quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Que devo fazer?


Não é raro ouvir dizer que tudo mudou em questão de moral; que cada um faz a sua moral, que não existe uma moral válida para todos, nada é mau, nada é bom; até mesmo o que se tinha como mau, agora pode ser considerado bom e o que se tinha como moralmente bom, muitas vezes, acaba acusado como mau. Como assim? Afinal, ainda existem princípios de conduta moral? O que devemos fazer? O que devemos evitar?

A discussão sobre os princípios morais e sobre o que deve orientar nossas decisões e ações vem desde o momento em que o homem se descobriu um ser pensante e livre para fazer escolhas. E não cessará até que haja um ser humano neste mundo. Para nós, cristãos, há alguns princípios de conduta moral claros, que deveriam orientar nossas decisões e ações. Tentarei expor alguns, na brevidade que requer este artigo.

Quando Jesus, no “sermão da montanha”, recomendou ao povo – “ouvistes o que foi dito… eu, porém, vos digo”, ele fez a interpretação da lei de Deus a partir do seu sentido originário, livre de distorções (cf. Mt 5, 38-48). O que se diz “por aí” pode representar o esforço humano das culturas, filosofias e religiões para interpretar o que seria o sentido da lei moral. Mas Jesus dá a interpretação que é conforme à vontade de Deus, ao agir de Deus e à dignidade e santidade de Deus. Portanto, vale para nós o ensinamento de Jesus como critério para o discernimento e para o agir moral. O que “dizem por aí” através de tantas interpretações contraditórias da lei moral deve ser sempre avaliado à luz desse “eu, porém, vos digo”, do ensinamento de Jesus. 

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Papa: "Horóscopos, ideologias, modas e slogans, as barcas que se afundam!"


Papa Francisco

ANGELUS
Praça de São Pedro 
domingo, agosto 13, 2017



Caros irmãos e irmãs, as minhas saudações!

A página do evangelho de hoje (Mt 14, 22-33) descreve o episódio em que Jesus, depois de ter rezado toda a noite na margem do lago da Galileia, se dirige para a barca dos seus discípulos, caminhando sobre as águas.

A barca encontra-se no meio do lago, bloqueada por um vento contrário. Logo que veem Jesus a caminhar sobre as águas, os discípulos pensam que é um fantasma e têm medo. Mas ele dá-lhes confiança: «coragem, sou eu, não tenhais medo!» (v. 27) Pedro, com a sua habitual impetuosidade diz-lhe : «Senhor, se és tu, manda-me caminhar até ti sobre as águas!» E Jesus chama-o: «Vem!» (vv. 28-29). Pedro desce da barca e mete-se a caminhar sobre a água em direção a Jesus. Mas por causa do vento, tem medo e começa a afundar-se. Então grita: «Senhor, salva-me!» E Jesus estende-lhe a mão e agarra-o (vv.30-31).

Este relato do evangelho contém um rico simbolismo e faz-nos refletir sobre a nossa fé, enquanto indivíduos e enquanto comunidade eclesial, e também sobre a fé de cada um de nós aqui presentes nesta Praça de S. Pedro.

A comunidade, esta comunidade eclesial, tem fé? Como é a fé de cada um de nós e a fé da nossa comunidade?

A barca é a vida de cada um de nós, mas é também a vida da Igreja; o vento contrário representam as dificuldades e as provações. A invocação de Pedro: “ Senhor, ordena que venha até ti!” e o seu grito “salva-me” parecem-se com o nosso desejo de sentir a proximidade do Senhor, mas também o medo e a angústia que acompanham os momentos mais duros da nossa vida e da vida das nossas comunidades, marcada por fragilidades internas e por dificuldades externas.

Para Pedro, não foram suficientes as palavras de Jesus, que eram como a corda que Jesus lhe estendia para se agarrar e enfrentar as águas hostis e turbulentas. É o que nos pode acontecer também. Quando não nos agarramos à Palavra de Deus, mas consultamos os horóscopos e as cartomantes, começamos a afundar-nos. Isto mostra que a fé não é muito forte. O evangelho de hoje lembra-nos que a fé no Senhor e na sua palavra não nos abre um caminho onde tudo é fácil e tranquilo; ela não nos tira das tempestades da vida. A fé nos dá a segurança de uma Presença, não se esqueçam disso. A fé nos dá a segurança de uma Presença; a presença de Jesus que nos impulsiona para ultrapassar as tempestades existenciais, a certeza de uma mão que nos agarra, mesmo quando está escuro. A fé, em resumo, não é uma fuga dos problemas da vida, mas ela é um sustentáculo no caminho e dá um sentido à vida. 

