segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

Apologista católico, Paulo Leitão, morre no RN


 
Paulo Leitão de Gregório, ex-pastor protestante, apologista católico, personal trainer e consultor de musculação estética, foi encontrado morto por familiares no último sábado (25), em Natal, Rio Grande do Norte, onde morava. Não se sabe a causa da morte, mas a suspeita é de que tenha sido um AVC (acidente vascular cerebral).

A informação foi confirmada pelo Instituto Técnico e Científico de Polícia (Itep). Paulo tinha 48 anos e gerava polêmica nas redes sociais por ser crítico de medidas adotadas na pandemia, como o isolamento social e o uso de máscaras.

Paulo chegou a ter sua conta do Instagram, com mais de 100 mil seguidores, derrubada duas vezes este ano. O episódio mais recente foi em novembro, quando o atleta abriu um perfil alternativo e avisou seus seguidores do ocorrido.

Inclusive, internautas estão usando o perfil alternativo para despedir-se de Paulo, lamentar a sua morte ou tecer críticas.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Natal único, verdadeiro e eterno consolo



Quando alguns colaboradores da ACN regressaram recentemente de uma viagem de acompanhamento de projetos no Líbano e na Síria, eu lhes perguntei quais foram as suas impressões, e a primeira resposta foi: “Lá predomina uma falta de perspectiva deprimente”. Essas palavras tocaram-me profundamente, porque não há pior desgraça do que quando a pessoa se afunda no desespero e desolação.

Não podemos viver sem uma perspectiva, sem ter diante dos olhos um fio condutor, um rumo e uma meta. Todos nós precisamos dessa esperança, que não é uma consolação barata, mas um conforto real, revitalizador. E o tempo do Advento que inicia quer levar-nos à fonte da verdadeira consolação.

Mas agora a questão é: no que consiste esse conforto? Com razão nós nos alegramos pelo espírito pré-natalino, alguns também pelas compras do Advento ou por um Natal com uma boa refeição e presentes. Mas tudo isto passa bem depressa. Um consolo duradouro só pode vir de Deus. E vem de forma bem escondida e pequena, imerso na escuridão e no frio deste mundo: numa criança que chora na manjedoura. Para muitos, um consolo fraco, um curativo religioso para pobres e fracos. Em vez de confiar no amor, gostariam de mudar o sistema, de assegurar o progresso sustentável, de anular o sofrimento, de criar um mundo em que o consolo já não seja mais necessário. Mas um mundo desses seria desumano.

É difícil aceitarmos consolação de um Deus que se tornou criança. Mas haverá maior consolo do que quando Deus entra na minha solidão, no meu amor estremecido, como companheiro de sofrimento? Esse é o caminho divino da salvação: levantar-se e ir ao encontro do outro, para carregar com ele o seu fardo, enxugar suas lágrimas. Só um amor assim pode dar um verdadeiro conforto e uma perspectiva clara. E quanto mais nos deixarmos consolar por Deus, tanto mais teremos a força do amor para consolar todos os que sofrem (cf. 2Cor 1,4).

Mensagem do Papa para o 55º Dia Mundial da Paz: "Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoura"

 
MENSAGEM DO SANTO PADRE
FRANCISCO PARA A CELEBRAÇÃO DO
55º DIA MUNDIAL DA PAZ

1º DE JANEIRO DE 2022

DIÁLOGO ENTRE GERAÇÕES, EDUCAÇÃO E TRABALHO:
INSTRUMENTOS PARA CONSTRUIR UMA PAZ DURADOURA
 
1. «Que formosos são sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz» (Is 52, 7)!

Estas palavras do profeta Isaías manifestam a consolação, o suspiro de alívio dum povo exilado, extenuado pelas violências e os abusos, exposto à infâmia e à morte. Sobre esse povo, assim se interrogava o profeta Baruc: «Por que estás tu em terra inimiga, envelhecendo num país estrangeiro? Contaminaste-te com os mortos, foste contado com os que descem ao Hades» (3,10-11). Para aquela gente, a chegada do mensageiro de paz significava a esperança dum renascimento dos escombros da história, o início dum futuro luminoso.

