terça-feira, 29 de outubro de 2013

Três visões absolutamente terríveis do inferno

Se as visões dos santos estiverem minimamente próximas da verdade,
então o inferno é real e horrível

O juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos, Antonin Scalia, disse acreditar no inferno e no diabo, e as pessoas zombaram dele. Mas os partidários de Scalia são muito mais importantes que seu críticos: além de serem maioria no país, tanto Jesus, o Filho de Deus, como o seu Vigário, o Papa Francisco, falam constantemente do inferno em seus ensinamentos.
 
O inferno é real e, para os católicos, sua existência é um dogma. O Concílio de Florença estabeleceu, em 1439, que "as almas dos que morrem em pecado mortal atual, ou somente no pecado original, descem rapidamente ao inferno".
 
Por ser um lugar no qual estão somente aqueles que morreram, os vivos não têm acesso a ele – pelo menos em circunstâncias normais. No entanto, muitos santos, ao longo da história da Igreja, afirmaram ter vivido experiências místicas do inferno e as descreveram.
 
A seguir, detalharemos três destas descrições.
 
Cabe recordar que o Catecismo da Igreja Católica afirma claramente que o papel das revelações privadas não é "melhorar" ou "completar" o depósito da fé, mas "ajudar a vivê-la mais plenamente em uma determinada época histórica".
 
O relato destas visões servem para ajudar as pessoas a levar mais a sério a realidade do reino eterno dos condenados. Duas das visões que apresentamos são do século XX.


Densa escuridão: Santa Teresa de Ávila

 
A grande santa do século XVI, Teresa de Ávila, foi uma religiosa e teóloga carmelita. Está na lista dos 35 doutores da Igreja. Seu livro "Castelo Interior" é considerado um dos textos mais importantes sobre a vida espiritual. Em sua autobiografia, a santa também descreve uma visão do inferno que Deus lhe concedeu, segundo ela, para ajudá-la a afastar-se dos seus pecados.
 
“A entrada pareceu-me semelhante a uma passagem estreita muito longa, como um forno baixo, escuro e constrangido; o chão pareceu-me consistir em água lamacenta, muito suja e de muito mau cheiro, com muitos parasitas e vermes imundos. No fim, havia um nicho na parede ao jeito de um pequeno armário; aí achei-me metida em muito estreito lugar. Tudo isso era nada, em comparação com que eu sentia: isto que eu descrevo está só mal expresso.”
 
“O que senti, parece-me que não posso nem começar a exprimi-lo; nem pode ser entendido. Experimentei um fogo na alma, que eu não sei como descrevê-lo. As dores corpóreas tão insuportáveis, que embora as tenho sofrido penosas nesta vida e que, de acordo com o que os médicos dizem, das piores que podem ser sofridas na terra, pois todos os meus nervos estavam contraídos quando fiquei paralisada, e com mais muitos outros sofrimentos de muitas espécies que eu suportei, e ainda alguns, como disse, causados pelos demônios, todos estes eram nada em comparação com os que eu experimentei lá, e saber que haviam de ser sem fim e sem jamais cessar.”
 
“Isto não era nada, porém, em comparação com o agoniar da alma: um apertamento, um afogamento, uma aflição tão agudamente sentida e com tal desesperada e afligida infelicidade que atormenta, que eu não sei como exprimir; porque parece estar-se sempre arrancando a alma que se rasga em pedaços."

"O fato é que não sei como dar uma descrição suficientemente poderosa daquele fogo interior e aquela gravíssima desesperação sobre tão dolorosos tormentos e dores. Eu não vi quem me os infligia, mas, sentia-me queimar e espedaçar, ao que me parece, e repito que o pior era aquele fogo interior e aquele desespero."

"Estando em tão fétido lugar, tão incapaz de esperar qualquer consolação, não há onde sentar-se ou deitar-se, nem há lugar, ainda que estava eu metida nessa espécie de buraco feito na parede, porque essas paredes apertam e tudo sufoca. Não há nenhuma luz, senão todo trevas escuríssimas.”
 
“Depois, eu tive uma visão de coisas espantosas. De alguns vícios, o castigo. Porque não é nada o ouvi-lo dizer, nem eu ter meditado de outras vezes sobre diversos tormentos (embora poucas vezes o fizesse, pois que, por caminho de temor, não ia bem a minha alma), nem que os demônios atormentam, nem outros diferentes suplícios que tenho lido, nada é como esta pena, porque é outra coisa. Enfim, é tão diferente como a pintura o é da realidade, e o queimar-se aqui na terra é muito pouco em comparação com este fogo de lá. Eu fiquei tão aterrada, e ainda agora o estou ao escrever isto, apesar de haver já quase seis anos que de temor – parece-me, e assim é –, me falta o calor natural aqui onde estou.”
 
“Daqui também cobrei a grandíssima pena que me dão as almas que se condenam (destes luteranos em especial, porque já eram, pelo Batismo, membros da Igreja), e os grandes ímpetos de salvar almas, que me parece certo que, para livrar uma só de tão gravíssimos tormentos, padeceria eu muitas mortes de muito boa vontade.”
 
Cavernas horríveis, abismos de tormentos: Santa Maria Faustina Kowalska

Santa Maria Faustina Kowalska, conhecida como Santa Faustina, foi uma religiosa polonesa que afirmou ter tido uma série de visões que incluíam Jesus, a Eucaristia, os anjos e vários santos. Das suas visões, registradas em seu "Diário", a Igreja recebeu a já popular devoção ao Terço da Divina Misericórdia.
 
