quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O afeto dos cardeais ao Papa



“Hoje, queremos mais uma vez expressar-lhe toda a nossa gratidão.” Assim, o Decano do Colégio Cardinalício, Card. Angelo Sodano, saudou o Papa Bento XVI, na Sala Clementina, em nome de todos os cardeais presentes em Roma.

“Com grande trepidação, os Padres Cardeais se unem ao seu redor, Santidade, para manifestar-lhe mais uma vez seu profundo afeto e expressar-lhe viva gratidão por seu testemunho de abnegado serviço apostólico, pelo bem da Igreja de Cristo e de toda a humanidade.” 

Recordando as palavras pronunciadas pelo Pontífice sábado passado, no final dos Exercícios Espirituais, quando agradeceu a todos por esses quase oito anos, durante os quais seus colaboradores carregaram com competência, afeto, amor e fé o peso do ministério petrino, o Cardeal afirmou que é o Colégio que deve agradecer pelo exemplo que o Papa deu em todo este período:

“Em 19 de abril de 2005, Sua Santidade se inseriu na longa cadeia de Sucessores do Apóstolo Pedro e hoje, 28 de fevereiro de 2013, está prestar a deixar-nos, à espera que o timão da barca de Pedro passe a outras mãos. Assim, prosseguirá a sucessão apostólica, que o Senhor prometeu à sua Santa Igreja, até quando se ouvir sobre a terra a voz do Anjo do Apocalipse que proclamará ‘Já não haverá mais tempo... então o mistério de Deus estará consumado’. Terminará assim a história da Igreja, com a história do mundo, com o advento de novos céus e terra nova.”

O Cardeal Sodano afirmou que, “com profundo amor”, os cardeais tentaram acompanhá-Lo no seu caminho, revivendo a experiência dos discípulos de Emaús, os quais, depois de caminharam com Jesus, disseram um ao outro: ‘Não ardia o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho?’.

“Sim, Padre Santo, saiba que o nosso coração também ardia enquanto caminhávamos juntos nesses últimos oito anos. Hoje, queremos mais uma vez expressar-lhe toda a nossa gratidão. Em coro, repetimos uma expressão típica de sua querida terra natal: ‘Vergelt's Gott’, Deus lhe pague!”
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Fonte: CNBB.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Na íntegra, última Catequese de Bento XVI



Catequese 
Praça São Pedro
Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


Venerados irmãos no Episcopado e no Sacerdócio!
Ilustres Autoridades!
Queridos irmãos e irmãs!

Agradeço-vos por terem vindo em tão grande número para esta minha última Audiência geral.

Obrigado de coração! Estou realmente tocado! E vejo a Igreja viva! E penso que devemos também dizer um obrigado ao Criador pelo tempo belo que nos doa agora ainda no inverno.

Como o apóstolo Paulo no texto bíblico que ouvimos, também eu sinto no meu coração o dever de agradecer sobretudo a Deus, que guia e faz crescer a Igreja, que semeia a sua Palavra e assim alimenta a fé no seu Povo. Neste momento a minha alma se expande para abraçar toda a Igreja espalhada no mundo; e dou graças a Deus pelas “notícias” que nestes anos do ministério petrino pude receber sobre a fé no Senhor Jesus Cristo, e da caridade que circula realmente no Corpo da Igreja e o faz viver no amor, e da esperança que nos abre e nos orienta para a vida em plenitude, rumo à pátria do Céu.


Sinto levar todos na oração, um presente que é aquele de Deus, onde acolho em cada encontro, cada viagem, cada visita pastoral. Tudo e todos acolho na oração para confiá-los ao Senhor: para que tenhamos plena consciência da sua vontade, com toda sabedoria e inteligência espiritual, e para que possamos agir de maneira digna a Ele, ao seu amor, levando frutos em cada boa obra (cfr Col 1,9-10).

Neste momento, há em mim uma grande confiança, porque sei, todos nós sabemos, que a Palavra de verdade do Evangelho é a força da Igreja, é a sua vida. O Evangelho purifica e renova, traz frutos, onde quer que a comunidade de crentes o escuta e acolhe a graça de Deus na verdade e vive na caridade. Esta é a minha confiança, esta é a minha alegria.

