sexta-feira, 27 de maio de 2016

Testemunha interior



 
Quem é escarnecido por seu amigo, como eu, invocará a Deus que o atenderá. Com freqüência o espírito fraco, ao receber o bafejo da fama humana por suas boas ações, deixa-se levar para as alegrias exteriores, chegando a interessar-se menos pelo que deseja interiormente. Deleita-se, então, languidamente no que ouve de fora. Alegra-se mais por ser chamado de bem-aventurado do que por sê-lo de fato. Esperando com avidez as palavras de elogio, abandona o que começara a ser. Separa-se de Deus justamente naquilo que deveria ser louvado em Deus.

Às vezes, ao contrário, o homem firma-se com constância no agir reto e, no entanto, é maltratado pelas zombarias humanas. Faz coisas admiráveis e só encontra opróbrios. Podendo exteriorizar-se pelos louvores, é repelido pelas afrontas e volta-se para dentro de si mesmo. Em seu íntimo, enche-se de tanto maior força em Deus quanto não encontra fora onde repousar. Fixa toda a sua esperança no Criador e, entre as zombarias ruidosas invoca sua única testemunha, a interior. Torna-se assim o espírito aflito, tanto mais próximo de Deus quanto mais estranho aos aplausos humanos. Expande-se sem cessar em oração e, premido no exterior, com mais nitidez se purifica para penetrar nos bens interiores. É com razão, pois, que aqui se diz: Quem é escarnecido pelo amigo, como eu, invocará a Deus que o atenderá, porque quando os maus censuram a intenção dos bons, revelam que testemunha desejam para seus atos. O espírito ferido mune-se de força pela oração e alcança ouvir dentro de si as palavras do alto por ter-se separado do louvor humano.

É de notar a justeza do inciso: como eu; pois há alguns que são depreciados pelas críticas humanas, mas que não são atendidos pelos ouvidos divinos. Porque a zombaria provocada pela culpa não importa em nenhum mérito da virtude.

Ri-se da simplicidade do justo: a sabedoria deste mundo está em esconder as maquinações do coração, velar o sentido das palavras, mostrar como verdadeiro o que é falso, demonstrar ser errado aquilo que é verdadeiro.

Pelo contrário, a sabedoria dos justos consiste em nada fingir por ostentação; declarar o sentido das palavras; amar as coisas verdadeiras tais como são; evitar as falsas; fazer o bem gratuitamente; preferir tolerar de bom grado o mal a fazê-lo; não procurar vingança contra a injúria; reputar lucro a afronta, em bem da verdade. Zomba-se, porém, desta simplicidade dos justos porque para os prudentes deste mundo a virtude da pureza de coração é tida por loucura. Tudo quanto se faz com inocência, eles reputam tolice e aquilo que a verdade aprova nas ações, soa falso à sabedoria humana.



Dos Livros “Moralia” sobre Jó, de São Gregório Magno, papa
(Lib. 10,47-48: PL75,946-947)
(Séc.VI)

Como explicar às crianças sobre a morte?


Como explicar a uma criança que uma pessoa querida faleceu? A morte pode ser algo muito complicado na cabeça dos adultos, mas talvez uma criança possa nos surpreender.

1. É importante explicar de forma clara a nossos filhos o acontecido. Não é bom dizer que a pessoa falecida foi viajar, nem dizer que dormiu. Ambas afirmações criam nas crianças a ideia de que esta pessoa retornará de sua viagem ou despertará de seu sono. Sabe-se também que algumas crianças que temem dormir porque identificaram o sono com a morte.

Não se deve temer o uso de palavras como “morte” ou “morto” que, nas crianças maiores, dará uma ideia clara do que aconteceu

2. Não é bom ser muito detalhado sobre como aconteceu a morte do ser querido, a explicação deve ser breve e clara.

3. Deve-se estar atento e esquadrinhar os sentimentos das crianças já que, os mais pequenos, costumam ter a sensação de ser culpáveis da morte do ser querido. Deve ser explicado de forma clara que o que eles tenham dito ou pensado não provocou a morte do ser querido.

4. As crianças, segundo suas idades, entendem a morte de diversas maneiras. Em geral os mais pequenos não entendem o significado da morte até os três anos. Entre os três e os cinco anos costumam considerar a morte como um estado reversível e temporário. Depois dos cinco anos entendem que a morte é um estado definitivo, mas até os dez anos não acreditam que possa acontecer com eles. Então aos dez anos costumam entender que a morte é um estado definitivo e que necessariamente todos chegamos a ela. Claro que isto não é matemático e muitas das crianças que já passaram pela triste experiência que significa perder um ser querido, costumam ser muito adiantados na compreensão deste fenômeno. 

