quarta-feira, 28 de junho de 2017

Homilética: 14º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "Jesus: Alívio no Sofrimento".


No Evangelho de hoje o Senhor Jesus repete-nos aquelas palavras que conhecemos tão bem, mas que nos comovem sempre: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vós, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt 11, 28-30). Quando Jesus percorria os caminhos da Galileia, anunciando o Reino de Deus e curando os doentes, sentia compaixão pelas multidões, porque estavam cansadas e oprimidas “como ovelhas sem pastor” ( Mt 9, 35-36 ). Aquele olhar de Jesus parece alargar-se até hoje, até ao nosso mundo. Também hoje olha para tanta gente oprimida por condições de vida difíceis, mas também desprovida de pontos de referência válidos para encontrar um sentido e uma meta para a existência, até doentes de depressão. O olhar de Cristo pousa sobre estas pessoas, aliás, sobre cada um destes filhos do Pai que está nos Céus: “Vinde a mim, vós todos… .” O Senhor chama para Si todos os homens, pois andamos sob o peso das nossas fadigas, lutas e tribulações. A história das almas mostra a verdade destas palavras de Jesus. Só o Evangelho apaga a sede de verdade e de justiça que desejam os corações sinceros. Só Nosso Senhor, o Mestre – e aqueles a quem Ele dá o Seu poder –, pode apaziguar o pecador ao dizer-lhe “os teus pecados te são perdoados” ( Mt 9, 2 ). 

Jesus é “manso e humilde de coração” ( Mt 11,29) e quer que nós também o sejamos. Como é bom conviver com pessoas humildes, mansas e cordiais! Pelo contrário, como é desagradável estar perto de gente emproada, complicada e altiva. A mansidão e a humildade, além de serem virtudes que agradam o coração de Deus, são disposições que tornam mais fácil a convivência humana. O orgulho nos faz ridículos, a humildade nos mostra transparentes, pois – como dizia S. Teresa de Jesus – “humildade é andar na verdade”. C. S. Lewis explicava de maneira bastante clara o porquê Deus deseja ver-nos humildes: “Deus tenta nos tornar humildes para que seja possível o momento de lançarmos fora a tola e horrenda fantasia com que nos adornamos e que nos entravava os movimentos, enquanto a exibíamos por aí feito idiotas”. Falando bem claro: a humildade e a mansião revelarão o nosso autêntico “eu” e nos fará exultar em Deus.

Diante de Deus somos o que somos, nem mais nem menos, com qualidades e defeitos, com méritos e deméritos, gente boa com coisas não tão boas. É preciso ter bem claro tudo isso na própria vida para saber exigir os próprios direitos, cumprir os próprios deveres e dar a devida honra e glória a Deus. Ter a consciência bem formada na humildade nos ajudará também a não praticar a falsa humildade, que consiste, entre outras coisas, em negar as nossas qualidades ou em andar por aí expondo-as sem necessidade. Somos o que somos e o que somos devemos a Deus, a quem seja toda a honra e toda a glória através de nós e de nossas ações! E quanto à mansidão? Sem dúvida alguma, a mansidão vem pela humildade. Peçamos a Deus a humildade, e a mansidão também virá.

Jesus promete dar a todos “alívio”, mas sob uma condição: “Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração”. O que é este “jugo”, que em vez de pesar alivia, e em vez de esmagar conforta? O “jugo” de Cristo é a lei do amor, é o seu Mandamento, que Ele deixou aos seus discípulos ( Jo 13, 34; 15, 12 ). O verdadeiro remédio para as feridas da humanidade, quer materiais, como a fome e as injustiças, quer psicológicas e morais causadas por um falso bem-estar, é uma regra de vida baseada no amor fraterno, que tem a sua fonte no amor de Deus. Por isso é preciso abandonar o caminho da arrogância, da violência utilizada para obter posições de poder sempre maiores, para garantir o sucesso a qualquer preço. 