Sacerdote católico critica nova moda dos “exorcistas privados”


O exorcista na Arquidiocese de Indianapolis, nos Estados Unidos, Pe. Vincent Lampert, criticou o surgimento dos chamados “exorcistas privados” ou “profissionais” na França e em outros lugares, como foi informado em um recente artigo do The Economist.

“Parecia que o foco principal era o entretenimento. Para o propósito de qualquer exorcismo, um dos passos seria que a pessoa se conectasse novamente com a sua fé ou descobrisse a sua fé pela primeira vez. Parecia que as pessoas simplesmente pensavam no mal como algo com o qual podem brincar”, expressou o sacerdote membro da Associação Internacional de Exorcistas à CNA – agência em inglês do Grupo ACI.

O artigo do The Economist, publicado em 31 de julho, se refere à prática dos “exorcistas privados”, à margem da Igreja Católica, afirmando que a razão do aumento da sua popularidade é dupla: a falta de interesse da Igreja e os benefícios que as pessoas acreditam receber nesses “rituais”.

Além disso, indicam que esses “profissionais” afirmam ganhar 12.000 euros (mais de 14.000 dólares) por mês. Entretanto, os verdadeiros exorcismos realizados pela Igreja nunca têm um valor financeiro, porque ela “considera o exorcismo como um ministério de caridade, deste modo ela ajuda a qualquer pessoa que estiver necessitando”, recordou Pe. Lampert.

Em relação à suposta falta de interesse da Igreja Católica, Pe. Lampert garantiu que tal afirmação não é verdadeira, porque ela simplesmente quer ser cautelosa com casos que potencialmente envolvem a atividade demoníaca, em vez de precipitar-se a um julgamento rápido, como algumas pessoas querem.

“A Igreja sempre quer ser muito cautelosa”, expressou.

Por outro lado, sobre a questão dos benefícios, disse ter observado há algum tempo as pessoas que queriam uma solução rápida aos seus problemas ou uma solução supersticiosa, como as oferecidas pelos sangomas, uma espécie de pajés na África do Sul que poderiam ser relacionados com a proliferação deste tipo de “exorcistas” na França, como resultado da imigração.

“Direi que muitas vezes encontro com pessoas que realmente não querem nenhuma relação com a fé”, lamentou o Pe. Lampert.

Nesse sentido, acrescentou que estas pessoas “somente buscam tratar o sacerdote-exorcista como um pajé” e “não querem mudar nenhum aspecto da sua vida, simplesmente esperam que o sacerdote exorcista afaste tudo isso”.

Pe. Lampert também destacou que o efeito positivo percebido neste tipo de “rituais” pode ser perigoso, porque esses “profissionais” erroneamente parecem afirmar que é através do seu poder que exercem uma suposta autoridade espiritual.

“Certamente, não escutei nenhuma referência a Cristo. Quase parecia que o indivíduo era quem expulsava o mal. Mas, certamente, a partir de uma perspectiva católica, o exorcista estaria operando em nome, poder e glória de Cristo. Não é nenhum poder ou autoridade que eu possuo por conta própria”, sublinhou.

Esses falsos rituais podem fazer mais dano do que bem a uma pessoa, advertiu. “A Igreja poderia acabar causando mais dano do que bem se rotula uma pessoa como possuída, e esse rótulo não permitiria que a pessoa obtivesse a verdadeira ajuda que necessita do seu médico ou talvez de um profissional de saúde mental. Poderia receber esses ‘profissionais’ que só querem tirar proveito da miséria das pessoas e, de fato, poderiam piorar a situação”, sublinhou. 

Nossa Senhora do Amparo


Nossa Senhora do Amparo, o titulo é muito antigo, remonta a Jesus pregado na cruz, quando entrega sua mãe, Maria, ao apóstolo João. Este, representa a todos nós cristãos. Na ocasião, Jesus disse a João: Eis ai tua mãe confiando Santa Maria como Mãe da humanidade, para que Ampare a todos. Durante muito tempo esta dádiva de Jesus à humanidade foi denominada do amparo, sendo representada aos pés da Cruz de Jesus, que era invocado como bom Jesus do Amparo.

