terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Sebastião, o padroeiro do Rio


Iniciamos um novo ano! As perspectivas e sonhos são muitos! Porém, sabemos que a sociedade será nova se as pessoas o forem. A vida cristã vivida com generosidade e coerência deve ser um sinal para esse mundo cansado e abatido por tantas violências, guerras e problemas. O exemplo dos santos nos anima a seguir ainda mais a Jesus Cristo, nosso Salvador. A Igreja que caminha na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro inicia o novo ano celebrando com alegre solenidade o seu padroeiro. A partir do dia 7 de janeiro, começaremos a viver a Trezena de São Sebastião, o anunciador da Misericórdia de Deus. Será também uma maneira de comemorar os 450 anos dessa cidade que, com suas belezas e mazelas, tem uma grande responsabilidade em nosso país e se prepara para acolher a primeira Olimpíada da América Latina.

A celebração solene será no dia 20 de janeiro, quando teremos a graça de celebrarmos o padroeiro de nossa Arquidiocese, de nossa cidade e de nossa Sé Catedral Metropolitana: São Sebastião. Além da missa de manhã na Basílica Menor de São Sebastião, o belo momento de unidade da cidade deve ser a grande procissão à tarde, que percorrerá as ruas até a nossa Catedral de São Sebastião, Igreja Mãe de nossa Arquidiocese. Começamos, assim, a viver o novo ano dentro do Jubileu da Misericórdia convocado pelo Papa Francisco.

São Sebastião é um dos santos mais famosos entre o povo brasileiro. Por causa de sua poderosa intercessão e incontáveis milagres obtidos, ele se tornou padroeiro de muitas cidades, e outras tantas cidades e bairros por todo o Brasil receberam o nome de São Sebastião. Ademais, São Sebastião é protetor contra a peste, a fome e a guerra, sendo a sua proteção confiada aos semoventes e às lavouras.

A fortaleza para superar os diferentes tipos de dificuldades e situações foi um traço que marcou a vida de São Sebastião, e ele nos anima a ter o mesmo espírito de confiança total em Deus e audácia cristã para fazer da vida uma caminhada segura rumo à felicidade. 

São Sebastião (256-288) nasceu na França e logo foi com os pais para Milão, na Itália. Nas terras italianas cresceu na fé cristã e ficou famoso como valente soldado e depois capitão da guarda do imperador Romano. Os cristãos eram perseguidos na época e muitos foram presos e martirizados, porém, as pessoas não sabiam que São Sebastião era cristão e, assim, ele conseguiu ajudar muitos irmãos presos por seguirem o Cristo, diminuindo as penas, dando alimento e animando-os a perseverarem na fé em Deus, mesmo que isso implicasse o martírio.

Enquanto o imperador empreendia a expulsão de todos os cristãos do seu exército, Sebastião foi denunciado por um soldado. Diocleciano sentiu-se traído, e ficou perplexo ao ouvir do próprio Sebastião que era cristão. Tentou, em vão, fazer com que ele renunciasse ao cristianismo, mas Sebastião com firmeza se defendeu, apresentando os motivos que o animava a seguir a fé cristã e a socorrer os aflitos e perseguidos.

O imperador, enraivecido ante os sólidos argumentos daquele cristão autêntico e decidido, deu ordem aos seus soldados para que o matassem a flechadas. Tal ordem foi imediatamente cumprida: num descampado, os soldados despiram-no, amarraram-no a um tronco de árvore e atiraram nele uma chuva de flechas. Depois o abandonaram para que sangrasse até a morte.

Irene, mulher do mártir Castulo, foi com algumas amigas ao lugar da execução para tirar o corpo de Sebastião e dar-lhe sepultura. Com assombro, comprovaram que o mesmo ainda estava vivo. Desamarraram-no, e Irene o escondeu em sua casa, cuidando de suas feridas. Passado um tempo, já restabelecido, São Sebastião quis continuar seu processo de evangelização e, em vez de se esconder, com valentia apresentou-se de novo ao imperador, censurando-o pelas injustiças cometidas contra os cristãos, acusados de inimigos do Estado.

Diocleciano ignorou os pedidos de Sebastião para que deixasse de perseguir os cristãos, e ordenou que ele fosse espancado até a morte, com pauladas e golpes de bolas de chumbo. E, para impedir que o corpo fosse venerado pelos cristãos, jogaram-no no esgoto público de Roma. Uma piedosa mulher, Santa Luciana, sepultou-o nas catacumbas. Assim aconteceu no ano de 287. Mais tarde, no ano de 680, suas relíquias foram solenemente transportadas para uma basílica construída nas catacumbas pelo Imperador Constantino, onde se encontram até hoje. 

São Sebastião é um exemplo de coragem ante os obstáculos da vida e fidelidade  mesmo diante das contrariedades e perseguições. É interessante notar o seu empenho em fazer o bem ocultamente, aproveitando todas as circunstâncias para semear alegria, consolo e ânimo para as pessoas próximas, embora sabendo que quando fosse descoberto poderia ter complicações. São Sebastião também pode ser reconhecido por sua prontidão em fazer a Vontade de Deus e enorme espírito de serviço, pois após recobrar a saúde ele se volta para os outros e quer continuar fazendo o bem, sem achar que já fez muito na vida e que agora precisa repousar.

Portanto, São Sebastião é exemplo de homem que testemunhou a fé católica e foi anunciador da misericórdia de Deus. Por consequência, tendo a coragem de dizer que a Vida é inalienável desde a concepção até o seu termo natural, e que os símbolos de nossa fé não podem se curvar diante dos “imperadores de plantão”.

Socorrei-nos, glorioso Mártir São Sebastião, para que saibamos também ser anunciadores da misericórdia e da verdade. Que saibamos viver o santo Evangelho de cada dia. 


Cardeal Orani João Tempesta

Arcebispo de São Sebastião (RJ)

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