quarta-feira, 13 de março de 2019

Qual pode ser a pior tentação do diabo na Quaresma?


No tempo da Quaresma, os quarenta dias de preparação para viver a Semana Santa, os fiéis católicos podem enfrentar uma tentação grave: desafiar Deus.

Em declarações à EWTN Notícias em 2018, Pe. Samuel Bonilla, sacerdote conhecido nas redes sociais e no YouTube como “Padre Sam”, advertiu que “desde sempre” existe a tentação “de querer desafiar Deus”.

Recordou que essa tentação foi “a que o inimigo coloco para Jesus quando estava no deserto: ‘Se você é o Filho de Deus’. Mas essa tentação agora está com outro tipo de linguagem: ‘Se você é católico, se você é cristão, se você vai à igreja, então, por que permite isso? Se Deus é poderoso, por que ele permite isso?”.

“Essa tentação de desafiar Deus, acho que sempre estará presente ao longo de toda a história”.

Abortistas vandalizam mural pró-vida no México


A campanha 40 Dias pela Vida informou que os abortistas vandalizaram um mural pró-vida e uma igreja em Monterrey, no estado mexicano de Nuevo León.

Em um comunicado enviado ao Grupo ACI, Adriana Flores Chapa, coordenadora de 40 dias pela Vida em Monterrey, assinalou que o artista Adrian Monsivais pintou um mural em 6 de março com um bebê dentro do útero como parte da campanha. "No entanto, apenas algumas horas após a inauguração, o mural foi vandalizado com tinta verde e o faro foi comemorado por pessoas através do Twitter", indicou.







"O mural foi restaurado no dia seguinte, 7 de março, mas no dia 8 de março à noite, foi vandalizado novamente, desta vez com sinais verdes, mas não apenas o mural, como também a paróquia próxima ao local, São João Bosco, está pichada com listras verdes e frases de ‘aborto livre’”, denunciou.
 

Sacerdote explica por que eliminar o celibato não colocará fim aos abusos sexuais


Padre Paul Scalia, sacerdote da Diocese de Arlington, na Virgínia, e filho do falecido juiz pró-vida da Suprema Corte dos Estados Unidos, Antonin Scalia, explicou as razões pelas quais o celibato é essencial na Igreja e por que aboli-lo não resolve o grave problema dos abusos sexuais na Igreja.

"Nos últimos seis meses, a Igreja sofreu com as horríveis revelações dos abusos sexuais por parte do clero, a prática homossexual e o encobrimento dos responsáveis. Como é compreensível, estes escândalos levaram algumas pessoas a proporem a possibilidade de acabar com o celibato na Igreja Católica", escreve o sacerdote em um artigo intitulado "A Epifania do Celibato".

No texto publicado em inglês em janeiro deste ano, antes da festa da Epifania do Senhor, o presbítero escreveu que, na cabeça de muitas pessoas, o celibato parece que "já não nos serve muito e poderia inclusive ser a fonte de nossos males".

Pe. Scalia explicou que os sacerdotes são pais espirituais que "geram filhos em Cristo pelo seu ministério, sua pregação e pela administração dos sacramentos. Sem esse propósito claro do celibato em mente, inevitavelmente perderíamos de vista seu significado".

"O sacerdote renuncia ao matrimônio e aos filhos justamente para se tornar um pai espiritual. Desta forma, testemunha a verdade e superioridade da fecundidade espiritual", ressaltou.

No entanto, reconheceu, "os escândalos testemunham esta verdade: um dos horrores da crise atual é precisamente que os pais espirituais – não qualquer um, mas os pais espirituais – abusaram das crianças que lhes foram confiadas".

Observando que "as discussões sobre essa questão incluem inevitavelmente a insistência de que não é doutrina, mas disciplina (como se a disciplina na Igreja fosse algo que pudesse ser tratado com leveza)", Pe. Scalia destacou que, “de fato, a Igreja fala do celibato não apenas como disciplina, mas como carisma. É um dom outorgado a alguns para o benefício de todos; é dado a alguns membros para a edificação de todo o Corpo".