A pedido de Nicodemos, São Lucas esculpiu e pintou Maria aos pés da Cruz de Jesus, recebendo o mandato para ser a Mãe de todos. São Tiago levou a pintura para todos os lugares em que foi evangelizar. Daí começa a grande devoção popular a Maria, Nossa Senhora do Amparo. A partir desse ponto, muitos santuários, capelas e igrejas foram construídos em honra da Mãe de Jesus e sua devoção se estende muito forte até os dias de hoje.

Conta-se que Constantino l, o grande, nascido no ano de 274, na véspera de uma batalha da luta pela sucessão, teve um sonho em  que viu um escudo com uma cruz e ouviu uma voz que dizia, com este sinal, vencerás. Mandou, então, pintar todos os escudos com a cruz e realmente venceu a batalha, tornando-se Imperador no ano de 306. No ano de 313, ele tornou o Cristianismo a religião oficial do império romano.

Os cristãos então, com liberdade, passaram a meditar mais sobre Cristo e sua Mãe Maria. Referindo-se aos cuidados maternos de Maria, todos queriam se colocar sob o seu Manto Protetor, sob o Amparo de Nossa Senhora. Assim, propagou-se ainda mais o título de Nossa Senhora do Amparo.

Logo após a descoberta do Brasil, o culto a Nossa Senhora do Amparo, chegou aqui. Sob sua proteção fundou-se o Forte, que deu origem à cidade de Fortaleza, capital do Ceará, onde existe uma igreja dedicada a Ela. Também em Olinda, Pernambuco, foi construída, uma das primeiras igrejas dedicadas à Senhora do Amparo.

No Brasil existem três municípios fundados e dedicados a Nossa Senhora do Amparo. Em São Paulo, a cidade de Amparo, em Minas Gerais a cidade de Amparo da Serra e em Sergipe a cidade de Amparo de São Francisco.


Ó dulcíssima Soberana do Amparo, bem sabemos que, miseráveis pecadores, não éramos dignos de vos invocar neste vale de lágrimas, mas sabemos também que a vossa grandeza não vos faz esquecer a nossa miséria e no meio de tanta glória, a vossa compaixão, longe de diminuir, aumenta cada vez mais para conosco. Do alto do trono em que reinais sobre todos os anjos e santos, volvei para nós os vossos olhos misericordiosos. Vede a quantas tempestades e perigos estamos sem cessar expostos, até o fim da nossa vida. Pelos merecimentos da fé, da confiança e da santa perseverança na amizade de Deus, pedimos que, possamos um dia, ir beijar vossos pés e unir as nossas vozes às dos espíritos celestes, para vos louvar e cantar as vossas glórias eternamente no Céu. Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. Amém.

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Lema do 23º Grito dos Excluídos em 2017 é: "Por Direitos e Democracia a luta é todo dia".


Os direitos e os avanços democráticos no Brasil, conquistados nas últimas décadas, são fruto das lutas populares. Exemplo disso foi a significativa participação da sociedade civil no debate para a elaboração e promulgação da Constituição Federal de 1988. O que contribuiu para a criação de novas leis, estatutos, bem como para o surgimento de espaços de participação populares. Embora, muitas leis que garantiam direitos sociais não tenham sido regulamentadas, e muito menos aplicadas, correndo o risco de serem retiradas.    
Prova disso é o ajuste fiscal proposto pelo governo Temer que impõe reformas que visam retirar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras para tentar resolver a crise econômica no país. Entre as reformas, a trabalhista; a previdenciária; o congelamento de investimentos por 20 anos na saúde, educação, seguridade, saneamento; e a terceirização, que representam um retrocesso nos direitos conquistados no Brasil com muitas lutas, nos últimos 30 anos.

O processo democrático que garante vez e voz ao povo não foi consolidado, o que vivenciamos hoje é uma democracia representativa, profundamente questionada porque não representa a vontade popular. Se de fato “todo poder emana do povo”, como está na Constituição Federal, é preciso, com urgência, regulamentar e pôr em prática as leis que garantem vez e voz do povo nas decisões políticas do país. Avançar da democracia representativa para a democracia direta e participativa.

A Carta Encíclica Pacem in Terris, do Papa João XXIII, destaca: “Pois, quando numa pessoa surge a consciência dos próprios direitos, nela nascerá forçosamente a consciência do dever: no titular de direitos, o dever de reclamar esses direitos, como expressão de sua dignidade, nos demais, o dever de reconhecer e respeitar tais direitos”, (PT, 44). 

Nossa Senhora dos Prazeres (Alegria)


Nossa Senhora dos Prazeres é um antigo título de Nossa Senhora. Em português moderno o título seria melhor compreendido como “Nossa Senhora das Alegrias”, pois esta denominação refere-se às alegrias da Virgem Maria.

