segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Trinta e cinco anos atrás, João Paulo I era eleito Papa


Nesta segunda-feira, 26 de agosto, decorre o 35º aniversário de eleição à Sé de Pedro de João Paulo I. Nascido em Canale d’Agordo, norte da Itália, em 17 de outubro de 1912, no momento da eleição o Cardeal Albino Luciani era Patriarca de Veneza e assumiu o nome de João Paulo I, homenageando seus dois predecessores: João XXIII e Paulo VI, que falecera 20 dias antes.

O seu pontificado foi um dos mais breves da história: depois de apenas 33 dias o “Papa do sorriso” foi encontrado morto em sua cama, na manhã de 28 de setembro. Em seu único discurso Urbi et Orbi, João Paulo I reiterou à Igreja que seu principal dever era a evangelização e a exortou a prosseguir no esforço do ecumenismo.


Em discurso no dia 10 de setembro, dirigindo-se a representantes da imprensa internacional, pediu que “se aproximassem mais de seus semelhantes, intuindo de perto seu desejo de justiça, de paz, de concórdia e solidariedade, em prol de um mundo mais justo e humano”.

Nas quatro audiências gerais que concedeu, o Papa “humilde” enfrentou temas como a humildade, a fé, a esperança e a caridade, falando com um estilo pessoal do qual emergiu sua missão pastoral e catequética.

João Paulo I também é lembrado como o “Papa catequista”, ou “Papa pároco do mundo”, nomes que salientam seu amor pela catequese vista como paixão comunicativa a serviço da verdade cristã e não como uma forma reduzida de evangelização.

(CM)
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O Estado não pode ser indiferente à autoridade de Deus

As sociedades não podem comportar-se como se Deus não existisse.
A Igreja condena o indiferentismo religioso e o laicismo do Estado.

É inegável a importância de se discutir as relações entre Estado e Igreja. Há quase dois milênios as duas esferas se relacionam, ora de modo pacífico, ora por meio de conflitos que podem durar anos, décadas e até séculos.

No começo da expansão do Cristianismo, os imperadores romanos perpetraram uma grande perseguição aos que aderiam à nova religião. Era a primeira grande dificuldade na relação entre o Estado e a Igreja. Mais adiante, na Idade Média, a "questão das investiduras" colocava, de um lado, a liberdade da Igreja em escolher e nomear seus bispos, e, do outro, o poder temporal dos reis. Só depois de o Papa Calisto II e o imperador alemão Henrique V firmarem um acordo – era a primeira concordata formal entre um Papa e um chefe de Estado –, a controvérsia viria a ser superada.

No século XX, com a chegada do socialismo ao poder, a liberdade da Igreja se viu ameaçada em várias nações: muitos de seus bens foram confiscados, parte significativa de seu patrimônio foi delapidada e várias comunidades ainda hoje se confinam a catacumbas, para praticar a fé que receberam dos Apóstolos. Na China, o conflito entre Estado e Igreja salta aos olhos: ao lado da Igreja "una, santa, católica e apostólica" – como professamos no Credo – foi fundada a Associação Patriótica Chinesa, instituição religiosa oficial do Estado comunista. Várias tentativas de sanar o problema ocuparam o trabalho dos Sumos Pontífices, sem sucesso: o governo vermelho chinês tem se mantido irredutível até o momento.


Urge, antes de mais nada, desmascarar uma ideia recorrente: a de que os religiosos não deveriam se intrometer na vida pública ou opinar nas decisões políticas. Com frequência, debatedores pretensamente "esclarecidos" recorrem a este argumento e, defendendo uma mal-entendida laicidade do Estado, sugerem à Igreja o silêncio, quando não a própria sujeição ao poder civil. Para sustentar seus pontos-de-vista, atacam com insistência a era medieval – quando as instituições estavam impregnadas do espírito cristão –, à qual contrapõem o advento do iluminismo e da modernidade ateia.

