quarta-feira, 14 de maio de 2014

“Missa negra” é cancelada em Harvard. Católicos vão às ruas, em oração.


A mobilização dos católicos na internet, nas ruas e na oração surtiu efeito. A “missa negra”, que estava programada para acontecer nas dependências da Universidade de Harvard, situada em Cambridge, foi cancelada. O evento seria realizado pelo “Templo Satânico” e obteve forte reprovação por parte da Arquidiocese de Boston e de católicos em várias partes do mundo.

Presidente da Harvard, Drew Faust

Uma nota foi emitida em nome da presidente da instituição, Drew Faust. No início, Faust explana sobre a liberdade de expressão, o que deu o aval para um grupo da universidade programar a realização da “missa negra”, mas arremata no parágrafo seguinte:

“A ‘missa negra’ teve suas origens históricas , como forma de denegrir a Igreja Católica; ele zomba de um evento profundamente sagrado no catolicismo, e é altamente ofensivo para muitos na Igreja e fora dela. A decisão por um clube de estudantes para patrocinar uma encenação desse ritual é abominável; ele representa uma afronta aos valores fundamentais da inclusão, pertencimento e respeito mútuo que deve definir a nossa comunidade. É profundamente lamentável que os organizadores deste evento, bem consciente da ofensa que estão causando tantos outros, optaram por prosseguir com uma forma de expressão que é tão flagrantemente desrespeitosos e inflamatória”.

Contudo, a presidente afirmou que a decisão de realizar o ato seria dos estudantes, entretanto, ela garantiria o direito de responder ao culto. E finalizou a nota:

“Eu pretendo participar de uma Hora Santa Eucarística e Bênção na Igreja de St. Paul em nosso campus na segunda-feira à noite, a fim de me juntar a outros para reafirmar o nosso respeito pela fé católica na Universidade de Harvard e demonstrar que a resposta mais poderosa para o discurso ofensivo não é censura, mas fundamentado discurso e a dissidência robusto”

O grupo desistiu de realizar a “missa negra” na Universidade mas especula-se que pretendem realizar o ato, posteriormente, em outro local.

Os católicos, como tinham  programado  e divulgado nas redes sociais, realizaram no final da tarde e início de noite desta segunda-feira, dia 12, um ato de desagravo com adoração ao Santíssimo Sacramento, finalizando com a missa na  Paróquia St. Paul, no mesmo horário em que aconteceria a reprodução do culto satânico.

Dom da fortaleza ajuda a viver as provações, diz Papa


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 14 de maio de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Refletimos nas catequeses passadas sobre os primeiros três dons do Espírito Santo: a sabedoria, o entendimento e o conselho. Hoje pensemos naquilo que o Senhor faz: Ele vem sempre para nos apoiar na nossa fraqueza e faz isto com um dom especial: o dom da fortaleza.

1.            Há uma parábola, contada por Jesus, que nos ajuda a acolher a importância deste dom. Um semeador sai para semear; nem toda a semente que espalha, porém, dá fruto. Aquilo que acaba pelo caminho é comido pelos pássaros; aquilo que cai em terreno rochoso ou em meio a espinhos semeia, mas logo é secado pelo sol ou sufocado pelos espinhos. Somente aquilo que termina em terreno bom pode crescer e dar fruto (cfr Mc 4, 3-9 // Mt 13, 3-9 // Lc 8, 4-8). Como o próprio Jesus explica aos seus discípulos, este semeador representa o Pai, que espalha abundantemente a semente da sua Palavra. A semente, porém, muitas vezes encontra a aridez do nosso coração e, mesmo quando é acolhida, corre o risco de permanecer estéril. Com o dom da fortaleza, em vez disso, o Espírito Santo liberta o terreno do nosso coração, liberta-o do torpor, das incertezas e de todos os nossos medos que possam impedi-Lo, de modo que a Palavra do Senhor seja colocada em prática, de modo autêntico e alegre. É uma verdadeira ajuda este dom da fortaleza, dá-nos força, liberta-nos também de tantos impedimentos.

