terça-feira, 20 de agosto de 2019

A Amazônia brasileira não é mais católica, prelado critica Instrumentum Laboris do Sínodo


Dom José Luis Azcona, Bispo Emérito da Prelazia do Marajó, na região amazônica, publicou algumas considerações em relação ao Instrumentum Laboris do Sínodo para a Amazônia, que acontecerá em outubro, no Vaticano.

Em sua análise, oferecida ao Grupo ACI, Dom Azcona questionou pontos centrais do documento de trabalho, como uma “visão distorcida” em relação ao chamado “rosto amazônico”, a “interculturalidade” e a ordenação de homens casados.

Sínodo: Rosto amazônico?

Segundo Prelado, “a Amazônia, ao menos a brasileira, não é mais católica” e “este ponto de partida é crucial para a celebração do Sínodo. Se a Amazônia tem uma maioria pentecostal, é necessário tratar este fenômeno a fundo. Qualquer saudosismo de uma Amazônia que não existe mais é fatal para a evangelização integral da mesma. Até em algumas regiões da Amazônia a maioria pentecostal chega a 80%”.

Por outra parte, assinalou, “a penetração pentecostal em várias etnias indígenas passando por cima das culturas, identidades étnicas, povos indígenas, em nome do Evangelho, é um fenômeno grave da Amazônia atual, que com suas conotações fundamentalistas e proselitistas incide profundamente nos povos indígenas. Não existe sobre este ponto uma palavra no IL (Instrumento de trabalho). Este é hoje o rosto amazônico. Não só”.

Dom Azcona indicou ainda que “a longa experiência de anos confirma que em muitas Dioceses amazônicas não se vive a fé nem na sociedade e nem na história. O abismo entre confissão de fé, celebração da mesma em belíssimas liturgias e a realidade social, ambiental, cultural e política, até agora não foi preenchido”.

Além disso, observou que, “lamentavelmente, o IL não sabe, ou sabendo não compreende, a transcendência para o presente e para o futuro da Amazônia, o rosto angustiado, revitimizado, denegrido das crianças pelos próprios pais e parentes, submetidas a uma escravidão que forma parte essencial do rosto abandonado e destruído de Jesus na Amazônia”.

“Todo este documento é palha se não compreende e se compromete com o espírito e a letra do evangelho: ‘Aquele que acolhe a uma criança como esta, a Mim acolhe e quem me acolhe a Mim, acolhe ao meu Pai que me enviou’ (Mc 9,37)”.

Nesse sentido, “somente no Pará em um ano foram 25.000 denúncias de crimes deste tipo (Ndr.: de pedofilia). Segundo especialistas dessa área, por cada caso de pedofilia existem por trás mais outros quatro. Se aproximadamente durante um ano houve 100.000 crianças abusadas no Pará, não constitui este rosto das crianças destruídas, uma parte essencial do rosto amazônico?”.

“Onde está a sensibilidade pastoral por parte dos responsáveis pelo IL tão evidente e tão firmemente expressa pelo Santo Padre o Papa Francisco?”, questionou e acrescentou: “Onde está a defesa da Amazônia, das suas crianças no IL e, portanto, no Sínodo? Vamos sair das falsas projeções sobre a Amazônia e vamos possibilitar de uma vez por todas os novos caminhos para ela”.

“Qual é o rosto amazônico? Pode-se construir um Sínodo desta envergadura no próximo outubro com uma apresentação tão fora do real, da identidade, do respeito ao diferente, quando esquemas pré-estabelecidos de interpretação da realidade deformam o real?”.

Continua o diálogo entre Vaticano e o governo comunista do Vietnã


O Vaticano e o Vietnã, regido por um governo comunista, continuam as conversas diplomáticas com um novo encontro do Grupo de Trabalho que começará na quarta-feira, 21 de agosto, no Vaticano e terminará no dia seguinte.

Este encontro é o VIII realizado pelo Grupo de Trabalho entre os dois Estados, o último ocorreu em Hanói, Vietnã, em 19 de dezembro de 2018.

Segundo informou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, através de um comunicado de imprensa, "o encontro tem a finalidade de desenvolver e aprofundar as relações bilaterais".

