quinta-feira, 7 de maio de 2015

Em nome da laicidade, justiça manda cidade francesa retirar monumento ao Papa


A Justiça francesa ordenou a retirada de um monumento em homenagem ao papa João Paulo II instalado em uma praça pública de uma pequena cidade do oeste do país. O tribunal avaliou que a obra contraria a lei sobre a laicidade, que determina a separação entre a religião e os espaços públicos na França.

A obra, composta por uma estátua de bronze do papa cercado por um arco e uma cruz de 8 metros, está exposta desde 2006 na cidade de Ploërmel, na região da Bretanha. A praça na qual o monumento é exibido ganhou o nome de São João Paulo II, depois que o pontífice foi canonizado.

O tribunal administrativo de Rennes determinou que o monumento, “pela sua disposição e suas dimensões, apresenta um caráter ostentatório” que fere a Constituição francesa. Para a Justiça, o problema é a existência da cruz, “símbolo da religião cristã”, e não a estátua do papa em si. A decisão judicial ressalta o caráter laico da República francesa e lembra a lei de 1905, que instituiu a separação entre o Estado e a Igreja.

“Este julgamento implica, necessariamente, que o monumento, tal como ele está instalado, seja retirado do seu local atual”, afirma a decisão, que deve ser cumprida nos próximos seis meses pela prefeitura. 

Carta Encíclica Redemptor Hominis do Papa João Paulo II


CARTA ENCÍCLICA
REDEMPTOR HOMINIS
 DO SUMO PONTÍFICE
 JOÃO PAULO II
 AOS VENERÁVEIS IRMÃOS NO EPISCOPADO
 AOS SACERDOTES
 E ÀS FAMÍLIAS RELIGIOSAS
AOS FILHOS E FILHAS DA IGREJA
E A TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE
 NO INÍCIO DO SEU MINISTÉRIO PONTIFICAL



Veneráveis Irmãos e caríssimos Filhos
Saúde e Bênção Apostólica!


I.    HERANÇA

No final do segundo Milénio

O Redentor do homem, Jesus Cristo, é o centro do cosmos e da história. Para Ele se dirigem o meu pensamento e o meu coração nesta hora solene da história, que a Igreja e a inteira família da humanidade contemporânea estão a viver. Efectivamente, este tempo, no qual, depois do predilecto Predecessor João Paulo I, por um seu misterioso desígnio Deus me confiou o serviço universal ligado com a Cátedra de São Pedro em Roma, está muito próximo já do ano Dois Mil. É difícil dizer, neste momento, o que aquele ano virá a marcar no quadrante da história humana, e como é que ele virá a ser para cada um dos povos, nações, países e continentes, muito embora se tente, já desde agora, prever alguns eventos. Para a Igreja, para o Povo de Deus que se estendeu — se bem que de maneira desigual — até aos mais longínquos confins da terra, esse ano virá a ser o ano de um grande Jubileu. Estamos já, portanto, a aproximar-nos de tal data que — respeitando embora todas as correcções devidas à exactidão cronológica — nos recordará e renovará em nós de uma maneira particular a consciência da verdade-chave da fé, expressa por São João nos inícios do seu Evangelho: « O Verbo fez-se carne e veio habitar entre nós »; 1 e numa outra passagem « Deus, de facto, amou de tal modo o mundo, que lhe deu o Seu filho unigénito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna ». 2

