quinta-feira, 10 de junho de 2021

Juiz federal suspende lei do aborto na Argentina



O juiz federal de Mar del Plata, na Argentina, Alfredo López, ordenou a suspensão em todo o país da aplicação da lei que liberou o aborto. Segundo o juiz, a lei viola os tratados internacionais aos quais o Estado aderiu em defesa da vida desde a concepção.

O cidadão Héctor Adolfo Seri, apoiado pelo advogado Mauro D'ipolito Blancat, interpôs recurso de amparo para declarar a inconstitucionalidade da lei do aborto, aprovada em 30 de dezembro de 2020 pelo Congresso Nacional.

A lei do aborto “iria na direção oposta às obrigações internacionais assumidas pelo Estado argentino em virtude da proteção integral do direito à vida desde a concepção”, descreve o texto, que também pede que “seja expedida medida cautelar para ordenar a suspensão da resolução 1/2019”, protocolo do aborto terapêutico, por “estar em jogo o direito à vida do nascituro”.

O juiz Alfredo López, do Juizado Federal nº 4 de Mar del Plata, acatou o pedido e suspendeu a aplicação da lei no país e afirmou sua “condição de católico e respeitador da vida humana não consiste em óbice para a intervenção”. López disse que a Corte Suprema “reafirmou, em pronunciamentos posteriores, o direito à preservação da saúde, incluída no direito à vida, e destacou a obrigação urgente do poder público de garantir esse direito com ações positivas”.

Nesse sentido, o juiz ordenou que o Estado, por meio do poder executivo, suspenda a aplicação da lei até que “o problema de fundo seja resolvido para que seja dada a sentença definitiva”.

Papa pede maior envolvimento de leigos e famílias na Pastoral Familiar



O papa Francisco destacou a importância da família na Igreja e pediu uma escuta ativa das famílias e um maior envolvimento dos leigos como sujeitos na pastoral, em vídeo que marcou o início do seminário on-line "Em que ponto estamos com a Amoris laetitia?", na quarta-feira, dia 9 de junho.

“Em meio às dificuldades causadas pela pandemia, que rompem a vida da família e sua íntima comunhão de vida e de amor, a família é hoje mais do que nunca um sinal dos tempos e a Igreja é convidada, sobretudo, a escutar ativamente as famílias e ao mesmo tempo envolvê-las como sujeitos da pastoral”, disse o papa.

O seminário acontece de 9 a 12 de junho e reúne delegados de setores de família de mais de 60 conferências episcopais e 30 movimentos internacionais. O papa agradeceu a iniciativa organizada pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, porque “representa um momento essencial de diálogo entre a Santa Sé, as conferências episcopais, os movimentos e as associações familiares”.

O papa rezou para “que o Espírito Santo o torne um evento fecundo para a Igreja, pastores e leigos juntos, para escutar as necessidades concretas das famílias e nos ajudarmos mutuamente a empreender os processos necessários para renovar o anúncio da Igreja”.

Francisco afirmou que é necessário “estimular a praticar um fecundo discernimento eclesial sobre o estilo e as finalidades da pastoral familiar na perspectiva da nova evangelização”. A exortação apostólica pós-sinodal “é o fruto de uma profunda reflexão sinodal sobre matrimônio e família e, como tal, requer um trabalho paciente de implementação e uma conversão missionária”, disse.

É preciso “cooperação, partilha de responsabilidades, capacidade de discernimento e disponibilidade para estar perto das famílias”, afirmou o papa. “É necessário deixar de lado qualquer anúncio meramente teórico e desvinculado dos problemas reais das pessoas, assim como a ideia de que a evangelização está reservada a uma elite pastoral”.

O santo padre afirmou que “cada um dos batizados ‘é agente evangelizador’. Para levar o amor de Deus às famílias e aos jovens, que construirão as famílias do amanhã, precisamos da ajuda das próprias famílias, da sua experiência concreta de vida e de comunhão”.

“Precisamos dos cônjuges ao lado dos pastores para caminhar com outras famílias, para ajudar os mais fracos, para anunciar que, mesmo nas dificuldades, Cristo se faz presente no sacramento do Matrimônio para dar ternura, paciência e esperança a todos, em toda situação de vida”, disse o papa.

