sábado, 27 de junho de 2015

A inaptidão dos cristãos para deter o gayzismo


Hoje (26) a corte dos EUA aprovou o “casamento” gay. No portal G1 podem-se ler os comentários dos cristãos e é de dar vergonha alheia. Nenhum comentário até a publicação desse artigo se dava ao trabalho de dizer o obvio e de enxergar o mundo além da revelação.

Antes de qualquer coisa, caro leitor, eu creio firmemente na revelação de Nosso Senhor através da Sagrada Escritura e da Sagrada Tradição, mas daí eu usar desse instrumento de crença para tentar explicar a uma sociedade laicista e atéia o que é o casamento, é pedir para perder de locaute. Por que usar o deposito da fé quando se pode explicar o que é evidente? Quando alguém apresenta um problema teológico, muito bem, use-se a bíblia, mas quando se fala com um pagão se fala com a razão já ensinava São Tomás de Aquino.

Devido à incapacidade generalizada de entender o obvio, vou dar-me o trabalho de explicar o que é o casamento.

O casamento não é uma concessão do Estado, é uma instituição natural que o Estado reconheceu e incorporou à sua estrutura!

O que faz dessa seguramente uma instituição natural? Antes de tudo, o caráter universal dela. Quem prova isso é a série histórica que universalmente reconheceu o casamento como uma instituição entre homem e mulher. Os gayzistas (movimento político que usa os gays como massa de manobra) conhece o fato da série histórica da civilização está contra eles, então recorrem a falácia de que isso ocorreu devido a crença religiosa. Ora, num mundo plurirreligioso, poderíamos falar de uma conspiração orquestrada contra os direitos dos gays? É evidente que tem uma definição universalmente aceita do que consiste uma família e esta, por sua vez, não tem na base as palavras de um deus ou profeta mas é, como posso dizer, evidente.

A base essencial para o reconhecimento de uma família: 

A falsidade do "casamento" gay


Nesta polêmica sobre as uniões homossexuais, é recorrente a acusação de que aqueles que se posicionam contrários a essas propostas sejam motivados por preconceito ou fundamentalismo religioso. Acusação nada mais falaciosa, pois a verdade fundamental de que o matrimônio seja algo genuinamente formado por um homem e uma mulher não é, nem nunca foi, de ordem religiosa, mas natural. Por isso não é justa a argumentação laicista que pretende excluir os católicos dessa discussão, pois ela fere diretamente o ordenamento jurídico da sociedade e sua moral.

Quando a Igreja se posiciona nestes temas relacionados à moralidade - leia-se aborto, uso de células-tronco embrionárias, camisinha, etc. - ela não o faz por dogmatismos, mas por fidelidade à racionalidade. Assim recordava o Santo Padre Bento XVI no seu discurso ao Parlamento Alemão: "o cristianismo nunca impôs ao Estado e à sociedade um direito revelado, um ordenamento jurídico derivado duma revelação. Mas apelou para a natureza e a razão como verdadeiras fontes do direito".

A equiparação das relações homossexuais ao matrimônio nasce justamente de uma frágil compreensão a respeito da pessoa humana. Entende-se "pessoa" como apenas o aspecto consciente e volitivo do eu. Neste sentido, o corpo seria um mero instrumento e não parte constitutiva da pessoa humana. Com efeito, quando se aceita essa proposição dualista do ser humano, abre-se espaço para qualquer tipo de relação, pois a unidade pessoal não seria mais através dos corpos, ao contrário, as pessoas se uniriam emocionalmente. Ora, salta aos olhos o absurdo desse raciocínio.

Contra essas proposições, o professor de jurisprudência da Universidade de Princeton, Robert P. George, recorda o direito matrimonial histórico e aquilo que Isaiah Berlin (1909-1997) chamou de tradição central do pensamento ocidental. Segundo o professor, "longe de ser um mero instrumento da pessoa, o corpo é intrinsecamente parte da realidade pessoal do ser humano". Dessa maneira, George conclui que "a união corporal é, pois, união pessoal, e a união pessoal integral - a união conjugal - está fundada na união corporal". 

Resposta dos Cardeais a Walter Kasper sobre a Família


Robert Dodaro, OSA (ed.), 
Remaining in the Truth of Christ, Ignatius Press, 
San Francisco, 2014, 275p.