Estamos também nós, de alguma maneira, no tempo de um novo Advento, que é tempo de expectativa. « Deus, depois de ter falado outrora aos nossos pais, muitas vezes e de muitos modos, pelos Profetas, falou-nos nestes últimos tempos pelo Filho ... », 3 por meio do Filho-Verbo, que se fez homem e nasceu da Virgem Maria. Com este acto redentor a história do homem atingiu, no desígnio de amor de Deus, o seu vértice. Deus entrou na história da humanidade e, enquanto homem, tornou-se sujeito à mesma, um dos milhares de milhões e, ao mesmo tempo, Único! Deus, através da Encarnação, deu à vida humana aquela dimensão, que intentava dar ao homem já desde o seu primeiro início e deu-lha de maneira definitiva — daquele modo a Ele somente peculiar, segundo o seu eterno amor e a sua misericórdia, com toda a divina liberdade — e, simultaneamente, com aquela munificência, que, perante o pecado original e toda a história dos pecados da humanidade e perante os erros da inteligência, da vontade e do coração humano, nos dá azo a repetir com assombro as palavras da Sagrada Liturgia: « Ó ditosa culpa, que tal e tão grande Redentor mereceu ter ». 4 


2. Primeiras palavras do novo Pontificado

A Cristo Redentor elevei os meus sentimentos e pensamentos a 16 de Outubro do ano passado, quando, após a eleição canónica, me foi feita a pergunta: « Aceitais? » E eu respondi então: « Com obediência de fé em Cristo, meu Senhor, e confiando na Mãe de Cristo e da Igreja, não obstante as muitas dificuldades, eu aceito ». Quero hoje dar a conhecer publicamente aquela minha resposta a todos, sem excepção alguma, tornando assim manifesto que está ligado com a verdade primeira e fundamental da Encarnação o ministério que, com a aceitação da eleição para Bispo de Roma e para Sucessor do Apóstolo Pedro, se tornou meu específico dever na sua mesma Cátedra.

Escolhi os mesmos nomes que havia escolhido o meu amadíssimo Predecessor João Paulo I. Efectivamente, quando a 26 de Agosto de 1978 ele declarou ao Sacro Colégio (dos Cardeais) que queria ser chamado João Paulo — um binómio deste género não tinha antecedentes na história do Papado — já então reconheci nisso um eloquente bom auspício da graça sobre o novo Pontificado. E dado que esse Pontificado durou apenas trinta e três dias, cabe-me a mim não somente continuá-lo, mas, de certo modo, retomá-lo desse mesmo ponto de partida. Isto precisamente é confirmado pela escolha, feita por mim, desses dois nomes. E ao escolhê-los assim, em seguida ao exemplo do meu venerável Predecessor, desejei como ele também eu exprimir o meu amor pela singular herança deixada à Igreja pelos Sumos Pontífices João XXIII e Paulo VI; e, ao mesmo tempo, manifestar a minha disponibilidade pessoal para a desenvolver com a ajuda de Deus.

Através destes dois nomes e dos dois pontificados, quero vincular-me a toda a tradição desta Sé Apostólica, com todos os Predecessores no espaço de tempo deste século vinte e dos séculos precedentes, ligando-me gradualmente, segundo as diversas épocas até às mais remotas, àquela linha da missão e do ministério que confere à Sé de Pedro um lugar absolutamente particular na Igreja. João XXIII e Paulo VI constituem uma etapa, à qual desejo referir-me directamente, como a um limiar do qual é minha intenção, de algum modo juntamente com João Paulo I, prosseguir no sentido do futuro, deixando-me guiar por confiança ilimitada e pela obediência ao Espírito, que Cristo prometeu e enviou à sua Igreja. Ele, efectivamente dizia aos seus Apóstolos, na véspera da sua Paixão: « É melhor para vós que eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei ». 5 « Quando vier o Consolador, que Eu vos hei-de enviar da parte do Pai, o Espírito da verdade que do Pai procede, ele dará testemunho de Mim. E vós também dareis testemunho de Mim, porque estais comigo desde o princípio ». 6 «Quando, porém, Ele vier, o Espírito da verdade, Ele guiar-vos-á para a verdade total, porque não falará por Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e anunciar-vos-á as coisas vindouras ». 7 

Capitalismo ou socialismo? Leão XIII aponta a solução para esta briga interminável.