Ainda hoje o  caminho da paz – o novo nome desta, segundo São Paulo VI, é  desenvolvimento integral [1] – permanece, infelizmente, arredio da vida real de tantos homens e mulheres e consequentemente da família humana, que nos aparece agora totalmente interligada. Apesar dos múltiplos esforços visando um diálogo construtivo entre as nações, aumenta o ruído ensurdecedor de guerras e conflitos, ao mesmo tempo que ganham espaço doenças de proporções pandémicas, pioram os efeitos das alterações climáticas e da degradação ambiental, agrava-se o drama da fome e da sede e continua a predominar um modelo económico mais baseado no individualismo do que na partilha solidária. Como nos tempos dos antigos profetas, continua também hoje a elevar-se  o clamor dos pobres e da terra [2] para implorar justiça e paz.

Em cada época, a paz é conjuntamente dádiva do Alto e fruto dum empenho compartilhado. De facto, há uma «arquitetura» da paz, onde intervêm as várias instituições da sociedade, e existe um «artesanato» da paz, que nos envolve pessoalmente a cada um de nós [3]. Todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados.

Quero propor, aqui,  três caminhos para a construção duma paz duradoura. Primeiro, o  diálogo entre as gerações, como base para a realização de projetos compartilhados. Depois,  a educação, como fator de liberdade, responsabilidade e desenvolvimento. E, por fim,  o trabalho, para uma plena realização da dignidade humana. São três elementos imprescindíveis para tornar «possível a criação dum pacto social» [4], sem o qual se revela inconsistente todo o projeto de paz.

2. Dialogar entre gerações para construir a paz

Num mundo ainda fustigado pela pandemia, que tem causado tantos problemas, «alguns tentam fugir da realidade, refugiando-se em mundos privados, enquanto outros a enfrentam com violência destrutiva, mas, entre a indiferença egoísta e o protesto violento há uma opção sempre possível: o diálogo, [concretamente] o diálogo entre as gerações» [5].

Todo o diálogo sincero, mesmo sem excluir uma justa e positiva dialética, exige sempre uma confiança de base entre os interlocutores. Devemos voltar a recuperar esta confiança recíproca. A crise sanitária atual fez crescer, em todos, o sentido da solidão e o isolar-se em si mesmos. Às solidões dos idosos veio juntar-se, nos jovens, o sentido de impotência e a falta duma noção compartilhada de futuro. Esta crise é sem dúvida aflitiva, mas nela é possível expressar-se também o melhor das pessoas. De facto, precisamente durante a pandemia, constatamos nos quatro cantos do mundo generosos testemunhos de compaixão, partilha, solidariedade.

Dialogar significa ouvir-se um ao outro, confrontar posições, pôr-se de acordo e caminhar juntos. Favorecer tudo isto entre as gerações significa amanhar o terreno duro e estéril do conflito e do descarte para nele se cultivar as sementes duma paz duradoura e compartilhada.

Enquanto o progresso tecnológico e económico frequentemente dividiu as gerações, as crises contemporâneas revelam a urgência da sua aliança. Se os jovens precisam da experiência existencial, sapiencial e espiritual dos idosos, também estes precisam do apoio, carinho, criatividade e dinamismo dos jovens.

Os grandes desafios sociais e os processos de pacificação não podem prescindir do diálogo entre os guardiões da memória – os idosos – e aqueles que fazem avançar a história – os jovens –; tal como não é possível prescindir da disponibilidade de cada um dar espaço ao outro, nem pretender ocupar inteiramente a cena preocupando-se com os seus interesses imediatos como se não houvesse passado nem futuro. A crise global que vivemos mostra-nos, no encontro e no diálogo entre as gerações, a força motora duma política sã, que não se contenta em administrar o existente «com remendos ou soluções rápidas» [6], mas presta-se, como forma eminente de amor pelo outro, [7] à busca de projetos compartilhados e sustentáveis.

Se soubermos, nas dificuldades, praticar este diálogo intergeracional, «poderemos estar bem enraizados no presente e, daqui, visitar o passado e o futuro: visitar o passado, para aprender da história e curar as feridas que às vezes nos condicionam; visitar o futuro, para alimentar o entusiasmo, fazer germinar os sonhos, suscitar profecias, fazer florescer as esperanças. Assim unidos, poderemos aprender uns com os outros» [8]. Sem as raízes, como poderiam as árvores crescer e dar fruto?