Hoje, sabe-se que a historiografia que menospreza a Igreja e a sua influência, tachando o glorioso milênio que nos deu os gênios de Agostinho, Anselmo e Tomás de "Idade das Trevas", foi confeccionada ideologicamente, e que, diferentemente do que postulavam os iluministas, a contribuição oferecida pela religião cristã à sociedade civil abrange as mais diversas áreas da atuação humana. "Onde quer que a Igreja tenha penetrado – notava o Papa Leão XIII –, imediatamente tem mudado a face das coisas e impregnado os costumes públicos não só com virtudes até então desconhecidas, mas ainda com uma civilização nova". O Papa Francisco ressaltou esta verdade histórica, quando lembrou que "graças à fé, compreendemos a dignidade única de cada pessoa, que não era tão evidente no mundo antigo".

Separar absolutamente as esferas civil e religiosa não é só, na prática, irrealizável – já que, da mesma forma, não se pode separar as realidades física e espiritual do homem –, mas teoricamente inadmissível.

Primeiro, porque contraria o próprio direito divino. De acordo com a lição da encíclica Immortale Dei, "as sociedades não podem sem crime comportar-se como se Deus absolutamente não existisse". Mais que respeitá-lo, devem elas "seguir estritamente as regras e o modo segundo os quais o próprio Deus declarou querer ser honrado". O Estado não pode permanecer indiferente à autoridade de Deus, para o qual tende todo homem e, por consequência, toda sociedade humana.

Segundo, porque esta indiferença seria extremamente prejudicial à própria convivência das pessoas. Não é possível dar paz e prosperidade a um império prescindindo da religião. Nas palavras do Papa Francisco, "só a partir de Deus (...) é que a nossa sociedade pode encontrar alicerces sólidos e duradouros".

Sobre isto, o último século, repleto de sistemas filosóficos malucos, guerras violentas e campos de concentração, tem muito a ensinar à contemporaneidade: ele lembra – para citar uma sentença do escritor russo Fiódor Dostoiévski – que "se Deus não existe, tudo é permitido". Lembra que são baldados os esforços de se construir uma moralidade "laica", distante de Deus: quando o homem tenta tirá-Lo do centro de sua vida e da sociedade, colocando a si mesmo como medida última de todas as coisas, a própria dignidade do homem se esvanece. São verdadeiras as palavras de Jesus: "Sem Mim, nada podeis fazer" (Jo 15, 5).
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domingo, 25 de agosto de 2013

Juízo Particular e Juízo Final: Quando e como acontecerá?


I - O JUÍZO PARTICULAR ocorre imediatamente após a morte, e define se a alma vai para o Céu, inferno ou purgatório. Não há uma ação violenta de Deus, mas simplesmente a alma terá nítida consciência do que foi sua vida terrestre, e assim, se sentirá irresistivelmente impelida para junto de Deus (Céu), ou para longe da presença de Deus (Inferno) ou ainda para um estágio de purificação (Purgatório).

O JUÍZO FINAL ou UNIVERSAL
 é a tomada de consciência, do indivíduo e de todos os homens, das obras boas e más que cada um realizou. Note que é diferente do Juízo Particular. Neste, Deus revela a cada um, em foro privado, a pureza de intenção que definiu sua sorte no além. Já o Juízo Universal não se trata de uma segunda instância, pois o julgamento individual já ocorreu no Juízo Particular, mas simplesmente revelará a todos os homens os mistérios da história da humanidade e todos os efeitos positivos ou negativos das atitudes de cada um. Tudo será manifesto a todos. 

Dia de triunfo da Verdade e da Justiça. 

Após o Juízo Final segue-se o Tanque de Enxofre (Inferno) para os ímpios e o Paraíso para os justos.


II - Juízo particular e juízo final

Além do juízo particular, que acontece imediatamente depois da morte, a fé da Igreja diz que no fim do mundo será julgada toda a humanidade. Este segundo juízo será de todos e na presença de todos os homens, ao final dos tempos, e por isto é chamado de juízo final ou juízo universal.

Sentido do juízo final

O juízo final não mudará em nada a sentença estabelecida no juízo particular, mas servirá para que resplandeça a sabedoria e a justiça divina, para prêmio dos bons e castigo dos maus, também em relação ao corpo. Perante Cristo, que é a Verdade, será revelada definitivamente a verdade em relação a cada homem com Deus. O juízo final revelará até suas ultimas consequências o que cada um fez - bom ou mal- ou tenha deixado de fazer durante sua vida terrena.

