terça-feira, 27 de maio de 2014

Homilia do Papa durante missa no Estádio Internacional em Amã


HOMILIA
Homilia do Papa Francisco na Santa Missa
no Estádio Internacional em Amã (Jordânia)
Sábado, 24 de maio de 2014

Ouvimos, no Evangelho, a promessa de Jesus aos discípulos: «Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco» (Jo 14, 16). O primeiro Paráclito é o próprio Jesus; o «outro» é o Espírito Santo.

Aqui não estamos muito longe do lugar onde o Espírito Santo desceu poderosamente sobre Jesus de Nazaré, depois de João O ter baptizado no rio Jordão (cf. Mt 3, 16). Por isso, o Evangelho deste domingo e também este lugar, onde, graças a Deus, me encontro como peregrino, convidam-nos a meditar sobre o Espírito Santo, sobre aquilo que Ele realiza em Cristo e em nós e que podemos resumir da seguinte maneira: o Espírito realiza três acções, ou seja, prepara, unge e envia.

No momento do baptismo, o Espírito pousa sobre Jesus a fim de O preparar para a sua missão de salvação; missão caracterizada pelo estilo do Servo humilde e manso, pronto à partilha e ao dom total de Si mesmo. Mas o Espírito Santo, presente desde o início da história da salvação, já tinha agido em Jesus no momento da sua concepção no ventre virginal de Maria de Nazaré, realizando o evento maravilhoso da encarnação: «O Espírito Santo virá sobre ti – diz o Anjo a Maria – e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra, e tu darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus» (cf. Lc 1, 35.31). Depois, o Espírito Santo tinha actuado sobre Simeão e Ana, no dia da apresentação de Jesus no Templo (cf. Lc 2, 22). Ambos à espera do Messias, ambos inspirados pelo Espírito Santo, Simeão e Ana, à vista do Menino, intuem que Ele é mesmo o Esperado por todo o povo. Na atitude profética dos dois anciãos, exprime-se a alegria do encontro com o Redentor e, de certo modo, actua-se uma preparação do encontro entre o Messias e o povo.

As diferentes intervenções do Espírito Santo fazem parte de uma acção harmónica, de um único projecto divino de amor. Com efeito, a missão do Espírito Santo é gerar harmonia – Ele mesmo é harmonia – e realizar a paz nos vários contextos e entre diferentes sujeitos. A diferença de pessoas e a divergência de pensamento não devem provocar rejeição nem criar obstáculo, porque a variedade é sempre enriquecedora. Por isso hoje, com coração ardente, invoquemos o Espírito Santo, pedindo-Lhe que prepare o caminho da paz e da unidade.

Em segundo lugar, o Espírito Santo unge. Ungiu interiormente Jesus, e unge os discípulos para que tenham os mesmos sentimentos de Jesus e possam, assim, assumir na sua vida atitudes que favoreçam a paz e a comunhão. Com a unção do Espírito, a nossa humanidade é marcada pela santidade de Jesus Cristo e tornamo-nos capazes de amar os irmãos com o mesmo amor com que Deus nos ama. Portanto, é necessário praticar gestos de humildade, fraternidade, perdão e reconciliação. Estes gestos são pressuposto e condição para uma paz verdadeira, sólida e duradoura. Peçamos ao Pai que nos unja para nos tornarmos plenamente seus filhos, configurados cada vez mais a Cristo, a fim de nos sentirmos todos irmãos e, assim, afastar de nós rancores e divisões e amar-nos fraternalmente. Isto mesmo nos pediu Jesus no Evangelho: «Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos, e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco» (Jo 14, 15-16).

E, por último, o Espírito Santo envia. Jesus é o Enviado, cheio do Espírito do Pai. Ungidos pelo mesmo Espírito, também nós somos enviados como mensageiros e testemunhas de paz.

Discurso do Papa na Cerimônia de boas-vindas em Amã


DISCURSO
Discurso do Papa Francisco na Cerimônia

de boas-vindas no Palácio Real em Amã (Jordânia)
Sábado, 24 de maio de 2014


Majestade

Excelências, Amados Irmãos Bispos,

Queridos Amigos!

Agradeço a Deus por poder visitar o Reino Hachemita da Jordânia, seguindo os passos dos meus antecessores Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI, e agradeço a Sua Majestade o Rei Abdullah II pelas suas cordiais palavras de boas-vindas, com viva recordação do recente encontro no Vaticano. Estendo a minha saudação aos membros da Família Real, ao Governo e ao povo da Jordânia, uma terra rica de história e de grande significado religioso para o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

Este País oferece generoso acolhimento a um grande número de refugiados palestinenses, iraquianos e vindos de outras áreas de crise, nomeadamente da vizinha Síria, abalada por um conflito que já dura há muito tempo. Tal acolhimento merece a estima e o apoio da comunidade internacional. A Igreja Católica quer, na medida das suas possibilidades, empenhar-se na assistência aos refugiados e a quem vive em necessidade, sobretudo através da Cáritas Jordana.

