quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Bispo da Igreja Católica se manifesta sobre o BBB



A situação é extremamente preocupante: no Brasil, há uma televisão de altíssimo nível técnico e baixíssimo nível de programação. Sem nenhum controle ético por parte da sociedade, os chamados canais abertos (aqueles que se podem assistir gratuitamente) fazem a cabeça dos brasileiros e, com precisão satânica, vão destruindo tudo que encontram pela frente: a sacralidade da família, a fidelidade conjugal, o respeito e veneração dos filhos para com os pais, o sentido de tradição (isto é, saber valorizar e acolher os valores e as experiências das gerações passadas), as virtudes, a castidade, a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pela religião, o temor amoroso para com Deus.


Na telinha, tudo é permitido, tudo é bonitinho, tudo é novidade, tudo é relativo! Na telinha, a vida é pra gente bonita, sarada, corpo legal… A vida é sucesso, é romance com final feliz, é amor livre, aberto desimpedido, é vida que cada um faz e constrói como bem quer e entende! Na telinha tem a Xuxa, a Xuxinha, inocente, com rostinho de anjo, que ensina às jovens o amor liberado e o sexo sem amor, somente pra fabricar um filho… Na telinha tem o Gugu, que aprendeu com a Xuxa e também fabricou um bebê… Na telinha tem os debates frívolos do Fantástico, show da vida ilusória… Na telinha tem ainda as novelas que ensinam a trair, a mentir, a explorar e a desvalorizar a família… Na telinha tem o show de baixaria do Ratinho e do programa vespertino da Bandeirantes, o cinismo cafona da Hebe, a ilusão da Fama… Enquanto na realidade que ela, a satânica telinha ajuda a criar, te mos adolescentes grávidas deixando os pais loucos e a o futuro comprometido, jovens com uma visão fútil e superficial da vida, a violência urbana, em grande parte fruto da demolição das famílias e da ausência de Deus na vida das pessoas, os entorpecentes, um culto ridículo do corpo, a pobreza e a injustiça social… E a telinha destruindo valores e criando ilusão…

E quando se questiona a qualidade da programação e se pede alguma forma de controle sobre os meios de comunicação, as respostas são prontinhas: (1) assiste quem quer e quem gosta, (2) a programação é espelho da vida real, (3) controlar e informação é antidemocrático e ditatorial… Assim, com tais desculpas esfarrapadas, a bênção covarde e omissa de nossos dirigentes dos três poderes e a omissão medrosa das várias organizações da sociedade civil – incluindo a Igreja, infelizmente – vai a televisão envenenando, destruindo, invertendo valores, fazendo da futilidade e do paganismo a marca registrada da comunicação brasileira…

Um triste e último exemplo de tudo isso é o atual programa da Globo, o Big Brother (e também aquela outra porcaria, do SBT, chamada Casa dos Artistas…). Observe-se como o Pedro Bial, apresentador global, chama os personagens do programa: “Meus heróis! Meus guerreiros!” – Pobre Brasil! Que tipo de heróis, que guerreiros! E, no entanto, são essas pessoas absolutamente medíocres e vulgares que são indicadas como modelos para os nossos jovens!

Como o programa é feito por pessoas reais, como são na vida, é ainda mais triste e preocupante, porque se pode ver o nível humano tão baixo a que chegamos! Uma semana de convivência e a orgia corria solta… Os palavrões são abundantes, o prato nosso de cada dia… A grande preocupação de todos – assunto de debates, colóquios e até crises – é a forma física e, pra completar a chanchada, esse pessoal, tranquilamente dá-se as mãos para invocar Jesus… Um jesusinho bem tolinho, invertebrado e inofensivo, que não exige nada, não tem nenhuma influência no comportamento público e privado das pessoas… Um jesusinho de encomenda, a gosto do freguês… que não tem nada a ver com o Jesus vivo e verdadeiro do Evangelho, que é todo carinho, misericórdia e compaixão, mas odeia o fingimento, a hipocrisia, a vulgaridade e a falta de compromisso com ele na vida e exige de nós conversão contínua! Um jesusinho tão bonzinho quanto falsificado… Quanta gente deve ter ficado emocionada com os “heróis” do Pedro Bial cantando “Jesus Cristo, eu estou aqui!”