"Através do carisma do celibato, alguns na Igreja se entregam, com coração indiviso, ao serviço do Senhor e do Reino proclamado nas Escrituras. Através dele, ‘dedicam-se mais livremente a Ele e por Ele a serviço de Deus e dos homens, servem mais prontamente seu reino'".

Pe. Scalia então faz uma reflexão sobre o celibato a partir dos presentes que os Magos trouxeram ao Menino Jesus na festa da Epifania: ouro, incenso e mirra.

"O primeiro deles, o ouro, é algo que tem valor perdurável. Assim também, o celibato tem um valor perdurável. Apesar dos fracassos óbvios e dolorosos e dos constantes pedidos para sua eliminação, ainda é valioso", indicou.

"De fato, como o ouro em uma má economia, seu valor aumenta em uma cultura pansexualista. Enquanto as pessoas buscam a plenitude na carne, o celibato aponta para uma felicidade mais alta e mais autenticamente humana. Isso atesta a verdade de que o homem foi criado para algo além do material: para a verdadeira alegria, não apenas para o prazer", continuou.

"Neste sentido, devemos ver o celibato de Nosso Senhor como o 'padrão ouro'" e recordar que "todos os motivos ou argumentos a favor do celibato são reduzidos ao seguinte: Jesus Cristo era celibatário. Qualquer celibato anterior a Ele aponta para o seu e todo celibato posterior a Ele o imita. Ele santifica esse estado de vida e lhe dá significado".

O Senhor Jesus, continuou o sacerdote, "foi celibatário por uma razão e, portanto, revela o propósito do celibato sacerdotal: amar a Igreja e entregar-se a ela; santificá-la; purificá-la com a água da palavra; para apresentar a Igreja em esplendor, para que seja santa e sem mancha".

"Seu celibato fala tanto aos solteiros como aos casados. Ensina a cultivar a maturidade e o autocontrole para viver de maneira casta e celibatária. Alguém incapaz de viver uma vida casta e celibatária não tem o autocontrole necessário para entregar-se no matrimônio. Neste sentido, o celibato casto é o precursor necessário de todas as vocações”.

Desatou-se uma feroz campanha midiática contra a Igreja, adverte Arcebispo


O Arcebispo Emérito de Corrientes (Argentina), Dom Domingo Castagna, denunciou a "tempestade midiática" que a Igreja Católica está passando, que, "embora seja injusta, é explicável por causa da deterioração moral produzida em alguns membros".

O Prelado compartilhou esta reflexão em sua homilia sobre o Evangelho do primeiro domingo da Quaresma, que narra as tentações e ataques do demônio sofridos por Jesus no deserto depois de 40 dias de jejum.

"Com esta referência, a Igreja nos propõe começar o Tempo da Quaresma, correspondente ao ano de 2019. A Igreja, hoje presidida pelo Papa Francisco, está passando por uma tempestade midiática particularmente virulenta", disse Dom Castagna.

Explicou que isso tem sua raiz nos "pecados graves de pedofilia de alguns de seus filhos, agravados pela enorme responsabilidade institucional que possuem, desencadeando assim uma campanha feroz".

"Embora seja injusta, é explicável por causa da deterioração moral ocorrida em alguns membros proeminentes da igreja", lamentou o Arcebispo.

Diante dos escândalos de abuso dentro da Igreja, Dom Castagna disse que "foram cometidos erros muito graves, que devem ser reconhecidos, mas que não autorizam julgar santos Pastores, talvez limitados por uma ingenuidade circunstancial e inevitável”.

"A esta altura dos acontecimentos, não cabe duvidar do sincero desejo – de nossos pastores – de reestabelecer a justiça, aliviar o sofrimento de tantas vítimas inocentes e de aplicar as medidas adequadas para reduzir a zero futuros delitos", afirmou.

Colocou como exemplo Dom Charles Scicluna, Secretário Adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé, e sua resposta à pergunta de um jornalista argentino durante o Encontro sobre a Proteção de Menores, realizado em Roma em fevereiro deste ano.

A pergunta foi: Por que sacerdotes julgados criminalmente e condenados por abuso sexual continuam exercendo o ministério?