Ao lado de Cristo, todas as fadigas se tornam amáveis, tudo o que poderia ser custoso no cumprimento da vontade de Deus se suaviza. O sacrifício, quando se está ao lado de Cristo, não é áspero e duro, mas amável. Ele assumiu as nossas dores e os nossos fardos mais pesados. O Evangelho é uma contínua prova da sua preocupação por todos: “Ele deixou-nos por toda a parte exemplos da sua misericórdia”, escreve São Gregório Magno. Ressuscita os mortos, cura os cegos, os leprosos, os surdos-mudos, liberta os endemoninhados…Por vezes, nem sequer espera que lhe tragam o doente, mas diz: Eu irei e o curarei: Mesmo no momento da morte, preocupa-se com os que estão ao seu lado. E ali entrega-se com amor, como propiciação pelos nossos pecados. E não só pelos nossos, mas também pelos de todo mundo.

Devemos imitar o Senhor: não só evitando lançar preocupações desnecessárias sobre os outros, mas ajudando-os a enfrentar as que têm.

Temos de libertar os outros daquilo que lhes pesa, como Cristo faria se estivesse no nosso lugar.

Ao mesmo tempo, podemos e devemos pensar nesses aspectos em que, muitas vezes sem termos plena consciência disso, contribuímos para tornar um pouco mais pesada e menos grata a vida dos outros:  pelos nossos juízos precipitados, pela crítica negativa, pela indiferença ou falta de consideração, pela palavra que magoa.

Muitas vezes encontramos muita miséria humana: quantos problemas, quantos sofrimentos, quanta desilusão e quanto amor negado!

Às vezes há problemas que não têm solução, há dor que nenhum analgésico cura, há escuridão onde a luz não penetra! E Cristo nos repete: “Vinde a Mim todos vós que estais cansados e Eu vos aliviarei”. Só Ele poderá aliviar o peso de nossos sofrimentos!

Nossa Senhora das Três Mãos


Este título, muito popular no Oriente, deve-se a um belíssimo ícone cujas origens encontram-se num episódio transmitido pela vida de São João Damasceno. 

A bela cidade de Damasco (Síria) pelo ano de 675 torna-se o berço natalício de um de seus mais ilustres filhos e também aquele que levaria o seu nome a todos os continentes: João Damasceno (de Damasco).  

Seu nome de batismo era João Mansur. Seus pais eram árabe-cristãos, e gozavam de muito prestigio na cidade, alem de uma confortável situação financeira. 

O pai de João era muito estimado entre os Sarracenos, que naquela época eram senhores do país, estima estendia-se também ao filho. 

Por muito tempo pai e filho serviram como ecônomos do califa de Damasco e por ocuparem cargos tão importantes desfrutavam de inúmeros privilégios. 

Nessa época Damasco já estava dominada pelos árabes-muçulmanos, e que acabavam de conquistar também Palestina. Por esse tempo o convívio entre as duas religiões era pacifico.João Mansur, jovem e brilhante, com sua inteligência e lealdade tornou-se o conselheiro e amigo do califa.Com o passar do tempo o coração de João Mansur inquietou-se e o nosso jovem trocou o alto posto em Damasco pela vida monástica da comunidade religiosa de São Sabas, na Palestina. 

Foi ordenado sacerdote e desde então se dedicou a penitencia e aos estudos das sagradas escrituras, no recolhimento e no silencio. 

As únicas vezes que saia do mosteiro, era para pregar na Igreja do Santo Sepulcro. Suas homilias, sempre repassadas em defesa da fé e da doutrina, eram depois distribuídas para outras dioceses. 

Tornou-se muito respeitado entre o clero e o povo, e foi a convite do bispo de Jerusalém, João V que ele participou do Concilio Ecumênico de Nicéia. 

Foi durante o concilio, um defensor da posição da Igreja contra os hereges iconoclásticas. 

Escritor incansável, reconhecido por sua humildade e simplicidade, tornava-se um leão em defender a verdade, suas obras mais importantes são: “A Fonte da Ciência”, “A Fé Ortodoxa”, “Sacra Paralela”, e “Orações sobre as Imagens Sagradas”, onde defende o culto das imagens nas Igrejas, contra o conceito dos iconoclásticas. 

