular observância e de austeridade de vida.


Ó Deus, que tornastes São Francisco Antônio um Exemplo de Perfeição seráfica e exímio pregador do Evangelho, concedei-nos, por seus méritos e por sua intercessão, ardentes no amor e eficazes nas boas obras, alcançar também o prêmio eterno. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

São Francisco Antônio Fasani, rogai por nós!

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Novela da Record blasfema contra a Igreja Católica: alguma surpresa?


"Apocalipse", a novela da Record que estreou na última semana, não pretende economizar nas polêmicas. Já em seu segundo capítulo, na quarta-feira, o folhetim apresentou a Igreja da Sagrada Luz, fundada pelo anticristo e sediada em Roma, numa clara referência à Igreja Católica.

A "verdadeira" missão da igreja é anunciada pelo personagem de Sergio Marone, o vilão Ricardo Montana, ao chegar a Roma: "Bem-vindo à Igreja da Sagrada Luz. São quase 1.700 anos espalhando as trevas pelo mundo. Mas, é claro, tudo muito bem elaborado para parecer divino. O engano é a minha especialidade".


Pouco depois, o personagem do ator Flávio Galvão (Stefano Nicolazi) aparece conversando com o sacerdote máximo da igreja. O "papa" fala como a instituição conseguiu manter o poder por tantos séculos graças às suas alianças com as "pessoas certas".

Ele então alerta para a importância de estreitar as relações com a poderosa família Montana. Na novela, Nicolazi será o falso profeta do Apocalipse, além de cúmplice e mentor de Ricardo Montana.

Mas... o que poderíamos nós esperar de um falso profeta? O que poderíamos dizer sobre ele, além daquilo que as suas ações já não digam –, bem melhor do que nós poderíamos –, por si próprias?

Que esperar de um homem que, como todo fiel católico pode ver tão claramente, é de fato um servidor de satanás agindo no mundo? Entendam, meus irmãos: se alguém receia dizer estas coisas, assim claramente, não é um bom cristão católico.