terça-feira, 30 de junho de 2015

Cerca de 2,5 milhões de devotos são esperados para Festa do Divino Pai Eterno 2015


Teve início nesta sexta-feira, a festa do Divino Pai Eterno, em Trindade (GO). O grande dia da comemoração é sempre o primeiro domingo de julho – neste ano, dia 5 –, mas, nos nove dias anteriores, já há vasta programação que inclui Missas, novenas, romarias. Segundo a organização, são esperadas cerca de 2,5 milhões pessoas.

De acordo com o reitor do Santuário Basílica do Divino Pai eterno, Padre Edinisio Pereira, tudo foi preparado para receber romeiros de todas as partes do país. “Ao chegar a Trindade, o romeiro vai sentir a acolhida, um ambiente propício à oração, à fraternidade”, afirmou.

Neste ano, a festa tem como tema “Consagrados ao Pai Eterno”, inspirado na carta do Papa Francisco por ocasião do Ano da Vida Consagrada. Segundo o reitor, a proposta é que os romeiros façam a renovação da fé. “O que os devotos vão receber aqui é para ser colocado em prática nas suas comunidades, nos locais de trabalho, em suas vidas, vivendo os valores do Evangelho”, pontuou.

Durante os dez dias de festas, serão 115 Missas, 45 novenas, 30 orações de terço e 11 procissões, além de centenas de Batizados e milhares de confissões. Mas, a tradição dessa festividade são as romarias. Muitos devotos percorrem, a pé, o trajeto entre os municípios de Goiânia e Trindade, com cerca de 18 km, como forma de pagar promessas, pedir graças e agradecer bênçãos alcançadas. 

Como NÃO pregar um sermão

Conselho de um padre para os padres

A exortação apostólica "Evangelii Gaudium", do papa Francisco, nos traz várias dicas sobre como dar a homilia de domingo. As diretrizes sobre a pregação, da Congregação para o Culto Divino, analisam a natureza da homilia litúrgica. Juntamente com esses conselhos vindos diretamente da Santa Sé, eu gostaria, como veterano de 60 anos no mundo e 30 anos no púlpito, de oferecer as minhas próprias sugestões sobre como NÃO pregar uma homilia.

1. Faça com que tudo gire em torno de você.

Dê um sermão rigorosamente autobiográfico. Os fiéis vieram à missa com uma vontade incontrolável de saber tudo sobre as suas últimas férias. Não há necessidade alguma de falar daquela peculiar leitura sobre Abraão, Isaac e a faca.

Eu ouvi, recentemente, um sermão sobre as meias de um padre. O padre explicou o quanto é difícil manter juntos os pares de meias. Falou do seu sabão em pó preferido para lavar as meias e das vantagens de estendê-las no varal. Disse que, entre os padres, existe uma polêmica sobre o que é mais adequado: usar meias listradas ou totalmente pretas (essa foi nova para mim). Ficamos todos esperando por alguma relação entre as meias e a vida espiritual. Será que a meia perdida seria mais ou menos como a ovelha perdida na parábola do Bom Pastor? O mistério não foi desvendado. A homilia terminou com a revelação de que o padre às vezes acha difícil lavar a roupa.

Em outra ocasião, ouvi um sermão em que o pregador falava do ressentimento. O tema tinha a ver com o Evangelho, que tratava das disputas e ciúmes entre os apóstolos. Como aquecimento para o assunto, o pregador descreveu os próprios ressentimentos para com seu irmão (que era esportista e ganhava muitas medalhas), para com um professor da sexta série (que era muito crítico) e para com a sua querida mãe (que era um pouco distante dos filhos).

Caro padre, você não foi ordenado para contar a sua própria história. Você foi ordenado para proclamar outra Pessoa.