Em particular, “serão tratados alguns aspectos da vida eclesial no país, além de questões que dizem respeito ao status e à missão do Representante Pontifício Residente no Vietnã e a visita do secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, prevista futuramente”.

Segundo o comunicado emitido pelo Vaticano, a delegação vietnamita será guiada pelo Vice-Ministro dos Assuntos Exteriores, To Anh Dung, e a da Santa Sé por Mons. Antoine Camilleri, Subsecretário das Relações com os Estados.

Arcebispo Metropolitano de Niterói sobre sequestro: "lamentável e triste"




NOTA DE SOLIDARIEDADE DO
ARCEBISPO METROPOLITANO DE NITERÓI



“O Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto,

mostrou-se um socorro na angústia” (Sl 45,2).

Amados irmãos e irmãs,

Hoje, dia 20 de agosto, a manhã começou com um fato lamentável e triste, que impactou a todos os cidadãos de bem em sua maioria trabalhadores, com o sequestro, na ponte Rio-Niterói, do ônibus que partiu do município de São Gonçalo em direção ao Rio de Janeiro.

Queremos manifestar nossa comunhão e solidariedade com o sofrimento dos 37 passageiros que ficaram como reféns, bem como a nossa oração pelo descanso eterno do sequestrador.

Em momentos trágicos como esse, é importante buscarmos o refúgio em Deus pela oração e invocar sua misericórdia. Confiando no Deus misericordioso, que se abaixa diante da nossa miséria, pedimos a sua proteção nesses tempos difíceis de violência e também pedimos que nos ajude a ser testemunhas da paz, pois, a violência não é de Deus!

Temos consciência de que todos nós, autoridades e povo, somos responsáveis pela construção da paz! Os instrumentos da violência e da morte devem ser transformados em instrumentos de melhores condições de vida para todos. Por isso, proclamamos com Jesus: “Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

A heresia é o pecado dos pecados


A suprema deslealdade para com Deus é a heresia. É o pecado dos pecados, a mais repugnante das coisas que Deus desdenha neste mundo enfermo. No entanto, quão pouco entendemos da sua enorme odiosidade! É a poluição da verdade de Deus, o que é a pior de todas as impurezas.

Porém, quão pouca importância damos à heresia! Fitamo-la e permanecemos calmos... Tocamo-la e não trememos. Misturamos-nos com ela e não temos medo. Vemo-la tocar nas coisas sagradas e não temos nenhum sentido do sacrilégio. Inalamos o seu odor e não mostramos qualquer sinal de abominação ou de nojo. De entre nós, alguns simpatizam com ela e alguns até atenuam a sua culpa. Não amamos a Deus o suficiente para nos enraivecermos por causa da Sua glória. Não amamos os homens o suficiente para sermos caridosamente verdadeiros por causa das suas almas.

Tendo perdido o tato, o paladar, a visão e todos os sentidos das coisas celestiais, somos capazes de morar no meio desta praga odiosa, imperturbavelmente tranquilos, reconciliados com a sua repulsividade, e não sem proferirmos declarações em que nos gabamos de uma admiração liberal, talvez até com uma demonstração solícita de simpatia tolerante.

Por que estamos tão abaixo dos antigos santos, e até dos modernos apóstolos destes últimos tempos, na abundância das nossas conversões? Porque não temos a antiga firmeza! Falta-nos o velho espírito da Igreja, o velho génio eclesiástico. A nossa caridade não é sincera porque não é severa, e não é persuasiva porque não é sincera.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Hoje começa a Quaresma de São Miguel Arcanjo




Neste dia em que a Igreja celebra a Solenidade da Assunção de Maria, começa também a Quaresma de São Miguel, a qual surgiu por inspiração de São Francisco de Assis e se conclui no dia 29 de setembro, com a festa dos Santos Arcanjos.

Em artigo no site de Padre Paulo Ricardo por ocasião do início desta Quaresma, explica-se que o surgimento desta Quaresma remete à Idade Média, quando São Francisco de Assis, “achando muito longa a distância entre o Advento e a Quaresma, os dois períodos litúrgicos tradicionalmente dedicados à penitência e ao jejum, decidiu praticar um novo tempo de mortificações em honra ao príncipe da milícia celeste, São Miguel Arcanjo”.