O juízo final revelará que a justiça de Deus triunfa sobre todas as injustiças cometidas por suas criaturas e que seu amor é mais forte que a morte.

III - Diz S. Paulo que após a morte sucede-se o Juízo; trata-se do Juízo Particular e não do Juízo Final, quando ressuscitaremos. No Juízo Particular encontramos o nosso destino até o final dos tempos: a salvação (indo diretamente para o céu ou passando por um purificação preliminar) ou a condenação (indo para o inferno).

Consideremos, então, que o Senhor viesse hoje: todos os mortos - justos (inclusive os que estavam no purgatório) e injustos - ressuscitariam (cf. At 24,15) e seriam julgados - publicamente - juntamente com aqueles que se encontravam vivos; então o que cada um tiver feito será revelado diante de todos e haverá apenas 2 destinos finais: a Vida Eterna (para os justos) e o castigo eterno (para os injustos). Se por um lado parece que há vantagem pelo fato de ficar vivo até o Dia do Senhor, para não passar eventualmente pelo purgatório, por outro exige mais responsabilidade da parte do cristão: 

Porque ninguém - senão Deus - sabe o dia e hora do Juízo Final. Porque o resultado do julgamento será fulminante: ou a Vida ou a Morte eterna.

IV - Está dito do dia do juízo, que os homens verão aqueles que, entre vós, viveram vidas ímpias e tiveram obras falsas quanto aos mandamentos de Jesus Cristo. Porém, os justos, tendo boas obras e sofrido tormentos, bem como aborrecido os prazeres da alma, quando contemplarem aos que têm obras más e negaram a Jesus com suas palavras e atos, sendo castigados com penosos tormentos e um fogo inextinguível, darão glória a Deus, dizendo: "Há esperança para Aquele que serviu a Deus de todo coração".

Ângelus: Papa volta a fazer apelo pela paz na Síria


ANGELUS
Praça São Pedro
Domingo, 25 de agosto de 2013


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje nos convida a refletir sobre o tema da salvação. Jesus está saindo da Galileia rumo à cidade de Jerusalém e ao longo do caminho alguém – conta o evangelista Lucas – aproxima-se a Ele e lhe pergunta: “Senhor, são poucos os que se salvam?” (13, 23). Jesus não responde diretamente à pergunta: não é importante saber quantos se salvam, mas é bastante importante saber qual é o caminho da salvação. E então à pergunta Jesus responde dizendo: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão” (v. 24). O que Jesus quer dizer? Qual é a porta pela qual devemos entrar? E porque Jesus fala de uma porta estreita?

A imagem da porta volta várias vezes no Evangelho e remete àquela da casa, do lar, onde encontramos segurança, amor, calor. Jesus nos diz que há uma porta que nos faz entrar na família de Deus, no calor da casa de Deus, da comunhão com Ele. Esta porta é o próprio Jesus (cfr Jo 10, 9). Ele é a porta. Ele é a passagem para a salvação. Ele nos conduz ao Pai. E a porta que é Jesus não está nunca fechada, esta porta não está nunca fechada, está aberta sempre e a todos, sem distinção, sem exclusão, sem privilégios. Porque, vocês sabem, Jesus não exclui ninguém. Algum de vocês poderia dizer-me: “Mas padre, com certeza eu sou excluído, porque sou um grande pecador: fiz tantas coisas más, fiz tantas, na vida”. Não, você não está excluído! Justamente por isso você é o preferido, porque Jesus prefere o pecador, sempre, para perdoá-lo, para amá-lo. Jesus está esperando você para te abraçar, te perdoar. Não ter medo: Ele te espera. Animado, tenha coragem para entrar pela sua porta. Todos são convidados a atravessar esta porta, a atravessar a porta da fé, a entrar na sua vida e a fazê-Lo entrar na nossa vida, para que Ele a transforme, a renove, dê a ela alegria plena e duradoura.