Até quando a televisão vai assim? Até quando os brasileiros ficaremos calados? Pior ainda: até quando os pais deixarão correr solta a programação televisiva em suas casas sem conversarem sobre o problema com seus filhos e sem exercerem uma sábia e equilibrada censura? Isso mesmo: censura! Os pais devem ter a responsabilidade de saber a que programas de TV seus filhos assistem, que sites da internet seus filhos visitam e, assim, orientar, conversar, analisar com eles o conteúdo de toda essa parafernália de comunicação e, se preciso, censurar este ou aquele programa. Censura com amor, censura com explicação dos motivos, não é mal; é bem! Ninguém é feliz na vida fazendo tudo que querninguém amadurece se não conhece limites; ninguém é verdadeiramente humano se não edifica a vida sobre valores sólidos… E ninguém terá valores sólidos se não aprende desde cedo a escolher, selecionar, buscar o que é belo e bom, evitando o que polui o coração, mancha a consciência e deturpa a razão!

Aqui não se trata de ser moralista, mas de chamar atenção para uma realidade muito grave que tem provocado danos seríssimos na sociedade. Quem dera que de um modo ou de outro, estas linha de editorial servissem para fazer pensar e discutir e modificar o comportamento e as atitudes de algumas pessoas diante dos meios de comunicação.


Dom Henrique Soares, 
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Aracajú-SE

Dom Orani comenta processo de beatificação de Odetinha



O arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), dom Orani João Tempesta, concedeu uma entrevista coletiva à imprensa nesta quarta-feira, 16 de janeiro, na qual falou sobre o início do processo arquidiocesano de beatificação da Serva de Deus Odette Vidal de Oliveira, “Odetinha”. A coletiva foi realizada na sede da arquidiocese do Rio.

Dom Orani agradeceu a presença de todos os comunicadores e destacou que a ocasião antecedeu um momento inédito e histórico para todos os fiéis da arquidiocese: a abertura de um processo de beatificação, que será realizada nesta sexta-feira, 18 de janeiro.

"Nunca é demais recordar que, quando há um certo clamor popular, a Igreja sempre procura investigar para poder colocar aquele ou aquela que morreu com fama de santidade como um exemplo de vida que pode ser sinal também para que saibamos que em todas as épocas da humanidade e em todos os momentos das nossas vidas temos a oportunidade de nos santificar", afirmou.


O arcebispo contou ainda que desde que chegou ao Rio de Janeiro sempre ouviu algumas pessoas falarem sobre cariocas, personagens da vida real, que poderiam ter suas vidas investigadas para uma possível beatificação.

"Depois de consultarmos o Governo Diocesano e começarmos a deixar chegar a nós esses pedidos e discerni-los, encontramos alguns testemunhos que falavam sobre a Odetinha, que aqui no Rio tem uma fama de santidade, de uma pessoa que viveu uma vida cristã exemplar".

O vigário episcopal para os Institutos de Vida Religiosa, Sociedades de Vida Apostólica e Novas Comunidades, dom Roberto Lopes, também participou da coletiva. Ele fez uma breve apresentação sobre a história de vida de Odetinha e sua família, relatando que ela viveu em um ambiente de rica formação cristã. Após fazer a primeira comunhão, com sete anos de idade, ela tornou-se catequista.

"De acordo com a comissão histórica, no dia do sepultamento da Odetinha – 25 de novembro de 1939 –, já havia manifestações do povo de Deus e existem relatos que enquanto seu corpo ainda estava na Praia de Botafogo uma multidão já chegava ao cemitério São João Batista", contou dom Roberto.

O processo

O postulador das Causas dos Santos, no Vaticano, Paolo Vilotta, afirmou que se surpreendeu durante a exumação do corpo de Odetinha, realizada no último dia 10 de janeiro, pois encontrou uma grande quantidade de ossos, o que não é normal tendo em vista o tempo em que a Serva de Deus já havia sido sepultada. Paolo explicou ainda cronologicamente um pouco da metodologia utilizada no caso de Odetinha.