Santo Agostinho de Cantuária


Agostinho era um monge beneditino num mosteiro fundado pelo Papa Gregório Magno. Foi justamente este Papa que ordenou o envio de missionários às ilhas britânicas. No final do século VI, o cristianismo já tinha chegado à Grã-Bretanha, mas a invasão dos bárbaros saxões da Alemanha atrasou sua propagação e quase destruiu totalmente o que fora implantado. Santo Agostinho renovou o trabalho missionário na nesta ilha. Em 597, para lá partiram quarenta monges, todos beneditinos, sob a direção do monge Agostinho. Todos desaconselhavam a missão. Mas, tendo recebido do Papa Gregório Magno a informação de que a época era propícia apesar dos perigos, pois o rei Etelberto, havia desposado a princesa católica Berta, filha do rei de Paris, ele resolveu corajosamente enfrentar os riscos. A chegada foi triunfante. Agostinho, com a ajuda de um intérprete, colocou ao rei as verdades cristãs e pediu permissão para pregá-las em seus domínios. O rei impressionou-se com a coragem do monge e ele mesmo recebeu o batismo, seguido de muitos súditos. Agostinho foi nomeado arcebispo da Cantuária, primeira diocese fundada por ele. Agostinho morreu no dia 25 de maio de 604, sendo sepultado na Igreja da Cantuária, que ainda guarda suas relíquias. 


Santo Agostinho da Cantuária intercedei por nós junto a Deus para que jamais temamos abraçar nossa missão e que nos sintamos sempre apoiados pelo poder divino, como o fostes para chegarmos a um feliz termo em nossa jornada. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Líderes pró-vida denunciam “golpe de estado jurídico” para aprovar aborto em toda América


A Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) poderia abrir as portas ao aborto em todo o continente, reinterpretando a Convenção Americana Sobre Direitos Humanos (Pacto de São José), advertiram recentemente diversos líderes pró-vida. Para um deles, o organismo internacional está executando um “golpe de estado jurídico” contra os direitos humanos.

No dia 19 de maio, a Corte IDH iniciou um processo aberto de consultas sobre três artigos do Pacto de São José. Entre estes estão o artigo 4.1, que reconhece o direito à vida desde a concepção.

“Toda pessoa tem o direito de que sua vida seja respeitada. Este direito estará protegido pela lei e, em geral, a partir do momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”, indica o artigo que a Corte IDH poderia interpretar.

A plataforma pró-vida CitizenGO fez um abaixo-assinado exigindo que a Corte Interamericana de Direitos Humanos respeite o direito à vida desde a concepção.

Para Gualberto García Jones, diretor executivo do International Human Rights Group e perito em direitos humanos, a consulta iniciada pela Corte IDH “não é nada mais do que uma tentativa de democratizar seu golpe de estado”.

Em declarações ao Grupo ACI, García Jones advertiu que “a Corte Interamericana pretende nada mais, nada menos que um golpe de estado jurídico aos direitos humanos, protegidos pela maioria das constituições nacionais e pela mesma convenção interamericana sobre os direitos humanos”.

“Em vez do direito à vida, quer impor o direito ao aborto; em vez do direito à integridade familiar, quer a destruição do conceito de família; em vez da liberdade religiosa, quer impor sua versão religiosa à força”, denunciou.

Portugal: Corpo de Deus volta a ser feriado nacional.


Os portugueses voltam hoje a celebrar à quinta-feira, em dia de feriado nacional, a solenidade litúrgica do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, conhecida popularmente como Corpo de Deus, uma celebração com raízes medievais.

Desde o século XII, muitas localidades portuguesas unem-se á celebração da festa do Corpo de Deus, invocadora do "triunfo do amor de Cristo pelo Santíssimo Sacramento da Eucaristia".

A Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo, conhecida popularmente como "Corpo de Deus", começou a ser celebrada há mais de sete séculos e meio, em 1246, na cidade de Liège, na atual Bélgica, tendo sido alargada à Igreja latina pelo Papa Urbano IV através da bula "Transiturus", em 1264, dotando-a de missa e ofício próprios.

