terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Centenas de iraquianos fogem de Mossul para escapar de combates


Centenas de civis fugiram nesta terça-feira, pelo deserto, para tentar escapar dos combates em Mossul entre as forças iraquianas e o grupo extremista Estado Islâmico (EI), depois que milhares de pessoas abandonaram a segunda maior cidade do país.

As tropas iraquianas conquistaram no fim de janeiro a parte leste de Mossul, três meses depois do início de uma ampla ofensiva para reconquistar o último reduto do EI no Iraque.

Em 19 de fevereiro, as tropas do governo iniciaram uma nova fase para reconquistar a zona oeste de Mossul, onde o EI está mais implantado. Desde então, as tropas avançaram de forma relativamente rápida, com a tomada do aeroporto, de uma base anexa e de três bairros no sul e oeste, de acordo com o exército.

Mas ainda precisam reconquistar a zona oeste de Mossul, o que provoca o temor de combates violentos e de que os civis se vejam presos no meio dos beligerantes.

“Saímos às cinco da manhã. No início nós corremos, por causa do medo dos tiros do EI”, conta Baidaa, uma jovem de 18 anos, com a filha no colo.

Ao chegar à zona controlada pelo exército, a jovem relatou o inferno vivido nos bairros do oeste de Mossul.

“Os jihadistas criaram uma armadilha e não queriam a nossa saída”, afirmou a mulher, muito cansada após várias horas de caminhada. 

Entrevista do Papa Francisco ao jornal italiano “Scarp de’ tenis”.


A Rádio Vaticano publica a íntegra da entrevista concedida pelo Papa Francisco ao jornal “Scarp de’ tenis”, periódico italiano fundado em 1994 atualmente conhecido por ser uma “jornal de rua” sem fins lucrativos editado pela Cáritas italiana.

Os redatores são sem-teto e outras pessoas em dificuldades ou excluídas socialmente que encontram no jornal uma ocupação e uma complementação de renda.

Santo Padre, falamos do povo invisível, dos sem-teto. Algumas semanas atrás, com o início do inverno e com a chegada de uma grande frente fria, o senhor disse que era para que fossem abrigados no Vaticano, que se abrissem as portas da igrejas. Como foi recebido este seu apelo?

O apelo do Papa foi ouvido por muitas pessoas e muitas paróquias. Tantos escutaram. No Vaticano existem duas paróquias e cada uma delas abrigou uma família da síria. Muitas paróquias de Roma abriram as portas em acolhida, e sei que outras, sem lugares disponíveis, fizeram uma coleta para pagar o aluguel a pessoas e famílias necessitadas por um ano inteiro. O objetivo a ser alcançado deve ser aquele da integração, por isso é importante acompanhar-lhes por um período inicial. Em muitas regiões da Itália foi feito muito. Portas foram abertas em muitas escolas católicas, nos conventos, em tantas outras estruturas. Por isso digo que o apelo foi ouvido. Sei ainda de muitas pessoas que ofertaram dinheiro para que se possa pagar o aluguel aos sem-teto.

No passado o mundo inteiro falou sobre os sapatos do Papa, sapatos de trabalhador para caminhar e recentemente a mídia ficou surpresa, e contou sobre o Papa que foi até uma loja comprar novos sapatos. Porque tanta atenção? Talvez porque hoje seja difícil colocar-se – como convida Scarp de’ tenis – nos sapatos dos outros?

É muito difícil colocar-se “nos sapatos dos outros”, porque com frequencia somos escravos do nosso egoísmo. Em um primeiro nível, podemos dizer que as pessoas preferem pensar aos próprios problemas sem querer ver o sofrimento e as dificuldades dos outros. Depois, há um outro nível: colocar-se “nos sapatos dos outros” significa ter grande capacidade de compreensão, de entender o momento e as situações difíceis. Por exemplo: no momento de luto fazem-se as condolências, participa-se do velório ou da missa, mas são realmente poucos os que “se colocam nos sapatos” daquele viúvo ou daquela viúva ou daquele órfão. Certamente, não é fácil. Prova-se dor, mas tudo termina ali. Se pensamos então às existências que com frequencia são marcadas pela solidão, então colocar-se “nos sapatos dos outros” significa serviço, humildade, magnanimidade, que é também o sinal de uma necessidade. Eu preciso que além coloque-se “nos meus sapatos”. Porque todos nós precisamos de compreensão, de companhia e de alguns conselhos. Quantas vezes encontrei pessoas que, depois de ter procurado conforto em um cristão, seja esse leigo, um padre, uma freira, um bispo, me disse: “Sim, me ouviu mas não me entendeu”. Entender significa “colocar-se nos sapatos dos outros”. E não é fácil. Com frequência para suprimir essa falta de grandeza, de riqueza e de humanidade, perde-se nas palavras. Fala-se. Aconselha-se. Mas quando existem somente as palavras ou muitas palavras não há esta grandeza de “colocar-se nos sapatos dos outros”.