2. Deixe tudo nas mãos do Espírito Santo: não há qualquer necessidade de preparar a homilia.

Um dos gêneros homiléticos mais populares hoje em dia consiste em guiar os fiéis por uma espécie de excursão de 20 minutos por entre vários mundos paralelos. O pregador vai descarregando todo um catálogo de pensamentos aleatórios e desconexos. Um padre nos contou, em outro recente sermão improvisado, que Samuel tinha ouvido um barulho parecido com um sussurro, que devemos ter paciência com as pessoas que estão perdendo a audição, que o comparecimento na quermesse de Natal foi ótimo (aplausos dos fiéis ouvintes), que os recentes acontecimentos no Oriente Médio são perturbadores e que devemos ser cuidadosos com as coisas que postamos no Facebook. Ah, sim, e também que houve um erro no boletim da paróquia: a segunda coleta será destinada ao coral e não às bolsas de estudo para o ensino fundamental.

Tudo bem, padre: você está sobrecarregado. Mesmo assim, os seus paroquianos têm direito a um sermão que tenha começo, meio e fim. Eles desejam uma luz espiritual clara, fundamentada na Escritura, fruto da sua oração e do seu estudo sobre as lições bíblicas.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Maria, Pedro e Paulo são nossos guias no caminho da fé e da santidade


PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça São Pedro
Segunda-feira, 29 de Junho de 2015

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

A Solenidade de hoje dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo é celebrada, como vocês sabem, pela Igreja, mas é vivida com alegria particular pela Igreja de Roma, porque o testemunho deles, selado com sangue, tem nessa sua fundação. Roma nutre especial carinho e gratidão por esses homens de Deus, que vieram de uma terra distante para proclamar, com suas vidas, o Evangelho de Cristo ao qual se dedicaram totalmente. O legado glorioso destes dois Apóstolos é fonte de orgulho espiritual para Roma e, ao mesmo tempo, um convite para viver as virtudes cristãs, especialmente a fé e a caridade: a fé em Jesus como Messias e Filho de Deus, que Pedro professou primeiro e Paulo proclamou às nações; e a caridade, que essa Igreja é chamada a servir com horizonte universal.

Na oração do Angelus, em memória dos santos Pedro e Paulo associamos também a de Maria, imagem viva da Igreja, esposa de Cristo, que os dois Apóstolos "fecundaram com o seu sangue" (antífona de entrada da Missa do dia). Pedro conheceu pessoalmente a Maria e conversando com ela, especialmente nos dias antes de Pentecostes (cf. At 1,14), foi capaz de aprofundar o seu conhecimento do mistério de Cristo. Paulo, ao anunciar o cumprimento do plano de salvação "na plenitude do tempo", não deixou de recordar a "mulher" de quem o Filho de Deus nasceu no tempo (cf. Gal 4,4). Na evangelização dos dois Apóstolos aqui em Roma, há também as raízes da profunda e secular devoção dos romanos à Virgem, especialmente invocada como Salus Populi Romani. Maria, Pedro e Paulo são nossos companheiros de viagem na busca por Deus; são nossos guias no caminho da fé e da santidade; eles nos levam para Jesus, para fazer tudo o que Ele nos pede. Invoquemos a ajuda deles, para que os nossos corações possam estar sempre abertos para as sugestões do Espírito Santo e para o encontro com os irmãos.

Na celebração eucarística, que foi realizada esta manhã na Basílica de São Pedro, eu abençoei o pálio dos arcebispos metropolitanos nomeados no último ano, provenientes de várias partes do mundo. Renovo as minhas saudações e votos de felicidades a eles, aos familiares e àqueles que os acompanham nesta importante ocasião, e espero que o pálio, além de aumentar os vínculos de comunhão com a Sé de Pedro, seja estímulo para um serviço mais generoso às pessoas confiadas ao seu zelo pastoral. Na mesma liturgia eu tive o prazer de saudar os membros da delegação que chegou a Roma em nome do Patriarca Ecumênico Bartolomeu I, caríssimo irmão, para participar, como todos os anos, da festa dos santos Pedro e Paulo. Também essa presença é sinal do vínculo fraterno existente entre as nossas Igrejas. Rezemos para que seja reforçado o caminho da unidade entre nós.