Além disso, o pontífice recordou o exemplo dos esposos Áquila e Priscila, que foram “preciosos colaboradores de São Paulo na sua missão”, e disse que “também hoje muitos casais, e mesmo famílias inteiras com seus filhos, podem se tornar testemunhas válidas para acompanhar outras famílias, criar comunidade, semear sementes de comunhão entre os povos que recebem a primeira evangelização, contribuindo de forma decisiva para o anúncio do querigma”.

Papa não aceita renúncia de arcebispo de Munique



O papa Francisco não aceitou a renúncia apresentada pelo cardeal Reinhard Marx, arcebispo de Munique, na Alemanha. “A Igreja hoje não pode dar um passo à frente sem assumir esta crise” de abusos, disse Francisco.

Marx, de 67 anos, foi presidente da conferência episcopal alemã e é membro do conselho de cardeais que assessora o papa na planejada reforma da cúria romana. Ele apresentou sua renúncia no dia 4 de junho, após reconhecer sua responsabilidade na má gestão de casos de abuso sexual pelo clero alemão.

“Esta é a minha resposta, querido irmão. Continue como você propõe, mas como arcebispo de Munique e Freising. E se te sentes tentado a pensar que, ao confirmar a tua missão e ao não aceitar a tua renúncia, este bispo de Roma (teu irmão que te ama) não te entende, pensa no que Pedro sentiu diante do Senhor quando, à sua maneira, apresentou sua renúncia: 'afaste-se de mim, eu sou um pecador,' e ouça a resposta: 'pastoreia minhas ovelhas'”, disse o papa Francisco na sua resposta ao pedido do cardeal Marx, em uma carta enviada nesta quinta-feira, 10 de junho.

“A política da avestruz não leva a nada, e a crise tem que ser assumida a partir da nossa fé pascal. Sociologismos e psicologismos são inúteis”, disse o papa na carta. “Assumir a crise, pessoal e comunitariamente, é o único caminho fecundo porque ninguém sai de uma crise sozinho, mas em comunidade. E devemos também ter presente que, de uma crise, a gente sai pior ou melhor, mas nunca igual a antes”.

O pontífice agradece ao cardeal Marx a coragem demonstrada na carta de demissão: “É uma coragem cristã que não teme a cruz, não teme aniquilar-se perante a tremenda realidade do pecado. O Senhor também fez isso. É uma graça que o Senhor te deu e vejo que queres assumi-la e guardá-la para que dê frutos. Obrigado".

O papa concordou com o cardeal quando ele definiu “a triste história dos abusos sexuais e a forma como a Igreja lidou com eles até recentemente” como uma “catástrofe”. E disse que “a tomada de consciência dessa hipocrisia no modo de viver a fé consiste em uma graça, em um primeiro passo que devemos dar. Temos que nos apropriar da história, tanto pessoalmente quanto em comunidade. Não podemos ser indiferentes diante desse crime. Assumi-lo significa colocar-se em crise”.

O papa Francisco falou sobre a necessidade de pronunciar um “mea culpa” diante dos erros históricos do passado, “embora pessoalmente não tenhamos participado dessa conjuntura histórica. E essa mesma atitude é o que hoje nos é pedido”.

“Pedem-nos uma reforma”, escreveu o papa sublinhando a palavra “reforma”, que, “neste caso, não consiste em palavras, mas em atitudes que tenham a coragem de se colocar em crise, de assumir a realidade seja qual for a consequência”.

“Toda reforma começa a partir de cada um. A reforma da Igreja foi feita por homens e mulheres que não temeram entrar em crise e deixaram reformar-se a si próprios pelo Senhor. É o único caminho. Caso contrário, não seremos mais do que ‘ideólogos das reformas´, que não colocam a própria carne em jogo”.

O papa Francisco foi muito crítico em relação à política de esconder casos de abusos: “Você diz bem em sua carta que enterrar o passado não nos leva a lugar nenhum. Os silêncios, as omissões, a valorização excessiva do prestígio das instituições só levam ao fracasso pessoal e histórico, e nos levam a conviver com o peso de 'ter esqueletos no armário', como diz o ditado”.

Por isso, “é urgente ‘ventilar ’esta realidade dos abusos e da forma como a Igreja procedeu, e deixar que o Espírito nos conduza ao deserto da desolação, à cruz e à ressurreição. Devemos seguir o caminho do Espírito e o ponto de partida é a confissão humilde: erramos, pecamos”.