2.            Há também momentos difíceis e situações extremas nas quais o dom da fortaleza se manifesta de modo extraordinário, exemplar. É o caso daqueles que se encontram diante de experiências particularmente duras e dolorosas, que perturbam suas vidas e de seus entes queridos. A Igreja resplandece com o testemunho de tantos irmãos e irmãs que não exitaram em dar a própria vida para permanecerem fiéis ao Senhor e ao seu Evangelho. Mesmo hoje não faltam cristãos que em tantas partes do mundo continuam a celebrar e a testemunhar a sua fé, com profunda convicção e serenidade, e resistem mesmo quando sabem que isso pode comportar um preço mais alto. Também nós, todos nós, conhecemos pessoas que viveram situações difíceis, tantas dores. Pensemos naqueles homens, naquelas mulheres que levam uma vida difícil, lutam para levar adiante a família e educar os filhos: fazem tudo isso porque há o espírito de fortaleza que os ajuda. Quantos homens e mulheres – nós não sabemos seus nomes – que honram nosso povo, nossa Igreja, porque são fortes: fortes em levar adiante sua vida, sua família, seu trabalho, sua fé. Estes nossos irmãos e irmãs são santos, santos no cotidiano, santos escondidos em meio a nós: têm justamente o dom da fortaleza para poder levar adiante o seu dever de pessoas, de pais, de mães, de irmãos, de irmãs, de cidadãos. Temos tantos! Agradeçamos ao Senhor por estes cristãos que são de uma santidade escondida: é o Espírito Santo que têm dentro que os leva adiante! E nos fará bem pensar nessas pessoas: se elas fazem tudo isso, se elas podem fazê-lo, por que não eu? E nos fará bem também pedir ao Senhor que nos dê o dom da fortaleza.

Papa: "Ajudem-nos a sermos bons pastores".


REGINA COELI
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 11 de maio de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

O evangelista João nos apresenta, neste quarto domingo do tempo pascal, a imagem de Jesus Bom Pastor. Contemplando esta página do Evangelho, podemos compreender o tipo de relação que Jesus tinha com os seus discípulos: uma relação baseada na ternura, no amor, no conhecimento recíproco e na promessa de um dom imensurável: “Eu vim – disse Jesus – para que tenham vida e tenham vida em abundância” (Jo 10, 10). Tal relação é o modelo das relações entre os cristãos e das relações humanas.

Muitos, também hoje, como nos tempos de Jesus, propõem-se como “pastores” das nossas existências; mas só o Ressuscitado é o verdadeiro Pastor, que nos dá a vida em abundância. Convido todos a terem confiança no Senhor que nos guia. Mas não só nos guia: Ele nos acompanha, caminha conosco. Escutemos com mente e coração abertos a sua Palavra, para alimentar a nossa fé, iluminar a nossa consciência e seguir os ensinamentos do Evangelho.

Neste domingo, rezemos pelos Pastores da Igreja, por todos os bispos, incluindo o Bispo de Roma, por todos os sacerdotes, por todos! Em particular rezemos pelos novos sacerdotes da diocese de Roma, que ordenei agora há pouco, na Basílica de São Pedro. Uma saudação a estes 13 novos sacerdotes! O Senhor ajude nós pastores a sermos sempre fiéis ao Mestre e guias sábios e iluminados do povo de Deus a nós confiado. Também a vocês, por favor, peço que nos ajudem: ajudem-nos a sermos bons pastores. Uma vez li uma coisa belíssima de como o povo de Deus ajuda os bispos e os sacerdotes a serem bons pastores. É um escrito de São Cesário de Arles, um padre dos primeiros séculos da Igreja. Ele explicava como o povo de Deus deve ajudar o pastor e dava este exemplo: quando o bezerrinho tem fome, vai até a vaca, até a mãe, para tomar o leite. A vaca, porém, não o dá de imediato: parece que o retém para si. E o que faz o bezerrinho? Bate com o seu nariz na mama da vaca, para que venha o leite. É uma bela imagem! “Assim vocês – diz este santo – devem ser com os pastores: bater sempre às suas portas, aos seus corações, para que vos deem o leite da doutrina, o leite da graça e o leite da orientação”. E vos peço, por favor, para importunarem os pastores, para perturbarem os pastores, todos nós pastores, para que possamos dar a vocês o leite da graça, da doutrina e da orientação. Importunar! Pensem naquela bela imagem do bezerrinho, como importuna a mãe para que lhe dê de comer.