Nos dias de hoje, passamos diante de tantas portas que nos convidam a entrar prometendo uma felicidade que depois percebemos que dura somente um instante, que é um fim em si mesma e não tem futuro. Mas eu pergunto a vocês: nós, por qual porta queremos entrar? E quem queremos fazer entrar pela porta da nossa vida? Gostaria de dizer com força: não devemos ter medo de atravessar a porta da fé em Jesus, de deixá-Lo entrar sempre mais na nossa vida, de sair de nossos egoísmos, dos nossos fechamentos, das nossas indiferenças com os outros. Porque Jesus ilumina a nossa vida com uma luz que não se apaga mais. Não é um fogo de artifício, não é um flash! Não, é uma luz tranquila que dura sempre e nos dá paz. Assim é a luz que encontramos se entramos pela porta de Jesus.

Certo, aquela de Jesus é uma porta estreita, não porque seja uma sala de tortura. Não, não por isto! Mas porque nos pede para abrir o nosso coração a Ele, para reconhecer-nos pecadores, necessitados da sua salvação, do seu perdão, do seu amor, de ter humildade para acolher a sua misericórdia e fazer-nos renovar por Ele. Jesus no Evangelho nos diz que ser cristãos não é ter uma “etiqueta”! Eu pergunto a vocês: vocês são cristãos de etiqueta ou de verdade? E cada um responda para si! Não cristãos, nunca cristãos de etiqueta! Cristãos de verdade, de coração. Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, no promover a justiça, no fazer o bem. Pela porta estreita que é Cristo deve passar toda a nossa vida.

À Virgem Maria, Porta do Céu, peçamos que nos ajude a atravessar a porta da fé, a deixar que o seu Filho transforme a nossa existência como transformou a sua para levar a todos a alegria do Evangelho.

Apelo pela Síria

Com grande sofrimento e preocupação continuo acompanhando a situação na Síria. O aumento da violência em uma guerra entre irmãos, com o multiplicar dos massacres e atrocidades, que todos pudemos ver também nas terríveis imagens destes dias, leva-me mais uma vez a exortar para que cesse o barulho das armas. Não é o conflito que oferece perspectivas de esperança para resolver os problemas, mas é a capacidade de encontro e de diálogo.

Do fundo do meu coração, gostaria de manifestar a minha proximidade com a oração e a solidariedade a todas as vítimas deste conflito, a todos aqueles que sofrem, especialmente as crianças, e convidar a ter sempre viva a esperança de paz. Faço apelo à Comunidade Internacional para que se mostre mas sensível a esta trágica situação e coloque todo o seu empenho para ajudar a amada nação síria a encontrar uma solução a uma guerra que semeia destruição e morte.


Todos juntos, rezemos, todos juntos rezemos à Maria, Rainha da Paz: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós. Todos: Maria, Rainha da Paz, rogai por nós.
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Fonte: Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

O Suicídio da Humanidade


Hoje no mundo são mais de 20 os países que vivem a tragédia dos conflitos, da guerra, e muitas dessas, internas, irmãos contra irmãos, dramas totalmente desconhecidos ou esquecidos. Parece que nesta nossa sociedade tecnológica as guerras e conflitos somente existem quando as câmeras de televisão jogam para dentro de nossas casas, a dor, o sofrimento e o cheiro da morte. Caso contrário, a guerra é só uma palavra que o tempo gastou de tanto ser usada. Ganha nossa atenção nesses últimos dias as revoltas internas dos jovens na Turquia, mas também o martírio de civis na vizinha Síria, onde segundo a ONU desde o início da revolta interna mais de 90 mil pessoas perderam a vida. Interessa-nos, talvez, porque as imagens nos falam da tristeza de povos que num certo sentido tem muita ligação conosco, com o Brasil. O drama vivido por muitos povos, e agora pelo povo sírio é mais um grito da loucura que se consuma e produz morte, tristeza e milhões de refugiados.

São novas guerras no Oriente Médio, são tragédias em diferentes países, tudo isso à sombra da crise econômica que atinge a Europa. Estamos também vivendo um ano marcado por acontecimentos econômicos; nações que até poucos anos eram consideradas verdadeiras potências mundiais, passaram a sentir o gosto amargo da crise econômica. 