Em um trecho do seu diário, no final de outubro de 1936, ela descreve sua visão do inferno:
 
“Hoje, conduzida por um Anjo, fui levada às profundezas do inferno, um lugar de grande castigo, e como é grande a sua extensão. Tipos de tormentos que vi: o primeiro tormento que constitui o inferno é a perda de Deus; o segundo, o contínuo remorso de consciência; o terceiro, o de que esse destino já não mudará nunca; o quarto tormento, é o fogo que atravessa a alma, mas não a destrói: é um tormento terrível, é um fogo puramente espiritual, aceso pela ira de Deus; o quinto é a contínua escuridão, o terrível cheiro sufocante e, embora haja escuridão, os demônios e as almas condenadas veem-se mutuamente e veem todo o mal dos outros e o seu. O sexto é a continua companhia do demônio; o sétimo tormento é o terrível desespero, ódio a Deus, maldições, blasfêmias.”

“São tormentos que todos os condenados sofrem juntos. Mas não é ó fim dos tormentos. Existem tormentos especiais para as almas, os tormentos dos sentidos. Cada alma é atormentada com o que pecou, de maneira horrível e indescritível. Existem terríveis prisões subterrâneas, abismos de castigo, onde um tormento se distingue do outro. Eu teria morrido vendo esses terríveis tormentos, se não me sustentasse a onipotência de Deus. Que o pecador saiba que será atormentado com o sentido com que pecou, por toda a eternidade. Estou escrevendo por ordem de Deus, para que nenhuma alma se escuse dizendo que não há inferno ou que ninguém esteve lá e não sabe como é."
 
“Eu, Irmã Faustina, por ordem de Deus, estive nos abismos para falar às almas e testemunhar que o inferno existe. Sobre isso não posso falar agora, tenho ordem de Deus para deixar isso por escrito. Os demônios tinham grande ódio contra mim, mas, por ordem de Deus, tinham de me obedecer. O que eu escrevi dá apenas uma pálida imagem das coisas que vi."
 
"Percebi, no entanto, uma coisa: o maior número das almas que lá estão é justamente daqueles que não acreditavam que o inferno existia. Quando voltei a mim, não podia me refazer do terror de ver como as almas sofrem terrivelmente ali e, por isso, rezo com mais fervor ainda pela conversão dos pecadores; incessantemente, peço a misericórdia de Deus para eles. 'Ó meu Jesus, prefiro agonizar até o fim do mundo nos maiores suplícios, a ter que vos ofender com o menor pecado que seja'."
 
Um grande mar de fogo: Irmã Lúcia de Fátima
 
A irmã Lúcia não é uma santa, mas é uma das destinatárias de uma das revelações privadas mais importantes do século XX, ocorrida em Fátima (Portugal). Em 1917, ela era uma das três crianças que afirmou ter tido numerosas visões de Nossa Senhora. Ela declarou que Maria lhes mostrou uma visão do interno que ela descreveu em suas "Memórias".
 
"Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra. Mergulhados nesse fogo, os demônios e as almas, como se fossem brasas transparentes e negras ou bronzeadas, com forma humana, que flutuavam no incêndio, levadas pelas chamas que delas mesmas saíam juntamente com nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das faúlhas nos grandes incêndios, sem peso nem equilíbrio, entre gritos e gemidos de dor e desespero, que horrorizava e fazia estremecer de pavor.”
 
“Os demônios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi um momento, graças à nossa boa Mãe do céu, que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o céu (na primeira aparição)! Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor.”

 
Alguma reação? Podemos nos confiar à misericórdia de Deus em Cristo, e evitar, assim, qualquer coisa que se aproxime destas descrições, passando toda a eternidade em união com Deus no céu.
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Disponível em: Aleteia

Palavras de Wagner Moura sobre o Pânico na TV


Quando estava saindo da cerimônia de entrega do prêmio APCA, há duas semanas em São Paulo, fui abordado por um rapaz meio abobalhado. Ele disse que me amava, chegou a me dar um beijo no rosto e pediu uma entrevista para seu programa de TV no interior. Mesmo estando com o táxi de porta aberta me esperando, achei que seria rude sair andando e negar a entrevista, que de alguma forma poderia ajudar o cara, sei lá, eu sou da época da gentileza, do muito obrigado e do por favor, acredito no ser humano e ainda sou canceriano e baiano, ou seja, um babaca total. Ele me perguntou uma ou duas bobagens, e eu respondi, quando, de repente, apareceu outro apresentador do programa com a mão melecada de gel, passou na minha cabeça e ficou olhando para a câmera rindo. Foi tão surreal que no começo eu não acreditei, depois fui percebendo que estava fazendo parte de um programa de TV, desses que sacaneiam as pessoas. Na hora eu pensei, como qualquer homem que sofre uma agressão, em enfiar a porrada no garoto, mas imediatamente entendi que era isso mesmo que ele queria, e aí bateu uma profunda tristeza com a condição humana, e tudo que consegui foi suspirar algo tipo “que coisa horrível” (o horror, o horror), virar as costas e entrar no carro. Mesmo assim fui perseguido por eles. Não satisfeito, o rapaz abriu a porta do táxi depois que eu entrei, eu tentei fechar de novo, e ele colocou a perna, uma coisa horrorosa, violenta mesmo. Tive vontade de dizer: cara, cê tá louco, me respeita, eu sou um pai de família! Mas fiquei quieto, tipo assalto, em que reagir é pior. O que vai na cabeça de um sujeito que tem como profissão jogar meleca nos outros? É a espetacularização da babaquice.