sábado, 10 de maio de 2014

Catequese: “Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou" (Is 64, 4).


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 30 de abril de 2014

Queridos irmãos e irmãs, bom dia,

Depois de ter falado da sabedoria, como primeiro dos sete dons do Espírito Santo, hoje gostaria de colocar a atenção sobre o segundo dom, isso é, o entendimento. Não se trata daquela inteligência humana, da capacidade intelectual de que podemos ser mais ou menos dotados.  É, em vez disso, uma graça que só o Espírito Santo pode infundir e que suscita no cristão a capacidade de ir além do aspecto externo da realidade e perscrutar as profundezas do pensamento de Deus e do seu plano de salvação.

O apóstolo Paulo, dirigindo-se à comunidade de Corinto, descreve bem os efeitos deste dom – isso é, o que faz o dom do entendimento em nós – e Paulo diz isso: “Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou (Is 64, 4) tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Todavia, Deus no-las revelou pelo seu Espírito” (1 Cor 2,9-10). Isso obviamente não significa que um cristão possa compreender cada coisa e ter uma plena consciência dos planos de Deus: tudo isso permanece à espera de manifestar-se em toda a sua clareza quando nos encontrarmos diante dos olhos de Deus e formos realmente uma só coisa com Ele. Porém, como sugere a própria palavra, a inteligência permite “intus legere”, isso é, de “ler por dentro”: este dom nos faz entender as coisas como Deus as entende, com a inteligência de Deus. Porque uma pessoa pode entender uma situação com a inteligência humana, com prudência, e tudo bem. Mas entender uma situação em profundidade, como a entende Deus, é o efeito deste dom. E Jesus quis enviar-nos o Espírito Santo para que nós tenhamos este dom, para que todos nós possamos entender as coisas como Deus as entende, com a inteligência de Deus. É um belo presente que o Senhor deu a todos nós. É o dom com o qual o Espírito Santo nos introduz na intimidade com Deus e nos torna participantes do plano de amor que Ele tem conosco.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Comunicado aos nossos leitores!


Caros irmãos e irmãs,

em 2011, um grupo pequeno de jovens pertencente à Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em São Luís – MA, teve a ousadia de criar um blog afim de manter informados os paroquianos dos acontecimentos de tal paróquia. Com o passar do tempo este blog foi tornando-se informativo-formativo. O endereço inicial do blog era paroquiadacohab.blogspot.com e tão logo foi criado um domínio personalizado com o endereço www.pnsps.com.br. Em 2013 este blog foi deixando de ser apenas da paróquia e passou a ter caráter universal embora ainda fosse uma das fontes de informação da paróquia e recebeu o nome de Informação Católica.

Neste ano de 2014, o blog passa a ter 3 anos de existência e já não é mais uma fonte de informações da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro embora ainda possua em seus arquivos todas as informações que foram postadas desde o início do blog, para a paróquia foi criado outro blog que consta de todas as informações inerentes à mesma, cujo endereço você pode acessar pnspscohab.blogspot.com.

Removido o domínio personalizado do blog Informação Católica (www.pnsps.com.br), em 14 de abril de 2014, que continuava sendo as iniciais da paróquia, voltamos ao endereço inicial paroquiadacohab.blogspot.com, como a ação foi inesperada e ocorreu antes da Semana Santa, fomos tirados da rede e perdemos todos os nossos acessos. Em média, por mês, tínhamos cerca de 10.000 acessos. Ainda é pouco para um blog, mas a tendência sempre foi crescer.