Foi por causa deste último livro que João Damasceno foi perseguido e preso pelos hereges. Seus inimigos conseguiram lançar dúvidas no coração do Califa a respeito da lealdade de João para com ele. 

O Califa de Damasco cheio de ódio, por achar-se traído, ordena que a mão de João Damasceno seja decepada e exposta ao público. 

Impedido de escrever, João Damasceno, em lagrimas e súplicas, implora a intercessão da Virgem Maria para que tenha sua mão restituída e assim continuar defendendo a Sã Doutrina, através de seus escritos. João Damasceno adormece e no seu sono profundo é acordado por uma voz feminina a dizer-lhe: “Meu filho tua mão está curada, faze dela o uso conforme prometestes”. Quando olhou, encheu-se de espanto e entre hinos e louvores exaltava a misericórdia de Deus e a bondade da Ssma. Virgem Maria.Foi através de sua obra teológica que teve início a teologia Mariana, e foram também inúmeras orações, hinos, homilias e poesias que dedicou a Nossa Senhora. 

Em reconhecimento e gratidão à Virgem Maria, João Damasceno comprou prata, com a qual mandou esculpir a mão em posição de súplica e agradecimento. Colocou-a na parte inferior de um ícone da Virgem Mãe, que passou a ser chamada de a: Virgem das Três Mãos. 

Existe uma interpretação alegórica para a terceira mão: tratando-se de uma mão feminina, parecida às outras duas da Virgem, há os que a vêem como a mão da Mãe de Deus que nos socorre em nossas necessidades, como o fez miraculosamente a João Damasceno. 

É a padroeira dos injustamente acusados e condenados e é uma devoção conhecida na Estônia.Tão logo o Califa soube do acontecido, reconhecendo a intervenção divina na defesa de João Damasceno, pediu-lhe perdão e a paz voltou a reinar.Roguemos a Virgem Mãe que nos ajude sempre a testemunhar a fé e a verdade e que São João Damasceno nos inspire a viva confiança na Justiça Divina. Amém. 


Senhora Imaculada, eu vos imploro em nome de Seu Santo Filho Jesus, que da mesma forma que reparaste a injustiça feita contra São João Damasceno, que interceda a meu favor na situação que me encontro (faça o pedido), se o Pai todo poderoso o permitir. Que assim seja.

terça-feira, 27 de junho de 2017

O simbolismo do ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro


O quadro foi pintado no estilo bizantino da Igreja Oriental. O objectivo desse estilo de arte não é mostrar uma cena ou pessoas, mas transmitir uma mensagem espiritual.

1. Em grego as letras significam: Mãe de Deus.

2. O quadro original foi coroado em 1867.

3. A estrela significa que Maria nos guia até Jesus, guindo-nos no mar da vida até ao porto da salvação.

4. Abreviação do Arcanjo São Miguel.

5. O Arcanjo São Miguel apresenta a lança, a vara com a esponja e o cálice da amargura.

6. A boca de Maria guarda silêncio.

7. Túnica vermelha cor da realeza.

8. O Menino Jesus segura as mãos de Maria que não segura as mãos do Menino Deus, permanecendo aberta, como forma de convite para pormos as nossas mãos na sua, unindo-nos a Jesus; e os dedos que apontam para o Filho mostram que Ele é o caminho.

9. Abreviação do Arcanjo São Gabriel.

10. Maria olha directamente para nós, não para Jesus nem para o Céu nem para os anjos.

Vive-se um novo clima entre os cristãos, diz Secretário da FLM


“Hoje colhemos os frutos do diálogo teológico dos últimos decênios”, nos quais foram dados mais passos em frente do que em todos os séculos precedentes.

Foi o que afirmou ao semanário espanhol “Alfa y Omega” o Secretário Geral da Federação Luterana Mundial, Reverendo Martin Junge, à margem do Congresso de Teologia Ecumênica realizado nos dias passados na Pontifícia Universidade de Salamanca.

Releitura histórica

O pastor chileno fala de um “novo clima” existente entre as Igrejas cristãs, que se manifesta sobretudo no esforço de “fazer uma releitura da história de uma outra maneira”.