No início do filme “Coração Valente”, Mel Gibson diz que “a história é escrita por aqueles que enforcaram os heróis”. Will Durant, no primeiro dos 11 volumes da sua “Story of Civilization” [História da Civilização], observa que “a maior parte da história é adivinhação e o resto é preconceito”. O escritor Mark Twain endossa esta visão, dizendo que “a própria tinta com que toda a história é escrita é puro preconceito líquido”. E Voltaire declarava que os historiadores eram apenas “fofoqueiros que provocam os mortos”.

Todos nós já ouvimos dizer que “a história é escrita pelos vencedores” e desconfiamos (ou deveríamos desconfiar) que os vencedores contam a sua própria versão dos fatos.

O que nem sempre admitimos é que isto não é diferente quando se narra a história do capitalismo e do socialismo.

Comecemos pelo relato que o capitalismo contaria sobre si próprio:

“O capitalismo é o herói da civilização. É a melhor teoria econômica já inventada, responsável pela era da tecnologia e por um grau sem precedentes de bem-estar, liberdade e conforto. O capitalismo tornou a vida melhor em todos os lugares. No entanto, apareceu um propagandista radical chamado Karl Marx. Ele era um idealista utópico, semeador da discórdia, que procurava acabar com a propriedade privada por meio do controle estatal dos meios de produção. Felizmente, Marx foi derrotado pelo próprio sucesso: as nações que acolheram a sua ideologia se tornaram exemplos assustadores de fracasso para o resto do mundo, provando, de uma vez por todas, que o capitalismo é O Caminho”.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Divulgado calendário do Jubileu da Misericórdia.



Os detalhes foram apresentados pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella – responsável pela organização do evento.

De acordo com o Arcebispo, a ideia do Jubileu nasceu em 29 de agosto do ano, quando Francisco lhe manifestou o desejo de convocá-lo. “Conseguimos manter um segredo pontifício”, declarou satisfeito, pois o anúncio “da surpresa” foi feito somente no dia 14 de março deste ano.

Dom Fisichella recordou que o Jubileu da Misericórdia “não é e não deseja ser o Grande Jubileu do Ano 2000. Qualquer comparação, portanto, não tem sentido, porque cada Ano Santo tem as suas peculiaridades e as próprias finalidades”. Trata-se, sobretudo de um Jubileu temático, que assenta fortemente no conteúdo central da fé e pretende recordar à Igreja a sua missão prioritária de ser sinal e testemunho da misericórdia em todos os aspectos da sua vida pastoral.

O Arcebispo explicou que o Papa deseja que este Jubileu não seja vivido somente em Roma, mas também nas Igrejas locais. Pela primeira vez na história dos Jubileus, é oferecida a possibilidade de abrir a Porta Santa – Porta da Misericórdia – nas próprias dioceses, particularmente na Catedral ou numa igreja especialmente significativa ou num Santuário nomeadamente importante para os peregrinos.

Abril 2015


Sábado, 11 de Abril de 2015
Vigília do Domingo da Divina Misericórdia

Leitura da Bula de proclamação do Jubileu.
  

Dezembro 2015


Terça-feira, 8 de Dezembro de 2015
Solenidade da Imaculada Conceição

Abertura da Porta Santa da Basílica de São Pedro.


Domingo, 13 de Dezembro de 2015
III Domingo de Advento

Abertura da Porta Santa da Basílica de São João em Latrão e nas Catedrais do Mundo.

Sacramento do matrimônio é ato de fé e de amor, diz Papa


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 6 de maio de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No nosso caminho de catequese sobre família, tocamos hoje diretamente na beleza do matrimônio cristão. Esse não é simplesmente uma cerimônia que se faz na igreja, com flores, roupas, fotos…O matrimônio cristão é um sacramento que se realiza na Igreja e que também faz a Igreja, dando início a uma nova comunidade familiar.