A partir deste acontecimento que não houve a possibilidade de avisar aos nossos leitores, resolvemos criar um outro blog com um endereço específico na rede inforcatolica.blogspot.com.br, e transferimos todas as nossas informações (desde o seu início) para ele afim de recomeçarmos o nosso trabalho de evangelização.

Embora este blog seja de matérias da Igreja Católica, não se apresenta como um porta voz oficial da Igreja, mas como um informativo feito por leigos e que em geral reúne em si as notícias e informações mais importantes e recentes do mundo católico vindas de fontes diversas.

Aqui você encontra materiais sobre tudo: Igreja, doutrina, sacramentos, catequese e notícias atualizadas da Igreja no Brasil e no mundo. Atualmente este blog está sendo atualizado a partir do Estado do Tocantins.

Esperamos agora nesta nova data de aniversário que vai ficar para memória dentro do Tempo Pascal, reinaugurar o nosso blog no dia 20 de maio e contar com os nossos leitores assíduos na divulgação do nosso trabalho, esperamos também em breve possuir um domínio personalizado. Enquanto isso não acontece, contamos com todos vocês, sejam todos bem-vindos! Paz e Bem!


Tupirama - TO, 09 de maio de 2014

Administrador

terça-feira, 29 de abril de 2014

Papa: "Honrem a memória dos dois santos Papas seguindo fielmente os seus ensinamentos".


REGINA COELI
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 27 de abril de 2014

Queridos irmãos e irmãs,

Antes de concluir esta festa da fé, desejo saudar e agradecer a todos vocês!

Agradeço aos irmãos cardeais e aos numerosos bispos e sacerdotes de toda parte do mundo.

O meu reconhecimento vai às delegações oficiais de tantos países, que vieram para prestar homenagem aos dois Pontífices que contribuíram de maneira indelével para a causa do desenvolvimento dos povos e da paz. Um especial agradecimento vai às autoridades italianas pela preciosa colaboração.

Com grande afeto saúdo os peregrinos das dioceses de Bérgamo e de Cracóvia!

Caríssimos, honrem a memória dos dois santos Papas seguindo fielmente os seus ensinamentos.
 
Sou grato a todos aqueles que com grande generosidade prepararam estes dias memoráveis: a diocese de Roma com o Cardeal Vallini, o município de Roma com o prefeito Ignazio Marino, as forças da ordem e as várias organizações, as associações e os numerosos voluntários. Obrigado a todos!

A minha saudação vai a todos os peregrinos – aqui na Praça São Pedro, nas ruas adjacentes e outros lugares de Roma – bem como a quantos estão unidos a nós mediante a rádio e a televisão; e obrigado aos dirigentes e aos trabalhadores das mídias, que deram a tantas pessoas a possibilidade de participar. Aos enfermos, aos idosos, para com os quais os santos eram particularmente próximos, chegue uma especial saudação.

E agora dirijamo-nos em oração à Virgem Maria, que São João XXIII e São João Paulo II amaram como seus verdadeiros filhos.

Regina Coeli

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Boletim da Santa Sé

Tradução: Jéssica Marçal

Homilia na canonização de João Paulo II e João XXIII


Missa de canonização dos beatos
João Paulo II e João XXIII
Praça São Pedro – Vaticano
Domingo, 27 de abril de 2014

No centro deste domingo, que encerra a Oitava de Páscoa e que João Paulo II quis dedicar à Misericórdia Divina, encontramos as chagas gloriosas de Jesus ressuscitado.

Já as mostrara quando apareceu pela primeira vez aos Apóstolos, ao anoitecer do dia depois do sábado, o dia da Ressurreição. Mas, naquela noite, Tomé não estava; e quando os outros lhe disseram que tinham visto o Senhor, respondeu que, se não visse e tocasse aquelas feridas, não acreditaria. Oito dias depois, Jesus apareceu de novo no meio dos discípulos, no Cenáculo, encontrando-se presente também Tomé; dirigindo-Se a ele, convidou-o a tocar as suas chagas. E então aquele homem sincero, aquele homem habituado a verificar tudo pessoalmente, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jo 20, 28).

