sexta-feira, 20 de março de 2020

Ao menos 28 sacerdotes morreram na Itália pelo coronavírus



As dioceses italianas informaram a morte de pelo menos 28 sacerdotes devido ao coronavírus COVID-19, enquanto outros dois morreram por outros motivos, com os quais o número de presbíteros mortos é de pelo menos 30 nos últimos dias.

Os outros dois casos, segundo informa Avvenire, jornal dos bispos italianos, são os do Pe. Guido Mortari, que morreu de pneumonia antes de ser testado para o coronavírus, e do Pe. Giorgio Bosini, que já havia uma condição médica anterior.

O sacerdote mais jovem dos que morreram de coronavírus é o Pe. Alessandro Brignone, que faleceu em 19 de março em Salerno. A maioria dos presbíteros falecidos tinha mais de 70 anos.

Dos sacerdotes falecidos, 11 são da Diocese de Bergamo, onde pelo menos 15 outros foram hospitalizados, de acordo com o Bispo local, Dom Francesco Beschi, a quem o Santo Padre telefonou para expressar sua proximidade e solidariedade. 

O Prelado disse em uma mensagem aos seus fiéis que o Papa "pediu que faça chegar sua proximidade aos doentes e a todos aqueles que estão trabalhando de maneira heroica para o bem-estar dos outros: médicos, enfermeiros, autoridades civis e de saúde", entre outros.

O Bispo também pediu aos fiéis que se confiem em oração a São João XXIII, o Papa que nasceu naquela cidade italiana. 

Qual importância têm as Missas privadas em tempos de uma pandemia?



Com as Missas públicas suspensas em vários países, os bispos pediram aos fiéis que vivam a Missa pela internet e a comunhão espiritual, enquanto se pede aos sacerdotes para celebrar Eucaristias em privado, o que é de suma importância e vale a pena ser explicado.

ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI –, entrou em contato com o Pe. Leandro Bonnin, sacerdote da Arquidiocese do Paraná (Argentina), que trabalhou por vários anos como professor de liturgia, para detalhar a importância da Missa particular e saber se é espiritualmente benéfica para os católicos.

Pe. Bonnin disse que, “embora os fiéis não possam estar fisicamente presentes no templo ao redor do altar, quando um sacerdote celebra a Eucaristia em privado, todas as suas vidas também se unem ao sacrifício de Cristo e é entregue a Deus como hóstia, vítima e oferta”.

Além disso, recordou que o primeiro benefício é "que suas vidas, através do sacrifício eucarístico, se unem ao sacrifício de Cristo e chegam à presença do Pai".

“A Igreja não cessa de louvar ao Pai, não cessa de oferecer ao Pai a coisa mais agradável que tem, que é a entrega, amor, obediência de Jesus Cristo, seu eterno filho feito homem. Mas a Eucaristia também é o sacrifício da Igreja, que é a esposa que oferece o Filho ao Pai e oferece a si mesma junto a Cristo", indicou.
  
Do mesmo modo, disse que de alguma forma "pode-se dizer que no altar, junto com o sacrifício de Cristo, vai toda a vida dos fiéis que se eleva ao alto".

Um segundo benefício é que "em cada Eucaristia, além de adorar e pedir perdão, há intercessão", disse Pe. Bonnin, acrescentando que é então "quando o sacerdote, sabendo que está na própria presença de nosso Senhor Jesus na forma de pão e vinho, pede ao Pai que, pelos méritos de Cristo, escute orações de toda a Igreja".

"Em todas as Missas, pede-se pelo Papa, pelos bispos, por todos os homens de boa vontade, por todos os fiéis e pelos defuntos. Então, cada celebração tem em si mesma um poder de intercessão mais elevada que qualquer uma das demais formas devocionais que existem na Igreja”, assegurou Pe. Bonnin.

"A Eucaristia tem uma dupla realidade, por um lado, é a presença e a atualização do sacrifício de Cristo; em segundo lugar, é um banquete com duas mesas: a mesa da Palavra de Deus e a mesa do Corpo e do Sangue do Senhor”, recordou o sacerdote argentino. 

Semana Santa mudará de data por causa do coronavírus? Vaticano se pronuncia!



A Congregação para o Culto Divino emitiu na quinta-feira, 19 de março, um decreto para definir as diretrizes da celebração do Tríduo Pascal e da Missa Crismal naqueles países que sofrem restrições devido à luta contra a pandemia de coronavírus COVID-19.