Ao mesmo tempo que constato, com pena, a persistência de fortes tensões na área médio-oriental, agradeço às autoridades do Reino aquilo que fazem e encorajo a continuarem a empenhar-se na busca da desejada paz duradoura para toda a região; para tal objectivo, torna-se imensamente necessária e urgente uma solução pacífica para a crise síria, bem como uma solução justa para o conflito israelita-palestinense.

Aproveito esta oportunidade para renovar o meu profundo respeito e a minha estima à comunidade muçulmana e manifestar o meu apreço pela função de guia desempenhada por Sua Majestade o Rei na promoção duma compreensão mais adequada das virtudes proclamadas pelo Islã e da serena convivência entre os fiéis das diferentes religiões. Exprimo a minha gratidão à Jordânia por ter incentivado uma série de importantes iniciativas em prol do diálogo inter-religioso visando promover a compreensão entre judeus, cristãos e muçulmanos, nomeadamente a «Mensagem Inter-religiosa de Aman», e por ter promovido no âmbito da ONU a celebração anual da «Semana de Harmonia entre as Religiões».

"Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mc 12,17)


Com esta frase Jesus definiu bem a autonomia e o respeito, que deve haver entre a política (César) e a religião (Deus). Por isto a Igreja não se posiciona nem faz campanha a favor de nenhum partido ou candidato, mas faz parte da sua missão zelar para que o que é de “Deus” não seja manipulado ou usurpado por “César” e vice-versa.

Quando acontece essa usurpação ou manipulação é dever da Igreja intervir convidando a não votar em partido ou candidato que torne perigosa a liberdade religiosa e de consciência ou desrespeito à vida humana e aos valores da família, pois tudo isso é de Deus e não de César. Vice-versa extrapola da missão da Igreja querer dominar ou substituir- se ao estado, pois neste caso ela estaria usurpando o que é de César e não de Deus.

Já na campanha eleitoral de 1996, denunciei um candidato que ofendeu pública e comprovadamente a Igreja, pois esta atitude foi uma usurpação por parte de César daquilo que é de Deus, ou seja o respeito à liberdade religiosa.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Como formar um sacerdote perfeito?



Quais são as qualidades de um bom sacerdote? Como a comunidade católica pode encontrar os jovens que possuem essas qualidades? A experiência das últimas décadas mostra que as opiniões dos psicólogos e mesmo as do próprio clero nem sempre se mostram as mais adequadas. Por que não ir à fonte: as percepções dos próprios pais?

A fim de encontrar verdadeiros especialistas, procurei a família Azah, oriunda de Gana. Seu filho, nascido em 1968, tornou-se um sacerdote muito amado tanto em Gana quanto nos Estados Unidos. Veja a seguir o que a família me disse.

“Desde a infância, identificamos que o nosso filho Perry iria se tornar especial na família, por causa do estilo de vida dele. Na maioria das vezes, era ele quem puxava as devoções familiares. Ele chegou a ser líder de alguns grupos devocionais na igreja do nosso povoado. Ele é humilde, respeitoso, amoroso, tem um grande coração, é honesto, gentil com os outros, está sempre pronto para ajudar quem precisa. Ele ajuda os idosos e as viúvas na comunidade e sempre tenta exercer bem a liderança. Ele só tinha cinco anos quando entrou na escola, apesar de que os professores o achavam muito pequeno. Mas ele mostrou que eles estavam errados, tirando ótimas notas”.

É uma imagem impressionante: o filho do casal Azah comandava as devoções familiares com alegria, solenidade e fé, desde pequeno. Esses aspectos da santidade são frequentemente precursores de uma vocação ao sacerdócio.

Na história da Igreja, a curiosidade intelectual e o estudo também são, frequentemente, vinculados a uma inclinação ao sacerdócio. Apesar de lutar contra a doença e as dificuldades da guerra e da Inquisição, Santo Inácio de Loyola "mergulhou nos livros" durante dez anos, conquistando três diplomas na década de 1530. Rigor intelectual não só em assuntos de teologia e filosofia, mas também em temas "mundanos" como economia, astronomia e medicina, têm sido uma marca registrada da ordem que ele fundou, os jesuítas, há 500 anos.

Tempos atrás, eu estive na biblioteca do quarto andar do Palácio Apostólico. "O que será que o papa lê?", me perguntava eu, examinando os livros dispostos numa estante. Lá estavam os escritos de 37 santos diferentes, os Doutores da Igreja. Este seria um grande currículo para quem ansiasse pelo sacerdócio.

A coragem e a recusa a ser influenciado pelos outros também pode ser uma virtude quando a lealdade está presente. Santa Catarina de Sena mostrava essas características num tempo de perseguição e de complexidade política. Como escritora, uma mulher cristã no Sudão pode demonstrar uma fortaleza similar. 