Se as chagas de Jesus podem ser de escândalo para a fé, são também a verificação da fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado, as chagas não desaparecem, continuam, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós, sendo indispensáveis para crer em Deus: não para crer que Deus existe, mas sim que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. Citando Isaías, São Pedro escreve aos cristãos: «pelas suas chagas, fostes curados» (1 Ped 2, 24; cf. Is 53, 5).

João XXIII e João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas mãos chagadas e o seu lado trespassado. Não tiveram vergonha da carne de Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não tiveram vergonha da carne do irmão (cf. Is 58, 7), porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram dois homens corajosos, cheios da parresia do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo.

Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo, Redentor do homem e Senhor da história; mais forte, neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna de Maria.


Nestes dois homens contemplativos das chagas de Cristo e testemunhas da sua misericórdia, habitava «uma esperança viva», juntamente com «uma alegria indescritível e irradiante» (1 Ped 1, 3.8). A esperança e a alegria que Cristo ressuscitado dá aos seus discípulos, e de que nada e ninguém os pode privar. A esperança e a alegria pascais, passadas pelo crisol do despojamento, do aniquilamento, da proximidade aos pecadores levada até ao extremo, até à náusea pela amargura daquele cálice. Estas são a esperança e a alegria que os dois santos Papas receberam como dom do Senhor ressuscitado, tendo-as, por sua vez, doado em abundância ao Povo de Deus, recebendo sua eterna gratidão.

Esta esperança e esta alegria respiravam-se na primeira comunidade dos crentes, em Jerusalém, de que nos falam os Atos dos Apóstolos (cf. 2, 42-47). É uma comunidade onde se vive o essencial do Evangelho, isto é, o amor, a misericórdia, com simplicidade e fraternidade.

E esta é a imagem de Igreja que o Concílio Vaticano II teve diante de si. João XXIII e João Paulo II colaboraram com o Espírito Santo para restabelecer e atualizar a Igreja segundo a sua fisionomia originária, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos séculos. Não esqueçamos que são precisamente os santos que levam avante e fazem crescer a Igreja. Na convocação do Concílio, João XXIII demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado. Este foi o seu grande serviço à Igreja; foi o Papa da docilidade ao Espírito.

Neste serviço ao Povo de Deus, João Paulo II foi o Papa da família. Ele mesmo disse uma vez que assim gostaria de ser lembrado: como o Papa da família. Apraz-me sublinhá-lo no momento em que estamos a viver um caminho sinodal sobre a família e com as famílias, um caminho que ele seguramente acompanha e sustenta do Céu.

Que estes dois novos santos Pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja para que, durante estes dois anos de caminho sinodal, seja dócil ao Espírito Santo no serviço pastoral à família. Que ambos nos ensinem a não nos escandalizarmos das chagas de Cristo, a penetrarmos no mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre perdoa, porque sempre ama. 
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Boletim da Santa Sé

Missa do Papa em ação de graças pela canonização de Anchieta


Homilia
Missa em Ação de Graças pela 
Canonização de José de Anchieta
Igreja de Santo Inácio de Loyola – Roma
Quinta-feira, 24 de abril de 2014

Na passagem do Evangelho que acabamos de escutar, os discípulos não conseguem acreditar na alegria que têm, porque não podem acreditar na causa dessa alegria.

Imaginemos a cena, Jesus ressuscitou, os discípulos de Emaús contaram sua experiência, Pedro também o vê, e depois o próprio Senhor aparece no Cenáculo e lhes diz: “a Paz esteja convosco”.

Vários sentimentos irrompem no coração dos discípulos, medo, surpresa, dúvida, e por fim, alegria. Uma alegria tão grande que, por esta alegria não conseguiam acreditar. Estavam atônitos, pasmos, e Jesus quase esboçando um sorriso lhes pede algo para comer e começa a explicar-lhes aos poucos as Escrituras, abrindo-lhes o entendimento para que as compreendessem.