"No tempo difícil que estamos vivendo devido à pandemia do COVID-19, considerando o impedimento para celebrar a liturgia comunitariamente na igreja, segundo o indicado pelos bispos para os territórios sob sua jurisdição, chegaram a esta Congregação pedidos sobre as próximas festas pascoais. Neste sentido, são oferecidas indicações gerais e algumas sugestões aos bispos”, começa o decreto assinado pelo prefeito, Cardeal Robert Sarah.

O decreto estabelece que a celebração do Tríduo Pascal e da Páscoa se mantém, as celebrações podem ser seguidas de forma telemática, mas sempre ao vivo, e se suspende o lava-pés e a procissão com o Santíssimo Sacramento de Quinta-feira Santa, assim como se suspende o fogo e a procissão no início da vigília pascoal.

Além disso, oferece também a possibilidade de transferir as procissões da Semana Santa e outras expressões de piedade popular para outras datas, e propõe, especificamente, o dia 14 de setembro, Festa da Exaltação da Cruz, e 15 de setembro, memória de Nossa Senhora das Dores.

No decreto, explica-se que a Páscoa, "coração do ano litúrgico", "não pode ser transferida" porque "não é uma festa como as demais", mas é "celebrada durante três dias, o Tríduo Pascal, precedido pela Quaresma e coroada por Pentecostes”.

Em relação à Missa Crismal, o bispo, "avaliando o caso concreto nos diversos países, tem a faculdade de adiá-la para uma data posterior".
  
Em relação ao Tríduo Pascal, "onde a autoridade civil e eclesial estabeleceu restrições", "os bispos darão indicações, de acordo com a Conferência Episcopal, para que na igreja catedral e nas igrejas paroquiais, inclusive sem a participação física dos fiéis, o bispo e os párocos celebrem os mistérios litúrgicos do Tríduo Pascal, avisando aos fiéis a hora do início, para que possam se unir em oração de suas próprias casas”.

As celebrações do Tríduo Pascal (Quinta-feira Santa, Sexta-feira Santa e Vigília Pascal) podem ser acompanhadas por via telemática, mas sempre ao vivo, não por meio de um vídeo gravado.

O decreto diz exatamente que "são de grande ajuda os meios de comunicação telemática ao vivo, não gravados".

Além disso, a Congregação estabelece que "a Conferência Episcopal e cada uma das dioceses não deixem de oferecer subsídios para ajudar na oração familiar e pessoal”. 

Justiça do Rio nega pedido para suspender cultos de Silas Malafaia por coronavírus



Como nenhuma norma do Rio de Janeiro proibiu cultos religiosos para evitar a propagação do coronavírus, o juiz Marcello de Sá Baptista, do plantão judicial, negou nesta quinta-feira (19/3) pedido do Ministério Público para suspender as sessões da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, comandada pelo pastor Silas Malafaia.

Malafaia afirmou que, a despeito das recomendações do Ministério da Saúde e do governo do Rio para evitar aglomerações de pessoas, iria continuar promovendo os cultos. Para evitar isso, o MP-RJ foi à Justiça.

O juiz Marcello de Sá Baptista afirmou que o princípio da legalidade (artigo 5º, II, da Constituição Federal) estabelece que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Como não há decreto do Executivo ou lei do Legislativo afastando, por ora, o direito à participação em cultos religiosos, não cabe ao Judiciário “fazer integrações pelo método analógico, quando não há lacuna na norma”.

“O juiz está vinculado ao ordenamento jurídico. O Poder Judiciário não pode funcionar como legislador positivo e impor restrições e direitos, sem amparo legal, principalmente, quando violam direitos garantidos na Constituição Federal”, apontou. 

“Vivemos momentos de fatos excepcionais, que desafiam o esforço coletivo e pessoal, para conter a doença e inibir mortes. Mesmo para momentos excepcionais como os vivenciados, o legislador traça a forma e limites de atuação dos agentes públicos. Não podemos fazer e agir, como melhor entendemos, ainda que o objetivo seja beneficiar a coletividade. Em um Estado Democrático de Direito, o poder é limitado e vinculado estritamente aos preceitos legais vigorantes”.

O juiz também disse que todos os cidadãos devem seguir as diretrizes para conter a transmissão do coronavírus. No entanto, ele ressaltou que é preciso não perder de vista o que é uma recomendação e o que é um dever imposto ao cidadão. 

