sábado, 30 de janeiro de 2016

Um homossexual pode ser sacerdote católico?


A pergunta surge como curiosidade e com relativa frequência sob o avanço da assim chamada “cultura gay”, que reivindica determinados “direitos”, é intensificada quando vêm à tona casos concretos de sacerdotes católicos que se dizem homossexuais, como no recente episódio do pe. Charamsa no Vaticano.

Quanto ao suposto “direito” homossexual a ser sacerdote, a Igreja católica não considera a ordem sacerdotal como um “direito” de ninguém, seja homossexual ou heterossexual: o sacerdócio é um chamado. E entre os elementos de verificação desse chamado há exigências como ser homem, batizado e heterossexual. Por quê? Por três razões simples: primeiro, porque o sacerdote representa Cristo, que é homem em todo o sentido e conotação antropológica do que significa “homem”; segundo, porque o sacerdote é esposo da Igreja, segundo a dimensão esponsal do sacerdócio; e terceiro, porque o sacerdote é chamado a ser “pai”.

A possibilidade de um homossexual ser admitido ou não nos seminários e, posteriormente, nas ordens sagradas, é levada em consideração pela Congregação para a Educação Católica (organismo da Santa Sé que se ocupa, entre outras cosas, do acompanhamento de todos os seminários do mundo), que publicou em 4 de novembro de 2005 o documento “Sobre os critérios de discernimento vocacional em relação com as pessoas de tendências homossexuais antes da sua admissão ao seminário e às ordens sagradas”.

O documento distingue dois aspectos sobre a homossexualidade: os atos homossexuais e as tendências homossexuais. Pelos primeiros, entende-se o exercício ativo da homossexualidade; pelo segundo, somente o impulso. Os atos implicariam um pecado e os segundos não, embora a Igreja os qualifique como “objetivamente desordenados”.

Ainda quanto às “tendências homossexuais”, o documento faz uma divisão ulterior: entre as profundamente arraigadas e as “tendências homossexuais que são expressão de um problema transitório” (como, por exemplo, o de uma adolescência ainda não terminada).

O texto estabelece que “[…] a Igreja, respeitando profundamente as pessoas em questão, não pode admitir ao seminário e às ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente arraigadas ou apoiam a assim chamada ‘cultura gay’”.

As pessoas com tendência homossexual transitória poderia ser admitidas ao seminário, desde que essas tendências sejam “[…] claramente superadas ao menos três anos antes da ordenação diaconal”. 

E o que acontece com os sacerdotes que são homossexuais?

Não existem estatísticas que indiquem uma porcentagem significativa de padres homossexuais no clero católico. No livro-entrevista “Luz do Mundo” (2010), Bento XVI responde a uma incisiva pergunta de Peter Seewald sobre este assunto. O entrevistador comentou: “Não é nenhum segredo que também entre os sacerdotes e os monges há homossexuais. Recentemente, teve grande repercussão um escândalo em torno a paixões homossexuais de sacerdotes em Roma”.

E o hoje papa emérito respondeu:

“A homossexualidade não é compatível com a vocação sacerdotal. Do contrário, o celibato não teria nenhum sentido como renúncia. Seria um grande perigo se o celibato se tornasse, por assim dizer, uma ocasião para introduzir no sacerdócio pessoas que, de qualquer modo, não gostariam de se casar, porque, em última instância, também a sua postura perante o homem e a mulher está de alguma forma modificada, desconcertada, e, em todo caso, não se encontra na direção da criação de que falamos. A Congregação para a Educação Católica emitiu faz alguns anos uma disposição no sentido de que os candidatos homossexuais não podem ser sacerdotes porque a sua orientação sexual os distancia da reta paternidade, da realidade interior da condição de sacerdote. Por isso, a seleção dos candidatos ao sacerdócio deve ser muito cuidadosa. Tem que aplicar-se a máxima atenção para que não irrompa uma confusão semelhante, e, no final, por assim dizer, se identifique o celibato dos sacerdotes com a tendência à homossexualidade”.

O entrevistador prossegue: “Mas, sem dúvida, em mosteiros, em clérigos, embora talvez não se veja, existe homossexualidade, homossexualidade não praticada, justamente”.

Bento XVI responde:

“Isso também faz parte das dificuldades da Igreja. E os afetados têm que procurar, pelo menos, não praticar ativamente essa inclinação, a fim de permanecer fiéis ao compromisso interior do seu ministério”.

Estas respostas de Bento XVI indicam um aspecto não menos essencial do sacerdócio na Igreja de rito latino: o celibato. Mesmo que a homossexualidade não fosse um impedimento para a ordenação sacerdotal, os que recebem o sacerdócio se comprometem livremente a viver o celibato, renunciando ao exercício da sexualidade. Por um simples gesto de coerência diante de um compromisso livremente assumido, seria de esperar que eles vivessem o que prometeram. E isso vale tanto para homossexuais quanto para heterossexuais.
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ZENIT

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