“A guerra é o suicido da humanidade”, disse dias atrás o Papa Francisco, porque mata o coração e mata o amor. Já o Beato João Paulo II antes da primeira guerra no Golfo sentenciava que a guerra é uma “aventura sem retorno” onde todos perdem. A guerra ofende a Deus e fere a humanidade, é um mal profundo. Mas por que ainda hoje devemos ouvir que a guerra impera em certas regiões do nosso planeta? Tudo gira em torno do poder, da busca do poder de uns sobre outros, do poder econômico que não conhece limites, da indiferença da dor do próximo, da busca de “soberania” que os “grandes” desejam e que para obter escolhem a estrada do conflito, da guerra, da subjugação.

O poder, o dinheiro, são mais importantes do que o ser humano. A guerra é exatamente isso, – disse Papa Francisco – “um ato de fé ao dinheiro, aos ídolos do ódio, que leva a matar o irmão”. Hoje até “Deus chora pela nossa loucura”, pela nossa falta de consciência do valor da vida, do valor da humanidade.

Apesar do mundo dizer que deseja a paz, apesar das muitas convenções internacionais tentarem garantir a paz e os direitos humanos da população, o que vemos na realidade dura e crua são operações bélicas obedecendo somente uma regra, a lei do mais forte, a lei das armas: quem tem armas, tem poder, domina. João Paulo II dizia que “a guerra é o meio mais bárbaro e o menos eficaz de todos para resolver quaisquer conflitos”. 

Na audiência geral da última quarta-feira na Praça São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco falou das muitas guerras ainda existentes hoje, inclusive entre cristãos. Como isso pode acontecer? No nosso bairro, no trabalho, na família, quantas guerras internas por inveja, ciúme. “Peçamos ao Senhor que nos faça entender a lei do amor, disse o Papa. Quanto é belo nos amarmos como verdadeiros irmãos”. Palavras que até parecem uma utopia, um pensamento contracorrente, sem sentido num mundo onde a voz do mais forte ecoa e faz baixar a cabeça do mais fraco e débil. 

Por que é tão difícil as pessoas pensarem que a guerra traz resultados imprevisíveis e que é causa somente de mais sofrimento, enquanto o diálogo é porta para a esperança, para a solução? Podemos mudar a situação, essa realidade marcada pelo ódio, pela busca de poder, em síntese, pelo mal. Mas tudo deve começar por nós mesmos no nosso mundo, na nossa família, no nosso trabalho, na nossa comunidade, na nossa Igreja. Sim porque também ali a inveja pode imperar e o orgulho soberbo dominar. Somos pequenas luzes que podem, juntas – como disse o Papa Francisco -, iluminar essa grande escuridão de hoje, provocada pela indiferença e falta de amor. Sim a alternativa à guerra, à violência, ao ódio, ao desconforto, à indiferença existe, e ela se chama amor, diálogo; amor que destrói o egoísmo, diálogo, que reconhece no outro a sua dignidade; e ainda a paz, fruto da justiça, que tanto o homem anseia. O desejo de realizar tais vontades pode mudar e fazer uma nova história do homem, mas para isso é preciso coragem, sim, a coragem de homens livres, cheios de esperança e de amor. Assim podemos evitar o “suicido da humanidade”.


Silvonei José Protz
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sábado, 24 de agosto de 2013

Arcebispo de Túnis no Dia de Oração e Jejum pelos países árabes: "somos todos filhos do mesmo Deus. Não existe motivo para brigar desta maneira".