Quando, em 19 de abril há quase oito anos, aceitei assumir o ministério petrino, tive a firme certeza que sempre me acompanhou: esta certeza da vida da Igreja, da Palavra de Deus. Naquele momento, como já expressei muitas vezes, as palavras que ressoaram no meu coração foram: Senhor, porque me pedes isto e o que me pede? É um peso grande este que me coloca sobre as costas, mas se Tu lo me pedes, sobre tua palavra lançarei as redes, seguro de que Tu me guiarás, mesmo com todas as minhas fraquezas. E oito anos depois posso dizer que o Senhor me guiou, esteve próximo a mim, pude perceber cotidianamente a sua presença. Foi uma parte do caminho da Igreja que teve momentos de alegria e de luz, mas também momentos não fáceis; senti-me como São Pedro com os Apóstolos na barca no mar da Galileia: o Senhor nos doou tantos dias de sol e de leve brisa, dias no qual a pesca foi abundante; houve momentos também nos quais as águas eram agitadas e o vento contrário, como em toda a história da Igreja, e o Senhor parecia dormir. Mas sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é Sua. E o Senhor não a deixa afundar; é Ele que a conduz, certamente também através dos homens que escolheu, porque assim quis. Esta foi e é uma certeza, que nada pode ofuscá-la.  E é por isto que hoje o meu coração está cheio de agradecimento a Deus porque não fez nunca faltar a toda a Igreja e também a mim o seu consolo, a sua luz, o seu amor.

Estamos no Ano da Fé, que desejei para reforçar propriamente a nossa fé em Deus em um contexto que parece colocá-Lo sempre mais em segundo plano. Gostaria de convidar todos a renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos como crianças nos braços de Deus, certo de que aqueles braços nos sustentam sempre e são aquilo que nos permite caminhar a cada dia, mesmo no cansaço. Gostaria que cada um se sentisse amado por aquele Deus que doou o seu Filho por nós e que nos mostrou o seu amor sem limites. Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão. Em uma bela oração para recitar-se cotidianamente de manhã se diz: “Adoro-te, meu Deus, e te amo com todo o coração. Agradeço-te por ter me criado, feito cristão…”. Sim, somos contentes pelo dom da fé; é o bem mais precioso, que ninguém pode nos tirar! Agradeçamos ao Senhor por isto todos os dias, com a oração e com uma vida cristã coerente. Deus nos ama, mas espera que nós também o amemos!

Mas não é somente a Deus que quero agradecer neste momento. Um Papa não está sozinho na guia da barca de Pedro, mesmo que seja a sua primeira responsabilidade. Eu nunca me senti sozinho no levar a alegria e o peso do ministério petrino; o Senhor colocou tantas pessoas que, com generosidade e amor a Deus e à Igreja, ajudaram-me e foram próximas a mim. Antes de tudo vós, queridos Cardeais: a vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram preciosos para mim; os meus Colaboradores, a começar pelo meu Secretário de Estado que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de Estado e toda a Cúria Romana, como também todos aqueles que, nos vários setores, prestaram o seu serviço à Santa Sé: são muitas faces que não aparecem, permanecem na sombra, mas propriamente no silêncio, na dedicação cotidiana, com espírito de fé e humildade foram para mim um apoio seguro e confiável. Um pensamento especial à Igreja de Roma, a minha Diocese! Não posso esquecer os Irmãos no Episcopado e no Sacerdócio, as pessoas consagradas e todo o Povo de Deus: nas visitas pastorais, nos encontros, nas audiências, nas viagens, sempre percebi grande atenção e profundo afeto; mas também eu quis bem a todos e a cada um, sem distinções, com aquela caridade pastoral que é o coração de cada Pastor, sobretudo do Bispo de Roma, do Sucessor do Apóstolo Pedro. Em cada dia levei cada um de vós na oração, com o coração de pai.

Gostaria que a minha saudação e o meu agradecimento alcançasse todos: o coração de um Papa se expande ao mundo inteiro. E gostaria de expressar a minha gratidão ao Corpo diplomático junto à Santa Sé, que torna presente a grande família das Nações. Aqui penso também em todos aqueles que trabalham para uma boa comunicação, a quem agradeço pelo seu importante serviço.