Mesmo consciente da persistência de grandes diferenças de opinião, como por exemplo sobre a sucessão apostólica, sobre o conceito de Sacramentos (em particular a Eucaristia) e sobre a ordenação de mulheres, a vontade expressa pela Comissão luterano-católica romana sobre a unidade, por meio do documento “Do conflito à comunhão”, exorta a não abater-se diante dos obstáculos e a prosseguir o caminho iniciado.

Vaticano expressa preocupação por Bispo sequestrado por autoridades da China


O Vaticano demonstrou sua preocupação por Dom Pietro Shao Zhumin, Bispo da Diocese chinesa de Wenzhou, detido em maio pela polícia comunista do país e sobre o qual não há notícias.

Em um comunicado, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, assegurou que seguem “grave preocupação a situação pessoal de D. Pedro Shao Zhumin, bispo Wenzhou, afastado de forma forçada da sua sede episcopal há já algum tempo”.

“A comunidade católica diocesana e os familiares não têm notícias, não conhecem os motivos de seu afastamento nem o lugar onde está detido. Sobre isso, a Santa Sé, profundamente entristecida por este e por outros episódios semelhantes, que infelizmente não facilitam o caminho de entendimento, deseja que Dom Pedro Shao Zhumin possa regressar o quanto antes à diocese e que lhe seja garantido desenvolver serenamente o seu ministério episcopal”.

“Somos todos convidados – acrescenta o Vaticano – a rezar por Dom Pietro Shao Zhumin e pelo caminho da Igreja na China”.

Dom Shao pertence à Igreja chamada “subterrânea”, ou seja, fiel a Roma e, portanto, em comunhão com o Vaticano e o Papa Francisco e separado da igreja patriótica chinesa controlada pelo governo.

A Infabilidade da Igreja em matéria de fé e moral


Para levar os homens à salvação, pelo conhecimento da verdade (1Tm 3,15), o Senhor garantiu à Igreja, por meio do Sagrado Magistério, a infalibilidade naquilo que se refere à salvação dos fiéis; isto é, nos ensinamentos doutrinários (fé e moral). Assim, a mensagem do Evangelho não ficaria à mercê da manipulação dos homens, como sempre se tentou na história da Igreja.

Sem a garantia da infalibilidade para o Magistério da Igreja, podemos dizer que teria sido inútil a Revelação Divina, pois ela seria deteriorada ao chegar até nós, e não teria a força da salvação.

Missão da Igreja

Papa São João Paulo II, ao apresentar o novo Catecismo, afirmou, na introdução da Constituição Apostólica Fidei Depositum : “Guardar o depósito da fé é a missão que o Senhor confiou à Sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos”.

Essa é, portanto, a missão sagrada que a Igreja recebeu do Senhor: guardar o depósito da fé, intacto; e isso a Igreja sempre fez e faz. É com essa finalidade que a Santa Sé possui a Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, encarregada de zelar pela pureza da doutrina em todo o mundo católico.

A Igreja tem a missão de fazer resplandecer a verdade do Evangelho, afirma o saudoso Papa São João Paulo II.

A grande preocupação da Igreja sempre foi ser fiel ao Senhor, guardando intacto aquilo que d’Ele recebeu, o depositum fidei (depósito da fé) ou, como dizia São Paulo a Timóteo e a Tito: a sã doutrina (cf. 1 Tm 4,6; 2 Tm 1,14-4,3; Tt 1,9-2,7).

São Cirilo de Alexandria


São Cirilo, Patriarca de Alexandria, sobrinho e sucessor do Patriarca Teófilo, governou a Igreja de Alexandria durante 23 anos. Fechou todas as igrejas novacianas, expulsou da cidade os judeus, o que lhe importou grave conflito com o governador Orestes. Opôs-se com toda a energia à heresia nestoriana.

Cirilo nasceu no ano de 370, no Egito. Era sobrinho de Teófilo, bispo de Alexandria, e substituiu o tio na importante diocese do Oriente de 412 até 444, quando faleceu aos setenta e quatro anos de idade.