"A resposta foi clara e correta: A exoneração do estado clerical – ou tradicionalmente identificada como ‘redução ao estado laical’– não constituiu uma pena, mas sim uma oportuna medida de proteção tomada pela Igreja, Povo santo de Deus, incluídas principalmente as vítimas inocentes de abuso sexual. O ministério é um serviço e, quando o mesmo fica desacreditado por uma falta grave do ministro, este deve ser temporariamente ou definitivamente afastado de suas funções".

Mensagem do Papa para o 56º Dia Mundial de Oração pelas Vocações 2019



MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 56º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

A coragem de arriscar pela promessa de Deus

Queridos irmãos e irmãs!

Depois da experiência vivaz e fecunda, em outubro passado, do Sínodo dedicado aos jovens, celebramos recentemente no Panamá a XXXIV Jornada Mundial da Juventude. Dois grandes eventos que permitiram à Igreja prestar ouvidos à voz do Espírito e também à vida dos jovens, aos seus interrogativos, às canseiras que os sobrecarregam e às esperanças que neles vivem.

Neste Dia Mundial de Oração pelas Vocações, retomando precisamente aquilo que pude partilhar com os jovens no Panamá, desejo refletir sobre a chamada do Senhor enquanto nos torna portadores duma promessa e, ao mesmo tempo, nos pede a coragem de arriscar com Ele e por Ele. Quero deter-me brevemente sobre estes dois aspetos – a promessa e o risco –, contemplando juntamente convosco a cena evangélica da vocação dos primeiros discípulos junto do lago da Galileia (cf. Mc 1, 16-20).

Dois pares de irmãos – Simão e André, juntamente com Tiago e João – estão ocupados na sua faina diária de pescadores. Nesta cansativa profissão, aprenderam as leis da natureza, desafiando-as quando os ventos eram contrários e as ondas agitavam os barcos. Em certos dias, a pesca abundante recompensava da árdua fadiga, mas, outras vezes, o trabalho duma noite inteira não bastava para encher as redes e voltava-se para a margem cansados e desiludidos.

Estas são as situações comuns da vida, onde cada um de nós se confronta com os desejos que traz no coração, se empenha em atividades que – espera – possam ser frutuosas, se adentra num «mar» de possibilidades sem conta à procura da rota certa capaz de satisfazer a sua sede de felicidade. Às vezes goza-se duma pesca boa, enquanto noutras é preciso armar-se de coragem para governar um barco sacudido pelas ondas, ou lidar com a frustração de estar com as redes vazias.

Como na história de cada vocação, também neste caso acontece um encontro. Jesus vai pelo caminho, vê aqueles pescadores e aproxima-Se... Sucedeu assim com a pessoa que escolhemos para compartilhar a vida no matrimónio, ou quando sentimos o fascínio da vida consagrada: vivemos a surpresa dum encontro e, naquele momento, vislumbramos a promessa duma alegria capaz de saciar a nossa vida. De igual modo naquele dia, junto do lago da Galileia, Jesus foi ao encontro daqueles pescadores, quebrando a «paralisia da normalidade» (Homiliano XXII Dia Mundial da Vida Consagrada, 2/II/2018). E não tardou a fazer-lhes uma promessa: «Farei de vós pescadores de homens» (Mc 1, 17).

Sendo assim, a chamada do Senhor não é uma ingerência de Deus na nossa liberdade; não é uma «jaula» ou um peso que nos é colocado às costas. Pelo contrário, é a iniciativa amorosa com que Deus vem ao nosso encontro e nos convida a entrar num grande projeto, do qual nos quer tornar participantes, apresentando-nos o horizonte dum mar mais amplo e duma pesca superabundante.

Com efeito, o desejo de Deus é que a nossa vida não se torne prisioneira do banal, não se deixe arrastar por inércia nos hábitos de todos os dias, nem permaneça inerte perante aquelas opções que lhe poderiam dar significado. O Senhor não quer que nos resignemos a viver o dia a dia, pensando que afinal de contas não há nada por que valha a pena comprometer-se apaixonadamente e apagando a inquietação interior de procurar novas rotas para a nossa navegação. Se às vezes nos faz experimentar uma «pesca miraculosa», é porque nos quer fazer descobrir que cada um de nós é chamado – de diferentes modos – para algo de grande, e que a vida não deve ficar presa nas redes do sem-sentido e daquilo que anestesia o coração. Em suma, a vocação é um convite a não ficar parado na praia com as redes na mão, mas seguir Jesus pelo caminho que Ele pensou para nós, para a nossa felicidade e para o bem daqueles que nos rodeiam.