Neste ponto gostaria de agradecer verdadeiramente de coração todas as numerosas pessoas em todo o mundo, que nas últimas semanas me enviaram sinais comoventes de atenção, de amizade e de oração. Sim, o Papa não está nunca sozinho, agora experimento isso mais uma vez de um modo tão grande que toca o coração. O Papa pertence a todos e tantas pessoas se sentem muito próximas a ele. É verdade que recebo cartas dos grandes do mundo – dos Chefes de Estado, dos Líderes religiosos, de representantes do mundo da cultura, etc. Mas recebo muitas cartas de pessoas simples que me escrevem simplesmente do seu coração e me fazem sentir o seu afeto, que nasce do estar junto com Cristo Jesus, na Igreja. Estas pessoas não me escrevem como se escreve, por exemplo, a um príncipe ou a um grande que não se conhece. Escrevem-me como irmãos e irmãs ou como filhos e filhas, com o sentido de uma ligação familiar muito afetuosa. Aqui pode se tocar com a mão o que é a Igreja – não uma organização, uma associação para fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo, que une todos nós. Experimentar a Igreja deste modo e poder quase tocar com as mãos a força da sua verdade e do seu amor é motivo de alegria, em um tempo no qual tantos falam do seu declínio. Mas vejamos como a Igreja é viva hoje!

Nestes últimos meses, senti que as minhas forças estavam diminuindo e pedi a Deus com insistência, na oração, para iluminar-me com a sua luz para fazer-me tomar a decisão mais justa não para o meu bem, mas para o bem da Igreja. Dei este passo na plena consciência da sua gravidade e também inovação, mas com profunda serenidade na alma. Amar a Igreja significa também ter coragem de fazer escolhas difíceis, sofrer, tendo sempre em vista o bem da Igreja e não de si próprio.

Aqui, permitam-me voltar mais uma vez a 19 de abril de 2005. A gravidade da decisão foi propriamente no fato de que daquele momento em diante eu estava empenhado sempre e para sempre no Senhor. Sempre – quem assume o ministério petrino já não tem mais privacidade alguma. Pertence sempre e totalmente a todos, a toda a Igreja. Sua vida vem, por assim dizer, totalmente privada da dimensão privada. Pude experimentar, e o experimento precisamente agora, que se recebe a própria vida quando a doa. Antes disse que muitas pessoas que amam o Senhor amam também o Sucessor de São Pedro e estão afeiçoadas a ele; que o Papa tem verdadeiramente irmãos e irmãs, filhos e filhas em todo o mundo, e que se sente seguro no abraço da vossa comunhão; porque não pertence mais a si mesmo, pertence a todos e todos pertencem a ele.

O “sempre” é também um “para sempre” – não há mais um retornar ao privado. A minha decisão de renunciar ao exercício ativo do ministério não revoga isto. Não retorno à vida privada, a uma vida de viagens, encontros, recepções, conferências, etc. Não abandono a cruz, mas estou de modo novo junto ao Senhor Crucificado. Não carrego mais o poder do ofício para o governo da Igreja, mas no serviço da oração estou, por assim dizer, no recinto de São Pedro. São Benedito, cujo nome levo como Papa, será pra mim de grande exemplo nisto. Ele nos mostrou o caminho para uma vida que, ativa ou passiva, pertence totalmente à obra de Deus.

Agradeço a todos e a cada um também pelo respeito e pela compreensão com o qual me acolheram nesta decisão tão importante. Continuarei a acompanhar o caminho da Igreja com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que busquei viver até agora a cada dia e que quero viver sempre. Peço-vos para lembrarem-se de mim diante de Deus e, sobretudo, para rezar pelo Cardeais, chamados a uma tarefa tão importante, e pelo novo Sucessor do Apóstolo Pedro: o Senhor o acompanhe com a sua luz e a força do seu Espírito.

Invoquemos a materna intercessão da Virgem Maria Mãe de Deus e da Igreja para que acompanhe cada um de nós e toda a comunidade eclesial; a ela nos confiemos, com profunda confiança.

Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja, a apoia mesmo e sobretudo nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo. No nosso coração, no coração de cada um de vós, haja sempre a alegre certeza de que o Senhor está ao nosso lado, não nos abandona, está próximo a nós e nos acolhe com o seu amor. Obrigado!