É suficiente pensar no cuidado da nossa casa comum, já que o próprio meio ambiente «é um empréstimo que cada geração recebe e deve transmitir à geração seguinte» [9]. Por isso, devem ser apreciados e encorajados os numerosos jovens que se empenham por um mundo mais justo e atento à tutela da criação, confiada à nossa custódia. Fazem-no num misto de inquietude e entusiasmo, mas sobretudo com sentido de responsabilidade perante a urgente mudança de rumo [10], que nos é imposta pelas dificuldades surgidas da atual crise ética e sócio-ambiental [11].

Por outro lado, a oportunidade de construir, juntos, percursos de paz não pode prescindir da educação e do trabalho, lugares e contextos privilegiados do diálogo intergeracional: enquanto a educação fornece a gramática do diálogo entre as gerações, na experiência do trabalho encontram-se a colaborar homens e mulheres de diferentes gerações, trocando entre si conhecimentos, experiências e competências em vista do bem comum.

3. A instrução e a educação como motores da paz

Nos últimos anos, diminuiu sensivelmente a nível mundial o orçamento para a instrução e a educação, vistas mais como despesas do que como investimentos; e, todavia, constituem os vetores primários dum desenvolvimento humano integral: tornam a pessoa mais livre e responsável, sendo indispensáveis para a defesa e promoção da paz. Por outras palavras, instrução e educação são os alicerces duma sociedade coesa, civil, capaz de gerar esperança, riqueza e progresso.

Ao contrário, aumentaram as despesas militares, ultrapassando o nível registado no termo da «guerra fria», e parecem destinadas a crescer de maneira exorbitante [12].

Por conseguinte é oportuno e urgente que os detentores das responsabilidades governamentais elaborem políticas económicas que prevejam uma inversão na correlação entre os investimentos públicos na educação e os fundos para armamentos. Aliás a busca dum real processo de desarmamento internacional só pode trazer grandes benefícios ao desenvolvimento dos povos e nações, libertando recursos financeiros para ser utilizados de forma mais apropriada na saúde, na escola, nas infraestruturas, no cuidado do território, etc.

Faço votos de que o investimento na educação seja acompanhado por um empenho mais consistente na promoção da cultura do cuidado [13]. Perante a fragmentação da sociedade e a inércia das instituições, esta cultura do cuidado pode-se tornar a linguagem comum que abate as barreiras e constrói pontes. «Um país cresce quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais: a cultura popular, a cultura universitária, a cultura juvenil, a cultura artística e a cultura tecnológica, a cultura económica e a cultura da família, e a cultura dos meios de comunicação» [14]. É necessário, portanto, forjar um novo paradigma cultural, através de «um pacto educativo global para e com as gerações jovens, que empenhe as famílias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras» [15]. Um pacto que promova a educação para a ecologia integral, segundo um modelo cultural de paz, desenvolvimento e sustentabilidade, centrado na fraternidade e na aliança entre os seres humanos e o meio ambiente [16].

Investir na instrução e educação das novas gerações é a estrada mestra que as leva, mediante uma específica preparação, a ocupar com proveito um justo lugar no mundo do trabalho [17]. 

Bispo consola quem está triste no Natal por ter perdido uma pessoa querida



No Natal celebramos o nascimento do Salvador entre nós, no entanto, este ano por causa da pandemia e de outras circunstâncias, muitas famílias sentirão saudades de alguma pessoa querida que morreu e que não poderá estar presente na ceia de Natal.

“Nesta Noite Santa, sentimos saudades de nossas pessoas queridas que morreram... mas nos consola 'saber' que eles estão com Jesus e que em breve nos encontraremos com eles”, escreveu em 24 de dezembro de 2019 dom José Ignacio Munilla, então bispo de San Sebastián, Espanha, em sua conta no Twitter.

O bispo, que agora é bispo da diocese de Orihuela Alicante, escreveu essas palavras porque seria o primeiro Natal em que sua mãe não estaria presente.

Ignacia Aguirre Uzcudun, mãe do bispo, morreu em 10 de novembro de 2019. Em seu tweet, dom Munilla postou junto com a frase uma imagem de Cristo segurando uma foto do bispo com a sua mãe na praça de São Pedro.

Santa Sé estabelece novas restrições à missa tradicional com resposta a dúvidas



A Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos publicou no dia 18 de dezembro a resposta a algumas disposições da carta apostólica na forma de motu proprio Traditionis custodes do papa Francisco que restringe a celebração da liturgia tradicional anterior à reforma do Concílio Vaticano II.

O prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, dom Arthur Roche, enviou aos presidentes das conferências episcopais mundiais uma "Responsa ad dubia" (Repostas a dúvidas) dizendo que a congregação "recebeu vários pedidos para esclarecer a aplicação correta de Traditionis custodes”.

“Algumas questões foram levantadas em diferentes lugares e com maior frequência: por isso, depois de examiná-las cuidadosamente, depois de ter informado o Santo Padre e de ter recebido seu consentimento, agora são publicadas as respostas às perguntas mais recorrentes”, escreveu dom Roche.

O documento divulgado em 18 de dezembro responde a onze perguntas e acrescenta notas explicativas e, em alguns casos, cita alguns artigos do motu proprio em latim.

Na introdução, dom Roche reitera as alegações do papa para as novas restrições à liturgia tradicional. Em primeiro lugar, “a busca constante da comunhão eclesial que se expressa reconhecendo nos livros litúrgicos promulgados pelos santos pontífices Paulo VI e João Paulo II, em conformidade com os decretos do Concílio Vaticano II, a única expressão da lex orandi do Rito Romano”.

“Essa é a direção na qual queremos caminhar e esse é o sentido das respostas que aqui publicamos: toda norma prescrita tem sempre como único fim salvaguardar o dom da comunhão eclesial caminhando juntos, com convicção de mente e de coração, na linha indicada pelo Santo Padre”, destacou Arthur Roche.

"Como Pastores não devemos nos render a polêmicas estéreis, capazes apenas de criar divisões, nas quais o ato ritual é muitas vezes instrumentalizado por visões ideológicas", escreveu Roche, mas “antes, todos nós somos chamados a redescobrir o valor da reforma litúrgica, salvaguardando a verdade e a beleza do rito que ela nos deu”.

Aqui estão as onze respostas às perguntas feitas:

1. Onde não for possível encontrar uma igreja ou oratório ou capela disponível para acolher os fiéis que celebram com o Missale Romanum (Editio tipyca 1962), pode o bispo diocesano pedir à Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos a dispensa da disposição do Motu Proprio Traditionis Custodes (Art. 3º § 2º), e, portanto, permitir assim a celebração na igreja paroquial?

Responde-se: Afirmativamente.

“O Motu Proprio Traditionis Custodes no Art. 3 § 2 pede que o bispo, nas dioceses onde até agora existe a presença de um ou mais grupos que celebram segundo o missal anterior à reforma de 1970, indique um ou mais lugares onde os fiéis aderentes a esses grupos se possam reunir para a celebração eucarística (mas não nas igrejas paroquiais e sem erigir novas paróquias pessoais)”.

“Nessas disposições não há intenção de marginalizar os fiéis vinculados à forma celebrativa precedente: só pretendem lembrar-lhes que é uma concessão para prover para o seu bem (tendo em vista o uso comum da única lex orandi do Rito Romano) e não uma oportunidade para promover o rito precedente”, advertiu o documento vaticano.

2. Segundo as disposições do motu proprio Traditionis custodes, é possível celebrar os sacramentos com o Rituale Romanum e o Pontificale Romanum anteriores à reforma litúrgica do Vaticano II?

Responde-se: Negativamente.

“Só as paróquias pessoais canonicamente erigidas que, segundo as disposições do motu proprio Traditionis Custodes, celebram com o Missale Romanum de 1962, estão autorizadas pelo bispo diocesano a conceder a licença para fazer uso do Rituale Romanum (última editio typica 1952) e não do Pontificale Romanum anterior à reforma litúrgica do Concílio Vaticano II”.

3. Se um sacerdote, a quem foi concedido o uso do Missale Romanum de 1962, não reconhece a validade e legitimidade da concelebração - recusando-se a concelebrar, em particular, na Missa Crismal - pode continuar se beneficiando desta concessão?

Responde-se: Negativamente.

“Porém, antes de revogar a concessão de fazer uso do Missale Romanum de 1962, o bispo procure estabelecer um diálogo fraterno com o presbítero; zelar para que tal atitude não exclua a validade e a legitimidade da reforma litúrgica, dos ditames do Concílio Vaticano II e do Magistério dos Sumos Pontífices; e acompanhá-lo na compreensão do valor da concelebração, especialmente na Missa Crismal”, destacou.

4. Na celebração eucarística que faz uso do Missale Romanum de 1962, é possível utilizar para as leituras o texto íntegro da Bíblia, escolhendo as perícopas indicadas neste Missal?

Responde-se: Afirmativamente.