A partir de então, começou a se tornar muito popular, “embora não esteja prevista no calendário litúrgico da Igreja”.

Este ciclo de quarenta dias de penitência, sem contar os domingos, começa exatamente em 15 de agosto, na Assunção da Santíssima Virgem Maria, e se encerra em 29 de setembro, festa dos Santos Arcanjos, o que remete a uma narrativa do Apocalipse.

“É interessante notar – indica o artigo – que o relato do capítulo 12 do livro do Apocalipse faz uma descrição exata da Quaresma de São Miguel, apresentando, em primeiro lugar, a ‘Mulher vestida de Sol’ e, por último, a vitória de São Miguel contra o dragão”.

Entretanto, lamenta-se que, “infelizmente, algumas pessoas vivem a Quaresma de São Miguel como uma superstição”, achando que basta “acender uma vela” ao Santo Arcanjo para “converter, por exemplo, alma de seus familiares”.

“Essas pessoas se esquecem da liberdade humana e que Deus jamais irá intervir no coração de alguém sem que esse mesmo alguém permita. Na verdade, a infalibilidade da Quaresma de São Miguel depende da disposição interior da pessoa que a está rezando, já que essa pessoa é a primeira que deve receber as graças dessa devoção”, acrescenta.

Nesse sentido, explica que o segredo desta Quaresma é “a humildade”. “Não é à toa que ela se inicia com a assunção de Nossa Senhora e se encerra com a festa de S. Miguel, as duas criaturas que, na ordem da graça, deram um grande testemunho de humildade diante de Deus”, explica.

“Maria e Miguel mostram que o caminho da perfeição deve ser trilhado pela via da humildade” e “venceram o dragão pelo sangue do Cordeiro porque se dispuseram a cumprir tudo o que Ele lhes dissera”.

Assim, acrescenta, também “nós precisamos recorrer ao auxílio divino, à intercessão dos anjos, de Nossa Senhora e do sangue do Cordeiro, caso queiramos vencer a batalha contra o diabo”.

A seguir, confira a Quaresma de São Miguel, disponibilizada pela site da Comunidade Canção Nova:

Rússia: Padre ortodoxo é afastado após tentar batizar criança de forma violenta


Um padre da Igreja Ortodoxa foi banido na Rússia depois de tentar batizar um bebê à força na cidade de Gatchina, na região de Leningrado, a cerca de 50km ao sul de São Petersburgo. O incidente, que ocorreu no dia 10 de agosto, foi filmado, e o vídeo mostra a mãe da criança tentando impedir o batismo violento.

O padre, identificado como Foty pelo veículo "Radio Free Europe", deverá ficar afastado do clero por um ano. Nas imagens, ele aparece tentando afundar o bebê, de 1 ano de idade, várias vezes na água, à força, apesar dos choros e chutes da criança. A mãe tenta, então, tirar o filho do padre, mas ele se recusa a entregá-lo.

A criança teve arranhões e ficou com hematomas depois do episódio, afirmou uma estação de TV russa ao relatar o caso no Twitter.

O sacerdote ainda tentou defender o modo como agiu, afirmando que os pais do bebê desconheciam os ritos da igreja. Ele também disse que tinha a intenção de mergulhar a cabeça da criança na água três vezes, conforme as regras do batismo, e que a mãe se comportou de forma "extremamente emocional".

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

"Documento de trabalho do Sínodo da Amazônia é ‘apostasia’, não pode se tornar um ensinamento da Igreja", afirma Cardeal


O cardeal Raymond Burke disse que o documento de trabalho usado para o próximo Sínodo Pan-Amazônico, organizado pelo Vaticano a pedido do Papa Francisco, equivale a “apostasia”.

O cardeal fez esse comentário quando perguntado em uma entrevista no Youtube em 13 de agosto se o documento de trabalho conhecido como Instrumentum Laboris para o Sínodo de 6 a 27 de outubro pode se tornar definitivo para a Igreja Católica. O cardeal Burke respondeu:

“Não pode ser. O documento é uma apostasia. 
Isso não pode se tornar o ensinamento da Igreja, 
e se Deus quiser, todo o negócio será interrompido”.

Burke fez este comentário em uma ampla entrevista com o apresentador católico Patrick Coffin. Os principais organizadores do Sínodo Amazônico foram criticados por usar o evento para pressionar por diáconos do sexo feminino e padres casados. 