A Igreja na Tunísia proclamou para este domingo um Dia de Orações e Jejum pela paz nos Países Árabes, palco de violência provocada pela instabilidade política. Às comunidades cristãs é pedido que exortem os fieis, nas homilias deste domingo, para tomarem parte na iniciativa, rezando pelos cristãos e muçulmanos. A Rádio conversou com o Arcebispo de Túnis, Dom Ilario Antoniazzi:

R: “É verdade que a Igreja na Tunísia é uma pequena Igreja, porém, com um grande coração. Não somos absolutamente insensíveis àquilo que acontece nos países árabes, antes de tudo porque a Tunísia é um país árabe e isto que acontece aos nossos irmãos árabes – quer cristãos ou muçulmanos – diz respeito também a nós. Segundo, temos assistido ao sofrimento dos nossos irmãos cristãos no Egito, no Líbano, no Iraque, em todos estes países onde os cristãos estão sofrendo. Não quero falar de perseguição, porque não existe uma perseguição exatamente, porém, tem muito sofrimento. Por isto que nos sentimos na obrigação de oferecer orações e jejum ao Senhor, para que coloque um fim em tudo isto e dê sobretudo a força aos cristãos e aos nossos irmãos muçulmanos para que cheguem a um acordo e entendam que, no final das contas, somos irmãos e adoramos o mesmo Deus. Somos todos filhos do mesmo Deus e não existe nenhum motivo para brigar desta maneira”.


RV: Um domingo consagrado à oração e ao jejum pela paz no mundo árabe...

R: “Eu gostei muito de ver que existem outros países árabes que tomaram esta iniciativa e que foi seguida pelos fiéis. Como eu disse, somos todos filhos do mesmo povo – povo árabe, cristão e muçulmano – e o sofrimento torna-se um sofrimento para todos”.

RV: O Papa Francisco pediu que se rezasse pelo Egito que está vivendo uma situação difícil….


R: “É claro que o Egito, neste momento, deve ocupar um lugar especial na nossa oração. Temos visto quantas igrejas foram queimadas e vimos como o povo cristão egípcio está se comportando com grande honra e não se vingou nenhuma vez. Está vivendo o Evangelho do sofrimento. O Senhor já havia dito: “Sereis perseguidos também vós e, como eu levei a minha cruz, também vós deveis levar a vossa”. Acredito que tenha chegado o momento para o povo egípcio de suportar o sofrimento por amor a Cristo crucificado e devemos ajudá-los, nós, com a nossa oração e com o jejum, para que o Senhor dê a força e a coragem necessária. Rezemos também pelo povo muçulmano, porque também eles sofrem e são vítimas de uma ideologia que não é aquela do povo muçulmano, que por natureza é um povo fraterno ao qual agrada viver em paz com todos. Existem, porém, ideologias que às vezes se aproveitam deles e que levam os fiéis ao extremismo. Isto nós rejeitamos completamente, de qualquer parte que venha”. (JE)´
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Existe o inferno!


Naquele tempo, isto é, por ocasião do Natal de 1859, ela ainda vivia e contava pouco mais de quarenta anos.

Achava-se essa dama em Londres no inverno de 1847 e 1848; enviuvara aos 29 anos, era muito rica e muito amiga dos divertimentos mundanos. Entre as pessoas elegantes que frequentavam a sua casa, notava-se especialmente um moço, cujas contínuas visitas a comprometiam não pouco e cuja vida estava longe de ser edificante.

Uma noite, a senhora lia não sei que romance para conciliar o sono. Ouvindo bater o relógio, apagou a vela e dispunha-se para deitar, quando percebeu, com grande assombro, que uma luz estranha e pálida vinha da porta do salão contíguo e espalhava-se a pouco e pouco no quarto, aumentando sempre. Não sabendo o que era, do pasmo passou ao medo  eis senão quando, viu abrir-se lentamente a porta do salão e entrar no quarto o jovem desregrado, o qual, antes que ela pudesse pronunciar palavra, aproximou-se, tomando-a pelo braço esquerdo, apertando-lhe fortemente o pulso, e com aceno desesperado, lhe falou em inglês:

– Existe o inferno!


Foi tão grande o susto que a senhora perdeu os sentidos. Voltando a si, tocou nervosamente a campainha para chamar a criada, que a tendeu; entrando no quarto, esta sentiu logo um cheiro de queimado e chegando-se à ama, que com dificuldade articulava umas palavras pôde ver que tinha ao redor do pulso uma queimadura tão profunda que a carne desaparecera e ficava à mostra o osso. Observou além disso, que da porta do salão até o leito e do leito à porta do salão estava impressa a pegada de um homem, que tinha queimado o pano de parte a parte. Por ordem da ama, abriu a porta do salão, e notou que lá terminavam as pegadas no tapete.