Na origem, a solenidade constituía uma resposta a heresias que colocavam em causa a presença real de Cristo na Eucaristia, tendo-se afirmado também como o coroamento de um movimento de devoção ao Santíssimo Sacramento.

Teria chegado a Portugal provavelmente nos finais do século XIII e tomou a denominação de Festa de Corpo de Deus, embora o mistério e a festa da Eucaristia seja o Corpo de Cristo.

Esta exultação popular à Eucaristia é manifestada no 60° dia após a Páscoa e forçosamente a uma quinta-feira, fazendo assim a união íntima com a Última Ceia de Quinta-feira Santa.

Em 1311 e em 1317 foi novamente recomendada pelo Concílio de Vienne (França) e pelo Papa João XXII, respectivamente.

Só durante a Idade Média se registra, no Ocidente, um culto dirigido mais deliberadamente à presença eucarística, dando maior relevo à adoração; no século XII é introduzido um novo rito na celebração da Missa: a elevação da hóstia consagrada, no momento da consagração.

No século XIII, a adoração da hóstia desenvolve-se fora da missa e aumenta a afluência popular à procissão do Santíssimo Sacramento.

Ó precioso e admirável banquete!




O unigênito Filho de Deus, querendo fazer-nos participantes da sua divindade, assumiu nossa natureza, para que, feito homem, dos homens fizesse deuses.

Assim, tudo quanto assumiu da nossa natureza humana, empregou-o para nossa salvação. Seu corpo, por exemplo, ele o ofereceu a Deus Pai como sacrifício no altar da cruz, para nossa reconciliação; seu sangue, ele o derramou ao mesmo tempo como preço do nosso resgate e purificação de todos os nossos pecados.

Mas, a fim de que permanecesse para sempre entre nós o memorial de tão imenso benefício, ele deixou aos fiéis, sob as aparências do pão e do vinho, o seu corpo como alimento e o seu sangue como bebida. Ó precioso e admirável banquete, fonte de salvação e repleto de toda suavidade! Que há de mais precioso que este banquete? Nele, já não é mais a carne de novilhos e cabritos que nos é dada a comer, como na antiga Lei, mas é o próprio Cristo, verdadeiro Deus, que se nos dá em alimento. Poderia haver algo de mais admirável que este sacramento?

De fato, nenhum outro sacramento é mais salutar do que este; nele os pecados são destruídos, crescem as virtudes e a alma é plenamente saciada de todos os dons espirituais.

É oferecido na Igreja pelos vivos e pelos mortos, para que aproveite a todos o que foi instituído para a salvação de todos.

Ninguém seria capaz de expressar a suavidade deste sacramento; nele se pode saborear a doçura espiritual em sua própria fonte; e torna-se presente a memória daquele imenso e inefável amor que Cristo demonstrou para conosco em sua Paixão.

Enfim, para que a imensidade deste amor ficasse mais profundamente gravada nos corações dos fiéis, Cristo instituiu este sacramento durante a última Ceia, quando, ao celebrar a Páscoa com seus discípulos, estava prestes a passar deste mundo para o Pai. A Eucaristia é o memorial perene da sua Paixão, o cumprimento perfeito das figuras da Antiga Aliança e o maior de todos os milagres que Cristo realizou. É ainda singular conforto que ele deixou para os que se entristecem com sua ausência.


Das Obras de Santo Tomás de Aquino, presbítero
(Opusculum 57, In festo Corporis Christi, lect. 1-4)              (Séc.XIII)

Eucaristia: prisioneiro de amor


Há um Prisioneiro num cárcere pequeno. O cativo é Rei de reis, Senhor de senhores. Esse cárcere diminuto é o Sacrário: chama-se Prisão de Amor (cfr. São Josemaría Escrivá, Forja, nº 827), porque o delito é de amor. Sendo Deus, veio a ser homem. Eterno, assumiu o tempo. Invulnerável, quis padecer. Onipotente, ficou inerme sobre o Presépio de Belém. Todo poderoso, foi fugitivo, cruzando desertos de amor cheios de areia. Criador do Universo, trabalhou com fadiga por muitos anos na oficina de José. Onipresente, caminhou passo a passo, incansável, pelos caminhos da Palestina. Grossas gotas de sangue escorreram da sua pele até o chão de Getsêmani. Entregou-se – porque quis – a uma flagelação cruel, à coroação de espinhos. Abraçou a Cruz e deixou-se cravar nela, entre dois ladrões, ao som dos insultos blasfemos das suas criaturas. Tudo sem necessidade, por puro amor, para redimir os pecados de todos e de cada um dos homens e para abrir-lhes as portas do Paraíso.