2ª Pregação da Quaresma 2020: "Que temos nós com isso, mulher", a kenosis da Mãe de Deus



"QUE TEMOS NÓS COM ISSO, MULHER",

A KENOSIS DA MÃE DE DEUS

Cidade do Vaticano
Sexta-feira, 20 de março de 2020


Nas meditações desta Quaresma, continuamos nossa jornada nos passos da Mãe de Deus iniciados no último Advento. Será também uma maneira de nos colocarmos sob a proteção da Virgem em um período tão severo devido à disseminação da infecção pelo vírus Corona.

É preciso reconhecer que o Novo Testamento não fala muito de Maria, pelo menos não com tanta frequência quanto se esperaria, considerando o desenvolvimento que teve na Igreja a devoção à Mãe de Deus. Todavia, se prestarmos a devida atenção, perceberemos uma coisa: Maria não está ausente de nenhum dos três momentos constitutivos do mistério da salvação. De fato, existem três momentos bem claros que, juntos, formam o grande mistério da Redenção, a saber: a Encarnação do Verbo, o Mistério Pascal e o Pentecostes.

Pois bem, refletindo, percebemos que Maria não está ausente de nenhum desses três momentos fundamentais. Certamente não está ausente da Encarnação, que aconteceu exatamente nela. Maria não está ausente do Mistério Pascal, porque está escrito que “junto da cruz de Jesus estava Maria sua mãe” (cf. Jo 19,25). Finalmente, não está ausente do Pentecostes, porque está escrito que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos que, “unânimes, perseveravam na oração com Maria, a mãe de Jesus” (cf. At 1,14).

Essas três presenças de Maria nos momentos-chave da nossa salvação não podem ser um simples acaso. Asseguram-lhe um lugar único ao lado de Jesus na obra da redenção. Entre todas as criaturas, Maria foi a única a ser testemunha e partícipe de todos esses três acontecimentos.

Nesta segunda parte da nossa caminhada, queremos seguir Maria no Mistério Pascal, deixando-nos guiar por ela à compreensão profunda da Páscoa e à participação nos sofrimentos de Cristo. Maria toma-nos pela mão e dá-nos a coragem para segui-la nesta estrada, dizendo-nos como uma mãe a seus filhos: Vamos nós também para morrermos com ele! (Jo 11,16). No Evangelho, é Tomé quem pronuncia estas palavras, mas é Maria quem as põe em prática.

Sofrendo, aprendeu a obedecer

Na vida de Jesus, o Mistério Pascal não começa com a prisão no horto, nem dura só uma semana santa. Toda a sua vida, desde que João Batista o saudou como o Cordeiro de Deus, é uma preparação para sua Páscoa. Conforme o Evangelho de Lucas, toda a vida pública de Jesus foi uma lenta e incessante “subida para Jerusalém”, onde consumaria seu êxodo (cf. Lc 9,31).

Paralelamente a este caminho do novo Adão, segue o caminho da nova Eva. Também para Maria, o Mistério Pascal começou muito tempo antes. Já as palavras de Simeão, sobre o sinal de contradição e sobre a espada que lhe traspassaria a alma, continham um presságio que Maria guardava no coração junto com todas as outras palavras. O “passo” que queremos dar nesta meditação consiste exatamente em seguir Maria durante a vida pública de Jesus, vendo como ela se torna para nós tipo e modelo.

Na caminhada em busca da santidade, o que normalmente acontece depois que uma alma foi preenchida pela graça, depois que generosamente respondeu com o seu “sim” de fé, e corajosamente se dedicou às boas obras e às virtudes? Vem o tempo da purificação e do despojamento. Chega a noite da fé. De fato, veremos que Maria, neste período da sua vida, exatamente nisto serve-nos de guia e modelo: de como nos devemos comportar quando na vida chega “o tempo da poda”.

São João Paulo II, na sua encíclica “Redemptoris Mater”, escrita para o Ano Mariano, com razão aplica à vida de Nossa Senhora a grande categoria da kenose, com a qual São Paulo explicou a vicissitude terrestre de Jesus: Cristo Jesus, que era de condição divina, não reivindicou o direito de ser equiparado a Deus, mas despojou-se (ekénosen) a si mesmo... (F1 2,6-7). Mediante essa sua fé – escreve o Papa – Maria está perfeitamente unida a Cristo no seu despojamento... Aos pés da cruz, Maria participa mediante a fé no mistério desconcertante desse despojamento”[1]. Este despojamento consumou-se junto à cruz, mas começou bem antes. Também em Nazaré, e sobretudo durante a vida pública de Jesus, ela avançava na peregrinação da fé. Não é difícil, porém, perceber naquele início um particular aperto do coração e uma espécie de noite da fé”[2].