Tradução do primeiro capítulo
(texto provisório)


Resumo da argumentação

Robert Dodaro, OSA

Os ensaios deste volume representam a resposta de cinco Cardeais da Igreja Católica Romana e quatro outros especialistas ao livro Evangelho da Família, publicado anteriormente este ano pelo Cardeal Walter Kasper. O livro de Kasper contém o discurso feito por ele, durante o consistório extraordinário de cardeais celebrado nos dias 20-21 de fevereiro de 2014. Um tema importante daquele encontro foi a preparação das duas sessões do Sínodo dos Bispos, convocadas pelo Papa Francisco para 2014 e 2015, com o tema “Desafios Pastorais para a Família no Contexto da Evangelização”. Quase no final de sua colocação o Cardeal Kasper propôs uma mudança no ensinamento e na disciplina sacramental da Igreja, que permitisse, em casos limitados, que católicos divorciados e recasados civilmente fossem admitidos à comunhão eucarística, depois de um período de penitência. Ao defender esta proposta, o cardeal usou como argumento a prática primitiva dos cristãos assim como a longa tradição ortodoxa oriental de aplicar a misericórdia às pessoas divorciadas, dentro de uma fórmula na qual as segundas núpcias seriam “toleradas” – uma praxe geralmente chamada pelos ortodoxos de oikonomia. Kasper espera que seu livro venha a fornecer  “uma base teológica para uma ulterior discussão entre os cardeais”, e que a Igreja Católica encontre um caminho de harmonizar “fidelidade e misericórdia em sua prática pastoral”.

A finalidade da presente obra é responder ao convite, feito pelo Cardeal Kasper, de uma ulterior discussão. Os ensaios publicados neste volume refutam a sua proposta específica de uma forma católica de oikonomia,para alguns casos de pessoas divorciadas e civilmente recasadas, tendo como fundamento o fato de que tal proposta não pode ser harmonizada com a doutrina católica da indissolubilidade do matrimônio e que, com isto, ela fortalece uma concepção equivocada seja de fidelidade, seja de misericórdia.

Depois deste capítulo introdutório, o volume examina os principais textos bíblicos a respeito do divórcio e do segundo casamento. O capítulo seguinte trata do ensinamento e da praxe que predominavam na Igreja primitiva.  Em nenhum dos dois âmbitos, seja bíblico, seja patrístico, os autores encontraram fundamento para o tipo de “tolerância” de casamentos civis após divórcio como advogado por Kasper.  Em seguida, o capítulo quarto examina o fundamento histórico e teológico da praxe ortodoxa oriental da oikonomia, enquanto o quinto capítulo traça o plurissecular desenvolvimento da atual doutrina católico romana a respeito do divórcio e do segundo casamento. A urgência destes capítulos se torna clara com a afirmação do Cardeal Kasper de que com relação à  doutrina da indissolubilidade do matrimônio, “a tradição em nosso caso não é de forma alguma convergente, com se costuma afirmar”, e que “há questões históricas e opiniões discordantes de sérios especialistas, que não podem ser facilmente desconsideradas”. Dada a gravidade da questão doutrinal envolvida, estas suposições históricas exigem uma resposta acadêmica.

À luz dos dados bíblicos e históricos desta primeira parte deste volume, os autores dos quatro capítulos restantes reafirmam o arrazoado teológico e canônico a favor de se manter a coerência entre a doutrina e a disciplina sacramental católicas a respeito do matrimônio e da sagrada comunhão. Assim, os estudos contidos neste livro levam à conclusão que a longa fidelidade da Igreja à verdade do matrimônio constitui o fundamento irrevogável de sua misericordiosa e amorosa resposta ao indivíduo que seja divorciado e civilmente recasado. Sendo assim, este livro contesta a premissa de que a doutrina tradicional e a prática pastoral contemporânea se encontram em contradição.

A finalidade deste primeiro capítulo é resumir e salientar os principais argumentos contra a proposta de Kasper, tais como são apresentados neste livro. 

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nossa boa Mãe


Podemos afirmar que o tema principal deste ícone é o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é representada através de um quadro. Você sabe que ele não é um simples quadro. E um ícone (= imagem). E uma pintura do gênero sacro, portátil, feita de madeira, segundo uma técnica praticada, desde séculos, no Oriente. Um ícone não é uma simples representação dos santos, mas uma representação que torna presente, de modo espiritual, as personagens representadas.

Rezando diante do ícone, somos levados a contemplar o mistério da Encarnação narrado em Cl 1,15: "Cristo é a imagem do Deus invisível". Assim, podemos aprofundar nosso conhecimento da realidade do mistério de Cristo, de Nossa Senhora e dos Anjos e entrar em contato espiritual com eles.