A nossa oração hoje é especialmente para a cidade de Roma, para seu bem estar espiritual e material: a graça divina sustente o povo romano, para que vivam em plenitude a fé cristã, testemunhada com zelo intrépido pelos Santos Pedro e Paulo. Interceda por nós a Santíssima Virgem, Rainha dos Apóstolos.

(Depois do Angelus) 

Dia de São Pedro e São Paulo: Papa destaca fé e testemunho


SANTA MISSA E BÊNÇÃO DOS PÁLIOS
PARA OS NOVOS ARCEBISPOS METROPOLITANOS
NA SOLENIDADE DOS SANTOS APÓSTOLOS PEDRO E PAULO

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Basílica Vaticana
Segunda-feira, 29 de Junho de 2015

A leitura tirada dos Atos dos Apóstolos fala-nos da primeira comunidade cristã assediada pela perseguição. Uma comunidade duramente perseguida por Herodes, que «mandou matar à espada Tiago (...) e mandou também prender Pedro (...). Depois de o mandar prender, meteu-o na prisão» (12, 2-4).

Mas não quero deter-me nas atrozes, desumanas e inexplicáveis perseguições, infelizmente ainda hoje presentes em tantas partes do mundo, muitas vezes sob o olhar e o silêncio de todos. Prefiro hoje venerar a coragem dos Apóstolos e da primeira comunidade cristã; a coragem de levar por diante a obra de evangelização, sem medo da morte nem do martírio, no contexto social dum império pagão; venerar a sua vida cristã, que para nós, crentes de hoje, é um forte apelo à oração, à fé e ao testemunho.

Um apelo à oração. A comunidade era uma Igreja em oração: «Enquanto Pedro estava encerrado na prisão, a Igreja orava a Deus, instantemente, por ele» (At 12, 5). E, pensando em Roma, as catacumbas não eram lugares para escapar das perseguições, mas principalmente lugares de oração, para santificar o domingo e para elevar, do seio da terra, uma adoração a Deus que nunca esquece os seus filhos.

A comunidade de Pedro e Paulo ensina-nos que uma Igreja em oração é uma Igreja de pé, sólida, em caminho! Na verdade, um cristão que reza é um cristão protegido, guardado e sustentado, mas sobretudo não está sozinho.

E a primeira leitura continua: «Diante da porta estavam sentinelas de guarda à prisão. De repente apareceu o anjo do Senhor e a masmorra foi inundada de luz. O anjo despertou Pedro, tocando-lhe no lado (…) e as correntes caíram-lhe das mãos» (12, 6-7). 

Carta Circular sobre os abusos sexuais contra menores por parte de clérigos


 CARTA CIRCULAR

para ajudar as Conferências Episcopais na preparação de linhas diretrizes
no tratamento dos casos de abuso sexual contra menores por parte de clérigos

Dentre as importantes responsabilidades do Bispo diocesano para assegurar o bem comum dos fiéis e, especialmente das crianças e dos jovens, existe o dever de dar uma resposta adequada aos eventuais casos de abuso sexual contra menores, cometidos por clérigos na própria diocese. Tal resposta implica a instituição de procedimentos capazes de dar assistência às vítimas de tais abusos, bem como a formação da comunidade eclesial com vistas à proteção dos menores. Tal resposta deverá prover à aplicação do direito canônico neste campo, e, ao mesmo tempo, levar em consideração as disposições das leis civis.