É o momento do estupor, do encontro com Jesus Cristo, em que tanta alegria não parece ser verdade, mas ainda assumir o regozijo e a alegria naquele momento nos parece arriscado e sentimos a tentação de refugiar-nos no ceticismo, no não exagerar.

Não é fácil acreditar em um fantasma, em Cristo vivo. É mais fácil ir a um cartomante que te adivinhe o futuro, que te coloque as cartas, do que confiar-se na esperança de um Cristo Triunfante, de um Cristo que venceu a morte.

Não é uma ideia, não é uma imaginação. A docilidade a esse Senhor que surge da morte e sabe a que coisa nos convida.


Esse processo de relativizar tanto a fé, acaba por distanciar-nos do encontro, do carinho de Deus. É como se destilássemos a realidade do encontro no alambique do medo, no alambique da excessiva seguranca, de querer nós mesmos controlar o encontro. Os discículos tinham medo da alegria e também nós.

Na leitura dos Atos dos Apóstolos, falamos de um paralítico. Ouvimos somente a seguda parte da história, mas todos conhecemos a transformação deste homem, entrevado deste o nascimento, sentado à porta do Templo a pedir esmola, sem jamais atravessar a soleira e como seus olhos se fixaram nos apóstolos esperando que lhe dessem algo.

Pedro e João não podiam dar-lhe nada daquilo que ele buscava, nem ouro, nem prata. E ele, que sempre permaneceu na porta, agora entra com seus pés, pulando e louvado a Deus. Celebrando suas maravilhas. E sua alegria é contagiosa. Isso é o que nos diz hoje a Escritura. As pessoas estavam cheias de estupor e maravilhadas acorriam para ver.

No meio daquela confusão, Pedro anunciava a mensagem. Porque a alegria do encontro com Jesus Cristo, aquela que nos dá tanto medo de assumir, é contagiosa e grita o anúncio. E aí cresce a Igreja. O paralítico acredita. A Igreja não cresce por proselitismo, cresce por atração. A atração testemunhal.

Esse testemunho que nasce da alegria assumida, aceita e depois transformada em anúncio, é uma alegria fundada. Sem este gozo, sem esta alegria não se pode fundar uma Igreja, não se pode fundar uma comunidade cristã. É uma alegria apostólica ,que se irradia, que se expande.

Me pergunto: como Pedro, sou capaz de sentar-me ao lado do meu irmão e explicar lentamente o dom da Palavra que recebi? Contagiar a ele com minha alegria? Sou capaz de convocar ao meu redor o entusiamo daqueles que descobrem em nós o milagre de uma vida nova, que não se pode controlar?

Sem docilidade não se atrai. É uma aelgria nascida do encontro com Cristo.

Também São José de Anchieta soube comunicar aquilo que tinha experimentado com o Senhor, o que tinha visto e ouvido Dele. O Senhor lhe comunicou em seus exercícios. Ele, junto a Nóbrega, foi o primeiro jesuíta que Inácio enviou à América. Um jovem de 19 anos, tinha tal alegria, tal gozo na alma que colocou o fundamento cultura de uma nação em Jesus Cristo.

Não tinha estudado teologia, não havia estudado filosofia. Era um jovem que havia sentido o olhar de Jesus Cristo e deixou-se alegrar pela luz. Essa foi e é sua santidade: Não teve medo da alegria.

São José de Anchieta tem um hino belíssimo dedicado à Virgem Maria, a quem, inspirando-se no cântico de Isaías 52, compara com um mensageiro que procura a paz, que anuncia a alegria da boa notícia.


Que ela, que naquele alvorecer do Domingo, insone pela esperança, não teve medo da alegria, nos acompanhe em nosso peregrinar. Convidando todos a levantarem-se, a renunciar a paralisia, para entrar juntos na paz e na alegria que Jesus, o Senhor ressuscitado, nos promete.
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Disponível em: Canção Nova