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Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal
Fonte: Canção Nova

“Neste momento, existe em mim, muita confiança”, disse o Papa na última audiência pública.



O cardeal Raymundo Damasceno, presidente da CNBB, estava presente na última audiência pública do Papa Bento XVI que reuniu cerca de 200 mil peregrinos na manhã desta quarta-feira, 27 de fevereiro, na Praça de São Pedro.

Apesar do frio, o sol brilhava. Ao entrar na Praça, o Papa fez um giro abençoando a multidão que agitava bandeiras de várias partes do mundo e cartazes com mensagens de apoio como “nós estamos todos do seu lado”. Nesse percurso, dom Georg, o secretário particular, levou várias crianças para que recebesse um beijo do Papa. O veículo chamado “papamóvel”, depois de passar por todos os corredores na Praça, subiu até o centro da plataforma que fica diante da Basílica Patriarcal de São Pedro aonde realizou sua catequese costumeira.


O início da audiência foi marcado pela proclamação de um trecho do primeiro capítulo da Carta de São Paulo aos colossenses. Em seguida, o Papa agradeceu a numerosa presença de fiéis, disse que estava comovido e que via a “Igreja viva”. Agradeceu e disse que “abraçava” toda a Igreja. Prometeu levar a todos por meio da oração. “Neste momento existe em mim muita confiança”, disse o Papa. Lembrou o dia 19 de abril de 2005 quando assumiu o ministério petrino, quando ressoaram as palavras: “Senhor, por que me pede isso?”, mas como considerou a vontade de Deus, aceitou. Bento XVI disse que 8 anos depois pode afirmar que Deus esteve sempre presente e atuante.

O Papa disse que sempre soube que o barco da Igreja não é nosso, mas é de Deus e Ele não vai deixar esse barco afundar. “Gostaria que cada um sentisse a alegria de ser cristão”, disse o Papa. O dom da fé é o dom mais precioso que temos e que ninguém pode nos tirar, reforçou Bento XVI. Ele disse também que um papa nunca está sozinho na condução do ministério petrino. Considerou a ajuda dos cardeais, o secretario de estado e todos da Cúria. “Um pensamento especial à Igreja de Roma, minha diocese”, referiu-se ao povo da diocese afirmando que em seus contatos, esteve muito próximo a todos como pai.

Expressou gratidão ao Corpo Diplomático da Santa Sé e aos serviços de comunicação que favorecem a comunhão da Igreja no mundo inteiro. “O Papa pertence a todos e muitas pessoas se sentem próximas dele”, sublinhou. Disse que recebe cartas de pessoas ilustres, mas também recebe mensagens de pessoas simples que o tratam como membro de um corpo vivo, o corpo de Jesus Cristo. Num tempo em que muitos falam de declínio da Igreja, ele sente a força da Igreja.

O Papa recordou que ao perceber a diminuição de suas forças não pensou no seu próprio bem, mas no bem da Igreja. “Amar a Igreja significa também fazer escolhas difíceis”, declarou. Bento XVI lembrou que quem assume o ministério petrino abre mão de sua vida particular, porque não pertence mais a si mesmo: “pertence a todos e todos pertencem a ele”. O Papa garantiu que não volta a uma vida privada com a movimentação normal, mas permanece no ambiente de São Pedro. E, por fim, agradeceu a todos que compreenderam a sua decisão e repetiu que continua acompanhando a vida da Igreja.

Bento XVI, no final de sua palavra, pediu a todos que rezem pelos cardeais na escolha do novo Papa. E terminou com uma declaração fraterna e carinhosa: “Caros amigos: Deus guia a sua Igreja”. Seguiu-se um longo aplauso.
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Fonte: CNBB.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Santa Sé divulga título e quais vestimentas Bento XVI usará após a sua renúncia



Nesta terça-feira, 26, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, realizou na uma coletiva de imprensa, esclarecendo algumas das perguntas dos jornalistas sobre pontos específicos da vida do Papa após sua renúncia. Uma delas é sobre como Bento XVI será chamado a partir do dia 28 de fevereiro. Segundo o porta-voz Vaticano, ele continuará a chamar-se Sua Santidade Bento XVI, mas foi escolhido também o título Papa Emérito ou Romano Pontífice Emérito. 