Santidade, quando o senhor encontra um sem-teto qual é a primeira coisa que lhe diz?

«Bom dia». «Como vai?». Algumas vezes trocamos poucas palavras, outras vezes se cria uma relação e se ouvem histórias interessantes: «Estudei num colégio onde havia um padre muito bom...». Alguém poderia dizer: O que me interessa? As pessoas que vivem pelas ruas entendem logo quando existe realmente um interesse da parte da outra pessoa ou quando existe, não um sentimento de compaixão, mas certamente de pena. Podemos olhar para um sem-teto como uma pessoa ou como se fosse um cachorro e eles percebem essa maneira diferente de olhá-los. No Vaticano, é famosa a história de um sem-teto, de origem polonesa, que geralmente ficava na Piazza del Risorgimento a Roma, não falava com ninguém, nem com os voluntários da Caritas que levavam para ele comida. Somente depois de muito temo conseguiram fazer com que ele contasse a sua história a eles: «Sou um sacerdote, conheço bem o seu Papa, estudamos juntos no seminário». O assunto chegou a São João Paulo II que ouvindo o nome confirmou ter estudado com ele no seminário e quis encontrá-lo. Eles se abraçaram depois de quarenta anos e no final de uma audiência o Papa pediu para ser confessado pelo sacerdote que tinha sido seu companheiro. «Agora, porém, cabe a você», disse-lhe o Papa. E o companheiro de seminário foi confessado pelo Papa. Graças ao gesto de um voluntário, de uma comida quente, algumas palavras de conforto e um olhar de bondade, essa pessoa pode se reerguer e começar uma vida normal que o levou a se tornar um capelão de um hospital. O Papa o ajudou. Certamente, este é um milagre, mas é também um exemplo para dizer que os sem-teto têm uma grande dignidade. No adro do Arcebispado de Buenos Aires, debaixo de uma marquise, morava uma família e um casal. Eu os encontrava todas as manhãs quando saia. Os saudava e conversava um pouco com eles. Nunca pensei em expulsá-los dali. Mas alguém me dizia: «Eles sujam a Cúria», mas a sujeira está dentro. Penso que é preciso falar com as pessoas com grande humildade, não como se tivessem que nos pagar uma dívida e não tratá-las como se fossem cães. 

Por que os cristãos não seguem todas as normas do Livro do Levítico?


Virou modinha entre os anticatólicos e entre os cristãos relativistas citar certos preceitos do Levítico - que são vistos por eles como leis estúpidas - para zombar da Bíblia e daqueles que nela apoiam a sua fé. Os defensores da causa gay, em especial, questionam, com ironia: "O Levítico, que condena os atos homossexuais, também proíbe comer camarão e aparar a barba dos lados. Os cristãos não pecam contra essa lei?". Monas militantes, vão interpretar a letra do último hit da Lady Gaga, porque de Bíblia vocês não sacam nada!

Levítico - livro dos levitas (sacerdotes) - tinha o objetivo de expor para o povo de Israel quais as normas religiosas e sociais deveriam seguir. Como todos os demais livros da Bíblia, foi totalmente inspirado por Deus. Podemos dizer, a grosso modo, que era para os israelitas o equivalente do que são para nós o Catecismo, o Código de Direito Canônico e a Instrução Geral do Missal Romano, adicionando ainda instruções de higiene, agricultura e bons costumes.

Algumas regras levíticas são perfeitamente compreensíveis para nós, tais como: as condenações à vingança, ao incesto, ao sexo com animais e aos sacrifícios humanos. Porém, vários preceitos do Levítico soam estranhos à maioria das pessoas, entre eles:

·       a proibição de usar um tecido feito com dois tipos de fios;
·       a proibição de cortar o cabelo em redondo e aparar a barba dos lados;
·       a proibição de comer carne de porco, camarão, mariscos, coelho etc.;
·       a proibição de tocar em uma mulher menstruada;
·       a proibição de comer os frutos dos três primeiros anos de colheita.

Apesar de parecerem incompreensíveis à primeira vista, essas normas possuem uma lógica bastante acessível. Elas não são seguidas pelos cristãos, o povo da Nova Aliança, mas tiveram um papel muito importante na Antiga Aliança. 