O papa advertiu que “não seremos salvos pelas pesquisas ou pelo poder das instituições. Não seremos salvos pelo prestígio da nossa Igreja que tende a acobertar os seus pecados; não seremos salvos pelo poder do dinheiro nem pela opinião da mídia (tantas vezes somos dependentes demais deles)”.

Pelo contrário, escreveu o papa, “o que nos salvará será abrir a porta ao Único que pode salvar-nos e confessar a nossa nudez: 'pequei', 'pecamos' ..., e chorar, e sussurrar como podamos aquele 'afasta-te de mim, porque sou um pecador', aquela herança que o primeiro papa deixou aos papas e aos bispos da Igreja. E então sentiremos aquela vergonha curadora que abre as portas à compaixão e à ternura do Senhor que está sempre perto de nós”.

sábado, 29 de maio de 2021

Como seria a vida humana sem o pecado original?



Na descrição do pecado, trata-se de um evento primordial, isto é, de um fato que, segundo a Revelação, teve lugar no início da história da humanidade. A presença da justiça original e da perfeição do homem, criado à imagem de Deus, não excluía que o homem, como criatura dotada de liberdade, fosse submetido (como os outros seres espirituais, os anjos) desde o início à prova da liberdade, prova na qual ele caiu em falta.

A árvore (da ciência), significa o limite impreterível ao homem e a qualquer criatura, por mais perfeita que seja. Assim, a criatura é sempre apenas uma criatura, e não Deus. Por certo, não pode pretender ser como Deus, conhecer o bem e o mal como Deus. Só Deus é a fonte de todo ser. Só Deus é a Verdade e a Bondade absolutas.

Como consequência do pecado original, o homem todo, alma e corpo, foi afetado

Só Deus é o Legislador Eterno, d’Ele procede toda lei no mundo criado, em particular a lei da natureza humana. Nem o homem nem alguma criatura podem colocar-se no lugar de Deus, atribuindo a si o controle da ordem moral.

Toda a existência do homem sobre a terra está sujeita ao medo da morte, que, segundo a Revelação, se acha claramente conjugada com o pecado original. Sinal e consequência do pecado original é a morte do corpo, como, desde então, ela é experimentada por todos os homens.

O homem foi criado por Deus e para a imortalidade; a morte, que aparece como um trágico salto no escuro, vem a ser a consequência do pecado, quase devida à lógica imanente do próprio pecado, mas principalmente infligida como castigo de Deus. Tal é o ensinamento da Revelação e tal é a fé da Igreja: sem o pecado, o fim da nossa provação terrestre não seria tão dramático.

O homem foi criado por Deus também para a felicidade, que, no âmbito da existência terrestre, significava ser isento de muitos sofrimentos, ao menos no sentido de ser isento. Como se depreende das palavras atribuídas a Deus no Gênesis e em muitos outros textos da Bíblia e da Tradição, o pecado original fez que essa isenção deixasse de ser o privilégio do homem.

O pecado e o pecador



Com o crescimento dos movimentos pro-LGBTetc, surge sempre a questão da discriminação e da fobia com relação a pessoas. Por isso, vale sempre lembrar a posição equilibrada da Igreja Católica a esse respeito.

São condenáveis toda a violência, discriminação injusta e preconceito contra as pessoas homossexuais. Deve-se defender sempre a caridade para com essas pessoas. Mas isso não significa aprovação da prática homossexual.

“A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (Cf. Gn 19, 1-29; Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 9-10; 1 Tm 1, 10) a Tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’ (Congregação da Doutrina da Fé, Decl. Persona humana, 8). São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2357).

As citações acima da Sagrada Escritura são muito graves: O livro do Gênesis 19, 1-29 narra como a maldade de Sodoma e Gomorra, onde se praticava esse pecado, clamou ao céu, e lhes trouxe a destruição. São Paulo, na Epístola aos Romanos, 1, 24-27, condena abertamente esse pecado como sendo contra a natureza. Na 1ª Epístola aos Coríntios 6, 9-10, o Apóstolo fala claramente que os efeminados, os sodomitas... não terão parte no reino de Deus. E repete essa reprovação na 1ª Epístola a Timóteo,1, 10.

Mas a Igreja ensina a compreensão para com essas pessoas, quando sofrem com essa situação e não se vangloriam da prática do pecado.