Sobre as vestes: branca, simples, sem mantelete. Não são mais previstas os sapatos vermelhos. “Parece que o Papa ficou muito satisfeito com os sapatos que lhe presentearam no México, em Leon”, afrmou o Pe. Lombardi.

Bento XVI já não usará o anel do pescador, o qual o Camerlengo, com o decano, darão o fim que a Constituição prevê.

Papa Bento XVI atualmente recebe centenas de cartas de autoridades de todo o mundo dando-lhe adeus.

"Ele colocou seu secretário pessoal e prefeito da Casa Pontifícia, o arcebispo Georg Gänswein, encarregado de lê-las e passar as mensagens para o papa", disse o padre. Lombardi.

Haverá também um momento altamente simbólico para assinalar o fim do ministério do Papa. Os membros da guarda suíca, encarregada de proteger o Santo Padre, estarão de pé às portas de Castel Gandolfo e às 20:00h deixarão seus postos.

"Eles simbolicamente protegem o Papa, de modo que já não serão necessários. Mas não se preocupem, a polícia do Vaticano seguirá protegendo os jardins vaticanos e seus arredores ", explicou o Pe. Federico. 

O Papa se prepara em clima de oração para a sua transferência a Castel Gandolfo, disse ainda o Pe. Lombardi.

Para a Audiência Geral desta quarta-feira, a última do pontificado de Bento XVI, foram distribuídos 50 mil bilhetes. O Sistema será o mesmo: um amplo giro com o papamóvel. Não terá lugar o “beija-mão” – este será feito após a Audiência Geral, na Sala Clementina, para algumas autoridades presentes.

Quinta-feira, às 11h, haverá uma saudação da parte dos Cardeais, e um discurso do Decano do colégio cardinalício, Cardeal Angelo Sodano, no início e às 16h55 (hora local) a partida para Castel Gandolfo.
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Fonte: Aci Digital
Disponível em: Um simples servo de Cristo.

Jovens brasileiros lançam site de oração pelo conclave



“Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice” (Papa Bento XVI).

Inspirados pelas palavras do Santo Padre Bento XVI, cinco jovens brasileiros lançaram nesse domingo, 24 de fevereiro, o site www.1conclave.com.

A iniciativa chamada Unidos ao Conclave, direcionada aos jovens do mundo todo, convida a presentear os cardeais eleitores com ramalhetes espirituais.


O ramalhete espiritual consiste em oferecer missas, orações, vias sacras, adorações, jejuns e outros sacrifícios na intenção de uma pessoa amada.

Segundo Priscila Alvim, 30 anos, essa ação relembra o exemplo do jovem Juan Diego que ofertou rosas ao Bispo D. Juan Zumárraga a pedido da Virgem de Guadalupe, Padroeira das Américas.

Assim, a iniciativa reforça a importância da oração, especialmente durante o período quaresmal, tempo propício à oração e à penitência a fim de intercedermos pelos nossos cardeais e pelo bem da Igreja.

Como funciona?

Ao acessar o site, o jovem poderá registrar e atualizar o ramalhete espiritual na intenção de um cardeal eleitor, escolhido aleatoriamente. Ao final, todas as orações oferecidas serão entregues aos cardeais antes da eleição do novo Sumo Pontífice.

Desta forma, a meta é levar muitas pessoas à prática da oração e demonstrar publicamente o carinho dos jovens pelos cardeais, como informa Vinicius Andrade, 26 anos. Além disso, destacar a jovialidade da Igreja no ano em que se celebra a 27ª JMJ no Rio de Janeiro.

O site www.1conclave.com, está disponível em português, espanhol e inglês.
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Fonte: ZENIT

Nota oficial sobre afastamento de padre da Arquidiocese de Niterói - RJ



O Setor Jurídico da Arquidiocese de Niterói, enviou nota oficial sobre o afastamento do exercício do ministério presbiteral do Padre Emilson Soares Corrêa. Eis a nota:


Nota Oficial

O Setor Jurídico da Arquidiocese de Niterói, esclarece que a denúncia recebida acerca de Padre Emilson Soares Corrêa está sendo averiguada. Após a acolhida da família, e tendo iniciado a apuração do caso, decidiu-se pela suspensão temporária do referido sacerdote no exercício de seu ministério. Obviamente, o padre não está responsável por nenhuma paróquia, já que foi completamente afastado de suas funções sacerdotais.