I.     Apectos gerais:

a)   As vítimas do abuso sexual:

A Igreja, na pessoa do Bispo ou de um seu delegado, deve se mostrar pronta para ouvir as vítimas e os seus familiares e para se empenhar na sua assistência espiritual e psicológica. No decorrer das suas viagens apostólicas, o Santo Padre Bento XVI deu um exemplo particularmente importante com a sua disposição para encontrar e ouvir as vítimas de abuso sexual. Por ocasião destes encontros, o Santo Padre quis se dirigir às vítimas com palavras de compaixão e de apoio, como aquelas que se encontram na sua Carta Pastoral aos Católicos da Irlanda (n. 6): “Sofrestes tremendamente e por isto sinto profundo desgosto. Sei que nada pode cancelar o mal que suportastes. Foi traída a vossa confiança e violada a vossa dignidade.”

b)   A proteção dos menores:

Em algumas nações foram lançados, em âmbito eclesiástico, programas educativos de prevenção, a fim de assegurar “ambientes seguros” para os menores. Tais programas tentam ajudar os pais, e também os operadores pastorais ou escolásticos, a reconhecer os sinais do abuso sexual e a adotar as medidas adequadas. Os supracitados programas mereceram amiúde um reconhecimento como modelos na luta para eliminar os casos de abuso sexual contra menores nas sociedades hodiernas. 

domingo, 28 de junho de 2015

Ângelus: Papa recusa confusões entre ressurreição e reencarnação


PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça São Pedro
Domingo, 28 de Junho de 2015 

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O Evangelho de hoje apresenta a história da ressurreição de uma jovem de doze anos de idade, filha de um dos chefes da sinagoga, que cai aos pés de Jesus e lhe implora: "Minha filhinha está nas últimas; Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva" (Marcos 5,23). Nesta oração nós sentimos a preocupação de todos os pais pela vida e pelo bem de seus filhos. Mas também sentimos a grande fé que este homem tem em Jesus. E quando chega a notícia de que a menina está morta, Jesus diz: "Não temas, crê somente" (v 36). Nos dá coragem estas palavras de Jesus! Ele diz também a nós, tantas vezes: "Não temas, crê somente". Ao entrar em casa, o Senhor manda embora todas as pessoas que choram e gritam, se dirige à jovem morta e diz: "Menina, eu te digo: levanta-te!" (V. 41). No mesmo instante, a menina se levantou e começou a andar. Aqui se vê o poder absoluto de Jesus sobre a morte física, que para Ele é como um sono do qual se pode despertar.

Nesta narração, o Evangelista insere outro episódio: a cura de uma mulher que há doze anos sofria de perda de sangue. Por causa desta doença que, de acordo com a cultura da época, a tornava "impura", ela deveria evitar todo contato humano: pobrezinha, estava condenada a uma morte civil. Esta mulher anônima, em meio à multidão que segue Jesus, diz: "Se ao menos eu tocar suas roupas, serei salva" (v. 28). E assim acontece: a necessidade de ser libertada a impulsiona a ousar e a fé "rasga”, por assim dizer, de Jesus a cura. Quem crê "toca" em Jesus e obtém dele a graça que salva. A fé é isso: tocar Jesus e tirar-lhe a graça que salva. Nos salva, salva a nossa vida espiritual, nos salva de muitos problemas. Jesus percebe isso e, em meio à multidão, procura o rosto da mulher. Ela aproxima-se trêmula e Ele diz: "Minha filha, a tua fé te salvou" (v. 34). É a voz do Pai Celeste que fala em Jesus: "Filha, você não é amaldiçoada, você não é excluída, você é minha filha". E cada vez que Jesus vem a nós, quando vamos a Ele com fé, nós ouvimos do Pai: "Filho, você é meu filho, você é minha filha! Você está curado, você está curada. Eu perdoo tudo e todos. Eu curo tudo e todos".