O verdadeiro ópio do povo


Fiéis a Marx, os comunistas incriminam a religião de ópio do povo — das Opium des Volks. Leia–se o trecho na íntegra:

“A religião é o suspiro da criatura oprimida pela infelicidade, a alma de um mundo sem coração, do mesmo modo que é o espírito de uma época sem espírito. É o ópio do povo” (t).

Apregoada e difundida, a frase abriu caminho para incompatibilizar a fé com o trabalho, arraigando no espírito dos trabalhadores — bem salientou Monsenhor Montini, hoje S. S. Paulo VI — a impressão de que

“a religião os afasta do que deve antes de tudo preocupá-los: os interesses econômicos e sociais. Destarte, enche-os de ilusão, contenta-os, fixa-os num sistema  jurídico-social no meio do qual outros vivem na abundância, na segurança, no prazer, em situação privilegiada e onde o povo trabalhador não conhece senão a dor e submissão.  A religião seria cúmplice do gritante desequilíbrio social; seria aliada de um imobilismo que tende totalmente ao sacrifício da classe operária e ao proveito da c lasse capitalista” (1 2).

Restringem a religião a dois pontos capitais: uma projeção ilusória, mero produto social, e, acabamos de ver, um lenitivo para os explorados. O último, graças à rotineira e cavilosa propaganda, penetrou entre os trabalhadores, mercê do silêncio que se fez em torno dos direitos e garantias que lhes foram assegurados nas legislações modernas sob o influxo da doutrina social católica.

Em verdade, a ordem sócio-econômica, inspirada no pensamento cristão, tem por “elemento substancial a elevação do proletariado” (Pio XII, A Ordem Social — Radiomensagem de 1-9-1943). Consagramos ao tema o livro Doutrina Social e Direito do Trabalho (Rio, 1954) e ousamos lembrar a referência com que nos honrou o eminente Cardeal D. Fernando Quiroga, Arcebispo de Santiago de Compostela, na Espanha: “publicación tan llena de solida doctrina, que servirá para dar a conocer la verdad dei interés dela Santa Iglesia por la clase obrera”. Abrimos o estudo dedicado às normas tutelares do Direito pátrio no setor da Segurança Social (Rio, 1961), com a afirmação de Pergolesi: “O princípio e sentimento de fraternidade, de inspiração cristã, influíram muito na orientação em sentido social das constituições modernas.” Extensa e profunda sua repercussão na ordem jurídica em geral, o que deixou implícito o preeminente jurista italiano. 

Santos Romão e Lupicino


Apaixonados pelos Padres do deserto, fundaram mosteiro baseado nas regras de São Pacômio, São Basílio e Cassiano.

São Romão entrou para a vida religiosa com 35 anos, na França, onde nasceram os dois santos de hoje. Ele foi discernindo sua vocação, que o deixava inquieto, apesar de já estar na vida religiosa. Ao tomar as constituições de Cassiano e também o testemunho dos Padres do deserto, deixou o convento e foi peregrinar, procurando o lugar onde Deus o queria vivendo.

Indo para o Leste, encontrou uma natureza distante de todos e percebeu que Deus o queria ali.

Vivia os trabalhos manuais, a oração e a leitura, até o seu irmão Lupicino, então viúvo, se unir a ele. Fundaram então um novo Mosteiro, que se baseava nas regras de São Pacômio, São Basílio e Cassiano.

Romão tinha um temperamento e caminhada espiritual onde com facilidade era dado à misericórdia, à compreensão e tolerância. Lupicino era justiça e intolerância. Nas diferenças, os irmãos se completavam, e ajudavam aos irmãos da comunidade, que a santidade se dá nessa conjugação: amor, justiça, misericórdia, verdade, inspiração, transpiração, severidade, compreensão. Eles eram iguais na busca da santidade.

O Bispo Santo Hilário ordenou Romão, que faleceu em 463. E em 480 vai para a glória São Lupicino.


São Romão pé em Roma cabeça em Portugal. Livrai-me dos cães danados e dos que estão para se danar. Do mortos mal encarados dos vivos sem perigo. São Romão, andais comigo.

Ó Deus, só vós sois Santo e sem vós ninguém pode ser bom. Pela intercessão de são Lupicino, dai-nos viver de tal modo, que não sejamos despojados da vossa glória. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Os bens deste mundo


Pense bem, meu Amigo!