É aquilo que o apóstolo Paulo resume na sua célebre expressão: “Este mistério é grande, quero dizer com referência a Cristo e à Igreja” (Ef 5, 32). Inspirado pelo Espírito Santo, Paulo afirma que o amor entre os cônjuges é imagem do amor entre Cristo e a Igreja. Uma dignidade impensável! Mas na realidade, está inscrita no desígnio criador de Deus e com a graça de Cristo inumeráveis casais cristãos, mesmo com seus limites, seus pecados, realizaram-na!

São Paulo, falando da nova vida em Cristo, diz que os cristãos – todos – são chamados a se amar como Cristo os amou, isso é, “sujeitando-se uns aos outros” (Ef 5, 21), que significa a serviço uns dos outros. E aqui introduz a analogia entre o casal marido-mulher e aquela Cristo-Igreja. É claro que se trata de uma analogia imperfeita, mas devemos colher o sentido espiritual que é altíssimo e revolucionário, e ao mesmo tempo simples, ao alcance de cada homem e mulher que se confiam à graça de Deus.

O marido – diz Paulo – deve amar a esposa “como ao próprio corpo” (Ef 5, 28); amá-la como Cristo “amou a Igreja e se entregou por ela” (v. 25). Mas vocês maridos que estão aqui presentes entendem isso? Amar as suas esposas como Cristo ama a Igreja? Isso não é brincadeira, mas coisa séria! O efeito deste radicalismo da dedicação pedida ao homem, para o amor e a dignidade da mulher, a exemplo de Cristo, deve ter sido enorme, na própria comunidade cristã.

Esta semente da novidade evangélica, que restabelece a originária reciprocidade da dedicação e do respeito, amadureceu lentamente na história, mas no final prevaleceu. 

Os animais e seus significados


A paz do Senhor, meu nobre irmão ao navegar deparei-me com esta maravilhosa fonte de saber e lendo a palavra do Senhor deparei-me com animais imundos aqueles que são relatados por Moisés no AT e depois na visão de Pedro diante dos anjos descendo do céu com aquele lençol que representa na minha opinião a Terra, bom , eu gostaria de saber , que pecado representa o porco e porque não deveria ser comido assim como os outros animais que são referidos pela Bíblia como imundos e por quê não podiam ser comidos???
Grato pela atenção aguardo resposta.
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Prezado consulente, salve Maria!

Sinto não poder chamá-lo por seu nome, porque, infelizmente, você esqueceu de assinar o seu e-mail. Quero agradecer a sua bondade, ao elogiar o trabalho que fazemos em nosso site Montfort. Deus lhe pague.

Passo a responder sua pergunta sobre a razão da proibição de comer certos animais, no Antigo Testamento.

Claro que tudo o que Deus fez é bom, em si mesmo, pois que Deus sendo infinitamente bom, nada podia fazer de mal ou de errado. Por essa razão, lemos no Gênesis:

"E Deus viu todas as coisas que tinha feito, e eram muito boas" (Gen. I, 31).

Por isso, Santo Agostinho comenta:

"Se se pergunta sobre o porco e o cordeiro, um e outro são limpos por natureza, posto que todas as criaturas de Deus são boas; porém, por motivo de certo significado, foi declarado puro o cordeiro e impuro o porco, como se disséssemos sábio e nécio" (Santo Agostinho, Contra Fausto, apud São Tomás, Suma Teológica, I, IIae, Q. CII, a. 6 ad 1).

No Antigo Testamento, Deus proibiu que se comessem certos animais, classificados como impuros, por razões simbólicas ou de higiene, ou ainda porque eram animais sacrificados aos ídolos.

Na Sagrada Escritura se lê:

"A própria visão desses animais não mostra nada de bom neles, porque foram excluídos da aprovação e da bênção de Deus" (Sab. XV,19).

Isto significa que, após o pecado de Adão, alguns animais, pelo seu formato, e por sua maneira de atuar, simbolizaram certos pecados, enquanto outros, pelo seu aspecto e pelo seu comportamento, simbolizam virtudes.