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O táxi foi embora. No caminho, eu pensava no fundo do poço em que chegamos. Meu Deus, será que alguém realmente acha que jogar meleca nos outros é engraçado? Qual será o próximo passo? Tacar cocô nas pessoas? Atingir os incautos com pedaços de pau para o deleite sorridente do telespectador? Compartilho minha indignação porque sei que ela diz respeito a muitos; pessoas públicas ou anônimas, que não compactuam com esse circo de horrores que faz, por exemplo, com que uma emissora de TV passe o dia INTEIRO mostrando imagens da menina Isabella. Estamos nos bestializando, nos idiotizando. O que vai na cabeça de um sujeito que tem como profissão jogar meleca nos outros? É a espetacularização da babaquice. Amigos, a mediocridade é amiga da barbárie! E a coisa tá feia.

Isso naturalmente não o impediu de colocar a cagada no ar. Afinal de contas, vai dar mais audiência. ”

Digo isso com a consciência de quem nunca jogou o jogo bobo da celebridade. Não sou celebridade de nada, sou ator. Entendo que apareço na TV das pessoas e gosto quando alguém vem dizer que curte meu trabalho, assim como deve gostar o jornalista, o médico ou o carpinteiro que ouve um elogio. Gosto de ser conhecido pelo que faço, mas não suporto falta de educação. O preço da fama? Não engulo essa. Tive pai e mãe. Tinham pais esses paparazzi que mataram a princesa Diana? É jornalismo isso? Aliás, dá para ter respeito por um sujeito que fica escondido atrás de uma árvore para fotografar uma criança no parquinho? Dois deles perseguiram uma amiga atriz, grávida de oito meses, por dois quarteirões. Ela passou mal, e os caras continuaram fotografando. Perseguir uma grávida? Ah, mas tá reclamando de quê? Não é famoso? Então agüenta! O que que é isso, gente? Du Moscovis e Lázaro (Ramos) também já escreveram sobre o assunto, e eu acho que tem, sim, que haver alguma reação por parte dos que não estão a fim de alimentar essa palhaçada. Existe, sim, gente inteligente que não dá a mínima para as fofocas das revistas e as baixarias dos programas de TV. Existe, sim, gente que tem outros valores, como meus amigos do MHuD (Movimento Humanos Direitos), que estão preocupados é em combater o trabalho escravo, a prostituição infantil, a violência agrária, os grandes latifúndios, o aquecimento global e a corrupção. Fazer algo de útil com essa vida efêmera, sem nunca abrir mão do bom humor. Há, sim, gente que pensa diferente. E exigimos, no mínimo, não sermos melecados.


No dia seguinte, o rapaz do programa mandou um e-mail para o escritório que me agencia se desculpando por, segundo suas palavras, a “cagada” que havia feito. Isso naturalmente não o impediu de colocar a cagada no ar. Afinal de contas, vai dar mais audiência. E contra a audiência não há argumentos. Será?
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Carta aberta do ator Wagner Moura sobre o programa Pânico, divulgada em 2008, que voltou à tona depois do quadro em que a Panicat Babi Rossi teve de ficar careca ao vivo, em 2012.
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Fonte: Globo.com

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Para comprar MTV, Igreja Mundial pede para fiéis fingirem doença

Valdemiro Santiago toma o depoimento de fiíes em culto
na igreja da avenida João Dias no último dia 6

Falso testemunho?

Em carta encontrada em uma sala do templo da Avenida João Dias, na zona sul de São Paulo, a Igreja Mundial do Poder de Deus pede a fiéis para se "passarem por enfermos curados, ex-drogados e aleijados" e assim "conseguir convencer mais pessoas a contribuírem financeiramente para a aquisição do canal 32".

O canal 32 é uma concessão do Grupo Abril, usada até 30 de setembro para transmitir a programação da MTV Brasil em sinal aberto. Estaria à venda por R$ 500 milhões.

A carta, reproduzida abaixo, chama a atenção pelo "pragmatismo". Os interessados não precisam comprovar que tiveram alguma doença. Necessitam apenas ter disponibilidade para viajar "para dar seu testemunho de consagração e vitória". Recompensa-se o esforço com "uma ajuda de custo".

A carta tem um espaço em branco para o preenchimento do nome do bispo local, mas diz que se trata de um "pedido feito diretamente pelo apóstolo Valdemiro Santiago a todos os seus fiéis". Pede-se a destruição da carta após sua leitura. 
 
A carta obtida pelo Notícias da TV é uma impressão simples, embora colorida. Havia algumas dezenas delas na sala em que foram encontradas. 


A Igreja Mundial do Poder de Deus passa por grave crise financeira. Devendo entre R$ 13 milhões e R$ 21 milhões para o Grupo Bandeirantes, perdeu a locação de 23 horas diárias da Rede 21 e de três horas diárias nas madrugadas da Band. O espaço será ocupado justamente por sua principal rival, a Igreja Universal do Reino de Deus, de Edir Macedo.


A igreja vem fazendo intensa campanha para viabilizar seu projeto de televisão. Pede "ofertas de R$ 100,00" durante a transmissão de cultos. 

O Notícias da TV tentou durante duas semanas uma entrevista com alguma autoridade da Igreja Mundial. Na semana passada, a igreja se limitou a informar que o bispo Jorge Pinheiro, segundo na hierarquia interna, declarou que "a informação não procede".


Veja a carta:


Por DANIEL CASTRO
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Fonte: UOL

Papa: como se reza em família?