Prisão de bispo na China mostra que acordo da Santa Sé foi um fracasso, diz perito



“O acordo entre a Santa Sé e o regime chinês fracassou enormemente em dar a proteção à Igreja na China que se esperava e, na verdade, desde que o acordo foi assinado em 2018, e até mesmo depois de sua renovação no final do ano passado, a situação dos cristãos na China piorou”, afirma Benedict Rogers. Após a prisão do bispo Joseph Weizhu, junto de 10 padres e 13 seminaristas na prefeitura apostólica de Xinxiang, na China, Rogers afirma que a Santa Sé definitivamente “cometeu um erro” ao negociar com o Partido Comunista Chinês e que o acordo foi um fracasso para a proteção dos cristãos.

O acordo visava terminar com a divisão do catolicismo na China entra igreja oficial, controlada pelo Partido Comunista Chinês, e a Igreja clandestina, ligada ao papa e, assim, encerrar a perseguição aos católicos leais a Roma.

Rogers é o fundador da Hong Kong Watch, organização sediada no Reino Unido que monitora direitos humanos, liberdades e o Estado de direito. Ele também é analista sênior para a Ásia Oriental no grupo de direitos humanos Christian Solidarity Worldwide (CSW).

As prisões dos clérigos começou na tarde da sexta-feira, 20 de maio, quando pelo menos 100 policiais cercaram o prédio da fábrica usado como seminário diocesano. Ali foram presos 13 seminaristas e 7 sacerdotes. A fábrica que abrigava o seminário foi fechada e o dono foi preso. Os 13 candidatos ao sacerdócio foram enviados às suas casas e estão proibidos de estudar teologia. Os policiais confiscaram todos os pertences pessoais dos sacerdotes e seminaristas. A prisão do bispo ocorreu no dia seguinte. A agência reportou nesta segunda-feira, 24 de maio, que os clérigos presos em Xinxiang encontram-se em um hotel em Henan onde passam por sessões de reeducação política.

Rogers se converteu ao catolicismo há 5 anos através de sua relação de trabalho e amizade com o cardeal Charles Bo, arcebispo de Yangon em Myanmar, e hoje é um dos maiores peritos sobre liberdade religiosa na Ásia e particularmente na China.

“Embora as intenções da Santa Sé foram sem dúvida boas, o acordo foi definitivamente um erro”, diz ele. “Especialmente no momento em que o regime do Partido Comunista Chinês está intensificando seu ataque à religião especificamente e aos direitos humanos em geral”.

Segundo Rogers, “o Partido Comunista Chinês sempre violou a liberdade religiosa e foi hostil à religião, mas nos últimos anos, sob Xi Jinping, a perseguição aumentou para um nível que é o pior desde a Revolução Cultural. O regime tem destruído cruzes e igrejas, prendido o clero e forçado as igrejas a exibir imagens de Xi Jinping e propaganda do Partido Comunista ao lado de imagens religiosas”.

“Os jovens menores de 18 anos são proibidos de frequentar locais de culto, nas igrejas controladas pelo Estado as câmeras de vigilância registram a presença de todos os fiéis, e o regime está planejando produzir uma nova tradução da Bíblia que distorça e deturpe completamente as Escrituras para fins de propaganda do partido”, informa Rogers.

“Este acordo foi alcançado com um preço muito alto, ou seja, o silêncio do Vaticano sobre a liberdade religiosa e os direitos humanos na China, o que é de partir o coração", afirmou Rogers.

Cardeal alemão pede que Santa Sé reaja a bênçãos a uniões gay



O cardeal Gerhard Müller, que foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé por 5 anos, pediu ao Vaticano “uma declaração clara de princípios com consequências práticas”, depois que, no dia 10 de maio, cerca de 100 padres e agentes pastorais abençoaram uniões homossexuais apesar da proibição da Santa Sé.

“Pela verdade do Evangelho e pela unidade da Igreja, Roma não deve vigiar em silêncio, esperando que as coisas não piorem ou que os alemães sejam pacificados com sutileza tática e pequenas concessões. Precisamos de uma declaração clara de princípios com consequências práticas”, escreveu o cardeal em artigo publicado em 24 de maio na revista norte-americana First Things, intitulado “Bênção e blasfêmia”.

“Esta encenação de pseudo-bênçãos de uniões homossexuais ativas, homens ou mulheres, em termos teológicos é uma blasfêmia. É uma contradição cínica da santidade de Deus”, disse o cardeal alemão.