Cabe dizer que o próprio sacerdote levou o fato da denúncia ao conhecimento do Ministério Público, para que apure a veracidade ou não da mesma.

 Niterói, 25 de fevereiro de 2013.

Pedro Paulo Dias

Advogado do Setor Jurídico da Arquidiocese de Niterói
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Fonte: Arquidiocese de Niterói.

Perguntas Frequentes: Conclave



O que é um Conclave?

O Conclave, que vem do latim cum clave (fechado), foi instituído apenas em 1271 pelo Papa Gregório X e a obrigação do voto secreto só surgiu a partir de 1621. A obrigação do segredo dos Cardeais durante e após o Conclave veio apenas com o papado de Pio X, e que incluía também a obrigatoriedade da conservação da documentação em arquivos. Em 1922, um Motu Próprio de Pio XI determinou a espera de 15 dias para iniciar o Conclave, a fim de aguardar a chegada dos cardeais de todo o mundo. A Constituição Apostólica Vacantis Apostolicae Sedis, de 8 de dezembro de 1945, do Papa Pio XII, determinou a maioria de 2/3 mais 1 dos votos dos Cardeais. O Motu Próprio Summi Pontificis electio, de João XXIII teve por objetivo uma simplificação do processo eleitoral. As listas das votações deveriam ser conservadas em um arquivo e consultadas somente com a autorização de um Papa. As anotações dos cardeais também deveriam ser conservadas e não queimadas como no tempo de Pio XII e por fim, deveriam ser queimadas somente as cédulas eleitorais.

Foi o Papa João Paulo II quem fixou que o Conclave deveria ser realizado na Capela Sistina. Paulo VI dizia que ‘normalmente’ os Conclaves deveriam ser ali realizados, enquanto que ao longo da história, se dizia que o Conclave deveria ser realizado no local onde o pontífice viesse a morrer. Conclaves foram realizados no Palácio Quirinale, antiga residência dos Papas, em quatro oportunidades. Também foi João Paulo II que definiu a Casa Santa Marta como local de acolhida dos Cardeais durante o Conclave. João Paulo II também aboliu as formas de eleição ‘por aclamação’ ou ‘por compromisso’, mantendo apenas a forma ‘por escrutínio’. 

Como será o Conclave que vai eleger o sucessor de Bento XVI?

Está previsto para começar entre 15 e 20 de março, mas seu início poderá ser antecipado. A Constituição ‘Universi Domini Gregis’ prevê um tempo de espera para a chegada dos Cardeais a Roma. Como todos sabem que em 28 de fevereiro a Santa Sé fica Vacante, não faz sentido esperar todo este tempo para iniciar o Conclave, uma vez que todos os Cardeais já podem ter chegado a Roma. Bento XVI estuda a possibilidade de publicar um Motu Proprio nos próximos dias, obviamente antes da Sé Vacante, para precisar alguns pontos particulares da Constituição Apostólica sobre o Conclave que nos últimos anos foram apresentadas.

Bento XVI vai participar do Conclave para eleger seu sucessor?

Não. Bento XVI não vai participar do Conclave para eleger o seu sucessor e nem fará parte do Colégio Cardinalício.

Quem são os cardeais?

São os mais elevados assessores do Papa para os assuntos da Igreja. Eles são nomeados pelo Papa em Consistório. O Cardeal Decano preside o Colégio de Cardeais, e entre suas prerrogativas está a de perguntar ao eleito, no Conclave, se ele aceita ou não a missão. Também é o Cardeal Decano quem faz a consagração episcopal do papa eleito, caso este ainda não o seja. O Cardeal Vigário é o único que representa o Papa no governo da Diocese de Roma.
Em 1958, João XXIII excedeu o limite de 70 cardeais, e estabeleceu que a todas as três ordens de cardeais (diácono, presbítero e bispo) deve ser dada a dignidade episcopal. 