SANTA MISSA PARA A JORNADA DA FAMÍLIA
POR OCASIÃO DO ANO DA FÉ

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Praça de São Pedro
Domingo, 27 de Outubro de 2013



As leituras deste domingo nos convidam a meditar sobre algumas características fundamentais da família cristã.

1.            A primeira: a família reza. A passagem do Evangelho destaca dois modos de rezar: um falso – o do fariseu – e outro autêntico – o do publicano. O fariseu encarna uma postura que não expressa tanto agradecimento a Deus pelos seus benefícios e pela sua misericórdia, como, sobretudo, autossatisfação. O fariseu se sente justo, se sente com a consciência tranquila, se vangloria disto e julga os demais do alto do seu pedestal. O publicano, ao contrário, não multiplica as palavras. A sua oração é humilde, sóbria, permeada pela consciência da própria indignidade, das próprias misérias: este homem verdadeiramente se reconhece necessitado do perdão de Deus, da misericórdia de Deus.

A oração do publicano é a oração do pobre, é a oração agradável a Deus que, como fala a primeira leitura, subirá até as nuvens (cf. Eclo 35, 20), enquanto a oração do fariseu está sobrecarregada pelo peso da vaidade.

À luz desta Palavra, queria vos perguntar, queridas famílias: Rezais algumas vezes em família? Alguns, eu sei que sim. Mas, muitos me perguntam: Mas, como se faz? Faz-se como o publicano, está claro: com humildade, diante de Deus. Cada um com humildade se deixa olhar pelo Senhor e pede a sua bondade, que venha até nós. Mas, na família, como se faz? Porque parece que a oração seja uma coisa pessoal; além disso, nunca se encontra um momento oportuno, tranquilo, em família... Sim, isso é verdade, mas é também questão de humildade, de reconhecer que precisamos de Deus, como o publicano! E todas as famílias, todos nós precisamos de Deus: todos, todos! Há necessidade da sua ajuda, da sua força, da sua bênção, da sua misericórdia, do seu perdão. E é preciso simplicidade: para rezar em família, é necessária simplicidade! Rezar juntos o “Pai Nosso”, ao redor da mesa, não é algo extraordinário: é fácil. E rezar juntos o Terço, em família, é muito belo; dá tanta força! E também rezar um pelo outro: o marido pela esposa; a esposa pelo marido; os dois pelos filhos; os filhos pelos pais, pelos avós... Rezar um pelo outro. Isto é rezar em família, e isto fortalece a família: a oração.


2.            A segunda Leitura nos sugere outro ponto: a família guarda a fé. O apóstolo Paulo, no ocaso da sua vida, faz um balanço fundamental, e diz: «guardei a fé» (2Tm 4,7). Mas, como a guardou? Não em um cofre! Nem a escondeu debaixo da terra, como o servo um pouco preguiçoso dos talentos. São Paulo compara a sua vida com uma batalha e com uma corrida. Guardou a fé, porque não se limitou a defendê-la, mas a anunciou, irradiou-a, levou-a longe. Opôs-se de modo decidido àqueles que queriam conservar, “embalsamar” a mensagem de Cristo nos limites da Palestina. Por isso, tomou decisões corajosas, penetrou em territórios hostis, deixou-se atrair pelos que estavam longe, por culturas diferentes, falou francamente, sem medo. São Paulo guardou a fé, porque, como a tinha recebido, assim a entregou, dirigindo-se às periferias, sem se fincar em posições defensivas.

Aqui também, podemos perguntar: De que modo nós, em família, guardamos a nossa fé? Conservamo-la para nós mesmos, na nossa família, como um bem privado, como uma conta no banco, ou sabemos partilhá-la com o testemunho, com o acolhimento, com a abertura aos demais? Todos sabemos que as famílias, sobretudo as jovens famílias, estão frequentemente “correndo”, muito atarefadas; mas já pensastes alguma vez que esta “corrida” pode ser também a corrida da fé? As famílias cristãs são famílias missionárias. Ontem escutamos, aqui na praça, o testemunho de famílias missionárias. Elas são missionárias também na vida quotidiana, fazendo as coisas de todos os dias, colocando em tudo o sal e o fermento da fé! Guardai a fé em família e colocai o sal e o fermento da fé nas coisas de todos os dias.

3.            E há um último aspecto que tiramos da Palavra de Deus: a família vive a alegria. No Salmo Responsorial, encontramos esta expressão: «ouçam os humildes e se alegrem» (33,4). Todo este Salmo é um hino ao Senhor, fonte de alegria e de paz. Qual é o motivo desta alegria? É este: o Senhor está perto, escuta o grito dos humildes e os liberta do mal. Como escrevia São Paulo: «Alegrai-vos sempre... O Senhor está próximo!» (Fl 4,4-5). Pois bem... gostaria de fazer uma pergunta hoje. Mas, cada um leva esta pergunta no seu coração, para a sua casa, certo? É como um dever de casa. E responde-se sozinho. Como se vive a alegria, na tua casa? Como se vive a alegria na tua família? Bem, dai vós mesmos a resposta.

