Após a realização do 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) entre 23 e 27 de janeiro, em Londrina (PR), Bernardo Pires Küster denunciou que as CEBs estão sendo usadas para reorganização da militância política.
Para o conhecido ensaísta e tradutor, que vive em Londrina e esteve presente no evento, após o impeachment de Dilma Roussef em 2016, frente ao julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o Partido dos Trabalhadores (PT) perdendo “capilaridade municipal, os sindicatos perdendo dinheiro, eles estão vendo nas CEBs, na minha interpretação, uma nova esperança de reorganização da militância política, que foi o que aconteceu aqui”.
Bernardo Küster, cujos vídeos alertando sobre o que aconteceu no evento em Londrina (PR) já contam com mais de 500 mil visualizações, disse em exclusiva à ACI Digital que foi informado sobre o Intereclesial e de que estariam acontecendo manifestações políticas no evento. “Eu peguei um amigo e fomos até o Moringão (estádio onde aconteceu o encontro). Quando entramos, vimos faixas de apoio ao PT. Foi então que começamos a investigar toda a questão”.
Segundo Küster, na organização e condução deste evento estiveram presentes intelectuais ligados à esquerda, entre os quais citou o sociólogo Pedro Ribeiro, Marcelo Barros, Frei Beto, entre outros.
De acordo com Bernardo, o 14º Intereclesial contou com a presença de “mais de 3 mil representes das CEBs do Brasil todo”. Entretanto, ressaltou que, “pelo tamanho que já foram as CEBs, foi um evento pequeno, porque o próprio Frei Beto em um dos artigos diz que já chegou a mais de 100 mil CEBs no Brasil”.
Nesse sentido, assinalou que a utilização política do evento se deu por parte das lideranças e dos intelectuais presentes e não dos participantes, “do povo de Deus”. Ainda segundo Küster, esse uso político das CEBs não é um fenômeno atual, mas remonta aos anos 1970.
“As CEBs surgiram nos anos 1970 com propósito legítimo, que era reunir comunidades locais pequenas pelo Brasil inteiro, para que elas trouxessem à Igreja algumas demandas locais. Isso é legítimo”, assinalou.
Para Bernardo, o problema foi que, a partir da invenção da Teologia da Libertação, em 1968, pelo teólogo peruano Gustavo Gutiérrez, “houve um casamento de desejos”.
“As CEBs tinham essa intenção social muito forte e a Teologia da Libertação chega com esse apelo teológico, para preencher, dar explicações para os desejos do pessoal das CEBs. Só que a Teologia da Libertação nada mais é do que a completa politização da fé pela esquerda”, assinalou.