O cardeal, em uma discussão com o Coffin sobre políticos e outros que se afastam publicamente das crenças básicas defendidas pela Igreja, definiu tanto a heresia quanto a apostasia.

“Heresia é a negação, a negação consciente e voluntária de uma verdade da fé. Por exemplo, o sacerdote Ário, que negou as duas naturezas e uma pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, a heresia é apontada para uma verdade particular que alguém nega, ao passo que a apostasia é uma deserção geral da fé, um afastamento de Cristo de um modo geral e as muitas verdades da fé ”, afirmou.

Burke, em uma entrevista diferente, comentou comentários que os organizadores do sínodo fizeram sugerindo um relaxamento do celibato no sacerdócio para a região amazônica, dizendo que isso afetaria toda a Igreja mundial. “Não é honesto” sugerir que a reunião de outubro é “tratar a questão do celibato clerical apenas para aquela região”, disse ele em junho.

O Papa Francisco anunciou no ano passado que o Sínodo dos bispos da região Pan-Amazônica de outubro se reuniria em Roma com o propósito de identificar “novos caminhos para a evangelização do povo de Deus naquela região”, especialmente povos indígenas “muitas vezes esquecidos e sem a perspectiva de um futuro sereno “.

Os cardeais Walter Brandmuller e Gerhard Muller também condenaram o documento de trabalho do Sínodo da Amazônia.  O cardeal Walter Brandmüller também criticou o documento de trabalho, chamando-o de “herético” e uma “apostasia” da Revelação Divina. Ele chamou a hierarquia para “rejeitá-la” com “toda determinação”.

O cardeal Gerhard Mueller denunciou o que ele chama de terminologia ambígua e “ensino falso” do documento. Ele também questionou o que chamou de “hermenêutica invertida” do documento. Perguntando retoricamente se a Igreja é usada nas mãos de bispos e papas para “reconstruir”. “A Igreja como um instrumento” com objetivos seculares “, Mueller disse que o texto” apresenta uma reviravolta radical da hermenêutica da teologia católica “. Em vez de ressaltar os ensinamentos da Igreja ou citar a Sagrada Escritura, Muller escreveu que o Instrumentum Em vez disso, o Laboris gira em torno dos últimos documentos do Magistério do Papa Francisco, com algumas referências a João Paulo II e Bento XVI.

Austrália: Arcebispo lamenta avanço de lei do aborto


O Arcebispo de Sydney (Austrália), Dom Anthony Fisher, expressou sua decepção com a aprovação, pela Assembleia Legislativa de Nova Gales do Sul, de um projeto de lei para descriminalizar o aborto.

O projeto de lei “Reproductive Health Care Reform Bill 2019” foi aprovado na câmara baixa do parlamento local, em 8 de agosto, por uma votação de 59 a 31.

"Se uma civilização deve ser julgada pela forma como trata seus membros mais fracos, a Nova Gales do Sul fracassou espetacularmente hoje", comentou Dom Anthony Fisher.

O projeto de lei “ainda permite o aborto até o nascimento. Recruta todos os médicos e instituições médicas para a indústria do aborto, exigindo que eles façam abortos ou encaminhem as mulheres a um provedor de abortos. Além disso, não faz nada para proteger as mães ou seus filhos ou para lhes dar alternativas reais”, disse.

Também permitiria o aborto por qualquer motivo até 22 semanas de gravidez e também se dois médicos considerarem que um aborto deveria ser realizado, levando em conta as circunstâncias físicas, sociais e psicológicas.

Não exige nenhum tipo de aconselhamento ou período de consideração para as mulheres e exigiria que os médicos com objeção de consciência encaminhassem as mulheres a outros prestadores de serviços de aborto.

O projeto de lei também consideraria como delito penal a realização destas práticas sem as autorizações adequadas, o que acarretaria em uma pena máxima de sete anos de prisão.

Segundo os defensores do projeto, este esclarece o que acreditam que eram termos anteriormente ambíguos no Código Penal em relação ao aborto.

No entanto, os opositores acreditam que abre a possibilidade de aborto eletivo a qualquer momento, desde que dois médicos deem o seu consentimento.