A devoção à Virgem Maria sob o título de Nossa Senhora dos Prazeres, originou-se em Portugal. Aconteceu por volta do ano 1590. A história conta que a imagem da Virgem apareceu em cima de uma fonte de água na cidade de Alcântara, mais precisamente numa quinta chamada quinta dos condes da Ilha.  Após o aparecimento da imagem, curas milagrosas aconteceram na vida de pessoas que iam beber água na fonte. Como era de se esperar, a notícia desses fatos espalhou-se rapidamente e o povo começou a ir em peregrinação até à fonte.

Por causa do movimento do povo, os donos das terras onde fica a fonte decidiram levar a imagem da Virgem para dentro de sua casa. A imagem, porém, desapareceu da casa e foi encontrada novamente sobre uma outra fonte. A segunda aparição da imagem se deu a uma menina que tinha ido a esta segunda fonte beber água. Ela viu a imagem e aproximou-se. Então, a própria Virgem Maria se manifestou e pediu que a menina levasse um recado para o povo dizendo: “Nossa Senhora pede que seja construída uma igreja no local da fonte e que lá ela seja invocada como Nossa Senhora dos Prazeres.” A convicção da menina ao relatar o fato foi tamanha, que o povo acreditou e construiu a igreja. Pouco tempo depois o local se transformou num destino de peregrinações onde muitas curas foram alcançadas.

Nossa Senhora dos Prazeres é também conhecida como Nossa Senhora das Sete Alegrias. Os franciscanos foram os responsáveis por espalhar esta devoção mariana. Isto se deve ao fato de que as sete alegrias de Nossa Senhora foram descritas por um franciscano. Vamos conhecê-las:

Primeira alegria: a Anunciação

Foi quando o Anjo Gabriel anunciou à Virgem que ela conceberia e daria à luz o Filho de Deus. (Lc 1, 31) 

Segunda alegria: a saudação de Isabel

Quando Maria visita Isabel e esta a saúda dizendo: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” (Lc 1, 42)

Terceira alegria: o Nascimento de Jesus

Jesus nasce numa manjedoura e é visitado pelos pastores. (Lc 2, 1-20)

Quarta alegria: a visitação dos Reis Magos

A ciência e o poder terreno se curvam diante do Rei dos Reis. (Mt 2, 1-12)

Quinta alegria: o encontro com Jesus no Templo aos 12 nos

Após uma busca angustiante, Maria e José encontram com Jesus no Templo conversando com os doutores da Lei. (Lc 2, 41-52)

Sexta alegria: a aparição de Jesus Ressuscitado

Todos os Evangelhos relatam as aparições de Jesus logo após sua morte e ressurreição.

Sétima alegria: a coroação de Maria no céu 

É o quinto Mistério Glorioso, quando, após ser assunta ao céu, Maria é coroada como Rainha do Céu e da Terra.


Nossa Senhora dos Prazeres, nossa Mãe querida, lembrando-me de vossas grandes alegrias: a Anunciação do Senhor, a visita à vossa prima Santa Isabel, o Nascimento do Menino Deus, a adoração dos Magos ao vosso Divino Filho, o encontro de Jesus no templo, a Ressurreição de Cristo e a vossa gloriosa Assunção, queremos pedir a vossa intercessão por nós e pelas nossas famílias junto a Deus. Que Ele nos livre das doenças e dos perigos, do desemprego e da desunião. Nossa Senhora dos Prazeres, ajudai-nos a sermos bons seguidores do vosso adorado Filho, lendo e refletindo a Bíblia Sagrada, alimentando-nos de Jesus na Eucaristia e participando ativamente de nossa comunidade. Queremos viver o mandamento do amor para com todos e caminhar em nossa vida dentro da justiça, colaborando para a construção da paz e da fraternidade. Amém!

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Homilética: 24º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "A 'Terapia do Perdão'”.




A Palavra de Deus que a liturgia do 24º Domingo do Tempo Comum nos propõe fala do perdão. Apresenta-nos um Deus que ama sem cálculos, sem limites e sem medida; e convida-nos a assumir uma atitude semelhante para com os irmãos que, dia a dia, caminham ao nosso lado.