A declaração do Vaticano é necessária, diz Müller, “para que, após 500 anos de divisão, o remanescente da Igreja Católica na Alemanha não se desintegre, com consequências devastadoras para a Igreja universal”.

O prefeito emérito afirmou que “a Igreja em Roma tem o primado não só por causa das prerrogativas da Sé de Pedro, cujo ocupante pode agir como bem entender, mas ainda mais por causa do grave dever do Papa, que Cristo lhe conferiu, de guardar a unidade da Igreja universal revelada na fé”.

Na segunda-feira, 10 de maio, padres e agentes pastorais da Igreja na Alemanha abençoaram uniões homossexuais em um evento intitulado “O amor vence”, em rebelião aberta à proibição do Vaticano, que no dia 15 de março aclarou que esse tipo de bênção não é possível. As bênçãos foram realizadas nos lugares que aparecem no site https://www.liebegewinnt.de/.

No site, lê-se: “diante da negativa da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a possibilidade de abençoar as uniões homossexuais, levantamos a nossa voz para dizer que continuaremos acompanhando as pessoas na sua união vinculante em vista do futuro e abençoaremos a sua relação”.

O evento foi endossado por vários bispos, como o presidente da conferência episcopal alemã, dom Georg Bätzing, bispo de Limburgo, e o bispo de Essen, dom Franz-Josef Overbeck, que disse que não aplicará qualquer sanção aos padres que abençoem casais homossexuais.

“O espetáculo de bênçãos de uniões do mesmo sexo não só questiona a primazia do ministério petrino, que se baseia na revelação, mas também questiona a autoridade da própria revelação de Deus”, escreveu o cardeal Müller.

O cardeal alemão criticou também a teologia que trata de justificar a bênção dos pares homossexuais e que “regressa ao paganismo com a sua descabida insistência em se chamar católica, como se a Palavra de Deus na Sagrada Escritura e na tradição apostólica pudesse ser descartada como meras opiniões e expressões temporárias de sentimentos e ideais religiosos que precisam evoluir e se desenvolver de acordo com novas experiências, necessidades e mentalidades”.

“Hoje nos dizem que reduzir as emissões de CO2 é mais importante do que evitar os pecados mortais que nos separam de Deus para sempre”, escreveu Müller.

O matrimônio natural é constituído por um homem e uma mulher

Em seu artigo, o cardeal Müller afirma que “a bênção nupcial está intimamente relacionada ao matrimônio como instituição da criação e sacramento instituído por Cristo”. Por isso, “a bênção nupcial é uma oração poderosa da Igreja para que um noivo e uma noiva participem da salvação: para que o seu casamento ajude a construir a Igreja e a promover o bem dos cônjuges, dos filhos e da sociedade”.

O prefeito emérito frisou que “a bênção nupcial não é como as outras bênçãos ou consagrações. Não pode ser separada de sua conexão específica com o sacramento do casamento e ser aplicada a casais não casados ​​ou, pior, ser mal utilizada para justificar uniões pecaminosas” como são as uniões homossexuais.

“O lugar legítimo e sagrado para a união corporal de um homem e uma mulher é o matrimônio natural ou sacramental de um marido e uma esposa. A atividade sexual livremente escolhida fora do casamento é uma grave violação da santa vontade de Deus”, escfeveu Müller. “O pecado contra a castidade é ainda maior se o corpo de uma pessoa do mesmo sexo for instrumentalizado para estimular o desejo sexual”.

Por tudo isso, disse o cardeal alemão, o que a Congregação para a Doutrina da Fé estabeleceu em março ao proibir a bênção aos casais homossexuais “foi uma simples expressão daquilo que todo cristão católico, instruído nos fundamentos de nossa fé, sabe: a Igreja não tem autoridade para abençoar uniões do mesmo sexo”.

Contra o argumento de alguns teólogos e bispos alemães que justificam a bênção como uma resposta a uma “urgência pastoral” em meio à pandemia do coronavírus, o cardeal respondeu que “se os bispos proibiram a participação na missa, as visitas dos padres aos doentes e os casamentos nas igrejas por causa do risco de infecção, então sua alegação de que há uma necessidade urgente de abençoar pares do mesmo sexo não é nem remotamente plausível”.