O ícone do Perpétuo Socorro apresenta "Maria com o Menino ladeado pêlos Anjos, com os instrumentos da Paixão, enquanto as mãos do Menino se agarram à mão da Mãe e do seu pé escapa a sandália, deixando ver a planta do çé.As letras gregas que aparecem no ícone indicam os nomes das quatro figuras Jesus Cristo, a Mãe de Deus, o Arcanjo Gabriel (a direita) e o Arcanjo Miguel (a esquerda)". Estes elementos revelam a realidade do sofrimento e da paixão de Cristo. O fundo dourado do quadro é uma representação da Ressurreição. É a vitória de Cristo sobre o sofrimento e a morte. Podemos afirmar que o tema principal deste ícone é o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.

Acredito que você já está se perguntando: e a Virgem Maria? E o título de Perpétuo Socorro? Qual a razão deste nome? Vamos então ao : ponto central do quadro: ele está no encontro da mão de Maria com as i mãos do Menino. "A mão direita da Mãe acolhe o Filho, sublinhando assim a humanidade de Cristo". A mão da Virgem indica ao mesmo tempo o próprio Filho de Deus. Maria é aquela que nos guia a Jesus Cristo, que é "Caminho, Verdade e Vida". Ela é nosso Socorro porque intercede por nós diante de seu Filho, que deu a sua vida em sacrifício por nós sobre a Cruz no Calvário. Maria é a mulher acolhedora, a boa Mãe. 

O que este padre viu em Medjugorje


Está correndo informações que o Vaticano irá se pronunciar de forma negativa sobre os alegados acontecimentos sobrenaturais em Medjugorje.

É claro que antes de fazer qualquer comentário completo que vai querer ler o que a CDF (Congregação para a Doutrina da Fé) tem a dizer, mas nesta ocasião eu pensei que poderia ser interessante se as pessoas verem minha história em Medjugorje:

Eu era um sacerdote anglicano que vivia na Inglaterra, em 1985, quando fui convidado por um grupo de anglicanos e católicos para visitar Medjugorje. Eu não queria ir. Sendo um ex-fundamentalista evangélico eu não estava muito interessado em aparições da Santíssima Virgem. E embora resistisse várias vezes, após várias tentativas acabei aceitando.

Então lá fui eu e este foi um dia de Medjugorje. Tudo o que posso fazer é relatar minhas memórias dessa visita: As pessoas estavam em todos os lugares fazendo confissões. Massa foi ao pararmos na igreja de St. James na praça da Vila. Multidões faziam fila para ver os visionários que ainda viviam lá desde adolescentes e ainda recebendo aparições diárias. Os franciscanos pregam poderosamente. Havia muito louvor e adoração, música forte carismática e fervorosa pregação.

Se minha memória não me falha, às seis horas da tarde os visionários iriam para o quarto do lado fora do santuário da igreja onde as visões ocorrem. A cidade inteira começaria a rezar o rosário. Todos os visitantes rezam também. Às 6:20 as visões iriam começar. Por volta de 6:40 eles iriam parar e as pessoas rezavam o último conjunto de mistérios.

Em nosso segundo dia lá eu me sentei na varanda da nossa pousada com uma grande mulher chamada Eleanor. Quando começamos o rosário eu olhei para cima e o sol era uma chama de luz no céu. Eu olhei para baixo para o carro estacionado abaixo e o sol se refletiu no capô do carro como uma chama de luz. Eleanor e eu rezamos o terço juntos. Eu tinha os olhos fechados.

Às 6:20 Eleanor me deu uma cotovelada nas costelas e apontou. O sol estava agora um disco de luz branca no céu como um anfitrião eucarístico. Então, quando o vi começou a girar, primeiro no sentido horário, em seguida, sentido anti-horário. Faíscas cuspiam para fora da borda do sol como um fogo de artifício. Eu olhei para baixo e o sol era um disco giratório branco sobre o capô do carro.

Eu não acho que isso teria acontecido se fosse apenas meus olhos pregando peças em mim. Além disso, Eleanor também viu. É por isso que ela me deu uma cotovelada nas costelas. Não estou certo quanto tempo isso durou, mas quando falamos sobre isso para nossos companheiros peregrinos disseram muitas pessoas na praça da cidade havia relatado o mesmo fenômeno.

