quinta-feira, 15 de julho de 2021

Onda de prisões em Cuba: Agentes prendem seminarista



O seminarista Rafael Cruz Débora, de 26 anos, foi detido na sua própria casa ao final da madrugada da segunda-feira por agentes do governo de Cuba, na província de Matanzas. Seu paradeiro é desconhecido até o momento. Vários militantes foram presos depois dos protestos massivos na segunda-feira, os maiores contra o regime comunista cubano desde sua instalação em 1959.

Rafael Cruz é seminarista e estuda teologia em Havana. Ele “estava de férias na casa de seus pais”, em Matanzas. “Não se sabe com segurança onde ele está”, disse o padre Rolando Montes de Oca, da arquidiocese de Camagüey, à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI. “Entraram em sua casa às cinco da manhã. Dizem que ele foi detido violentamente e ainda não sabemos para onde foi levado”, informou o padre.

A página 14ymedio.com afirmou que se multiplicaram, desde as primeiras horas da segunda-feira, “as denúncias de detenções, repressão e violência policial, sem muitos detalhes. A informação chega a conta-gotas porque o serviço de internet continua cortado na ilha”.

Entre os detidos em Havana estão: “Raúl Prado, Yunior García, Solveig Font, Gretel Medina, Juan Carlos Calahorra, Daniel Triana e Reynier Díaz, que haviam sido detidos em frente ao Instituto Cubano de Rádio e Televisão”.

“A namorada de García, Dayana Prieto Espinosa, informou por telefone à 14ymedio que alguns, entre eles seu parceiro, foram espancados na prisão”, informou a página.

ACI Prensa apurou que, em Camagüey, também foram detidos Yasmani González Aguilar, Leonardo Fernández Otaño, Manuel Alejandro Rodríguez Yong, Neife María Rigau Chiang e Henry Constantín.

Uma fonte vinculada à Igreja em Cuba informou que “os jovens católicos Manuel Yong e Leonardo Fernández foram levados presos para Havana”.

“Tragicamente lamentável”, diz Arcebispo de Miami sobre repressão em Cuba



O arcebispo de Miami, nos Estados Unidos, dom Thomas Wenski, emitiu um comunicado solidarizando-se com o povo de Cuba e condenou a atitude repressiva do regime comunista contra os protestos massivos em toda a ilha no último domingo, 11 de julho. “As manifestações populares em toda a ilha expressaram as frustrações legítimas do povo cubano. É tragicamente lamentável que o governo cubano tenha optado por responder com ações repressivas e um discurso que ameaça com mais violência àqueles que, sob o lema de ´Pátria e Vida´ e ´Não temos medo´, buscam um futuro melhor para si mesmos e para seu país”, disse o bispo americano em 12 de julho.

Cerca de um 1,36 milhão de cubanos moram nos EUA segundo o censo americano. Muitos são exildos e moram em Little Havana, bairro cubano de Miami.

Em seu comunicado, dom Wenski lembrou que, “além da pandemia da covid-19 que afeta Cuba”, a ilha sofre uma série de privações como a “falta de liberdades, alimentos e perspectivas de futuro”. Segundo o arcebispo, essas foram as causas da explosão social. Ewenski lembrou a visita de São João Paulo II a Cuba em 1998 e da exortação que fez então aos cubanos, “especialmente os seus jovens, a serem protagonistas do seu futuro”.

“A falta de liberdades fundamentais, a marginalização e exclusão daqueles que discordam da linha partidária”, frustram o sonho de José Martí, apóstolo da independência cubana, de uma Cuba ´com todos e para o bem de todos´”, afirmou dom Wenski.

O arcebispo de Miami disse que “hoje os cubanos e os que não somos cubanos somos muito conscientes dos sofrimentos da nação cubana e sentimos nosso dever de ajudar, através de qualquer gesto possível de solidariedade efetiva e com nossas orações”.

Padre agredido em manifestações pede pelos que ainda estão presos em Cuba



O padre Castor Álvarez Devesa contou sua experiência de passar 13 horas como prisioneiro das autoridades cubanas por causa do protesto contra a situação do páis que ocorreu no domingo dia 11 de julho. Na tarde de ontem, depois de ser libertado, ele falou sobre a repressão do regime aos protestos e pediu pelas pessoas que continuam presas.

O padre Devesa, sacerdote da arquidiocese de Camagüey, foi detido na tarde do domingo quando defendia os manifestantes. Ele ficou preso até a madrugada da segunda-feira na delegacia de Monte-Carlo, acusado de desordem pública.