Estes dois episódios - a cura e a ressurreição - têm um único centro: a fé. A mensagem é clara, e pode ser resumida em uma pergunta: cremos que Jesus pode curar e pode nos despertar da morte? Todo o Evangelho é escrito à luz desta fé: Jesus ressuscitou, ele venceu a morte, e por causa desta vitória também nós ressuscitaremos. Esta fé, que para os primeiros cristãos era segura, pode obscurecer-se e tornar-se incerta, a ponto de alguns confundirem ressurreição com reencarnação. A Palavra de Deus deste domingo nos convida a viver na certeza da ressurreição: Jesus é o Senhor, Jesus tem poder sobre o mal e sobre a morte, e quer nos levar para a casa do Pai, onde reina a vida. E lá nos encontraremos, todos nós que estamos aqui na Praça hoje, nos encontraremos na casa do Pai, na vida que Jesus nos dará.

A Ressurreição de Cristo age na história como princípio de renovação e de esperança. Quem estiver desesperado e extenuado, se confiar em Jesus e no seu amor pode recomeçar a viver. Começar uma nova vida, mudar de vida é uma forma de ressurgir, de ressuscitar. A fé é uma força de vida, dá plenitude à nossa humanidade; e quem crê em Cristo, deve ser reconhecido por promover a vida em qualquer situação, por possibilitar a todos, especialmente aos mais vulneráveis, o amor de Deus que liberta e salva.

Peçamos ao Senhor, por intercessão de Nossa Senhora, o dom de uma fé forte e corajosa, que nos impulsiona a ser difusores de esperança e de vida entre nossos irmãos.

(Depois do Angelus) 

Hoje, o Sucessor de Pedro tem nome de Francisco, e Francisco, o de Assis, encontrou um dia uma igreja em ruínas


Pedro vem de pedra, Pedro vem de Simão, Simão, irmão de André, Simão companheiro de Paulo, Pedro escolhido para confirmar os irmãos. Pedro, homem escolhido para fundamento, ponto de unidade, ainda que limitado e fraco. Apenas uma brincadeira com as palavras? Uma realidade, diante da qual nos inclinamos respeitosos, pela grandeza da obra realizada por Deus. Celebramos a Festa de São Pedro, e com ela a unidade e a missão da Igreja.

Hoje, o Sucessor de Pedro tem nome de Francisco, e Francisco, o de Assis, encontrou um dia uma igreja em ruínas, dedicada a São Damião. O Senhor crucificado lhe dirigiu a palavra, pedindo-lhe para reconstruir. Francisco entendeu "igreja" e Jesus queria dizer "Igreja", a Igreja! Aquela que está sempre em construção, pois, nascida como esposa imaculada do lado do Senhor crucificado, é confiada aos homens e mulheres de todos os tempos, até a volta do Senhor. Como edificá-la? Francisco de Assis entendeu: "Se você quiser servir a Deus, faça poucas coisas, mas as faça bem, pedra por pedra, com esperança de ver Jesus, dia após dia, com alegria!".

Há poucos dias estive mais uma vez com o Papa Francisco e tive a alegria de estar bem perto dele. Impressionou-me a naturalidade com que se relaciona com as pessoas, fazendo-se um com os cerca de mil e cem sacerdotes reunidos em Retiro na Basílica de São João de Latrão, em Roma. Depois, a profundidade de suas reflexões, destiladas em palavras que entram imediatamente no coração das pessoas. Quando respondia às perguntas feitas pelos padres, dirigia-se logo ao âmago dos problemas apresentados, sem medo dos desafios. Mais uma vez pediu orações a todos os presentes, dizendo com simplicidade "porque eu sou um pecador!". E a Santa Missa! Celebrada com intenso espírito de fé! Como o Pedro das margens do Mar da Galileia, o Francisco de hoje tem a missão de confirmar os irmãos! 

Considerações sobre os projetos de Reconhecimento Legal das Uniões entre pessoas Homossexuais.


CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ

CONSIDERAÇÕES
SOBRE OS PROJETOS
DE RECONHECIMENTO LEGAL
DAS UNIÕES ENTRE PESSOAS
HOMOSSEXUAIS

INTRODUÇÃO

1. Diversas questões relativas à homossexualidade foram recentemente tratadas várias vezes pelo Santo Padre João Paulo II e pelos competentes Dicastérios da Santa Sé.(1) Trata-se, com efeito, de um fenómeno moral e social preocupante, inclusive nos Países onde ainda não se tornou relevante sob o ponto de vista do ordenamento jurídico. A preocupação é, todavia, maior nos Países que já concederam ou se propõem conceder reconhecimento legal às uniões homossexuais, alargando-o, em certos casos, mesmo à habilitação para adoptar filhos. As presentes Considerações não contêm elementos doutrinais novos; entendem apenas recordar os pontos essenciais sobre o referido problema e fornecer algumas argumentações de carácter racional, que possam ajudar os Bispos a formular intervenções mais específicas, de acordo com as situações particulares das diferentes regiões do mundo: intervenções destinadas a proteger e promover a dignidade do matrimónio, fundamento da família, e a solidez da sociedade, de que essa instituição é parte constitutiva. Têm ainda por fim iluminar a actividade dos políticos católicos, a quem se indicam as linhas de comportamento coerentes com a consciência cristã, quando tiverem de se confrontar com projectos de lei relativos a este problema.(2) Tratando-se de uma matéria que diz respeito à lei moral natural, as seguintes argumentações são propostas não só aos crentes, mas a todos os que estão empenhados na promoção e defesa do bem comum da sociedade.

I. NATUREZA
E CARACTERÍSTICAS IRRENUNCIÁVEIS
DO MATRIMÓNIO

2. O ensinamento da Igreja sobre o matrimónio e sobre a complementaridade dos sexos propõe uma verdade, evidenciada pela recta razão e reconhecida como tal por todas as grandes culturas do mundo. O matrimónio não é uma união qualquer entre pessoas humanas. Foi fundado pelo Criador, com uma sua natureza, propriedades essenciais e finalidades.(3) Nenhuma ideologia pode cancelar do espírito humano a certeza de que só existe matrimónio entre duas pessoas de sexo diferente, que através da recíproca doação pessoal, que lhes é própria e exclusiva, tendem à comunhão das suas pessoas. Assim se aperfeiçoam mutuamente para colaborar com Deus na geração e educação de novas vidas.

3. A verdade natural sobre o matrimónio foi confirmada pela Revelação contida nas narrações bíblicas da criação e que são, ao mesmo tempo, expressão da sabedoria humana originária, em que se faz ouvir a voz da própria natureza. São três os dados fundamentais do plano criador relativamente ao matrimónio, de que fala o Livro do Génesis.

Em primeiro lugar, o homem, imagem de Deus, foi criado «  homem e mulher  » (Gn 1, 27). O homem e a mulher são iguais enquanto pessoas e complementares enquanto homem e mulher. A sexualidade, por um lado, faz parte da esfera biológica e, por outro, é elevada na criatura humana a um novo nível, o pessoal, onde corpo e espírito se unem.
Depois, o matrimónio é instituído pelo Criador como forma de vida em que se realiza aquela comunhão de pessoas que requer o exercício da faculdade sexual. «  Por isso, o homem deixará o seu pai e a sua mãe e unir-se-á à sua mulher e os dois tornar-se-ão uma só carne  » (Gn 2, 24).

Por fim, Deus quis dar à união do homem e da mulher uma participação especial na sua obra criadora. Por isso, abençoou o homem e a mulher com as palavras: «  Sede fecundos e multiplicai-vos  » (Gn 1, 28). No plano do Criador, a complementaridade dos sexos e a fecundidade pertencem, portanto, à própria natureza da instituição do matrimónio.

Além disso, a união matrimonial entre o homem e a mulher foi elevada por Cristo à dignidade de sacramento. A Igreja ensina que o matrimónio cristão é sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja (cf. Ef 5, 32). Este significado cristão do matrimónio, longe de diminuir o valor profundamente humano da união matrimonial entre o homem e a mulher, confirma-o e fortalece-o (cf. Mt 19, 3-12; Mc 10, 6-9).