"O primeiro passo foi um encontro aqui no Rio de Janeiro com o arcebispo e a Comissão Arquidiocesana. Logo depois dom Orani fez um pedido a Congregação das Causas dos Santos, que não responde sozinha, mas solicita que outras congregações do Vaticano respondem também. Após a resposta com o “nihil obstat” vindo de Roma, começa a parte mais importante do trabalho que são as pesquisas não para reconhecer milagres, mas para reconhecer a venerabilidade, se ela viveu as virtudes em grau heróico, que são: a fé, a esperança, a justiça, a caridade, a humildade, a castidade, e tudo o que conserve a virtude em grau heróico, em um grau mais elevado, e não são todas as pessoas que conseguem viver essas virtudes assim", ressaltou.

Sobre a expectativa dos fiéis para receber o corpo de Odetinha, o responsável pela Associação Cultural Odetinha, cônego Marcos William Bernardo, contou que eles veem esse translado como uma graça. "A comunidade se prepara em festa e já estamos preparando um lugar adequado para ela. Em seguida pensamos em um memorial onde teríamos a reprodução do próprio túmulo com um pouco da história e dos objetos dessa Serva de Deus, e isso fica sob a responsabilidade da Associação Cultural Odetinha", contou o cônego.
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Fonte: CNBB

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Acampamento de Jovens oferece lazer e espiritualidade à juventude nas férias



Continuam abertas as inscrições para o Acamp’s, acampamento de jovens Shalom que acontece entre os dias 23 e 27 de janeiro, no Projeto Nova Vida, em Ribamar. Promovido pela Comunidade Católica Shalom em São Luís, por meio do Projeto Juventude para Jesus (PJJ), o evento tem como proposta oferecer uma boa programação no período das férias aos jovens de hoje, por meio do entretenimento saudável, aliando esporte, recreação e lazer com a evangelização.

A programação da 7ª edição do Acamp’s é intensa, envolvendo atividades que prometem proporcionar aos participantes uma experiência diferente de tudo o que já viveram. Nos cinco dias de acampamento, os jovens participarão de manhãs de lazer com esportes radicais (tirolesa, rapel, entre outros), tardes de espiritualidade e noites culturais (show artísticos) com música, luau, dança e teatro.

Dentre as atividades mais aguardadas, está o show com o cantor carioca Bruno Camurati. Uma das noites temáticas também contará com a presença e animação do DJ Henrique de Carvalho, que tocará todos os ritmos. Compõem também a programação cultura do evento de férias shows com as bandas Parresia (suwingueira) e Shalom Roots (reggae). O Acamp’s terá ainda cursos de crescimento e aprofundamento, com temas relacionados às necessidades da juventude no mundo atual. A organização do evento estima receber aproximadamente 400 (quatrocentos) jovens.


As inscrições para o evento podem ser feitas no Centro de Evangelização Shalom no Calhau (Rua dos Socós, nº 44, próximo à Pizza Hut) e no Quiosque Canto das Torcidas (2º piso do Shopping Rio Anil).  Os interessados poderão também efetuar inscrições online, acessando o site http://www.juventudeslz.com.br. O investimento é de R$ 120,00, incluindo hospedagem (acampamento), transporte e alimentação.

O evento acontecerá na Chácara Projeto Nova Vida, na Estrada de Ribamar, em São José de Ribamar. Os participantes terão como ponto de encontro a praça Maria Aragão, de onde sairão os ônibus que os conduzirão até o local do Acampamento.

Para mais informações, os interessados podem acessar a página do evento no facebook (www.facebook.com/acampsslz), onde poderão conhecer promoções exclusivas para inscrição de caravanas.

SERVIÇO

O QUÊ? Acamp’s 2013.

QUANDO? 23 a 27 de janeiro de 2013.

ONDE? Chácara Projeto Nova Vida, em São José de Ribamar-MA.

QUANTO? R$ 120,00, incluindo acampamento, transporte e alimentação.

ATRAÇÕES: Manhãs de lazer com esportes radicais (tirolesa, rapel, entre outros), tardes de espiritualidade e noites culturais com música, luau, dança e teatro e show com o cantor carioca Bruno Camurati, DJ Henrique de Carvalho, Banda Parresia e Banda Shalom Roots.