De acordo com o Código de Direito Canônico (cân. 349) as funções do Colégio de Cardeais são essencialmente três:

- Eleição, de forma colegial, do Romano Pontífice;

- Aconselhar o Papa no Consistório em assuntos de maior importância;

- Ajudar os cardeais, como indivíduos, e ao Romano Pontífice no cuidado diário da Igreja universal. Somente cardeais ocupam os seguintes cargos ocupados na Cúria Romana: Presidente da Secretaria de Estado; membros das Congregações romanas e prefeitos; os membros do Conselho de Administração; Presidente da Prefeitura para os negócios econômicos; presidente da Penitenciaria Apostólica.

A ação colegiada dos cardeais como conselheiros do Papa ocorre principalmente no Consistório, que se reune sob a presidência deste. No entanto, o Papa pode reunir os cardeais em sessão plenária, mesmo que isso toma a forma do Consistório.

Quais as regras do funcionamento do Colégio de Cardeais?

O Colégio dos Cardeais é dividido em três ordens: a ordem episcopal, que pertencem os Cardeais a quem o Romano Pontífice atribui o título de uma Igreja suburbicária, e os Patriarcas orientais que são membros do Colégio de Cardeais; a ordem de sacerdotes e a ordem diaconal, a quem é atribuído o título de uma paróquia romana. 

O Cardeal Decano tem o título da diocese de Óstia, juntamente com a outra igreja de que era o título anterior. Por uma escolha feita em Consistório e aprovada pelo Sumo Pontífice, os Cardeais da ordem sacerdotal, respeitando a prioridade de ordem e promoção, podem se mover para um outro título; os cardeais que tiverem permanecido na ordem diaconal por uma década inteira, pode ser elevados à ordem presbiteral.

Quem pode ser cardeal?

Pelo Cânon 351, podem receber este título homens livremente escolhidos pelo Romano Pontífice, que são, no mínimo, sacerdotes, com excepcional conhecimento em doutrina, virtude, piedade e prudência em questões práticas. Os que não são bispos devem receber a consagração episcopal . Os cardeais são criados por um decreto do Papa.

Como funciona o Consistório?

Em um Consistório ordinário, todos os Cardeais são convocados, pelo menos aqueles que estão em Roma para consulta sobre certos assuntos graves. No caso de um Consistório extraordinário, quando é sugerido pelas necessidades peculiares da Igreja ou o tratamento de assuntos sérios, são convocados todos os cardeais.

Apenas um Consistório ordinário pode ser público, isto é, quando, além dos Cardeais, são permitidos prelados, representantes da sociedade civil e outros que são convidados.

Quantos cardeais votarão no Conclave?

Estão aptos a votar 117, dos quais 67 criados por Bento XVI. Também os Cardeais que cumprirão 80 anos no mês de março (como Kasper e Poletto) participarão do Conclave. O limite previsto, para o voto, é para quem já atingiu esta idade até o primeiro dia da Sé Vacante.

Onde os cardeais eleitores ficarão acomodados?

Os cardeais eleitores ficarão alojados no Vaticano, na Domus Sanctae Marthae, a partir de 1º de março. O Cardeal decano do Colégio cardinalício é o Cardeal Angelo Sodano, que tem mais de 80 anos de idade. A ele diz respeito todas as funções que as normas atribuem ao decano até o momento em que os cardeais entram no Conclave. Após o início do Conclave, quando estarão reunidos somente os bispos eleitores, o decano passa a ser o Cardeal Giovanni Battista Re, baseado na sua idade e por pertencer à ordem mais elevada dos bispos. (É o cardeal-bispo mais idoso).

Porque apenas os cardeais votam no Conclave?

O Papa é chefe da Igreja Universal, mas também bispo de Roma. Em função desta estreita ligação, cada Cardeal, independente do país de origem, é titular de uma paróquia em Roma.

Quem pode alterar as regras do Conclave?

Somente um pontífice pode alterar as regras que regem um Conclave.

Bento XVI mudou as regras para a eleição de um Papa nas últimas semanas?

Não. Bento XVI não mudou recentemente as regras para a eleição de um Papa. Em 2007, ele fez uma pequena alteração para mudar o sistema de votação. Essa modificação de 2007 estabelece que é necessário uma maioria de dois terços na votação realizada no Conclave. O resto das normas vigentes continua a ser as da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis.

Quantos Conclaves já foram realizados?

O próximo, a ser realizado em março, será o 75º Conclave da história.

Por que foi preciso publicar o Motu Proprio"Normas nonnullas" com o qual se substituem algumas normas presentes na Constituição Universi Dominici gregis, promulgada em 1996 por João Paulo II?