“Graças a Deus, já não estou preso e estou em casa. Obrigado a todos os que pediram por mim a Deus e pediram que eu estivesse em liberdade. Muito obrigado”, disse o sacerdote na mensagem difundida nas redes sociais na qual também contou o que aconteceu. “Ontem [domingo], comecei a rezar para ver o que fazia. E realmente, não pude chegar à minha casa. Fui aonde estavam os manifestantes para acompanhá-los”.

O padre Álvarez disse que caminhou ao lado das pessoas que protestavam para tentar “evitar que houvesse confrontos, que houvesse violência”, mas que “no final, tentando evitar a violência, recebi um golpe, de alguém com um taco”.

“Mas graças a Deus estamos bem e com o desejo de que todos os cubanos estejam em paz, que não haja violência, que não haja essa força que oprime, mas que tenhamos paz e justiça”, disse o sacerdote. “Acho que devemos seguir rezando pelos que ainda estão detidos, para que haja justiça e não haja excessos, e para que os cubanos possamos encontrar o caminho da paz e da liberdade”, afirmou.

ACI Prensa apurou que, em Camagüey, também foram detidos Yasmani González Aguilar, Leonardo Fernández Otaño, o cineasta Manuel Alejandro Rodríguez Yong, Neife María Rigau Chiang e Henry Constantín, diretor da revista La Hora de Cuba.

Osvaldo Gallardo, leigo católico de Camagüey que atualmente reside em Miami, informou que Manuel Yong foi transferido para a unidade El Cotorro, em Havana, “com outras 600 pessoas detidas no Capitólio”. “As acusações serão feitas em 72 horas. Essas pessoas já receberam roupas de presos”, informou.

O povo de Cuba tem o direito de se manifestar, diz conferência episcopal


A conferência episcopal de Cuba apoia o direito da população de expressar publicamente “sua insatisfação pelo agravamento da situação econômica e social” e considera que não haverá solução através de “imposições, nem apelando ao confronto”. A Conferência dos Bispos Católicos de Cuba (COCC) publicou um comunicado no dia 12 de julho, um dia após milhares de pessoas saírem às ruas em dezenas de cidades em toda a ilha para exigir liberdade e expressar sua insatisfação pela crise econômica, a falta de alimentos, de medicamentos e a necessidade de vacinas para fazer enfrentar o coronavírus, que registrou um aumento do contágio nos últimos dias.

O presidente Miguel Díaz-Canel ordenou aos seus partidários que saíssem às ruas para confrontar os protestos. A oposição criticou a postura do presidente e denunciou a tentativa do regime de promover um confronto entre cubanos. Imagens difundidas nas redes sociais mostram agentes do governo e da polícia reprimindo manifestantes. A agência espanhola ABC denunciou a detenção de uma das suas jornalistas em Havana e exigiu sua liberação, além da devolução do material profissional confiscado. “A detenção da jornalista Camila Acosta, da ABC em Cuba, e a de muitos outros colegas seus de profissão, que se limitam a cumprir com seu direito e dever de informar, é totalmente inadmissível”, expressou o jornal.

No comunicado, a COCC disse que não é possível “fechar os olhos ou virar o rosto, como se nada estivesse acontecendo”. No país, “milhares de pessoas saíram às ruas em cidades e povoados de Cuba, protestando publicamente, expressando sua insatisfação pelo agravamento da situação econômica e social que o nosso povo está vivendo e que tem piorado significativamente”.

“Entendemos que o governo tem responsabilidades e tentou tomar medidas para paliar as referidas dificuldades, mas também compreendemos que o povo tem o direito de manifestar suas necessidades, anseios e esperanças e de expressar publicamente as sérias consequências de algumas medidas que foram tomadas”, afirmou a conferência episcopal.

“Neste momento, como pastores, preocupa-nos que a resposta a esta reivindicações seja o imobilismo, que contribui para que os problemas continuem sem resolução. Vemos que a situação está se agravando e que, além disso, há uma crescente rigidez e endurecimento das posições. Isso poderia gerar respostas negativas, com consequências imprevisíveis que seriam prejudiciais para todos”.

Arcebispo venezuelano apoia protestos em Cuba pelo fim da ditadura


O arcebispo de Ciudad Bolívar, na Venezuela, dom Ulises Gutiérrez, expressou sua solidariedade com os manifestantes de Cuba que no domingo passado saíram às ruas para protestar contra a ditadura comunista está há 60 anos no poder. “Esta é a hora em que vocês decidiram seguir em frente. Estou seguro de que este é o início do fim da ditadura. Um ciclo histórico está se concluindo e vocês são protagonistas hoje, na construção de uma nova Cuba, na liberdade”, disse o arcebispo em mensagem de vídeo publicada nas redes sociais. A Venezuela também vive uma profunda crise econômica e social, fruto de mais de vinte anos do regime de esquerda estabelecido por Hugo Chávez no país em 1999.