Tudo isso torna as vicissitudes de Maria extraordinariamente significativas para nós; devolve Maria à Igreja e à humanidade. É preciso constatar com alegria um grande progresso havido na Igreja católica no tocante à devoção a Nossa Senhora; quem viveu antes e depois do Concílio Vaticano II facilmente pode dar-se conta disso. Antes, a categoria fundamental com a qual se explicava a grandeza de Nossa Senhora era a do “privilégio” ou da isenção.

Pensava-se que Maria tivesse sido isenta não só do pecado original e da corrupção (que são privilégios definidos pela Igreja com os dogmas da Imaculada e da Assunção); nessa linha, ia-se muito além, até achar que Maria teria sido isentada das dores do parto, do cansaço, da dúvida, da tentação, da ignorância e finalmente, o mais grave, também da morte. De fato, para alguns, Maria teria sido levada ao céu sem precisar passar pela morte.

Tudo isso – pensava-se – é consequência do pecado, e Maria não tinha pecado. Dessa maneira, passava despercebido que, em vez de “associar” Maria a Jesus, chegava-se a dissociá-la completamente dele que, mesmo sem ter pecado, para nosso proveito quis experimentar tudo isso, cansaço, dor, angústia, tentações e morte. Toda essa mentalidade refletia-se na iconografia de Nossa Senhora, isto é, na maneira como era representada em estátuas, pinturas e imagens: uma criatura geralmente desencarnada e idealizada, de uma beleza frequentemente só humana, que qualquer mulher desejaria possuir; em suma, uma Nossa Senhora que parece ter tocado a terra apenas de leve, com a ponta dos pés.

Agora, seguindo o Concílio Vaticano II, a categoria fundamental com a qual procuramos compreender a santidade única de Maria já não é a do privilégio, mas a da fé. Maria caminhou, ou melhor, “progrediu” na fé[3]. Isso não diminui, mas aumenta sem medida a grandeza de Maria. De fato, a grandeza espiritual de uma criatura perante Deus, nesta vida, não é medida tanto por aquilo que Deus lhe dá, quanto por aquilo que Deus lhe pede. E veremos que Deus pediu muito a Maria, mais do que a qualquer outra criatura, mais do que ao próprio Abraão.

No Novo Testamento, encontramos palavras fortes sobre Jesus. Uma delas diz que “nós não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; pelo contrário, ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado” (Hb 4,15); uma outra diz que, apesar de Filho de Deus, aprendeu a obedecer, sofrendo (Hb 5,8). Se Maria seguiu o Filho na kenose, estas palavras, com as devidas proporções, aplicam-se também a ela e constituem, aliás, a verdadeira chave de compreensão da sua vida. Maria, apesar de ser a mãe, sofrendo aprendeu a obedecer.

Por acaso Jesus não era suficientemente obediente na infância, ou não sabia o que é a obediência, de modo que precisasse aprender a conhecê-la “pelo sofrimento”? Não; aqui, “aprender” significa “conhecer”, que na Bíblia geralmente tem o sentido concreto de experimentar, saborear. Jesus exerceu a obediência, avançou nela através do sofrimento. Precisava de uma obediência sempre maior para vencer resistências e provações sempre maiores, até a prova suprema da morte. Também Maria aprendeu a fé e a obediência; nelas, avançou através dos sofrimentos, tanto que podemos dizer dela, com toda a confiança: não temos uma mãe que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, do nosso cansaço, das nossas tentações; pelo contrário, ela mesma foi provada em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. 

São Gregório Magno e o Coronavírus do seu tempo!



Uma aura de mistério envolve o Coronavírus, ou Covid-19, do qual não sabemos a origem, os dados reais de divulgação ou as possíveis consequências. Contudo, o que sabemos é que as pandemias sempre foram consideradas na história como flagelos divinos e que o único remédio ao qual a Igreja se opunha a elas era a oração e a penitência. Isso aconteceu em Roma no ano de 590, quando Gregório, da família senatorial da gens Anicia, foi eleito Papa com o nome de Gregório I (540-604).