No dia seguinte, a desditosa senhora soube com aquele medo que bem se compreende, que alta noite, o tal moço se embriagara com excesso, e transportado para casa, veio a morrer pouco depois.

Ignoro, acrescenta o superior, se esta terrível lição tenha convertido a infeliz dama; o que sei é que ela ainda vive e para esconder aos olhares curiosos o sinal daquela sinistra queimadura, leva no pulso, à guisa de bracelete, um largo enfeite de ouro, que não deixa nem de dia nem de noite. Repito que os particulares eu os tive da boca de um seu parente próximo, católico sincero, a cuja palavra presto fé. Os parentes não falam do ocorrido e é por isso que tenho o cuidado de ocultar o nome da família.


Apesar do véu, no qual esta aparição foi e deveu ser envolvida, não me parece, acrescenta Monsenhor Ségur, que se possa pôr em dúvida a formidável autenticidade.
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Título original: O inferno existe: segundo testemunho.

A celebração do Sacramento do Matrimônio pode ser realizada fora da igreja?


Esta pergunta foi-me feita mui recentemente. Mais especificamente, uma amiga perguntou-me se a celebração do Sacramento do Matrimônio pode ser feita numa praia, num bosque ou noutros lugares similares, que não sejam uma igreja. Crendo que este pode ser o desejo e, portanto, a dúvida de várias pessoas, considerei que seria proveitoso responder através do blog.

Bem, consultemos o Ritual do Matrimônio e o Código de Direito Canônico, inicialmente.

Ritual do Matrimônio (n. 27-29):

Celebre-se o Matrimônio na paróquia de um ou de outro dos nubentes, ou noutro lugar com licença do Ordinário ou do pároco.
O Matrimônio é ordenado ao crescimento e à santificação do povo de Deus. A sua celebração reveste por conseguinte um caráter comunitário. Não requer somente a participação dos esposos e das pessoas que lhes estão mais próximas, mas também da comunidade paroquial, pelo menos na pessoa de alguns dos seus membros. Tendo em conta os costumes locais, se parecer oportuno, podem celebrar-se vários Matrimônios ao mesmo tempo ou inserir a celebração do sacramento na assembleia dominical.
A própria celebração deverá preparar-se cuidadosamente, tanto quanto possível com os nubentes. Celebre-se o Matrimônio habitualmente dentro da Missa. O pároco, porém, tendo em conta quer as necessidades pastorais quer a participação dos nubentes e dos assistentes na vida da Igreja, considere se será conveniente propor a celebração do Matrimônio dentro ou fora da Missa.


Código de Direito Canônico (cân. 1115.1118):

Celebrem-se os matrimônios na paróquia, onde qualquer das partes tem o domicílio ou quase-domicílio ou residência durante um mês, ou, tratando-se de vagos, na paróquia onde atualmente se encontram; com licença do Ordinário próprio ou do pároco próprio podem celebrar-se noutro lugar.
O matrimônio entre católicos ou entre uma parte católica e outra não católica mas batizada celebre-se na igreja paroquial; pode celebrar-se noutra igreja ou oratório com licença do Ordinário ou do pároco.
O Ordinário do lugar pode permitir que o matrimônio se celebre noutro lugar conveniente.
O matrimônio entre uma parte católica e outra não batizada pode celebrar-se na igreja ou noutro local conveniente.

Estes dois textos fazem-nos compreender que a celebração do matrimônio é uma celebração sagrada, de cunho comunitário, marcadamente ligada ao contexto paroquial, sobretudo quando é o matrimônio de noivos católicos de fato.

O Ritual manda celebrá-lo na paróquia de um dos noivos. Celebrar em outra requer licença do bispo ou do pároco. Diz ainda que seja celebrado habitualmente dentro da Missa, o que nos fará ter que procurar mais outras fontes, já que agora estamos falando da Missa. Voltaremos a isto.