Para o prefeito emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, “o escândalo na Alemanha não é sobre os indivíduos e suas consciências. Nem parece se orientar à sua salvação temporal ou eterna. Ao contrário, testemunhamos a negação herética da fé católica no sacramento do casamento e a negação da verdade antropológica de que a diferença entre homens e mulheres expressa a vontade de Deus na criação”.

O cardeal Müller também disse que “os bispos e teólogos alemães tratam as pessoas como tolas, alegando que possuem um conhecimento exegético secreto que lhes permite interpretar os versos da Sagrada Escritura, condenatórios das coisas contrárias à natureza, como se fossem algo compatível com a afirmação das uniões homossexuais”.

Papa ordena visita apostólica à arquidiocese alemã de Colônia



O Papa Francisco ordenou uma visita apostólica à arquidiocese de Colônia, na Alemanha, em meio a duras críticas ao tratamento de casos de abuso por parte de sua autoridade, o Cardeal Rainer Maria Woelki. Segundo a Enciclopédia Católica a visita apostólica é uma “uma iniciativa excepcional da Santa Sé que envolve enviar um visitador ou visitadores para avaliar um instituto eclesiástico, como um seminário, diocese ou instituto religioso”. A visita não deve ser entendida como uma punição, pelo contrário, é um instrumento que “tem por objetivo ajudar o instituto em questão a melhorar a forma com que realiza suas funções na vida da Igreja".

A arquidiocese emitiu em um comunicado na manhã desta sexta-feira, 28 de maio, afirmando que os visitadores apostólicos do papa deverão avaliar "possíveis erros" cometidos por seu arcebispo, o cardeal Rainer Maria Woelki.

Os visitadores apostólicos serão o cardeal Anders Arborelius, bispo de Estocolmo na Suécia e o bispo Johannes van den Hende de Rotterdam, presidente da conferência episcopal holandesa, informou a CNA Deutsch, agência de notícias em língua alemã do grupo ACI.

“Durante a primeira quinzena de junho, os enviados da Santa Sé visitarão a arquidiocese para obter uma visão abrangente da sua complexa situação pastoral”, diz o comunicado.

O texto acrescentou que os visitadores também irão examinar os possíveis erros cometidos pelo Arcebispo Stefan Heße, de Hamburgo, que foi Vigário Geral da Arquidiocese de Colônia de 2012 a 2015, e pelos Auxiliares Dom Dominikus Schwaderlapp e Dom Ansgar Puff.

Heße ofereceu sua renúncia ao Papa Francisco e solicitando “liberação imediata” de todas as funções em março deste ano e Dom Ansgar Puff e Dom Dominikus Schwaderlapp se encontram temporariamente afastados desde o mesmo período.

Acolhendo a iniciativa da visita apostólica encomendada pelo papa Francisco, Woelki disse: “Já em fevereiro havia informado o Santo Padre em Roma de forma abrangente sobre a situação em nossa arquidiocese”.

“Congratulo-me com o fato de que, com a visita apostólica, o papa deseja obter sua própria imagem da investigação independente e das consequências dela”.

“Apoiarei o cardeal Arborelius e o bispo van den Hende em seus trabalhos com plena convicção. Congratulo-me com todas as medidas que irão ajudar a garantir a responsabilização”, disse.

O cardeal de 64 anos, líder da diocese com mais fiéis da Alemanha, anunciou em dezembro de 2020 que havia pedido ao Papa Francisco que revisasse as decisões tomadas em relação a um padre acusado - identificado apenas como “Pároco O.” - em 2015.

Woeki, que foi nomeado arcebispo de Colônia em setembro de 2014, tem enfrentado pressão por parte de outros bispos e fiéis para renunciar ao cargo desde que a arquidiocese se recusou a publicar um relatório do escritório de advocacia de Munique Westphal Spilker Wastl.

Em janeiro de 2019, a arquidiocese encarregou a firma Westpfahl Spilker Wastl de examinar arquivos pessoais relevantes que datam de 1975 em diante para determinar "quais déficits pessoais, sistêmicos ou estruturais foram responsáveis ​​no passado por incidentes de abuso sexual encobertos ou que não foram punidos de forma consistente".

Depois que os advogados que assessoraram a arquidiocese levantaram preocupações sobre "deficiências metodológicas" na investigação feita por este escritório de advocacia, Woelki contratou o especialista em direito penal de Colônia, o professor Björn Gercke, para escrever um novo relatório.