Mensagem ao Dia Nacional dos Ciganos


24 de maio, Dia Nacional dos Ciganos

Quem são e onde vive os Ciganos? Em sua maioria são nômades dispersos por todo mundo. Pouco conhecidos, porém com uma atitude existencial profícua. São rejeitados, maltratados pelas estruturas sociais, tornando-os excluídos. São mais emoção do que razão, são religiosos, vivem unidos, felizes e livres, com a certeza que são amados por Deus.

Antes viviam dedicados ao comércio de animais e materiais de fácil transporte. Depois dos anos 80, dedicaram-se mais ao comércio de carros, que os levou a estarem mais próximos das cidades. Por isso tiveram uma maior possibilidade de relacionar-se com a sociedade, as crianças começaram a frequentar a escola e novos costumes se introduziram nos grupos, sem perder sua cultura própria, cada um buscando o bem estar de sua família e grupo.

Graças aos Santuários os Ciganos renovam sua identificação com a Igreja Católica. A Pastoral dos Nômades tem se empenhado heroicamente em poder acolhê-los. Aproveito para agradecer a todos os Agentes de Pastoral que, voluntariamente, dedicam-se a estar perto desse quase um milhão de irmãos Ciganos que vivem no Brasil, na luta pelos seus direitos básicos, sempre no espírito de Cristo, mostrando que mesmo sendo ciganos são cidadãos brasileiros portadores de todos os direitos como qualquer outro cidadão brasileiro.

Nota da Comissão Justiça e Paz sobre a execução da Ação Penal 470


As decisões proferidas pela Presidência do Supremo Tribunal Federal sobre a execução da Ação Penal 470 (mensalão) que têm suscitado críticas e preocupações na sociedade civil em geral e na comunidade jurídica em particular, exigem o inadiável debate acerca das situações precárias, desumanas e profundamente injustas do sistema prisional brasileiro.

A Pastoral Carcerária, em recente nota, referiu-se à Justiça Criminal como um “moinho de gastar gente” por causa de decisões judiciais que levam a “condenações sem provas” e “negam a letra da lei” com “interpretações jurídicas absurdas”. Inseriu, neste contexto, a situação dos presos da Ação Penal 470 ao denunciar o conjunto do sistema penitenciário, violento e perverso, que priva os apenados “dos cuidados de saúde e de higiene mais básicos” e carece de políticas públicas para sua inserção no mercado de trabalho.

A Comissão Brasileira Justiça e Paz, organismo vinculado à CNBB, soma-se à Pastoral Carcerária e “repudia” o conteúdo destas decisões, bem como a política de encarceramento em massa, que penaliza especialmente negros e pobres, com inúmeras práticas cruéis, estendidas aos familiares e amigos dos presos, como a “revista vexatória”, atentado direto à dignidade humana.

Papas à prova de balas?


Quem não se lembra da cena do filme “Matrix” em que o herói se desvia das balas? Neo, interpretado por Keanu Reaves, dribla milagrosamente e em câmera lenta a saraivada de balas que passa ao lado dele sem lhe causar nenhum dano.
 
O papa João Paulo II não conseguiu driblar a bala em 13 de maio de 1981, mas atribuiu a sua sobrevivência à intercessão milagrosa da Virgem Maria. E o papa Francisco? Será que ele está cortejando o perigo ao recusar o papamóvel blindado em sua próxima visita à Terra Santa? Uma enorme operação de segurança está sendo montada para essa visita. Mas não teria sido mais prudente usar também o papamóvel à prova de balas?

 
O papa Francisco decidiu que não. Ele disse que quer ficar o mais próximo possível das pessoas. Essa decisão não o coloca perto das pessoas só fisicamente: ao evitar o papamóvel à prova de balas, ele se coloca mais perto das pessoas comuns também simbolicamente. Mas será que esse gesto humilde vale o risco?

 
A chance de perigo parece pequena, mas o papa Francisco vai visitar uma região altamente volátil, em que o extremismo religioso abunda e o ódio ao cristianismo, por parte de radicais tanto judeus quanto muçulmanos, está presente em toda parte. Basta um louco portando uma arma...


Será uma viagem extremamente religiosa


Está programada para o próximo domingo, 25, às 16:30, horário local, a chegada do Papa Francisco ao aeroporto internacional de Tel Aviv.

Alguns dados confirmados pelos cristãos de Jerusalém:


1.000 jornalistas credenciados.


700 pessoas poderão ir ao Getsemani durante a visita do Papa ao local.


Estima-se que 100 pessoas poderão ver o Papa quando ele passar na parte antiga da cidade de Jerusalém. Por medidas de segurança, o Estado de Israel pediu que comércios e casas não abram portas e nem janelas que dão para as ruas por onde passará o Papa.