O Código de Direito Canônico indica com mais clareza que o matrimônio entre católicos ou entre um católico e outro batizado (ex: protestante com batismo válido) seja celebrado na igreja paroquial. O bispo ou o pároco podem permitir que seja feito noutra igreja. O cânon seguinte diz que o bispo (e aqui não cita o pároco ou outra pessoa) pode permitir que seja celebrado em outro lugar conveniente.

A permissão comum para o matrimônio noutro local sem ser uma igreja está no parágrafo que fala do matrimônio entre um católico e alguém não batizado.

Portanto, se dois católicos querem que o seu matrimônio seja celebrado num lugar que não seja uma igreja, as citações nos levam a compreender que é preciso permissão do bispo, certamente dando os devidos motivos, os quais não conviriam ser meramente relativos a estética, moda e muito menos superstição.
Assim percebemos que, para a celebração sacramental do Matrimônio, o local certo é a igreja, "edifício sagrado destinado ao culto divino", como diz o Código de Direito Canônico (cân. 1214).

Entrando no detalhe de que o matrimônio venha a ser celebrado dentro da Missa, vejamos o que diz a Instrução Geral sobre o Missal Romano, o Código de Direito Canônico e a Instrução Redemptionis Sacramentum:

Instrução Geral sobre o Missal Romano (n. 297):

A celebração da Eucaristia, em lugar destinado ao culto, deve ser feita num altar; fora do lugar sagrado, pode se realizar sobre uma mesa apropriada, sempre, porém, com toalha e corporal, cruz e castiçais.

Código de Direito Canônico (Cân. 932, § 1):

A celebração eucarística realize-se em lugar sagrado, a não ser que a necessidade exija outra coisa; neste caso, deve realizar-se em lugar decente.

Instrução Redemptionis Sacramentum (nn. 77.108):

A celebração da santa Missa, de nenhum modo, pode ser inserida como parte integrante de uma ceia comum, nem se unir com qualquer tipo de banquete. Não se celebre a Missa, a não ser por grave necessidade, sobre uma mesa de refeição, ou num refeitório, ou num lugar que será utilizado para uma festa, nem em qualquer sala onde hajam alimentos, nem os participantes na Missa se sentem à mesa, durante a celebração. Se, por uma grave necessidade, deva-se celebrar a Missa no mesmo lugar onde depois será a refeição, deve-se mediar um espaço suficiente de tempo entre a conclusão da Missa e o início da refeição, sem que se exibam aos fiéis, durante a celebração da Missa, alimentos ordinários.
"A celebração eucarística se tem de fazer em lugar sagrado, a não ser que, em um caso particular, a necessidade exija outra coisa; neste caso, a celebração deve se realizar em um lugar digno". Da necessidade do caso julgará, habitualmente, o Bispo diocesano para sua diocese.

Procurando mais informações em outras línguas, encontro a mesma dúvida sobre omatrimonio all'aperto ou all'americana (como chamado na Itália) ou outdoor wedding (em inglês) e praticamente as mesmas fontes são utilizadas.

O interesse no matrimônio celebrado fora da igreja é facilmente dedutível como advindo de motivos alheios à sacralidade da celebração e, por isso mesmo, percebe-se o perigo de prevalecer uma visão apenas social, estética, "romântica", que ignora o sentido sagrado, eclesial e comunitário do sacramento.

Definitivamente, o matrimônio entre católicos deve ser celebrado na igreja, sobretudo na igreja paroquial de um dos dois. Se é celebrado dentro da Missa, como recomendado, não poderá ser feito fora da igreja, a não ser em caso de necessidade (o grande número dos convidados, que venha a não caber na igreja, ou algo assim). Motivações meramente estéticas, "românticas" ou questão de "moda" estão longe de serem consideradas "necessidade".

Para o caso de matrimônio entre um católico e um não batizado, podem estar em questão fatores relacionados à religião da outra parte e restrições da família quanto a lugares cristãos, o que configura um contexto bem diverso do simples matrimônio entre fiéis católicos num país e numa cultura historicamente cristãos e católicos.

Esperamos ter sanado a dúvida.

Deus abençoe os noivos que venham a ler esta postagem. Que possam celebrar o santo matrimônio de forma consciente e frutuosa, como bons cristãos.


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Luís Augusto - membro da ARS