Algumas outras coisas estranhas: os dias que passamos lá foram de comunhão incrível. Nós parecíamos estar em um plano superior de consciência. Nós parecíamos amar uns aos outros e nós rimos alegremente quase constantemente. Pense em estar em férias com realmente boa família e os amigos e estar o tempo todo sobre o amor e a alegria que você estava compartilhando. Nós também conhecemos os peregrinos de todo o mundo e estabeleceu uma família instantânea como o rapport, e oh sim, o novo rosário eu comprei lá era de uma cor de estanho, mas quando cheguei em casa ainda em sua embalagem, tinha virado uma cor dourada.

Então agora o que eu faço de tudo isso?

Teologia das Palavras da Instituição


“(…) Depois de todas essas reflexões sobre o quadro histórico e sobre a credibilidade histórica das palavras da instituição de Jesus, é tempo de fixar a atenção na mensagem que elas contêm. Antes de mais nada, convém recordar de novo que, nas quatro narrações sobre a Eucaristia, encontramos dois topos de tradição com diferenças características, que aqui não temos de examinar nos detalhes; todavia, devem-se mencionar brevemente as diferenças mais importantes.

Enquanto em Marcos (14,22) e Mateus (26,26) a frase sobre o pão declara apenas: “Isto é o meu Corpo”, em Paulo lê-se: “Isto é o meu Corpo, que é para vós” (1 Cor 11,24), e Lucas completa, segundo o sentido, escrevendo: “Isto é o meu Corpo que é dado por vós” (22,1(). Em Lucas e Paulo, logo a seguir a isso, aparece a ordem da repetição: “Fazei isto em Minha memória”, que falta em Mateus e Marcos. A frase sobre o cálice, segundo Marcos, soa assim: “Isto é o meu Sangue, o ‘Sangue da Aliança’, que é derramado em favor de muitos” (14,24); Mateus acrescente ainda: “… por muitos, para a remissão dos pecados” (26,28). Segundo São Paulo, diversamente, Jesus disse: “Este cálice é a Nova Aliança em meu Sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de Mim” (1 Cor, 11,25). Lucas formula de maneira semelhante, mas com pequenas diferenças: “Este cálice é a nova Aliança em meu Sangue, que é derramado em favor de vós” (22,20). Falta a segunda ordem de repetição.

São importantes, porém, duas diferenças claras entre Paulo/Lucas, por um lado e Marcos/Mateus, por outro: em Marcos e Mateus, “sangue” é o sujeito: “Isto é o meu Sangue”, enquanto Paulo e Lucas dizem: Esta é a “Nova Aliança no meu Sangue”. Muitos veem aqui uma deferência para com os judeus, sabendo que da sua repulsa quanto à sua ingestão de sangue: como conteúdo direto da bebida, não se indica “o sangue”, mas “a Nova Aliança”, aludindo com isso a Êxodo 24,8, ou seja, à estipulação da Aliança no Sinai, Paulo e Lucas falam da Nova Aliança, referindo-se agora a Jeremias 31,31. Por conseguinte, há em cada caso um cenário veterotestamentário diferente. Além disso, Marcos e Mateus falam do derramamento do sangue “por muitos”, aludindo desse modo a Isaías 53,12, enquanto Paulo e Lucas dizem “em favor de vós”, levando assim a pensar imediatamente na comunidade dos discípulos.

Compreensivelmente existe, na exegese, uma ampla discussão sobre quais possam ser, por conseguinte, as palavras originais de Jesus. Rudolf Pesch mostrou que aparecem, num primeiro tempo, 46 possibilidades, que podem ainda duplicar, caso se cruzem entre si as diversas introduções (cf. Das Evangelium in Jerusalem,PP. 134ss). Tais esforços têm sua importância, mas não podem entrar nos objetivos deste livro. 

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Nossa Senhora do Perpétuo Socorro poderá se tornar Padroeira do Mato Grosso do Sul

“É uma imagem que traduz coisas divinas a todos nós. 
É uma fonte de espiritualidade e, por meio desse ícone, Deus diz ‘Eu estou aqui’”, 
ressalta Padre Dirson. / Victor Chileno

Servidores da Assembleia Legislativa celebraram nesta segunda-feira (22/6) a visita especial do ícone da Mãe do Perpétuo Socorro. A santa que atrai cada vez mais a devoção dos fiéis católicos poderá se tornar Padroeira do Mato Grosso do Sul a partir de um projeto de Lei movido por uma ação popular. 