"O art. 3 § 3 do Motu Proprio Traditionis Custodes estabelece que as leituras sejam proclamadas em língua vernácula, usando as traduções da Sagrada Escritura para uso litúrgico aprovadas pelas respectivas conferências episcopais (...) Uma vez que os textos das leituras estão contidos no próprio Missal, e não existindo, portanto, o livro do Lecionário, para observar o que está disposto no motu proprio, deve-se necessariamente recorrer ao livro da Sagrada Escritura na tradução aprovada pelas conferências episcopais para uso litúrgico, escolhendo as perícopas indicadas no Missale Romanum de 1962”.

5. O bispo diocesano, para conceder aos presbíteros ordenados depois da publicação do Motu Proprio Traditionis Custodes, celebrar com o Missale Romanum de 1962, deve ser autorizado pela Sé Apostólica (cf. Traditionis Custodes, n. 4)?

Responde-se: Afirmativamente.

“Não se trata um mero parecer consultivo, mas de uma necessária autorização dada ao bispo diocesano por parte da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, que exerce, para os assuntos da sua competência, a autoridade da Santa Sé (cf. Traditionis custodes, nº 7)”.

6. A faculdade de celebrar usando o Missale Romanum de 1962 pode ser concedida ad tempus?

Responde-se: Afirmativamente.

“A opção de conceder o uso do Missale Romanum de 1962 por um tempo definido - com a duração que o bispo diocesano considere oportuna - não só é possível, mas também recomendada: o fim do prazo definido oferece a possibilidade de verificar que tudo está em consonância com a orientação estabelecida pelo motu proprio. O resultado dessa verificação poderá fornecer motivos para prorrogar ou suspender a concessão”.

7. A faculdade concedida pelo bispo diocesano para celebrar fazendo uso do Missale Romanum de 1962 é válida apenas para o território da sua diocese?

Responde-se: Afirmativamente.

8. Em caso de ausência ou impossibilidade do sacerdote autorizado, quem o substitui deve ter também uma autorização formal?

Responde-se: Afirmativamente.

Havia um falso Cristo no meio do presépio!


Muito pior do que passar o Natal sem Cristo é inventar um Natal com um Cristo falso em nossos presépios.

Aparentemente, o problema do “Natal sem Cristo” está sendo contornado por nossos contemporâneos. Eles substituíram a pura e simples abolição do presépio pela transformação da narrativa religiosa tradicional.

Emblemática nesse sentido é a imagem de um presépio com dois “Josés”, compartilhada recentemente no Twitter de uma comediante norte-americana.

Cameron Esposito esclarece, no entanto, que a ideia não foi sua. “O presépio com dois Josés de nossos vizinhos está montado e eu estou transmitindo”, ela escreveu.

Mais do que falar de moral sexual, no entanto, é a sacralização do profano o que mais nos interessa aqui. Uma pessoa que tem o cuidado de montar um presépio com dois Josés vestidos de rosa não está apenas zombando da fé cristã, mas também inventando, de sua própria cabeça, uma religião completamente nova, completamente… sua. O símbolo em questão fala de um novo culto, tão múltiplo quantas são as cabeças: a religião do próprio “eu”, que rejeita a tradição para se moldar às taras e idiossincrasias das pessoas.

Escrever estas linhas não irá, evidentemente, mudar o comportamento dessas pessoas. Mas talvez nos acorde, a nós, para não cairmos na mesma armadilha — coisa que só conseguiremos fazer se lutarmos, com todas as nossas forças, contra o pecado e o relaxamento moral.

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

Palavra de Vida: "Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor" (Lc 1, 45)


Este mês, a Palavra de Vida propõe-nos mais uma bem-aventurança. É a saudação alegre e inspirada de uma mulher, Isabel, a uma outra mulher, Maria, que foi visitá-la para a ajudar. Sim, porque ambas estão à espera de um filho e ambas, profundamente crentes, acolheram a Palavra de Deus e, na sua pequenez, experimentaram o Seu poder criador. 

Maria é a primeira bem-aventurada do evangelho de Lucas, aquela que experimenta a alegria da intimidade divina. Com esta bem-aventurança, o evangelista inicia a reflexão sobre a relação entre a Palavra de Deus anunciada e a fé que a sabe acolher, entre a iniciativa de Deus e a adesão livre da pessoa.

Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor

Maria é a verdadeira crente na “promessa feita a Abraão e à sua descendência para sempre”[1]. Está de tal modo vazia de si mesma, humilde e aberta à Palavra, que o próprio Verbo de Deus se pôde fazer carne no seu seio e entrar na História da Humanidade.

Nenhum de nós pode experimentar a maternidade virginal de Maria, mas todos podemos imitar a sua confiança no amor de Deus. Se acolhermos a Palavra com coração aberto, esta – com as promessas que contém – pode encarnar-se também em nós e tornar fecunda a nossa vida de cidadãos, de pais e mães, de estudantes, operários ou políticos, jovens ou idosos, saudáveis ou doentes.

Mesmo se a nossa fé for insegura, como no caso de Zacarias[2], continuemos a confiar na misericórdia de Deus. Ele nunca deixará de nos procurar, até nós redescobrirmos a sua fidelidade e O bendizermos.

Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo o que lhe foi dito da parte do Senhor

Nas mesmas colinas da Terra Santa, há relativamente pouco tempo, uma outra mãe profundamente crente ensinava aos seus filhos a arte do perdão e do diálogo, que aprendera na escola do Evangelho. Conta a Margaret: «A nós, filhos, ofendidos por algumas expressões de rejeição por parte de outras crianças do nosso bairro, a mãe disse: “Convidem essas crianças para a nossa casa”. E deu-lhes do pão que tinha acabado de cozer, para que o levassem às suas famílias. A partir daí, construímos relações de amizade com aquelas pessoas»[3]. Este é um pequeno sinal profético, naquela terra que foi berço da civilização e é ícone do sofrimento da Humanidade, à procura da paz e da fraternidade.

Também Chiara Lubich nos apoia nesta fé corajosa: «Maria, depois de Jesus, é aquela que melhor e mais perfeitamente soube dizer “sim” a Deus. É sobretudo nisto que está a sua santidade e a sua grandeza. Assim, se Jesus é o Verbo, a Palavra que se encarnou, Maria, pela sua fé na Palavra, é a Palavra vivida, mesmo sendo criatura como nós, igual a nós. […] Portanto, com Maria, devemos acreditar que todas as promessas contidas na Palavra de Jesus se vão realizar. Mas, como Maria, quando for preciso, devemos enfrentar o risco do absurdo que, por vezes, a Palavra comporta. Grandes e pequenas coisas, mas sempre maravilhosas, acontecem a quem acredita na Palavra. Poderiam encher-se muitos livros com os factos que o comprovam. […] Quando, na vida de cada dia, na leitura das Sagradas Escrituras, nos encontrarmos com a Palavra de Deus, escutemo-la com o coração aberto, acreditando firmemente que aquilo que Jesus nos pede e promete se irá realizar. Não tardaremos a descobrir […] que Ele mantém as suas promessas»[4].

Armando o presépio de Natal



Já estamos em um novo Ano Litúrgico, no Advento, tempo da “bela tradição das famílias prepararem o Presépio, e o costume de o armarem nos lugares de trabalho, nas escolas, nos hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas praças” ...: é assim que começa a Carta Apostólica do Papa Francisco, “Sinal Admirável”, sobre o valor e o significado do Presépio.  

“Representar o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. O Presépio é como um Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele. O evangelista Lucas limita-se a dizer que, tendo-se completado os dias de Maria dar à luz, ‘teve o seu filho primogênito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria’ (2, 7). Jesus é colocado numa manjedoura, que, em latim, se diz praesepium, donde vem a nossa palavra presépio. Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais vão comer. A palha torna-se a primeira enxerga para Aquele que Se há de revelar como ‘o pão vivo, o que desceu do céu’ (Jo 6, 51). Uma simbologia, que já Santo Agostinho, a par doutros Padres da Igreja, tinha entrevisto quando escreveu: ‘Deitado numa manjedoura, torna-Se nosso alimento’. Na realidade, o Presépio inclui vários mistérios da vida de Jesus, fazendo-os aparecer familiares à nossa vida diária”.

A ideia dessa representação é atribuída a São Francisco de Assis: “Quero representar o Menino nascido em Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incômodos que Ele padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro” ... “O Presépio é um convite a ‘sentir’, a ‘tocar’ a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de Deus na sua encarnação, tornando-se assim, implicitamente, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva até à Cruz, e um apelo ainda a encontrá-Lo e servi-Lo, com misericórdia, nos irmãos e irmãs mais necessitados”.