quinta-feira, 2 de março de 2017

Palavra de Vida: “Reconciliai–vos com Deus” (2 Cor 5,20).


Em muitos lugares do Planeta, há guerras sangrentas que parecem intermináveis, e atingem famílias, tribos e povos. A Glória, de 20 anos, conta-nos: «Recebemos a notícia de que uma aldeia tinha sido queimada e muitas pessoas tinham ficado sem nada. Com os meus amigos, iniciamos imediatamente uma recolha de coisas indispensáveis: colchões, roupas, víveres… Partimos. Após oito horas de viagem, encontramos pessoas completamente desoladas. Ouvimos os seus lamentos, enxugamos as suas lágrimas, abraçamos, consolamos… Uma família confidenciou-nos: “A nossa menina estava dentro da casa que nos queimaram e foi como se morrêssemos com ela. Agora, no vosso amor, encontramos a força para perdoar àqueles que nos fizeram isto!”».

Também o apóstolo Paulo fez uma experiência semelhante: precisamente ele, o perseguidor dos cristãos (1), encontrou no seu caminho, de maneira totalmente inesperada, o amor gratuito de Deus. E Deus enviou-o como embaixador da reconciliação, em Seu nome (2).

Deste modo, ele tornou-se a testemunha apaixonada e credível do mistério de Jesus, morto e ressuscitado. Jesus que reconciliou em si o mundo, a fim de que todos pudessem conhecer e experimentar a vida de comunhão com Ele e com os irmãos (3). E, mediante a ação de Paulo, a mensagem evangélica propagou-se e fascinou os pagãos, considerados os mais afastados da salvação: deixai-vos reconciliar com Deus! 

Também nós, apesar dos erros que nos desencorajam ou das falsas certezas que nos levam a crer que não precisamos de nada, podemos permitir que a misericórdia de Deus – um amor exagerado! – nos cure o coração e nos torne finalmente livres de partilhar este tesouro com os outros. Contribuiremos assim para o projeto de paz, que Deus tem sobre toda a humanidade e também sobre toda a Criação. Este projeto supera as contradições da História, como sugere Chiara Lubich num seu escrito:

«(…) Sobre a cruz, na morte do seu Filho, Deus deu-nos a prova suprema do seu amor. Por meio da cruz de Cristo, Ele reconciliou-nos consigo. Esta verdade fundamental da nossa fé mantém ainda hoje toda a sua atualidade. É a revelação que toda a humanidade esperava: sim, Deus está próximo de todos com o seu amor e ama apaixonadamente cada um. O mundo atual tem necessidade deste anúncio. Mas só o podemos fazer se antes o anunciarmos, uma e muitas vezes, a nós próprios, de tal maneira que nos sintamos circundados por este amor, mesmo quando tudo nos leve a pensar o contrário. (…) Todo o nosso comportamento deveria tornar credível a verdade que anunciamos. Jesus disse claramente que, antes de levarmos a oferta ao altar, deveríamos reconciliar-nos com cada irmão ou irmã que tenha algo contra nós (cf. Mt 5, 23-24) (…) Amemo-nos como Ele nos amou, sem reservas nem preconceitos. Pelo contrário, estejamos abertos a aceitar e a apreciar os valores positivos do nosso próximo, e prontos a dar a vida uns pelos outros. Este é o mandamento por excelência de Jesus, o distintivo dos cristãos, tão válido hoje, como o foi no tempo dos primeiros seguidores de Cristo. Viver esta Palavra significa tornar-nos reconciliadores» (4).

Se vivermos assim, enriqueceremos os nossos dias com gestos de amizade e de reconciliação, na nossa família e entre as famílias, na nossa Igreja e entre as Igrejas, em cada comunidade civil e religiosa a que pertencemos.


Letizia Magri
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1) Cf. At 22, 4ss.; 2) cf. 2 Cor 5, 20; 3) cf. Ef 2, 13ss.; 4) versão integral em Città Nuova 1996/24, p. 37.

Por: Movimento dos Focolares Portugal

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