Queridas famílias, como bem sabeis, a verdadeira alegria que se experimenta na família não é algo superficial, não vem das coisas, das circunstâncias favoráveis... A alegria verdadeira vem da harmonia profunda entre as pessoas, que todos sentem no coração, e que nos faz sentir a beleza de estarmos juntos, de nos apoiarmos uns aos outros no caminho da vida. Mas, na base deste sentimento de alegria profunda está a presença de Deus, a presença de Deus na família, está o seu amor acolhedor, misericordioso, cheio de respeito por todos. E, acima de tudo, um amor paciente: a paciência é uma virtude de Deus e nos ensina, na família, a ter este amor paciente, um com o outro. Ter paciência entre nós. Amor paciente. Só Deus sabe criar a harmonia a partir das diferenças. Se falta o amor de Deus, a família também perde a harmonia, prevalecem os individualismos, se apaga a alegria. Pelo contrário, a família que vive a alegria da fé, comunica-a espontaneamente, é sal da terra e luz do mundo, é fermento para toda a sociedade.

Queridas famílias, vivei sempre com fé e simplicidade, como a Sagrada Família de Nazaré. A alegria e a paz do Senhor estejam sempre convosco!
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Fonte: Santa Sé


Que posição os fiéis devem adotar depois da comunhão?


Em sua coluna semanal sobre liturgia, o padre McNamara responde hoje a uma pergunta feita por um missionário italiano em Ruanda.

Eu gostaria de perguntar quais são as posições a manter durante as várias partes da celebração eucarística: de pé, sentados, ajoelhados... Em particular, depois de comungar, alguns esperam para sentar-se após o padre colocar o Santíssimo Sacramento no tabernáculo; outros voltam para o seu lugar e sentam-se imediatamente para adorar o Senhor que acabaram de receber. Obrigado. - E.B., Kigali

Os gestos e posturas que os fiéis devem assumir são tratados na Instrução Geral do Missal Romano, nº 43:

Os fiéis estão de pé: desde o início do cântico de entrada, ou enquanto o sacerdote se encaminha para o altar, até à oração coleta, inclusive; durante o cântico do Aleluia que precede o Evangelho; durante a proclamação do Evangelho; durante a profissão de fé e a oração universal; e desde o convite “Orai, irmãos”, antes da oração sobre as oblatas, até ao fim da Missa, exceto nos momentos adiante indicados.

Estão sentados: durante as leituras que precedem o Evangelho e durante o salmo responsorial; durante a homilia e durante a preparação dos dons ao ofertório; e, se for oportuno, durante o silêncio sagrado depois da Comunhão.

Estão de joelhos durante a consagração, exceto se razões de saúde, a estreiteza do lugar, o grande número dos presentes ou outros motivos razoáveis a isso obstarem. Aqueles, porém, que não estão de joelhos durante a consagração, fazem uma inclinação profunda enquanto o sacerdote faz a genuflexão depois da consagração.

Compete, todavia, às Conferências Episcopais, segundo as normas do direito, adaptar à mentalidade e tradições razoáveis dos povos os gestos e atitudes indicados no Ordinário da Missa. Atenda-se, porém, a que estejam de acordo com o sentido e o caráter de cada uma das partes da celebração. Onde for costume que o povo permaneça de joelhos desde o fim da aclamação do Sanctus até ao fim da Oração eucarística, é bom que este se mantenha.

Para se conseguir a uniformidade nos gestos e atitudes do corpo na celebração, os fiéis devem obedecer às indicações que, no decurso da mesma, lhes forem dadas pelo diácono, por um ministro leigo ou pelo sacerdote, de acordo com o que está estabelecido nos livros litúrgicos.


No tocante à pergunta desta semana, a frase-chave do parágrafo tem sido fonte de controvérsia, especialmente nos EUA. A tradução inglesa do texto diz que os fiéis podem ficar "sentados ou ajoelhados durante o silêncio sagrado depois da comunhão".

Alguns liturgistas e até bispos interpretaram estas palavras como uma proibição de se ajoelhar ou de sentar-se antes de se receber a comunhão. A polêmica levou o cardeal Francis George, como presidente da Comissão Litúrgica da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, a pedir uma interpretação autêntica da Santa Sé, em 26 de maio de 2003.

O então prefeito da Congregação para o Culto Divino e para a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Francis Arinze, respondeu à pergunta em 5 de junho daquele mesmo ano (Prot 855/03/L):

Em muitos lugares, os fiéis estão acostumados a ficar de joelhos em oração pessoal ou sentados depois de regressar aos seus lugares após receberem, individualmente, a Sagrada Eucaristia durante a missa. As normas da terceira edição típica do Missal Romano proíbem esta prática?

A lógica é que o nº 43 da Instrução Geral do Missal Romano pretende estabelecer, dentro de amplos limites, uma certa uniformidade de posições a serem assumidas pela assembleia durante as várias partes da celebração da Santa Missa, mas, ao mesmo tempo, não estabelecê-las tão rigidamente a ponto de aqueles que desejam permanecer ajoelhados ou sentados não poderem fazê-lo.

Depois de receber esta resposta, o boletim da Comissão comentou: "Na aplicação da Instrução Geral do Missal Romano, as posições não devem ser reguladas de modo rígido, a ponto de se proibirem os indivíduos que comungam de se ajoelhar ou sentar-se após receber a Sagrada Comunhão" (p. 26).


O que é válido para Washington é aplicável também nos outros lugares: os fiéis podem se ajoelhar ou sentar-se depois de terem comungado.


Pe. Edward McNamara, LC, 
professor de teologia e diretor espiritual
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Fonte: ZENIT

O que fazer quando um familiar ou amigo está em uma seita?

Conheça algumas pautas para saber como agir,
sem jamais perder a esperança de ajudar a pessoa a discernir a verdade

É possível ajudar um familiar ou amigo a sair de uma seita. Não podemos perder a esperança. Porém, isso não significa um ato concreto, e sim um processo – muitas vezes longo e doloroso. Em tal processo, é preciso envolver a família, os amigos e os especialistas em seitas e psicologia clínica.
 