Ativistas seminuas protestam durante oração do Papa Bento 16

Policial italiano segura militante do grupo Femen, que
realizou ato neste domingo na Praça de São Pedro,
no Vaticano (Foto: Angelo Carconi/AP)


Ativistas do grupo feminista Femen protestaram seminuas neste domingo (13) na Praça de São Pedro, no Vaticano, enquanto o Papa Bento 16 fazia a tradicional benção dominical da oração do Ângelus da janela de seu apartamento. As ativistas exibiam cartazes e frases no corpo em defesa dos gays.

As quatro mulheres estavam posicionadas ao lado da Árvore de Natal na praça, diante da Basílica de São Pedro. Quando o Papa apareceu em sua janela para o Ângelus, elas começaram a se despir, e em segundos mostraram os seios no meio dos fiéis.


Ativistas do grupo feminista Femen protestaram durante oração do Papa Bento 16 (Foto: Giampiero Sposito/Reuters)

As militantes exibiam no peito a expressão "Cale a boca" e nas costas 'In gay we trust', alusão a 'In god we trust' (Em Deus confiamos, lema oficial dos Estados Unidos) e algumas exibiam cartazes nos quais estava escrito em letras garrafais "Cale a boca". A ação durou apenas alguns minutos e elas foram imediatamente detidas.

O Femen é conhecido desde 2010 por suas ações de 'topless', principalmente em Rússia, Ucrânia e Inglaterra. Em setembro, elas criaram em Paris "o primeiro centro de treinamento" do "novo feminismo". Essas feministas defendem também a democracia e o combate à corrupção.

Durante o protesto, Papa Bento 16 fazia a tradicional benção dominical da oração do Ângelus da janela de seu apartamento (Foto: Giampiero Sposito/Reuters)

Nomes cristãos, vocação brasileira



A semana começa, neste domingo, com São Sebastião. Ela vai incluir também São Paulo, na próxima sexta-feira, dia 25. São Sebastião, o padroeiro do Rio de Janeiro. São Paulo, patrono do Estado que leva o seu nome.

Aliás, era também o Santo que dava nome ao Rio, que no começo se identificava como “São Sebastião do Rio de Janeiro”.  Como São Paulo, no início, também era “São Paulo de Itapetininga”.

O próprio país nasceu batizado cristão: “Terra de Santa Cruz”. Depois passou para o nome que hoje ostenta. Temos outros exemplos, na geografia de toponímios de nossa tradição, se tentamos recuperar a memória de como foram batizados.

A Bahia era, claro, a “Bahia de todos os Santos”.  O Rio Grande era a “Província de São Pedro do Rio Grande do Sul”.  Maranhão era o “Estado de São Luís do Maranhão”.

Por sua vez, temos um Estado brasileiro que honra o próprio autor da santidade, que é o “Estado do Espírito Santo”.


Santa Catarina, de início era o nome da Ilha, onde ainda hoje se encontra a capital, que estranhamento deixou o nome bonito da Santa, para lembrar o Marechal Floriano, e chamar-se “Florianópolis”.  Em compensação, a Santa designa hoje o Estado inteiro de “Santa Catarina”.

Assim, com nomes e sobrenomes, nem sempre o santo ficou no registro de batismo. O Rio Grande e o Rio de Janeiro, talvez pela semelhança de designações, acentuaram o rio e omitiram o santo. São Paulo preferiu ficar só com o nome do santo, esquecendo sua designação indígena.

Sem entrar no mérito das discussões sobre a identidade religiosa do povo brasileiro, e sobre a conveniência de usar, ou não, símbolos religiosos, temos uma sábia lição a aprender, tirada da história de nossos toponímios. Alguns estados, ou cidades, tiraram ou acrescentaram o nome de santos na sua designação geográfica. E fizeram isto sem nenhum preconceito, simplesmente obedecendo a consensos que espontaneamente foram se criando.

O bom senso do povo nos ajuda a livrar nossa mente de preconceitos inúteis, que só servem para colocar minhocas na cabeça das pessoas.

Ninguém se incomoda, por exemplo, se São Sebastião faz parte, ou não faz parte, do nome oficial da cidade e do Estado do Rio de Janeiro. E mesmo que não faça, o povo sabe festejá-lo, na espontaneidade de uma salutar tradição que não se importa com nenhum preconceito religioso.

Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

Papa: pedir com insistência o dom da unidade entre os cristãos



No final da Audiência Geral desta quarta-feira, Bento XVI recordou que sexta-feira, 18 de janeiro, tem início nos países do hemisfério norte a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que este ano tem como tema: «O que Deus exige de nós?», inspirado num trecho do profeta Miquéias (cf Mq 6, 6-8).
“Convido todos a rezarem, pedindo com insistência o grande dom da unidade entre todos os discípulos do Senhor. A força inesgotável do Espírito Santo nos estimule a uma compromisso sincero de busca da unidade, para que possam professar todos juntos que Jesus é o Salvador do mundo”, disse o Papa.

No Brasil, esta semana é realizada no período de Pentecostes. Os subsídios para esta celebração já foram traduzidos em português pela Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Este ano, os subsídios foram preparados pelo Movimento de Estudantes Cristãos da Índia, com a consultoria da Federação de Universidade Católica de Toda a Índia e do Conselho Nacional de Igrejas na Índia. O material está disponível aqui.
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Fonte: CNBB

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Clamar ao Senhor



Os primeiros dias de um novo ano despertam em nós uma série de perguntas: Como será este ano que começa? Conseguirei superar os meus problemas? Haverá paz entre os povos? Os economistas encontrarão respostas adequadas para os desafios que enfrentamos? Os políticos... etc.  Cada qual julga-se portador da solução ideal e do remédio eficaz para os males que afligem nossa sociedade. Em meio a tanta palavra vazia que se ouve, não seria o caso de buscarmos uma orientação nas raízes de nossa fé? Não quero dizer com isso que as discussões sejam inúteis; são, isto sim, normalmente incompletas. Falta-lhes, por vezes, um elemento essencial: a convicção de que “Se o Senhor não construir a casa, é inútil o cansaço dos pedreiros” (Salmo 127/126,1). Por isso, deveríamos começar este primeiro mês do ano da graça de 2013 com um profundo clamor, uma súplica ardente, uma prece confiante. Explico-me, a partir de um texto do Deuteronômio. Como é sabido, esse livro reproduz um grande discurso de despedida pronunciado por Moisés, pouco antes de morrer, no fim da travessia do deserto e às vésperas da conquista da Terra Prometida. Moisés apresentava as leis a serem observadas na Terra Prometida, conclamando o povo a ser fiel à sua eleição e à aliança com Deus. Depois de tomar os primeiros frutos de tudo o que a terra tivesse produzido, e de tê-los colocado numa cesta, o fiel deveria apresentar-se ao sacerdote, que colocaria a cesta diante do altar, e declarar, diante do Senhor:


“Meu pai era um arameu errante, que desceu ao Egito com um punhado de gente e ali viveu como estrangeiro. Mas ele tornou-se um povo grande, forte e numeroso. Então os egípcios nos maltrataram e oprimiram, impondo-nos uma dura escravidão. Clamamos então ao Senhor, Deus de nossos pais, e o Senhor ouviu nossa voz e viu nossa opressão, nossa fadiga e nossa angústia; o Senhor nos tirou do Egito com mão forte...” (Dt 26,5-8).

Essa maneira de reagir diante dos problemas (“Clamamos ao Senhor...”) tornou-se um gesto normal e frequente na história do Povo Escolhido. Temos exemplos de súplicas em quase todos os livros do Antigo Testamento. Ora é Salomão que se volta para o Senhor: “Ouve o clamor e a oração que teu servidor te dirige” (2Cr 6,19), ora é o povo que brada: “Olha e vê nossa ignomínia” (Lm 5,1), ou, então, são os profetas que, como Daniel, insistem: “Ó nosso Deus, escuta as orações e as súplicas do teu servo” (Dn 9,17). Também o salmista lança seu grito: “Salva-me, ó Deus, pois a água sobe até o meu pescoço!” (Sl 69/68,1); “Inclina para mim teu ouvido; quando te invoco, atende-me depressa!” (Sl 102/101,3) etc. Nessas súplicas, os que clamavam partiam de uma convicção: o Senhor ama o seu povo, ouve sua oração, gosta de lhe demonstrar sua amizade e atenção, e nunca deixa um grito ou pedido sem resposta. Ele salva seus filhos e filhas porque é bom e poderoso.  Jesus procurou aprofundar em nós essa convicção, tanto que nos ensinou: “Pedi e vos será dado. Pois todo aquele que pede, recebe” (Mt 7,7-8). Ele mesmo estava atento aos pedidos que lhe faziam – como, por exemplo, no caso do cego: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!” (Mc 10,47).