Diz o Senhor no livro do Eclesiástico: “Quem se vingar  encontrará a vingança do Senhor, que pedirá severas contas dos seus pecados.Perdoa a injustiça cometida por teu próximo: assim quando orares, teus pecados serão perdoados. Se alguém guarda raiva contra o outro, como poderá pedir a Deus a cura? Senão tem compaixão do seu semelhante, como poderá pedir perdão dos seus pecados?” (Eclo 28, 1-4.). Quem não perdoa o irmão, não poderá exigir o perdão de Deus. A felicidade do homem não está em cultivar sentimentos de ódio e de rancor, mas sim em cultivar sentimentos de perdão e misericórdia.

Viveríamos mal o nosso caminho de discípulos de Cristo se, ao menor atrito  – no lar, no escritório, no trânsito… – , a nossa caridade se esfriasse e nos sentíssemos ofendidos e desprezados. Às vezes –  em matérias mais graves, em que a desculpa se torna mais difícil-,  faremos nossa a oração de Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem (Lc 23,34). Em outros casos, bastará um sorriso, retribuir o cumprimento, ter um pormenor amável para restabelecer a amizade ou a paz perdida. As ninharias diárias não podem ser motivo para perdemos a alegria, que deve ser profunda e habitual na nossa vida.

Não precisa ser muito bom em matemática para descobrir que setenta vezes sete é igual a “sempre!” Como? Claro que sim, se 70×7=490, então 70×7=sempre. Está bem: concedamos que esta lógica matemática não seja exatamente perfeita, mas também concedamos que na lógica de Cristo a conta esteja bem feita. É preciso perdoar sempre porque agrada a Deus, porque os primeiros beneficiados somos nós mesmos e porque, finalmente, é um grande bem fraterno-social.

Perdoar agrada muito a Deus porque nos faz semelhantes a ele. Deus perdoa sempre! Não importa quantas vezes peçamos perdão e nem importa se são os pecados de sempre, se estamos arrependidos o Senhor nos perdoará. É o que experimentamos no sacramento do perdão e da alegria, na confissão. Santo Agostinho, pensando no pecado de Judas, escreveu: “se ele tivesse orado em nome de Cristo teria pedido perdão, se tivesse pedido perdão teria esperança, se tivesse esperança teria esperado na misericórdia e não teria se enforcado desesperadamente”. Não temos motivo para desesperar-nos.  O pensamento de São Máximo de Turim é irrefutável: “se o ladrão obteve a graça do paraíso, por que o cristão não há de obter o perdão?”. Sendo assim, confiemos sempre na misericórdia do Senhor, façamos um propósito de mudança de vida, confessemos os nossos pecados e… Confiança, alegria, paz… Comecemos novamente! Perdoando os nossos semelhantes, quantas vezes for preciso, estaremos imitando o próprio Deus e essa semelhança nas ações atrairá maiores graças para as nossas futuras decisões.


Nós somos os primeiros a aproveitar-nos da graça de perdoar. O perdão atrai o olhar misericordioso de Deus rumo a nós e nos faz serenos no dia-a-dia. Uma pessoa que sabe que não tem inimigo vive em paz. Como saber que eu não tenho inimigo? É simples, é só não considerar ninguém como inimigo. Talvez os outros possam até considerar-nos seus inimigos desde algum ponto de vista. O problema é deles! Nós, da nossa parte, não consideraremos a ninguém como nosso inimigo. A bondade do coração cristão é o melhor remédio para curar os males do coração alheio. Mais cedo ou mais tarde, os outros pensarão: “Por que mexer com uma pessoa que só quer o meu bem? Por que irritar uma pessoa que se mostra sempre amável comigo? Por que chatear a alguém que só quer que eu seja feliz? Por que tentar ser inimigo de alguém que não fica meu inimigo?”.

Quem não perdoa o irmão, não poderá exigir o perdão de Deus. O pensamento da morte nos faz pensar diferente: ”Lembra-te do teu fim e deixa de odiar; pensa na destruição e na morte e persevera nos mandamentos” (Eclo 28, 6-7). A felicidade do homem não está em cultivar sentimentos de ódio e de rancor, mas sim em cultivar sentimentos de perdão e misericórdia.

O Senhor, depois de responder a Pedro sobre a capacidade ilimitada de perdão que devemos ter, expôs a parábola dos dois devedores para nos mostrar o fundamento desta manifestação da caridade. Devemos perdoar sempre e tudo porque é muito –  sem medida  –  o que Deus nos perdoou e nos perdoa. E diante dessa prova da misericórdia do Senhor, tudo o que devemos perdoar aos outros é simplesmente insignificante.