Conversão e Fraternidade


A Quaresma é um tempo de conversão, penitência, oração e esmolas, para nos prepararmos para a Páscoa. A Igreja no Brasil, incentivando-nos a esses exercícios espirituais, convida-nos também a um gesto concreto na área social, através da Campanha da Fraternidade. É claro que essa ação social não pode ocupar o lugar das obras espirituais e caritativas, nem se suplanta a elas, mas é o seu complemento. Assim, a Campanha da Fraternidade tem como finalidade unir as exigências da conversão e da oração com algum projeto social, na intenção de renovar a vida da Igreja e ajudar a transformar a sociedade, a partir de temas específicos, tratados sob a visão cristã, convocando os cristãos a uma maior participação nos sofrimentos de Cristo, vendo-o na pessoa do próximo, especialmente dos mais necessitados da nossa ajuda.  

A carta a Diogneto, joia da literatura cristã primitiva (ano 120 D.C.), descreve como era a vida dos primeiros discípulos: “Os cristãos não se distinguem dos demais homens, ... participam de tudo, como cidadãos...”. Assim, além dos deveres religiosos, nós, cristãos, temos os deveres de cidadãos, deveres civis e humanitários, para nós decorrentes do amor a Deus e à sua obra. O católico deve ser um excelente cidadão, educado e cumpridor dos seus deveres. Assim, católico não joga lixo na rua, não prejudica a natureza com um desmatamento desregrado, não suja os rios nem desperdiça a água, cuida da limpeza da sua cidade, fazendo a sua parte, não polui o ar com seu escapamento desregulado, nem com um som que incomoda os vizinhos, não atrapalha o trânsito nem causa tumulto e confusão por onde passa etc.  

A Campanha da Fraternidade desse ano tem como tema “Fraternidade e Políticas Públicas, com o lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1, 27). O Papa Francisco, em sua mensagem para a Campanha da Fraternidade (CF) desse ano, explica: “Muito embora aquilo que se entende por política pública seja primordialmente uma responsabilidade do Estado cuja finalidade é garantir o bem comum dos cidadãos, todas as pessoas e instituições devem se sentir protagonistas das iniciativas e ações que promovam ‘o conjunto das condições de vida social que permitem aos indivíduos, famílias e associações alcançar mais plena e facilmente a própria perfeição’ (Gaudium et spes, 74)”.

“Reconhecendo muito embora a autonomia da realidade política, deverão se esforçar os cristãos solicitados a entrarem na ação política por encontrar uma coerência entre as suas opções e o Evangelho” (Paulo VI, Octogesima Adveniens, 46). Esse é um trabalho sobretudo dos leigos.

“A Igreja não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política... não pode nem deve se colocar no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça. Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e deve despertar as forças espirituais, sem as quais a justiça... não poderá firmar-se nem prosperar” (Papa Bento XVI, Deus caritas est, n. 28).

“A Igreja não tem soluções técnicas para oferecer e não pretende de modo algum imiscuir-se na política dos Estados, mas tem uma missão ao serviço da verdade para cumprir, em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação... A fidelidade ao homem exige a fidelidade à verdade, a única que é garantia de liberdade (cf. Jo 8, 32) e da possibilidade dum desenvolvimento humano integral. É por isso que a Igreja a procura, anuncia incansavelmente e reconhece em todo o lado onde a mesma se apresente... Aberta à verdade, qualquer que seja o saber donde provenha, a doutrina social da Igreja acolhe-a, compõe numa unidade os fragmentos em que frequentemente a encontra, e serve-lhe de medianeira na vida sempre nova da sociedade dos homens e dos povos” (Bento XVI, Caritas in Veritate, 9). 