Enquanto houver em seu coração apego à própria vida, com a ilusão de que você sozinho, você do seu jeito, você na sua própria medida e na sua própria verdade mentirosa, sem Deus e até contra Deus, pode ser feliz, pode construir sua própria felicidade, construindo seu próprio projetozinho pessoal, enquanto você pensar que pode ser realmente livre em Cristo agarrado a mil paixões, mil conveniências, mil concessões ao mundo, enquanto você quiser experimentar tudo, fazer concessões aos seus apetites e desejos, agarrando-se a sensações e sentimentos, procurando neles a vida, enquanto sua existência for assim, você nada mais será que um pobre escravo!

Com todo o prestígio, você não passa de um pobre escravo; com todos os seus prazeres e prazeirosas realizações e situações, você é somente um escravo de luxo, com todo o seu dinheiro e poder, você não passa de um escravo; com todos os talentos, prazeres e potencialidades, escravo; com todo o seu sucesso, você será só escravo, todo escravo, enganado escravo! Escravo da própria escravidão; tão escravo que pensa que a escravidão é liberdade! Por medo de não ser feliz, por medo de perder a vida, você se torna escravo e vive uma grande ilusão que, ao fim de tudo, será colocada por terra, desmascarada! Escravo! 

CNBB lança Campanha da Fraternidade 2017 na quarta-feira de cinzas, em Brasília


Com o tema "Fraternidade: biomas brasileiros e a defesa da vida", a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abre oficialmente, na Quarta-feira de Cinzas, dia primeiro de março, a Campanha da Fraternidade 2017 (CF 2017). O lançamento será na sede da entidade, em Brasília (DF), e será transmitido ao vivo pelas emissoras de TV de inspiração católica, a partir das 10h45.

A campanha, que tem como lema “Cultivar e guardar a criação” (Gn 2.15), alerta para o cuidado da Casa Comum, de modo especial dos biomas brasileiros. Segundo o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, a proposta é dar ênfase à diversidade de cada bioma e criar relações respeitosas com a vida e a cultura dos povos que neles habitam, especialmente à luz do Evangelho. Para ele, a depredação dos biomas é a manifestação da crise ecológica que pede uma profunda conversão interior. “Ao meditarmos e rezarmos os biomas e as pessoas que neles vivem, sejamos conduzidos à vida nova”, afirma.

Ainda de acordo com o bispo, a CF deseja, antes de tudo, levar à admiração, para que todo o cristão seja um cultivador e guardador da obra criada. "Tocados pela magnanimidade e bondade dos biomas, seremos conduzidos à conversão, isto é, cultivar e a guardar”, salienta.

A cerimônia de lançamento contará com as presenças do arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, do secretário geral da Conferência, dom Leonardo Steiner, e do secretário de articulação institucional e cidadania do Ministério do Meio Ambiente, Edson Duarte.

No Brasil, a Campanha já existe há mais de 50 anos e sua abertura oficial sempre acontece na Quarta-feira de Cinzas, quando tem início a Quaresma, época na qual a Igreja convida os fiéis a experimentarem três práticas penitenciais: a oração, o jejum e a esmola. 

Não queremos a lógica de Caim


Caros amigos, a onda de violência urbana que atingiu nossos irmãos capixabas nos deixou perplexos diante da crueldade sem sentido. Segundo números oficiais, foram 143 mortos, sem falar das perdas materiais e da imensa insegurança que até hoje se abate naquela região. Mas quem foram os saqueadores e assassinos que executaram esta barbárie? Não foram terroristas, nem membros de outra facção criminosa ou partido político beligerante, mas os próprios moradores daqueles centros urbanos, que se armaram em violência contra seus irmãos.

Esta é mesma lógica de Caim (Cf. Gn 4), que por inveja tirou a vida do seu irmão Abel. Tal situação representa a violência do indivíduo contra os outros e, por isso, contra a sociedade em desprezo ao bem comum.

Entretanto, cabe recordar que foi o pensamento político e econômico de nossa atual sociedade do bem-estar que gerou este mal que se irradia incontrolavelmente por todos os lados. As definições de que “o homem é o lobo do homem” e “antes de toda regulação estatal a sociedade é uma guerra de todos contra todos” (Thomas Hobbes) são pensamentos negativos de liberdade que levam ao absolutismo demente e homicida do ser humano que, ao fim, destrói a si mesmo e a tudo aquilo que ama.

O homem, criado a imagem e semelhança de Deus Uno e Trino, não se realiza fora da sociedade e do amor fraterno. Assim sendo, qualquer alternativa que não seja este caminho de comunhão e justiça será sempre falsa ou incompleta.