A seita não é um bom lugar

 
A seita, nenhuma seita, apesar de haver graus de periculosidade, jamais será um lugar adequado para se estar. Sabemos, além disso, que é possível sair de uma seita. Muitas pessoas permanecem, mas muitas outras conseguem sair.

 
Em suma, quando o grupo já não satisfaz as expectativas da pessoa, e esta percebe que lá fora ela pode se realizar, e além disso há um gatilho capaz de vencer o medo da mudança, a pessoa consegue sair. Não é fácil; é um processo difícil e doloroso. Inclusive, há seitas que impedem a saída dos seus membros, sob ameaças e coerções de todo tipo.

 
Diferentes tipos de seita, diferentes tipos de saída

 
Hoje em dia, dentro dos grupos sectários, existem muitos que são de estrutura menos rígida, mais "light", mais volúveis, permeáveis, tanto na forma de entrar como de sair. Falamos dos grupos, oficinas e atividades da Nova Era. Nelas, as pessoas entram e saem com grande liberdade, deixam um grupo ou guru e vão para outro, de maneira mais fácil que em uma seita organizada.

 
Vão perdendo o dinheiro de lugar em lugar, e satisfazendo desejos e frustrações de curso em curso, de oficina em oficina – com propostas pseudoespirituais, mágicas e de cura e interioridade. Não obstante, o que apresentamos aqui vale tanto para estas seitas New Age como para os grupos clássicos, mais organizados e estruturados.
 
A resistência a mudar para sair da seita

 
As seitas sempre enganam, mas também oferecem a promessa de suprir as necessidades dos adeptos. São necessidades não satisfeitas da pessoa, que a levam a continuar no grupo, inclusive apesar de ver as manipulações e enganos, mas justificando-os e permanecendo no grupo sectário.

 
As seitas são lugares que impedem, em maior ou menor medida, o fluxo e movimento de informação com o exterior; controlam os sentimentos, comportamentos e pensamentos do adepto mediante processos de prêmio e castigo, anulação do senso crítico e coerção psicológica; difundem a crença de que o exterior é ruim e o interior (o grupo) é bom, que só neles se encontra a verdade e lá serão salvos, que o líder é quem conhece os destinos e é onisciente, e que só ele é capaz de dar luz e respostas. O medo de romper os laços com a seita às vezes é um grande impedimento para muitas pessoas.

 
Algumas pautas gerais para ajudar uma pessoa a sair de uma seita

 
Apresentamos alguns princípios gerais, que deverão ser colocados em prática em cada caso concreto dentro do processo de ajuda.

 
- Grande envolvimento dos familiares, amigos, professores, agentes de pastoral, padres etc., que possam ser de ajuda e confiança para o afetado.

 
- Contar com a ajuda de especialistas em seitas, psicólogos e, às vezes, de advogados, segundo as necessidades de cada caso.

 
- Não é um ato, mas um processo, às vezes lento e doloroso, com recaídas e retrocessos. Não perder a esperança. A entrada não foi pontual, mas gradual. Por isso, é preciso ir com calma, conhecendo todas as causas que levaram a pessoa à seita.
 
- Às vezes, o afetado estava fugindo de uma situação familiar ou social, ou buscando o que não tinha no seu ambiente. É preciso sanar e restabelecer as condições prévias para acomodar a pessoa no ambiente do qual talvez fugiu.

 
- Não qualificar o grupo como seita, pois isso sempre tem uma conotação negativa. Falar apenas de "grupo".

 
- A pessoa deve ir, pouco a pouco, reconhecendo o grupo como seita, mas sozinha, nunca de maneira diretiva por parte de outros.

 
- Jamais cortar a comunicação com o afetado. Estar disponíveis para que ele possa conversar e se abrir com confiança. Escutar, e não ficar dando lições.

 
- Oferecer sempre proximidade e amor incondicional à pessoa. Os adeptos costumam permanecer na seita por medo da reação dos seus familiares e amigos, se ele voltar.

 
- No começo, a pessoa pode estar muito distante dos padrões, formas, concepções, ideias, linguagem dos seus familiares e amigos. É preciso ser pacientes. O afetado foi prejudicado em seu senso crítico e em seus sentimentos; foi reeducado e manipulado.

 
- O diálogo será mais frequente, íntimo e profundo com o tempo. Isso acontecerá de forma natural e gradual – talvez com retrocessos e recaídas. Tentar não abordar temas conflituosos ou profundos demais; buscar conversar sobre assuntos gerais e cotidianos, sobretudo se as relações familiares foram dissolvidas e estão se reconstruindo.
 
- Isso supõe um interesse real pelas atividades e pelo grupo sectário no qual a pessoa está ou esteve. Ela precisa sentir que seus familiares e amigos se interessam pelas suas coisas.

 
- Estar disponíveis, mas sem pular etapas; não exagerar em ligações e torpedos. A pessoa recuperará a confiança e vencerá seus medos aos poucos.

 
- Conforme for obtendo informação do grupo sectário e dos processos de captação vividos, é preciso comunicar isso aos especialistas, para receber orientações de como proceder.
 
- Valorizar o que o grupo oferece de positivo, mas mostrar (ainda que indiretamente) que nem tudo é tão perfeito nessa agrupação, ou que existem mais motivações e finalidades que as simples e aparentes. Mas quem deve ir percebendo a realidade global é a pessoa afetada.