Gutiérrez disse que, como pastor e membro da Ordem dos Mercedários, quer “elevar” sua “voz solidária” com Cuba, que “merece liberdade, merece saúde, merece progresso, merece bem-estar”. “Hoje, quero agradecer a Deus porque o povo cubano despertou. Mas também elevo minha oração para que este povo lutador vá em frente, porque a repressão não poderá com vocês”, expressou.

Bispos cubanos dos EUA se solidarizam com os protestos na ilha



O arcebispo da Filadélfia, dom Nelson Pérez, e outros três bispos cubanos dos EUA expressaram solidariedade e apoio aos milhares de cidadãos que saíram às ruas de Cuba para pedir liberdade na ilha. “Nas dramáticas e corajosas imagens que deram a volta ao mundo”, vimos que “o povo de Cuba saiu às ruas em demonstrações massivas de solidariedade, em povoados, aldeias e cidades, nos dias 11 e 12 de julho”, afirma uma nota da arquidiocese da Filadélfia. “Como cubanos e como bispos da Igreja Católica nos Estados Unidos, estamos sempre conscientes dos sofrimentos constantes e da frustração de nossos irmãos e irmãs na ilha”, diz a nota assinada por dom Pérez, dom Manuel Cruz, bispo auxiliar de Newark, dom Felipe Estévez, bispo de Santo Agostinho, e dom Otávio Cisneros, bispo emérito de Brooklyn. “O direito e a coragem do povo de Cuba de elevar publicamente sua voz, afastando o temor da repressão e revelando uma autêntica solidariedade como povo, são reconhecidos e aplaudidos”, disseram os bispos.

“Seu slogan ´Pátria e Vida´ expressa a frustração ao experimentar um número recorde de casos de covid-19, falta de vacinas, de adequada assistência médica e dos suprimentos necessários: são circunstâncias desumanas, que agravam a falta de alimentos e de cobertura das necessidades básicas”, afirma o texto.

Os bispos disseram que o “´canto de liberdade´ também revela o desejo de todo cidadão cubano de desfrutar dos direitos humanos básicos, reconhecidos como parte da dignidade humana pelas Nações Unidas, e defendidos por séculos pela Igreja Católica e seu ensino social”.

Os bispos também se disseram muito “preocupados com a reação agressiva do governo às manifestações pacíficas, lembrando que a violência gera violência. Tal reação parece negar o princípio básico cubano de ter uma pátria com todos e para o bem de todos”.

“Expressamos nossa solidariedade com os que foram detidos por terem expressado suas opiniões. Rezamos por suas famílias e pedimos sua libertação imediata”, acrescentaram.

Autoridades indianas demolem igreja católica por considerá-la estrutura ilegal



A igreja siro-malabar Little Flower de Lado Sarai, em Nova Deli, na Índia, foi demolida no dia 12 de julho por ser uma estrutura ilegal segundo a Autoridade para o Desenvolvimento de Deli (DDA). A DDA, órgão responsável pelas obras de infraestrutura na capital da Índia, disse, em 9 de julho, que a construção da igreja era ilegal. Segundo a Asia News, agência de notícias do Pontifício Instituto das Missões Estrangeiras, membros da comunidade católica de Deli disseram que a DDA “agiu de forma preventiva e por iniciativa própria, enquanto a justiça ainda estava estudando a controvérsia sobre a construção”. O presidente do Conselho Mundial de Igrejas Cristãs na Índia, Sajan K. George, lamentou o fato e afirmou que a demolição é um “ato anticristão”. Para ele, “a igreja foi destruída porque os cristãos são uma minoria discriminada”.

Papa Francisco deixa hospital e volta ao Vaticano


O Papa Francisco voltou ao Vaticano nesta quarta-feira, 14 de julho, depois de onze dias internado no policlínico Gemelli recuperando-se de uma cirurgia no cólon. A Sala de Imprensa da Santa Sé disse em comunicado hoje, 14, que “o Papa Francisco teve alta do Hospital Gemelli pouco depois das 10h30, horário de Roma, e deixou o hospital para retornar à sua residência no Vaticano de carro”. “No caminho para casa, o Papa parou para rezar na Basílica de Santa Maria Maior.”

Segundo o porta-voz da Santa Sé, Matteo Bruni, o papa visitou o ícone mariano Salus Populi Romani, diante do qual "expressou sua gratidão pelo sucesso da sua cirurgia e ofereceu uma oração por todos os doentes, especialmente aqueles que ele tinha encontrado durante sua estadia no hospital".

O papa chegou à casa Santa Marta, onde mora, pouco antes do meio-dia, horário de Roma.