A notícia foi compartilhada pelo Padre Dirson Gonçalves, reitor do Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Campo Grande, durante celebração realizada na Casa de Leis. Ele convidou a todos para participar da campanha que colherá assinaturas para aprovação do projeto que deverá ser proposto pelo presidente da Assembleia Legislativa, deputado Junior Mochi. “É um grande sonho”, afirmou o reitor.

Atualmente, segundo Dirson, a devoção à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro é a mais forte no Mato Grosso do Sul. No Estado, sete cidades tem a santa como padroeira. Em Campo Grande, o Santuário, que completa 76 anos de fundação, reúne milhares de devotos todas as quartas para o maior novenário do mundo. São 18 horários de novena, das 6h até às 23h, e todos os horários lotados de fiéis. “A devoção à Mãe do Perpétuo Socorro está crescendo tanto. Desde o surgimento do Ícone, ninguém tinha ideia de que isso iria acontecer”, conta o Padre Dirson. 

A imagem - O tema da 76º Festa da Padroeira deste ano é “Mãe do Perpétuo Socorro, ícone de amor” e lema: “Lugar de oração, solo sagrado, casa de irmãos” e foi escolhido em harmonia com a Festa do Jubileu de 150 anos de entrega do ícone aos redentoristas pelo Papa Pio IX.  

Homilética: Solenidade de São Pedro e São Paulo, Apóstolos (29 de junho*): "Tu és Pedro e eu te darei as chaves do Reino dos Céus".



Hoje celebramos o glorioso martírio dos santos Apóstolos Pedro e Paulo, aqueles “santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. Pedro, aquele a quem o Senhor constituiu como fundamento da unidade visível da sua Igreja e a quem concedeu as chaves do Reino; Paulo, chamado para ser Apóstolo de um modo único e especial, tornou-se o Doutor das nações pagãs, levando o Evangelho aos povos que viviam nas trevas. Um pela cruz e o outro pela espada, deram o testemunho perfeito de Cristo, derramando seu sangue e entregando a vida em Roma, por volta do ano 67 da nossa era.

Popularmente, a festa de hoje é chamada o Dia do Papa, sucessor de Pedro. Mas não podemos esquecer que ao lado de Pedro é celebrado também Paulo, o Apóstolo por, ou seja, missionário, por excelência.

No evangelho, o apóstolo Simão responde pela fé de seus irmãos. Por isso, Jesus lhe dá o nome de Pedro. Este nome é uma vocação: Simão deve ser a “pedra” (rocha) que deve dar solidez à comunidade de Jesus (cf. Lc 22,32). Esta “nomeação” vai acompanhada de uma promessa: as “portas” (cidade, reino) do inferno não poderão nada contra a Igreja, que é uma realização do reino “dos Céus” (= de Deus). A 1ª leitura ilustra essa promessa: Pedro é libertado da prisão pelo anjo do Senhor. Pedro aparece, assim, como o fundamento institucional da Igreja. Mas, de que modo Pedro é rocha? Como deve realizar esta prerrogativa, que naturalmente não recebeu para si mesmo? O texto de Mateus deixa claro que o reconhecimento da identidade de Jesus proferido por Simão, em nome dos Doze, não provém “da carne e do sangue”, isto é, das suas capacidades humanas, mas de uma especial Revelação de Deus Pai. Também sobressai, forte e clara, a promessa de Jesus: “as portas do inferno”, isto é, as forças do mal, “não conseguirão vencê-la. Na realidade, a promessa que Jesus faz a Pedro é ainda maior do que as promessas feitas aos profetas antigos: de fato, os profetas encontravam-se ameaçados por inimigos somente humanos, enquanto Pedro terá de ser defendido das “portas do inferno”, do poder destrutivo do mal. Jeremias recebe uma promessa que diz respeito à sua pessoa e ministério profético, enquanto Pedro recebe garantias relativamente ao futuro da Igreja, da nova comunidade fundada por Jesus Cristo e que se prolonga para além da existência pessoal do próprio Pedro, ou seja, por todos os tempos.  

A Igreja, portanto, não é uma sociedade de livres pensadores, mas é a sociedade, ou melhor, a comunidade daqueles que se unem a Pedro em proclamar a fé em Jesus Cristo. 