Você me pergunta sobre a proibição do Antigo Testamento de se comer carne de porco.

Esse animal era sacrificado aos ídolos, e transmite facilmente doenças. Mas a razão principal de sua proibição para os judeus era o seu símbolo.

O porco tem uma dobra no pescoço, que o obriga a olhar só para baixo; esse animal só olha para o chão. Deste modo, ele simboliza aqueles que só têm olhos para o que é terreno, só para o que é vil, só para a lama, e jamais olham para o céu.

Pois não há homens que são assim? Homens que só olham para a lama, e jamais para as estrelas? Por isso jamais se viram porcos fazer poesias, exceto em nosso século maldito, ateu e pornográfico.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Logotipo do Jubileu da Misericórdia é apresentado.


O logotipo e o lema colocados juntos oferecem uma feliz síntese do Ano jubilar. O lema Misericordiosos como o Pai (retirado do Evangelho de Lucas, 6,36) propõe viver a misericórdia no exemplo do Pai que pede para não julgar e não condenar, mas perdoar e dar amor e perdão sem medida (cfr. Lc 6,37-38). O logotipo – obra do Padre jesuíta Marko I. Rupnik – apresenta-se como uma pequena suma teológica do tema da misericórdia. Mostra, na verdade, o Filho que carrega aos seus ombros o homem perdido, recuperando uma imagem muito querida da Igreja primitiva, porque indica o amor de Cristo que realiza o mistério da sua encarnação com a redenção. O desenho é feito de tal forma que realça o Bom Pastor que toca profundamente a carne do homem, e o faz com tal amor capaz de lhe mudar a vida. Além disso, um detalhe não é esquecido: o Bom Pastor com extrema misericórdia carrega sobre si a humanidade, mas os seus olhos confundem-se com os do homem. Cristo vê com os olhos de Adão e este com os olhos de Cristo. Cada homem descobre assim em Cristo, novo Adão, a própria humanidade e o futuro que o espera, contemplando no Seu olhar o amor do Pai.

Homilética: 6º Domingo da Páscoa - Ano B: “O amor em prática”.


“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo” (Jo 15,12). Trata-se do amor que pressupõe o amor de Deus e que deve realizar-se através das nossas obras. Com relação ao amor ao próximo, por exemplo, é muito importante que não sejamos teóricos. 

Estamos fartos de discursos humanitários retóricos! Gostaríamos de ver solucionada a situação das pessoas com as quais convivemos: “esse vive num barracão, aquele passa fome, fulano não tem trabalho, o outro está com depressão, os grupos estão divididos na minha paróquia, no meu grupo há uma pessoa que sempre quer destacar-se mais que os outros, há críticas… um desastre!”

No Evangelho (Jo 15,9-17), S. João nos fala do mandamento do amor. João é a “testemunha ocular” por excelência de Jesus; esteve com ele desde a primeira hora (cf. Jo 1,35); junto com Pedro e Tiago, seu irmão; assistiu à Transfiguração e à agonia no Getsêmani (cf. Mc 14,33) e foi uma das primeiras testemunhas da Ressurreição (cf. Jo 20,2). Ele mesmo se apresenta no Evangelho como “aquele que viu” (cf. Jo 19,35). Porém, com mais frequência ainda João se apresenta como “o discípulo que Jesus amava” (cf. Jo 13,23; 19,26; 20,2). Seu principal testemunho não diz respeito às coisas feitas por Jesus, mas a seu amor.

No Evangelho e na segunda leitura (1Jo 4,7-10) encontramos descrita a estrutura do amor em três planos: Amor do Pai por seu Filho Jesus Cristo; o amor de Jesus Cristo pelos homens; e o amor dos homens entre si. Como o Pai me ama assim também eu vos amo. Amai-vos uns aos outros.