“Sob as espécies do pão e do vinho está Ele, realmente presente com o Seu Corpo e com o Seu Sangue, com a Sua Alma e com a Sua Divindade. Juntando-se a isso um infinito amor, o que haveria de obter-se senão o maior milagre e a maior maravilha?” (João Paulo II, Homilia, 9 VII 1980)

Poderia alguém dizer que é “justo” que estejas aí, Jesus, na tua prisão, indefeso, mais do que em Belém, do que em Nazaré, do que no Calvário? Pois sim, digo que é justo, justíssimo, porque nos roubaste o coração, e o fizeste com “agravantes”. Por que te excedeste tanto no teu amor? Por que nos amas assim, com essa loucura incrível? Não bastava uma só gota do teu Sangue para redimir um bilhão de mundos? Não bastava apenas um só dos teus suspiros? Por acaso não era suficiente apenas a tua Encarnação no seio virginal de Maria Santíssima? Por que tanta dor, por que tanto tormento, por quê?...

É justo, Senhor, que agora estejas aí, cativo na tua pequena prisão escura! Roubaste-nos o coração! É justo com essa justiça maravilhosa, que na sublime simplicidade divina funde-se com o amor, com a misericórdia, com a generosidade, com a verdade, com a liberdade, com a beleza, com a harmonia, com a alegria... É justo que estejas preso porque amas infinitamente, porque te excedeste, e quem se excede tem que pagar por isso! Cumpres a tua expiação no Sacrário.

O que não é de modo algum justo é que eu fique indiferente, ou que te esqueça e passe horas sem me lembrar do teu amoroso cativeiro. Não é justo que passe um só dia sem te visitar no Sacrário ao menos uma vez. Não é justo que o Sacrário não seja o ímã dos meus pensamentos, palavras e obras. Não é justo que – tendo Tu roubado-me o coração – eu não esteja onde está o meu tesouro. Por isso renovo agora o meu propósito de centrar a minha vida no teu cárcere de amor. E sempre que possa, ainda que seja só por uns breves instantes, irei visitar-te para dizer-te: “Adoro-te com devoção, Deus Escondido!” (Hino Adoro te devote). Com uma genuflexão pausada (ia dizer “solene”) direi: Adoro a tua presença real sob as aparências do pão, que já não é pão pois tem a tua substância: o teu Corpo, o teu Sangue, a tua Alma humana, a tua Divindade, com o Pai e o Espírito Santo. 

São Filipe Néri


Nascido em Florença, Itália, em 21 de julho de 1515, Filipe Néri pertencia a uma família rica. Junto com a irmã Elisabete, foi educado pela madrasta. Filipe surpreendia pela alegria, bondade, lealdade e inteligência. Cresceu na sua terra natal, estudando e trabalhando com o pai, sem demonstrar vocação para vida religiosa, mesmo frequentando regularmente a igreja. Em 1535, aceitou o convite para ser o tutor dos filhos de uma nobre e rica família, estabelecida em Roma. Nessa cidade foi estudar Filosofia e Teologia com os agostinianos. No tempo livre praticava a caridade junto aos pobres e necessitados, atividade que exercia com muito entusiasmo e alegria, principalmente com os pequenos órfãos de filiação ou de moral. Somente aos trinta e seis anos de idade ele se consagrou sacerdote, sendo designado para a igreja de São Jerônimo da Caridade. Tão grande era sua consciência dos problemas da comunidade que formou um grupo de religiosos e leigos para discutir os problemas, rezar, cantar e estudar o Evangelho. Filipe se preocupou com a integração das minorias e a educação dos meninos de rua. Com bom humor, ele dizia aos que reclamavam do barulho das crianças: "Contanto que os meninos não pratiquem o mal, eu ficaria contente até se eles me quebrassem paus na cabeça". Viveu até o dia 26 de maio de 1595. São Filipe Néri é chamado até hoje de: Santo da alegria e da caridade. 


Ó Pai, pela vossa misericórdia, São Felipe Néri anunciou as insondáveis riquezas de Cristo. Concedei-nos, por sua intercessão, crescer no vosso conhecimento e viver na vossa presença segundo o Evangelho, frutificando em boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.