Todavia, doravante, não se poderá estar verdadeira e plenamente na Igreja, como pedra viva, se não se está em comunhão com a fé de Pedro e sua autoridade ou, ao menos, se não se procura estar. Santo Ambrósio escreveu uma palavra forte: “onde está Pedro, ali está a Igreja. ” Isto não significa que Pedro seja, sozinho, toda a Igreja, mas que não pode haver Igreja sem Pedro. A Igreja sem o Papa seria um barco sem timoneiro! O Papa é o representante de Cristo na terra ( seu Vigário) , o fundamento da unidade da Igreja.

Paulo aparece mais na qualidade de fundador carismático. Sua vocação se dá na visão de Cristo no caminho de Damasco: de perseguidor, ele se transforma em apóstolo e realiza, mais do que os outros apóstolos inclusive, a missão que Cristo lhes deixou, de serem suas testemunhas até os extremos da terra (At 1,8). Apóstolo dos pagãos, Paulo torna realidade a universalidade da Igreja, da qual Pedro é o guardião. A 2ª leitura é o resumo de sua vida de plena dedicação à evangelização entre os pagãos, nas circunstâncias mais difíceis: a palavra tinha que ser ouvida por todas as nações (v. 17). Não esconder a luz de Cristo para ninguém! O mundo em que Paulo se movimentava estava dividido entre a religiosidade rígida dos judeus farisaicos e o mundo pagão, cambaleando entre a dissolução moral e o fanatismo religioso. Neste contexto, o apóstolo anunciou o Cristo Crucificado como sendo a salvação: loucura para os gregos, escândalo para os judeus, mas alegria verdadeira para quem nele crê. Missão difícil. No fim de sua vida, Paulo pode dizer que “combateu o bom combate e conservou a fé/fidelidade”, a sua e a dos fiéis que ele ganhou. Como Cristo – o bom pastor – não deixa as ovelhas se perderem, assim também o apóstolo – o enviado de Cristo – conserva-lhes a fidelidade.

Pedro e Paulo representam duas dimensões da vocação apostólica, diferentes mas complementares. As duas foram necessárias, para que pudéssemos comemorar hoje os fundadores da Igreja universal.

Agradeçamos a Deus por pertencermos à Igreja fundada por Cristo que é “Una, Santa, Católica e Apostólica, edificada por Jesus Cristo, sociedade visível instituída com órgãos hierárquicos e comunidade espiritual simultaneamente (…); fundada sobre os Apóstolos e transmitindo de geração em geração a sua palavra sempre viva e os seus poderes de Pastores no Sucessor de Pedro e nos Bispos em comunhão com ele; perpetuamente assistida pelo Espírito Santo” (Paulo VI, Credo do Povo de Deus).

Também S. Paulo é hoje apresentado na cadeia (2 Tm 4, 6-8. 17-18), na sua última prisão que terminará com o seu martírio. O Apóstolo está consciente da sua situação; porém, as suas palavras não revelam amargura, mas a serena satisfação de ter gasto a sua vida pelo Evangelho: “aproxima-se o momento de minha partida. Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé. Agora está reservada para mim a coroa da justiça…” (2 Tm 4, 6-8). Repassando os escritos do Apóstolo dos Gentios, descobrimos que a imagem da espada se refere a toda a sua missão de evangelizador. Por exemplo, quando já sentia aproximar-se a morte, escreve a Timóteo: “Combati o bom combate” ( 2 Tm 4, 7 ); aqui não se trata seguramente do combate de um comandante, mas daquele de um arauto da Palavra de Deus, fiel a Cristo e à sua Igreja, por quem se consumou totalmente. Por isso mesmo, o Senhor lhe deu a coroa de glória e colocou-o, juntamente com Pedro, como coluna no edifício espiritual da Igreja.

E qual será, hoje, o bom combate? Como no tempo de Pedro e Paulo, uma luta pela justiça e a verdade em meio a abusos, contradições e deformações e à exploração desavergonhada, que até se serve dos símbolos da nossa religião.

Assim, rezemos hoje pelo Papa. E acompanhemos nossa oração com um gesto concreto: a esmola, o óbolo de São Pedro, aquela contribuição que no dia de hoje os católicos do mundo inteiro devem dar para as obras de caridade do Papa por todo o mundo. Assim, com as mãos e com o coração rezemos pelo Santo Padre, o Papa: Que o Senhor nosso Deus que o escolheu para o Episcopado na Igreja de Roma, o conserve são e salvo à frente da sua Igreja, governando o Povo de Deus, de modo que o povo cristão a ele confiado possa sempre mais crescer na fé.