Mas, infelizmente, como pode acontecer e acontece, os temas da CF são às vezes manipulados e direcionados para a política, de tendência socialista e revolucionário, e favorecer ideologias heterodoxas, o que pode levar alguns a pensar equivocadamente que a Igreja é assim. “Abusus non tollit usum”, o abuso não impede o uso: pode-se usar de uma coisa boa em si, mesmo quando outros usam dela abusivamente. 

quinta-feira, 7 de março de 2019

Bispo causa indignação após proibir o uso de “véus e correntes” na diocese de Goiás



Com base no decreto Verum et Authenticum Cultum Beatam Mariam Semper Virginem da Diocese de Uruaçu, o bispo da diocese de Goiás, Eugène Lambert Adrian Rixen, emitiu uma Orientação Pastoral, proibindo o uso de véus e correntes, como também o uso do termo “escravo de Nossa Senhora” como forma de devoção à Nossa Senhora.

Com a data de 6 de março, quarta-feira de cinzas, a orientação do bispo diz: "Pedimos encarecidamente que os agentes de pastorais, clérigos ou leigos, devem impedir a ereção de grupos sectários que usam sinais como: véus, correntes (no sentido estrito do termo), e outros tipos de manifestações próprias, que ao invés de promover a Verdadeira Devoção a Nossa Senhora, cria-se uma devoção obscura que mais confunde do que promove a piíssima devoção; e, em outro trecho menciona “Que o termo "Escravo de Nossa Senhora" seja evitado e elucidado, tendo em vista que Jesus Cristo diz: "já não vos chamo mais de escravos, porque o escravo, não sabe o que faz o seu senhor; mas Eu vos chamo de amigos", (Jo 15,15); e em outra passagem diz que nem vos tenho como "escravo, mas muito mais do que um escravo, como um irmão querido" (Flm 15-16).

Veja o texto na íntegra:

O diabo na Gaviões da Fiel



Despertou muitos comentários a cena de ter o diabo derrotado Cristo, Nosso Senhor, no desfile carnavalesco da Escola de Samba Gaviões da Fiel neste ano de 2019. O fato merece nossa atenção.

O grande ponto foi a confusão – certamente propositada – entre Cristo e Santo Antão. Dizem alguns defensores da Gaviões e da retumbante presença do diabo nela que o vencido pelo príncipe das trevas não seria Cristo, mas, sim, Santo Antão. Isso é, no mínimo, além de blasfêmia, um insulto à inteligência humana. E por quê?

A resposta é simples. Basta dizer a uma criança de 8 anos, mentalmente saudável, que há um animalzinho com pelos, cujo banho preferido consiste em passar a língua pelo corpo, mia, gosta de leite, tem vibrissas (“bigode”) etc. e pedir a ela um desenho do bicho. Essa criança, com quase 100% de chances de acerto, muito provavelmente, a seu modo, desenhará um gato. A “lógica especial” – como diria o conhecido parapsicólogo Pe. Oscar Quevedo, SJ –, dos patronos do enredo da Gaviões, porém, é muito diferente.

Sim, para eles um personagem com barba, coroa de espinho, semidespido, de acordo com as clássicas representações do Cristianismo, parece Cristo, mas não é. Seu nome seria Antão, um santo monge que viveu, entre fins do século III e início do IV, nos desertos de Nitria e Escete, no Baixo Egito. Como se vê, era um religioso centenário representado, na velhice, com barbas longas e brancas, trajes simples e uma espécie de báculo na mão esquerda. Suas representações nada têm a ver, portanto, com as de Nosso Senhor por volta dos 33 anos.

Ainda que alguns queiram, até de modo fanatizado, defender a Gaviões contra o suposto “fanatismo” de cristãos “ignorantes” e “intolerantes” – a preferir Deus acima de tudo – dizendo que há de se levar em conta “o contexto” do ocorrido, o coreógrafo Edgar Junior os desacredita e, ainda, confirma a estúpida intenção da Escola. Com efeito, declara ele: “O foco era esse mesmo, era chocar! Acho que a gente alcançou o nosso objetivo, que era mexer com essa polêmica de Jesus e o diabo, com a fé de cada um” (Folha Patoense, 04/03/2019, online). Enfim, uma blasfêmia e um grande desrespeito aos cristãos e aos não cristãos que primam pela verdadeira harmonia em nosso Brasil.