Jesus conta a parábola de um empregado que devia uma fortuna imensa e, por compaixão, foi perdoado. Em seguida, ele, sem compaixão, se recusa a perdoar um companheiro que lhe devia uma quantia irrisória: “Paga-me o que me deves”. O Rei indignado o castiga severamente…

E Jesus conclui dizendo: ”Assim agirá meu Pai com quem não perdoar seu irmão de todo o coração…”

A parábola é um exame de consciência para nós; convida-nos a analisar as nossas atitudes para com os irmãos que erram.

Jesus nos ensina que o mal, os ressentimentos, o rancor, o desejo de vingança, devem ser vencidos por uma caridade ilimitada que se há de manifestar no perdão incansável das ofensas alheias.

Para perdoar de coração, com absoluto esquecimento da injúria recebida, é necessária por vezes uma grande fé, alimentada pela caridade.

Perdoar, portanto, porque Deus nos perdoou e para que Deus nos perdoe! Mas esta não é a única motivação. O próprio Jesus deu outra motivação mais íntima e desinteressada: a misericórdia, um sentimento feito de compreensão, de identificação com o irmão, de solidariedade e de humildade.

São Paulo, seguindo o Mestre, exortava os Cristãos de Tessalônica:  “Vede que ninguém pague a outro mal por mal. Antes, procurai sempre praticar o bem entre vós e para com todos” (1Ts 5,15). Ainda São Paulo, aplicou esta mensagem evangélica do perdão às situações concretas de sua vida, especialmente da vida doméstica: “Revesti-vos – escrevia – de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, sempre que tiverdes motivo de queixa contra alguém. Como o Senhor vos perdoou, assim perdoai vós também” (Col. 3,12ss). É preciso insistir muito sobre a importância do perdão na vida de uma família. É indispensável expelir dos próprios pulmões o ar oxidado para manter o organismo sadio, assim como inspirar novo ar oxigenado. Perdoar-se é indispensável para manter vivo e sadio um matrimônio, tão importante como amar-se. O perdão, quando é sincero, renova, torna-se ele mesmo fator de crescimento do próprio amor. O fez notar o próprio Jesus na casa de Simão: Quem amará mais? “Aquele a quem foi perdoado mais”. Julgaste bem! ( Lc 7,42ss). E concluiu com uma frase que vale um tratado de psicologia: Aquele a quem se perdoa pouco, ama pouco.

O perdão constrói as relações de amizade e todas as relações sociais. Quanto há compreensão e perdão entre amigos, essa amizade perdurará apesar dos pesares. Os nossos amigos são pessoas como nós, com virtudes e defeitos; se nós, porém, não compreendermos que eles nem sempre se comportarão virtuosamente é sinal de que ainda não somos bons amigos. Até Deus permite que nós erremos, deixa que pequemos, isto é, Deus respeita até o mau uso da nossa liberdade e… continua nos amando, nos perdoando. Nós não podemos sufocar as pessoas sendo intransigentes e insuportáveis; ao contrário, devemos compreender quem está no erro sem minimizar as exigências da doutrina e da moral cristã.

Perdoar é, portanto, de verdade, um gesto cheio de nobreza, digno do homem e indispensável para viver juntos e em paz. 

domingo, 13 de agosto de 2017

Semana Nacional da Família 2017: “Família, uma luz para a vida em sociedade”


A Igreja no Brasil inicia, neste domingo (13/8) a Semana Nacional da Família, que chegou à sua 26ª edição. O tema escolhido para este ano é “Família, uma luz para a vida em sociedade”.

O Bispo de Osasco (SP) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, Dom João Bosco Barbosa de Sousa, comentou sobre esta ocasião como “muito importante para que todas as famílias do Brasil possam refletir sobre a dignidade, a importância, a beleza da família, dom de Deus”.

Para Dom João Bosco, que também preside a Comissão Nacional da Pastoral Familiar, trata-se de um momento de reflexão e, ao mesmo tempo, de testemunho e serviço dos cristãos para a humanidade.

No contexto deste Mês Vocacional, quando a Igreja recorda uma vocação a cada semana, Dom João Bosco lembrou que esta “Semana Nacional da Família” começa com o “Dia dos Pais” para que a família toda seja abençoada por Deus.

“O Papa Francisco – recordou o Bispo de Osasco - pediu para que todas as comunidades se envolvessem com a família, fizessem da família o centro da ação evangelizadora; que possam levar o tema da família como luz para a sociedade” (Amoris Laetitia, sobre o amor na família).