O grito que parte do coração da criatura necessitada não se apóia nos méritos de quem o emite, mas na potência do Senhor. Essa confiança não dá o direito de nos omitirmos, mas, ao contrário, nos obriga a fazer a nossa parte e nos compromete ainda mais. Em outras palavras: justamente porque, em nossas necessidades, nos voltamos para Deus, com maior razão deveremos colocar nossos talentos na busca de soluções concretas e eficazes para os desafios que enfrentarmos.

Comecemos, pois, o novo ano, apresentando ao Senhor nossa própria dor, o sofrimento de nossa família ou comunidade, e os grandes problemas de nosso país. Nosso Deus abrirá diante de nós, então, novos caminhos, ao mesmo tempo em que nos dará força para fazermos o que nos compete. Sim, o Senhor ouvirá nossa voz e virá ao nosso encontro, porque é Deus, porque é Pai, porque é amor.

Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo da Bahia

Trocando os fardos e aliviando a bagagem



“– Estou cansado (a)!”

“– Estou no meu limite!”

“– Não aguento mais!”

Não são raras as vezes que tenho escutado estas frases.  A impressão que tenho é que a maioria das pessoas, em algum momento da vida, já passaram por momentos assim, de desânimo e exaustão. Nessas horas pensamos em desistir, e jogar tudo para o alto até parece uma boa solução.  As dificuldades da vida existem, sempre vão existir. Adversidades são como as ondas, surgem e vão embora, mas sempre estarão presentes. Não obstante, o que observo é que a maioria de nós focamos mais nos problemas que nas soluções. Focamos mais nos fardos que carregamos que aqueles que Jesus nos oferece para carregar. Andamos com os ombros caídos, encurvados, desanimados e, quando estamos assim, não apreciamos a vida maravilhosa que o Senhor deseja que desfrutemos.


Sim, erra quem pensa que Deus tem para nós uma vida de peso. Deus tem para nós, em todas as Suas palavras, bênçãos e vitórias, conquistas e alegrias. As dificuldades virão? Sim! As derrotas vão existir? Claro! Mas, em todas essas coisas somos mais que vencedores. O que ELE tem para nós é uma vida de abundância e um futuro cheio de esperança. (Não estou falando pelos cotovelos. Quem quiser conferir:  Rm 8:37,  Jr 29:11,  Jo 10:9)

Mas, parece que gostamos de carregar fardos pesados e desnecessários. Aí vamos com aquela velha frase: “a vida é dura e pesada!” Não, não é! A vida é leve e linda, nós é que carregamos fardos pesados demais e bagagens desnecessárias. A Bíblia é um manual perfeito para vivermos uma vida plena de alegria, contentamento, fé, esperança. Mas, deixamo-nos abater pelos primeiros sinais das tempestades, isso quando não fazemos tempestade em copo d’água.

Focamos naquilo que é ruim, que nos machucou, que nos prejudicou. Focamos naquela pessoa que nos magoou, nos traiu, nos decepcionou. Focamos no passado. Focamos no futuro. E esquecemos o HOJE.  Com os fardos do passado acumulado com os do futuro, tornamos a vida pesada, monótona e exaustiva. Não era para ser assim. Não são esses os planos de Deus para nós.

Se você é uma dessas pessoas que se atormenta pelo futuro, por algo que ainda não aconteceu, Deus nos deixa na Bíblia lições sobre a ansiedade e falarei mais sobre isso no decorrer do texto. De outro lado, se o que lhe aflige é o seu passado, querido (a), tenho uma ótima notícia: “Existem coisas melhores adiante do que qualquer outra que deixamos para trás.” C. S. Lewis

Raíssa Bomtempo
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Disponível em: Desafiando limites e vencendo barreiras.