Insistindo sobre o mandamento novo João nos faz Jesus repetir (Evangelho): amai-vos uns aos outros; e ele mesmo (João) nos diz (1Jo 4,7-10): amemo-nos uns aos outros. Se não se dá este último passo - de nós aos irmãos- a longa cadeia de amor que desce de Deus Pai fica como que suspensa no vazio; o amor chega perto, mas não toca; nós ficamos fora de seu fluxo, fora, portanto, da vida e da luz, porque quem não ama permanece na morte (1Jo 3,14).

São Paulo teceu o mais alto elogio ao Ágape (amor): “O amor é paciente; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça… Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo” (1Cor 13,4-7).

Resumindo numa frase: para ser amados precisamos amar. Para receber amor do Pai e de Jesus Cristo precisamos doar amor aos irmãos. Na realidade, o verdadeiro paradoxo cristão consiste em acrescentar esta outra verdade: para amar precisamos ser amados. João, o discípulo que Jesus amava, compreendeu por experiência que só quem é amado é capaz de amar e escreveu, por isso, em sua carta: Amamos, porque Deus nos amou por primeiro (1Jo 4,19).

O próprio Jesus parece atribuir ao amor fraterno o papel de ser sinal eficaz do amor do Pai: Para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim (Jo 17,23).

Será que os acatólicos conhecem os católicos pelo amor mútuo, pela atenção caridosa, pelo carinho, pela boa educação, pela generosidade e pela disponibilidade? Para saber como se vive a caridade é preciso olhar, em primeiro lugar, para Jesus. A regra, a medida da caridade, é ele: “como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”. Como Cristo amou-nos? Rebaixando-se a si mesmo, sofrendo na cruz e derramando todo o seu Sangue por nós, preocupando-se verdadeiramente com os nossos pequenos e grandes problemas. Assim deve ser o nosso amor aos irmãos: será preciso dedicar-lhes tempo, escutá-los, dispor-nos a ajudá-los quando for preciso, mostrar o nosso agradecimento às pessoas, corrigir com fortaleza e gentileza quando necessário, viver as normas da educação e da prudência, viver a discrição, compreendê-los, sorrir também quando não se tem vontade; sacrificar-nos por eles, sem que percebam, para que tenham bons momentos.

E nas paróquias? Quantas rivalidades! Quantos ciúmes! Quanta inveja! Disse alguém que “Cristo mandou que nos amássemos, não que nos amassemos”. Há muitas reuniões, e pouca união! Os problemas na comunidade cristã não são novos, São Paulo escreveu aos Gálatas: “se vos mordeis e vos devorais, vede que não acabeis por vos destruirdes uns aos outros” (Gl 5,15). Por que será que os cristãos às vezes se mordem devorando-se uns aos outros? Pelo mesmo motivo que São Paulo identificou entre os gálatas: eram carnais. O que é necessário para viver a caridade? Deixar-se conduzir pelo Espírito Santo e fazer as obras do Espírito: “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5,22-23). Hoje é o dia para que renovemos os bons propósitos de viver “opere et veritate”, com obras e na verdade, a virtude da caridade, não em geral e em abstrato, mas em particular e concretamente: na família, com o pai, com a mãe, com os irmãos, com os amigos, com o patrão, com o empregado, com o meu irmão de comunidade. Não é fácil porque as pessoas têm problemas, dificuldades, às vezes exalam mau olor, falam demasiado (e às vezes com a boca cheia) ou não falam quase nada, faz calor. Poderíamos enumerar mil e uma razões para não viver a caridade, nenhuma delas é consequente.

Deus nos fez solidários e responsáveis uns pelos outros; deseja que os amados por Deus procurem levar outros a ter a mesma experiência do único modo possível, isto é, amando-os e amando-os concretamente: “…não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade” (1Jo 3,18).

Para amarmos de verdade o nosso próximo, intensifiquemos a nossa vida de oração.