Resposta do vice-camerlengo:, Dom Pierluigi Celata: "A intenção geral que impeliu o Santo Padre é por ele mesmo claramente indicada: considerada a importância da matéria, assegurar o melhor desenvolvimento do que concerne à eleição do Romano Pontífice, em particular uma melhor interpretação e aplicação de algumas disposições da própria Constituição."

O que o Motu Próprio "Normas nonnullas" destaca sobre a eleição do novo Papa?


Em particular, para uma válida eleição do Pontífice é sempre exigida ao menos a maioria dos dois terços dos votos dos cardeais eleitores e votantes. Nenhum cardeal eleitor poderá ser excluído da eleição por nenhum motivo ou pretexto. Permanece confirmado o período de espera de 15 dias antes do início do Conclave.

O Motu Próprio "Normas nonnullas"abriu portas para que o Conclave seja antecipado?

O Colégio dos cardeais, se consta a presença de todos os cardeais eleitores, tem a faculdade de antecipar o início do Conclave. A abertura pode também ser adiada em caso de motivos graves. Mas transcorridos ao máximo vinte dias do início da Sé Vacante, todos os cardeais eleitores devem iniciar a eleição.

Quando começam os encontros dos cardeais chamados de “Congregações”?

Reponde Pe. Federico Lombardi, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé: "É claro que não poder ter início antes de 1º de março. E por que não podem se encontrar antes de 1º de março? é preciso que sejam convocados para a primeira congregação geral e, provavelmente, não é exatamente na primeira congregação geral que decidem algo dessa natureza. Portanto, creio que devemos ainda esperar alguns dos primeiros dias de março para termos a decisão formal."
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As respostas às perguntas a seguir são fornecidas pela Rádio Vaticano (www.radiovaticana.va) e Agência Zenit (www.zenit.org)

Fonte: CNBB.

Reminiscências de um Papa



Diante da pessoa de Josef Ratzinger sempre houve um grupo de apreciadores que reconheciam seus dotes, quase únicos, de inteligência, de retidão, de fé e de coragem. Entre estes, “cum granu salis” eu me incluo. Mas também sempre teve, a certa distância, um grupo poderoso, de adversários ( alguns até inimigos)  figadais.  Tais organizações em tudo encontravam motivos para discordar, repreender e mostrar outras direções a serem palmilhadas. “Levantou-se grande perseguição à Igreja” (At 8,1) continua em pleno vigor hoje. Mas uma vez que a mudança de manejo do leme, da nau de Pedro, é fato consumado, quero dar alguns traços, que ficarão para sempre em mim, sobre essa rica personalidade. 

De tantas vezes que com ele me encontrei (antes de ele ser Papa e depois), uma característica evidente era a sua bondade, a atenção plena e a sua conversa agradável. A descrição de homem de briga, de pessoa impositiva, é completamente imerecida.  Os seus escritos (mais de 600), são de uma clareza ofuscante, para quem os sabe ler. Atualmente é o maior teólogo cristão vivo. E o que é mais importante, seus ensinamentos são confiáveis, por ser um grande conhecedor de toda a Teologia, e ser plenamente ortodoxo e afinado com a tradição católica. Impediu, com seu profundo conhecimento, que as orientações do Concílio Vaticano II fossem desviadas de seus verdadeiros objetivos. Uma intervenção sua, de radical clareza, e repetindo apenas os ensinamentos do Concílio, foi a exortação Dominus Iesus que impediu a Igreja de entrar num caminho de relativismo e de esquecimento dos ensinamentos milenares da Igreja. O seu diálogo com o mundo moderno, especialmente com a classe pensante, foi de um brilho nunca visto. A aproximação com os judeus foi a melhor da História. Como homem de larga visão tentou resolver o grande problema dos católicos, manipulados pelo governo comunista da China. Tentou, talvez de maneira frustrante, reaproximar os católicos lefebrianos, facilitando-lhes a liturgia de João XXIII. O Brasil lembra com saudades a sua visita ao país, e por ter escolhido a nossa pátria para ser sede da Jornada Mundial da Juventude. “No meio da Igreja o Senhor o fez  falar” ( Eclo 15,5). 

Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)