 
- Por outro lado, nas seitas, a maioria das pessoas que as integram desconhece o que se faz na cúpula e como se manipula. Ajudar o afetado a diferenciar os integrantes das bases (muitos dos quais já são seus amigos agora) dos líderes das seitas.

 
- Evitar buscar culpados, nem com relação ao afetado, nem com relação aos familiares. A ajuda psicológica e terapêutica também deverá incidir nos demais familiares, para ajudar neste processo.

 
- Não dar dinheiro à pessoa, mas ajudá-la concretamente no que precisar (alimento, hospedagem, roupas etc.). Mas nunca dar-lhe dinheiro, porque este poderá ser destinado à seita.

 
- As seitas costumam reeducar os adeptos fazendo-lhes ler suas histórias de maneira negativa. Para curar isso, é preciso lembrar das coisas boas do passado, bem como ajudar a pessoa a reencontrar velhos amigos.

 
- Ajudar a pessoa a projetar-se de maneira feliz, livre e autônoma, em um futuro que ela construirá à margem do grupo sectário.

 
- Se necessário, buscar assessoria jurídica (em casos de doações ao líder ou ao grupo, perdas financeiras, testamentos etc.).

 
- O procedimento pode ver-se frustrado com a volta da pessoa à seita. Para que todo este processo de ajuda seja eficaz, é importante contar com a ajuda de especialistas no assunto, e não tentar fazer tudo sozinho.

 
- Certamente, rezar pela pessoa, pedindo a ajuda de Deus para o bom desenvolvimento deste processo.

 
A quem pedir ajuda?

 
Rede Ibero-americana de Estudo das Seitas (RIES).

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BIBLIOGRAFIA

LIVROS:
-José Mª Baamonde, La manipulación psicológica de las sectas, Paulinas, Madrid, 2003.
-Varios autores de la RIES, "Sectas y familia", Revista Familia, Instituto Superior de Ciencias de la Familia, Universidad Pontifica de Salamanca, nº 44, Salamanca, 2012.

-Manuel Guerra, Las sectas. Su dimensión humana, sociopolítica, ética y religiosa, EDICEP, Valencia, 2011.


ÁUDIOS:
-Vicente Jara, "Conoce las sectas", Radio María España, programas "Ayudando a salir de la secta" (I) [http://estrategia.info/ries/?p=episode&name=2011-08-06_d-cd-2011-03-12.mp3], 
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Disponível em: Aleteia

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Papa dedica Catequese a Maria: "modelo de fé, caridade e união com Cristo".


PAPA FRANCISCO
AUDIÊNCIA GERAL
Praça de São Pedro
Quarta-feira, 23 de Outubro de 2013


Prezados irmãos e irmãs, bom dia!

Continuando as catequeses sobre a Igreja, hoje gostaria de contemplar Maria como imagem e modelo da Igreja. E faço-o, retomando uma expressão do Concílio Vaticano II. Lê-se na Constituição Lumen gentium: «A Mãe de Deus é o modelo e a figura da Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo, como já ensinava santo Ambrósio» (n. 63).

1.            Comecemos a partir do primeiro aspecto: Maria, como modelo de fé. Em que sentido Maria representa um modelo para a fé da Igreja? Pensemos em quem era a Virgem Maria: uma jovem judia que, com todo o seu coração, esperava a redenção do seu povo. Mas naquele coração de jovem filha de Israel havia um segredo, que Ela mesma ainda não conhecia: no desígnio de amor de Deus, estava destinada a tornar-se a Mãe do Redentor. Na Anunciação, o Mensageiro de Deus chama-lhe «cheia de graça», revelando-se este desígnio. Maria responde «sim» e, a partir daquele momento, a fé de Maria recebe uma luz nova: concentra-se em Jesus, o Filho de Deus que dela recebeu a carne e em quem se realizam as promessas de toda a história da salvação. A fé de Maria é o cumprimento da fé de Israel, pois nela está concentrado precisamente todo o caminho, toda a senda daquele povo que esperava a redenção, e neste sentido Ela é o modelo da fé da Igreja, que tem como fulcro Cristo, encarnação do amor infinito de Deus.

Como viveu Maria esta fé? Viveu-a na simplicidade dos numerosos trabalhos e preocupações de cada mãe, como prover à comida, à roupa, aos afazeres de casa... Precisamente esta existência normal de Senhora foi o terreno onde se desenvolveram uma relação singular e um diálogo profundo entre Ela e Deus, entre Ela e o seu Filho. O «sim» de Maria, já perfeito desde o início, cresceu até à hora da Cruz. Ali a sua maternidade dilatou-se, abarcando cada um de nós, a nossa vida, para nos orientar rumo ao seu Filho. Maria viveu sempre imersa no mistério do Deus que se fez homem, como sua primeira e perfeita discípula, meditando tudo no seu coração, à luz do Espírito Santo, para compreender e pôr em prática toda a vontade de Deus.

Podemos interrogar-nos: deixamo-nos iluminar pela fé de Maria, que é nossa Mãe? Ou então pensamos que Ela está distante, que é demasiado diversa de nós? Nos momentos de dificuldade, de provação, de obscuridade, olhamos para Ela como modelo de confiança em Deus que deseja, sempre e somente, o nosso bem? Pensemos nisto, talvez nos faça bem voltar a encontrar Maria como modelo e figura da Igreja nesta fé que Ela tinha!