Foram trinta e dois anos de episcopado, durante os quais exerceu forte liderança na Igreja, devido à rara associação de um acurado e profundo conhecimento teológico e de uma humildade e simplicidade próprias do pastor de almas. Deixou muitos escritos e firmou a posição da Igreja no Oriente. Primeiro, resolveu o problema com os judeus que habitavam a cidade: ou deixavam de atacar a religião católica ou deviam mudar-se da cidade. Depois, foi fechando as igrejas onde não se professava o verdadeiro cristianismo.

Mas sua grande obra foi mesmo a defesa do dogma de Maria, como a Mãe de Deus. Ele se opôs e combateu Nestório, patriarca de Constantinopla, que professava ser Maria apenas a mãe do homem Jesus e não de Um que é Deus, da Santíssima Trindade, como está no Evangelho. Por esse erro de pregação, Cirilo escreveu ao papa Celestino, o qual organizou vários sínodos e concílios, onde o tema foi exaustivamente discutido. Em todos, esse papa se fez representar por Cirilo.

O mais importante deles talvez tenha sido o Concilio de Éfeso, em 431, no qual se concluiu o assunto com a condenação dos erros de Nestório e a proclamação da maternidade divina de Nossa Senhora. Além, é claro, de considerar hereges os bispos que não aceitavam a santidade de Maria.

Logo em seguida, todos eles, ainda liderados por Nestório, que continuaram pregando a tal heresia, foram excomungados. Contudo as ideias “nestorianas” ainda tiveram seguidores, até pouco tempo atrás, no Oriente. Somente nos tempos modernos elas deixaram de existir e todos acabaram voltando para o seio da Igreja Católica e para os braços de sua eterna rainha: Maria, a Santíssima Mãe de Deus.

Cultuado na mesma data por toda a Igreja Católica, do Oriente e do Ocidente, são Cirilo de Alexandria, célebre Padre da Igreja, bispo e confessor, recebeu o título de doutor da Igreja treze séculos após sua morte, durante o pontificado do papa Leão XIII.



Ó Deus, que iluminastes e conduzistes o bispo São Cirilo na proclamação de Maria Mãe de Deus, daí, aos que professam a maternidade divina, serem salvos pela encarnação do Vosso Filho. Que convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo. Amém.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Papa: «Não são os êxitos que contam, mas a fidelidade»


Papa Francisco

ANGELUS

Praça de São Pedro 
domingo, 25 de junho, 2017

Caros irmãos e irmãs, as minhas cordiais saudações!

No evangelho de hoje (cf. Mt 10, 26-33), o Senhor, depois de ter chamado e enviado os seus discípulos em missão, ensina-os e prepara-os para enfrentarem as dificuldades e as perseguições que vão encontrar.

Partir em missão, não é fazer turismo e Jesus avisa os seus discípulos: encontrareis perseguições. Ele exorta-os desta maneira: “não tenhais medo dos homens, porque não há nada escondido que não venha a revelar-se […]. O que vos digo nas trevas, dizei-o na luz […]. E não tenhais medo dos que matam o corpo, mas não têm o poder de matar a alma (vv. 26-28). Só podem matar o corpo, não têm o poder e de matar a alma: desses não tenhais medo.

O envio em missão por Jesus não garante aos discípulos o êxito, nem os poupa a fracassos e sofrimentos. Eles devem considerar a possibilidade da rejeição e da perseguição. Isso mete medo, mas é a verdade. O discípulo é chamado a configurar a sua vida à de Cristo, que foi perseguido pelos homens, conheceu a rejeição, o abandono e a morte sobre a cruz.

Não há missão cristã sob o lema da tranquilidade! As dificuldades e as tribulações fazem parte da evangelização; através delas somos chamados a ver a ocasião de verificar a autenticidade da nossa fé e da nossa relação com Jesus. Devemos ver estas dificuldades como a possibilidade de sermos ainda mais missionários e de crescer na nossa confiança em Deus, nosso Pai, que não abandona os seus filhos na hora da tempestade.

Nas dificuldades do testemunho cristão no mundo, nunca somos esquecidos, mas sempre assistidos pela solicitude atenta do Pai. É por isso que no evangelho de hoje, Jesus dá confiança aos seus discípulos, dizendo por três vezes: não tenhais medo!