A Itália foi esmagada por doenças, fome, agitação social e a onda devastadora dos lombardos. Entre 589 e 590, uma violenta epidemia de peste, a terrível luesinguinaria, depois de devastar o território bizantino no leste e o dos francos no oeste, semeou a morte e o terror na península e atingiu a cidade de Roma. Os cidadãos romanos interpretaram essa epidemia como um castigo divino pela corrupção da cidade.

A primeira vítima colhida em Roma pela peste foi o Papa Pelágio II, que morreu a 5 de Fevereiro de 590 e foi enterrado em São Pietro. O clero e o senado romanos elegeram Gregório como seu sucessor, que, depois de ser o praefectus urbis, morava na sua cela monástica no monte Célio. Depois de ser consagrado a 3 de Outubro de 590, o novo Papa imediatamente enfrentou o flagelo da peste.

Gregório de Tours (538-594), que foi contemporâneo e cronista desses eventos, diz que num sermão memorável proferido na igreja de Santa Sabina, o Papa Gregório convidou os romanos a seguir, contritos e penitentes, o exemplo dos habitantes de Nínive: «Olhai em volta: aqui está a espada da ira de Deus brandindo sobre todo o povo. A morte súbita arrebata-nos do mundo, quase sem nos dar um minuto de tempo. Neste exato momento, oh quantos são levados pelo mal, aqui à nossa volta, sem sequer pensar em penitência.»

O Papa, portanto, pediu que se olhasse para Deus, que permite tais tremendos castigos para corrigir os seus filhos e, para apaziguar a ira divina, ordenou uma “ladainha septiforme”, ou seja, uma procissão de toda a população romana, dividida em sete cortejos, de acordo com sexo, idade e condição. A procissão movida desde várias igrejas de Roma até à Basílica do Vaticano, foi acompanhada com o canto das ladainhas. Essa é a origem das chamadas “ladainhas maiores” da Igreja, ou rogações, com as quais oramos a Deus que nos defenda das adversidades.

Os sete cortejos movimentaram pelos edifícios da Roma antiga, num ritmo lento, com os pés descalços e a cabeça coberta de cinzas. Enquanto a multidão viajava pela cidade, imersa em silêncio sepulcral, a praga chegou ao ponto de raiva que, no curto espaço de uma hora, oitenta pessoas caíram no chão mortas. Porém, Gregório não parou nem por um instante de instar o povo a continuar orando e queria que a imagem da Virgem preservada em Santa Maria Maior e pintada pelo evangelista São Lucas fosse levada antes da procissão (Gregório de Tours, Historiae Francorum, liber X, 1, em Opera omnia, ed. JP Migne, Paris 1849, p. 528).

A Legenda Áurea, de Jacopo da Varazze, que é um compêndio das tradições transmitidas desde os primeiros séculos da era cristã, conta que, à medida que a imagem sagrada progredia, o ar tornava-se mais saudável e claro e os miasmas da praga se dissolviam, como se não pudessem suportar a sua presença. Quando chegaram à ponte que liga a cidade ao mausoléu de Adriano, conhecida na Idade Média como Castellum Crescentii, de repente um coro de anjos cantava: «Regina Coeli, laetare, Alleluja – Quia quem meruisti portare, Alleluja – Resurrexit sicut dixit, Aleluia.» O Papa Gregório respondeu em voz alta: “Ora pro nobis rogamus, Aleluja!” Assim nasceu a Regina Coeli, a antífona com a qual na Páscoa a Igreja saúda Maria Rainha pela ressurreição do Salvador.

Depois da música, os Anjos organizaram-se em círculo ao redor da imagem de Nossa Senhora e o Papa, olhando para cima, viu no topo do Castelo um Anjo que, depois de secar a espada que pingava sangue, colocou-a na bainha, como um sinal da cessação da punição: «Tunc Gregorius vid super Castrum Crescentii angelum Domini gludium cruentatum detergens in vagina revocabat: intellexit que Gregorius quod pestisilla cessasset et sic factum est. Unde et castrum illud castrum Angels deinceps vocatum est.” Gregório entendeu que a praga havia terminado e assim aconteceu: e esse castelo passou a ser chamado de Castelo do Santo Anjo (Iacopo da Varazze, lenda dourada, ed. crítica editada por Giovanni Paolo Maggioni, Sismel-Edizioni del Galluzzo, Florença 1998, p. 90). 