2.            Venhamos ao segundo aspecto: Maria, modelo de caridade. De que modo Maria é para a Igreja exemplo vivo de amor? Pensemos na sua disponibilidade em relação à sua prima Isabel. Visitando-a, a Virgem Maria não lhe levou apenas uma ajuda material — também isto — mas levou-lhe Jesus, que já vivia no seu ventre. Levar Jesus àquela casa significava levar o júbilo, a alegria completa. Isabel e Zacarias estavam felizes com a gravidez, que parecia impossível na sua idade, mas é a jovem Maria que lhes leva a alegria plena, aquela que vem de Jesus e do Espírito Santo e que se manifesta na caridade gratuita, na partilha, no ajudar-se, no compreender-se.

Nossa Senhora quer trazer também a nós, a todos nós, a dádiva grandiosa que é Jesus; e com Ele traz-nos o seu amor, a sua paz e a sua alegria. Assim a Igreja é como Maria: a Igreja não é uma loja, nem uma agência humanitária; a Igreja não é uma ONG, mas é enviada a levar a todos Cristo e o seu Evangelho; ela não leva a si mesma — seja ela pequena, grande, forte, ou frágil, a Igreja leva Jesus e deve ser como Maria, quando foi visitar Isabel. O que lhe levava Maria? Jesus. A Igreja leva Jesus: este é o centro da Igreja, levar Jesus! Se, por hipótese, uma vez acontecesse que a Igreja não levasse Jesus, ela seria uma Igreja morta! A Igreja deve levar a caridade de Jesus, o amor de Jesus, a caridade de Jesus.

Falamos de Maria, de Jesus. E nós? Nós que somos a Igreja? Qual é o amor que levamos aos outros? É o amor de Jesus que compartilha, perdoa e acompanha, ou então é um amor diluído, como se dilui o vinho que parece água? É um amor forte ou frágil, a ponto de seguir as simpatias, procurar a retribuição, um amor interesseiro? Outra pergunta: Jesus gosta do amor interesseiro? Não, não gosta, porque o amor deve ser gratuito, como o seu. Como são as relações nas nossas paróquias, nas nossas comunidades? Tratamo-nos como irmãos e irmãs? Ou julgamo-nos, falamos mal uns dos outros, cuidamos cada um dos próprios «interesses», ou prestamos atenção uns dos outros? São perguntas de caridade!

3.            E, brevemente, um último aspecto: Maria, modelo de união com Cristo. A vida da Virgem Santa foi a existência de uma mulher do seu povo: Maria rezava, trabalhava, ia à sinagoga... Mas cada gesto era realizado sempre em união perfeita com Jesus. Esta união alcança o seu apogeu no Calvário: aqui Maria une-se ao Filho no martírio do coração e na oferenda da sua vida ao Pai, para a salvação da humanidade. Nossa Senhora fez seu o sofrimento do Filho, aceitando com Ele a vontade do Pai naquela obediência fecunda, que confere a vitória genuína sobre o mal e a morte.

É muito bonita esta realidade que Maria nos ensina: estarmos sempre unidos a Jesus. Podemos perguntar: recordamo-nos de Jesus só quando algo não funciona e temos necessidades, ou a nossa relação é constante, uma amizade profunda, mesmo quanto se trata de o seguir pelo caminho da cruz?

Peçamos ao Senhor que nos conceda a sua graça, a sua força, a fim de que na nossa vida e na existência de cada comunidade eclesial se reflicta o modelo de Maria, Mãe da Igreja. Assim seja!


Saudações

Amados peregrinos de língua portuguesa, dirijo uma cordial saudação a todos, particularmente aos grupos brasileiros de Belo Horizonte, Braço do Norte e Jundiaí. Este mês de Outubro encoraja-nos a perseverar na reza diária do Terço, possivelmente em família, para que se reflicta também na Igreja doméstica o modelo de Maria. O segredo da sua paz e confiança estava nesta certeza: «A Deus, nada é impossível». Desça, pois, sobre vós e vossas famílias a Bênção do Senhor!

Finalmente, dirijo um pensamento carinhoso aos jovens, aos doentes e aos recém-casados. O mês de Outubro recorda-nos o compromisso de cada um na missão de anunciar o Evangelho.
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Fonte: Santa Sé

Por que o Halloween preocupa os católicos?

Uma festa estranha ao nosso patrimônio cultural,
que chega todos os anos envolvida em polêmica

Final de outubro: o debate sobre a festa de Halloween na mídia católica é inevitável. Recorda-se sua origem pagã e seu vínculo com crenças pré-cristãs; inclusive se debate sobre suas possíveis conexões satânicas. Muitos pais católicos se preocupam quando seus filhos querem se fantasiar e sair pedindo doces aos vizinhos.
Meus parentes irlandeses não entendem por que sua querida festa familiar causa tanta polêmica aqui. Estas festas ancestrais que o cristianismo conservou – e às quais deu um novo sentido – chegam até nós de épocas em que as pessoas, precisamente porque acreditavam em Deus, tinham menos respeito aos demônios.

O Halloween seria apenas mais uma dessas festas, se não tivesse sido tocado pelo dedo mágico de Hollywood, transformando-se, assim, em uma imposição cultural, como o Papai Noel ou a Coca-Cola, e ocupando cada vez mais o espaço da nossa festa de Todos os Santos.

É compreensível que, sem ter a bagagem histórica e cultural que um irlandês tem, fiquemos preocupados com a avalanche de demônios, dráculas e zumbis que invade as ruas, especialmente quando há crianças em casa, às quais é muito difícil explicar "por que você não vai", quando os amiguinhos as convidam a participar da comemoração.

Para nós, que não comemoramos o Halloween desde pequenos, a festa parece invocar forças malignas para que venham possuir nossos lares.

O que fazer, então?