Sacerdote apela aos Bispos que acabem com suspensão das Missas



Nos últimos dias aconteceu na Santa Igreja Católica em Portugal, algo verdadeiramente impensável, altamente lamentável, no mínimo muito triste e sem precedentes em toda a história da Igreja, que foi a suspensão das Santas Missas comunitárias, devido ao coronavírus. E aproxima-se a Páscoa, em que celebramos o centro e ponto alto da nossa fé, e poderá acontecer, que Nosso Senhor Jesus Cristo fique impossibilitado de celebrar com o Seu Povo através dos Seus ministros a Santa Missa, que é a actualização da Sua Páscoa, ou seja da Sua Redenção, Salvação, Libertação e Redenção.

Perante a determinação da suspensão referida, tendo em conta o Código do Direito Canónico da Igreja que diz: «que os fiéis (…) têm o direito e mesmo por vezes o dever, de manifestar aos sagrados Pastores a sua opinião acerca das coisas atinentes ao bem da Igreja…» (Cân. 212 §3). Por conseguinte, gostaria de apresentar algumas perguntas à reflexão dos amigos e amigas. Mais informo, que estas questões no tempo devido, já foram transmitidas a todos os bispos residenciais de Portugal.

1ª Com a referida suspensão, não se está a manifestar, que a celebração da Eucaristia ou da Santa Missa é algo irrelevante? Ou que o povo de Deus não precisa assim tanto da Santa Missa e esta não é a maior fonte de graças e bênçãos do Céu, quer temporais e espirituais?

2ª Se Jesus Cristo está real e sacramentalmente presente na Eucaristia e actualiza a Sua redenção na Sua celebração, se tem poder para perdoar pecados (por mais graves que sejam), para libertar possessos, curar doentes, ressuscitar mortos etc. Será que não tem poder para nos libertar de uma pequena criatura, o coronavírus?

3ª Será que não estamos a submeter ou a rebaixar Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, Médico Divino por excelência ao medo e a um vírus? Não será isto de modo inconsciente talvez, promover uma espécie de idolatria; em que se submete a Divindade a uma criatura? Não será esta atitude, um mau testemunho de fé? Será que a Igreja neste momento, não está a mostrar mais medo, que o mundo civil?

4ª Porventura não se está a impedir um direito aos fiéis de participar na Santa Missa e de receber a Eucaristia (naturalmente com as devidas disposições interiores) mesmo em caso de pandemia? (Código de Direito Canónico, Conferir Cânone 213)

5ª Não seria menos contundente e menos escandaloso seguir o exemplo dos bispos da Polónia, que favoreceram mais celebrações de Missas com menos concentração de pessoas, ou então até Missas ao ar livre? 

Igreja concede indulgência plenária aos doentes de coronavírus, médicos e familiares



Segundo o site ACI, a Igreja concede uma indulgência plenária especial aos doentes pelo coronavírus COVID-19, assim como aos profissionais de saúde, familiares e todos aqueles que estão envolvidos na luta contra a epidemia, também através da oração.

Assim estabeleceu a Penitenciaria Apostólica através de um decreto de 19 de março, assinado pelo Penitenciário-Mor, Cardeal Mauro Piacenza, e autorizado pelo Papa Francisco.

Em concreto, o decreto estabelece que “se concede a indulgência plenária aos fiéis doentes de coronavírus, sujeitos a quarentena por ordem da autoridade de saúde em hospitais ou em suas próprias casas”.

Para que a indulgência seja concedida, os beneficiários devem se unir espiritualmente, “com espírito desapegado”, “através dos meios de comunicação, à celebração da Santa Missa, à oração do Santo Terço, à prática piedosa da Via-Sacra ou outras formas de devoção, ou se pelo menos rezam o Credo, o Pai-Nosso e uma invocação piedosa à Bem-Aventurada Virgem Maria”.

Além disso, devem oferecer “esta provação com espírito de fé em Deus e de caridade para com os irmãos, com a vontade de cumprir as condições habituais (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração de acordo com as intenções do Santo Padre), assim que seja possível”.

Também se concede a indulgência especial aos “agentes de saúde, familiares e todos aqueles que, seguindo o exemplo do Bom Samaritano, expondo-se ao risco de contágio, cuidam de pacientes com coronavírus”.