domingo, 15 de março de 2020

Papa diz que medidas draconianas contra o vírus "nem sempre são boas"



O papa Francisco afirmou nesta sexta-feira que as medidas draconianas contra o novo coronavírus "nem sempre são boas" e pediu a bispos e padres que não deixem os fiéis sozinhos durante a pandemia, contra a qual vários países decretaram restrições severas.

"As medidas draconianas nem sempre são boas", disse o pontífice, em uma crítica indireta às restrições impostas em certos países, especialmente na Itália, que proíbem deslocamentos e, portanto, visitas de religiosos aos fiéis, assim como impedem a celebração de missas e sepultamentos em público. 

Dos bispos italianos, dez milhões de euros à Caritas para emergência coronavírus



Seguindo o exemplo do Papa Francisco, que na quinta-feira anunciou o envio de cem mil euros à Caritas italiana para atender às necessidades dos mais fracos em tempos de emergência do coronavirus, a presidência da Conferência Episcopal Italiana  (CEI)decidiu doar dez milhões de euros para a Caritas.

O valor -  como é precisado em um comunicado de imprensa - visa sustentar a Caritas diocesana em suas ações de apoio às pessoas em dificuldade devido à emergência de saúde. Os recursos provêm de doações privadas e do imposto “oito por mil” que os cidadãos italianos destinam à Igreja Católica.

Caberá às 220 Caritas diocesanas distribuídas em todo o país identificar as intervenções mais urgentes, território por território, priorizando formas de apoio econômico às famílias que já passam por dificuldades. Essas ações incluem desde a compra de gêneros de primeira necessidade para pessoas e famílias necessitadas até atividades de escuta, em particular voltadas a idosos, solitários e pessoas mais vulneráveis. Mas não só. A Caritas deverá garantir serviços para pessoas em pobreza extrema, como refeitórios e dormitórios protegidos.

“Essa alocação extraordinária da CEI - explica o diretor da Caritas italiana, padre Francesco Soddu - representa para as Caritas diocesanas um sinal concreto de esperança e conforto. Desta forma, as Igrejas locais continuarão a garantir o forte dinamismo da caridade".

A Caritas italiana, por fim, renova a todos seu apelo à solidariedade, convidando a apoiar as iniciativas e as intervenções das dioceses e das Caritas locais em favor de pessoas em dificuldade e em condições cada vez mais precárias. 

1ª Pregação da Quaresma 2020: "Como Maria somos chamados a uma conversão permanente"


COMO MARIA SOMOS CHAMADOS 
A UMA CONVERSÃO PERMANENTE

SALA CLEMENTINA
Vaticano, 06 de março de 2020
 
“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí a tua mãe”. E dessa hora em diante o discípulo a recebeu como mãe.” (Cf. João 19, 26-27)

Aqui, João nos deixa essa imagem muito forte de Maria, mãe, que está junto à Cruz do Filho. Não é assim tão simples como já estamos um pouco acostumados; no entanto, quem já encontrou alguma vez uma mãe e a viu no funeral do filho, entende imediatamente que é muito mais difícil essa cena do que o contrário, um filho que sepulta sua mãe. Ver o próprio filho na morte é algo absolutamente particular, mas sobretudo, se este Filho é o Salvador do mundo. E então se entende por que a antiga iconografia representa a Mãe sob a cruz com uma mão na face. O que essa mão na face significa? Na iconografia, depois preservada no ícone bizantino até nossos dias, essa é precisamente a imagem da pessoa em uma provação muito dura, que é colocada em uma incerteza muito séria, antes, em uma dúvida.

E Maria pode duvidar de que debaixo da Cruz? Por que a iconografia a coloca nessa imagem de uma fortíssima provação? E de uma incerteza quase total? Tanto é verdade que a iconografia mostra que o Cristo está voltado para ela e ela olha para o Filho e - dizem os orientais - o Filho da Cruz entrega à Mãe o mais alto grau de sabedoria, isto é, ver o sentido de fracasso, o sentido do colapso, o sentido de sofrimento e o sentido de uma morte tão vergonhosa, como era a sua. Tanto é verdade, que o sofrimento, a dor, são um problema.

Vemos como Pedro, por exemplo, no capítulo 8 de Marcos, quando Cristo começa a falar sobre como será seu destino em Jerusalém, como sofrerá, o que acontecerá a ele, Pedro tomando-o à parte diz: “Veja, isso nunca te acontecerá". Antes ainda, usa um termo tão forte - "epitimao" – que é aquele que Cristo sempre usava para silenciar os demônios. Isto é, Pedro ficou impressionado de tal forma quando entendeu que Cristo estava falando de si mesmo, que seria crucificado e entregue nas mãos dos pecadores, que disse: “Falas como se tivesses um demônio; isto é, é impossível que Tu, como Messias, sofrerás". Por quê? Porque por trás disso há um imaginário do Messias triunfante. E agora, como dizes que sofrerás assim? Ou, se pegarmos os dois discípulos de Emaús, é outra situação semelhante.

Quando eles dizem: “Nós esperávamos que fosse ele quem haveria de restaurar Israel, mas pelo contrário, agora, foi crucificado e sepultado, isto é, é um fracassado. Ainda esperávamos ... ". Ou seja, havia uma esperança, uma espera do Messias que cria um imaginário, que cria uma esperança que certamente corresponde muito a algo muito, muito humano: precisamente uma esperança, uma salvação segundo a nossa natureza. E segundo a nossa natureza, não se pode ser salvos por meio do sofrimento ou, pior ainda, por uma morte tão cruel. E por isso é evidente que Maria, estando sob a Cruz de seu Filho, tem pensamentos muito profundos, precisamente em relação a isso: isto é, como é possível ter sido dito a Ele que seria o Salvador do mundo, e agora termina assim?

E mais, no Evangelho de Lucas é dito, quando o apresentam no Templo, é dito que "uma espada transpassará teu coração", antes, "tua vida", é dito textualmente, "psyché". Ora, a espada certamente dá a imagem de um corte, de algo que realmente separa, tanto é verdade que, na Carta aos Hebreus essa espada é considerada como "palavra", “a Palavra", e é dito explicitamente "esta palavra (de Deus) é viva, eficaz e mais penetrante que qualquer espada de dois gumes. Penetra até dividir alma e espírito, articulações e medulas. Julga os pensamentos e as intenções do coração” (Heb 4,11-12).

Então Maria ... tantos disseram que ali, aos pés da Cruz, Maria sente essa espada, que vai até as profundezas, que discerne os pensamentos e os sentimentos, mas sacudindo, cortando; não é uma contemplação pacífica.

Ora, de fato, Lucas diz, já no início, que Maria guardava todas essas coisas em seu coração: "Maria, por sua parte, guardava todas essas coisas, meditando-as em seu coração". Ora, o que Maria traz em seu coração? O que ela realmente está carregando lá dentro? E o termo usado em grego significa que ela carrega algo muito precioso, e essa palavra do "meditar" é usada pela primeira vez no Evangelho o termo "symballo", que significa literalmente "colocar junto", "procurar como fazer se encaixar”, como fazer unir; (...) que as coisas possam ser traduzidas, mas também as palavras. Ou seja, Maria está ligando as palavras e os eventos, as coisas.

Covid-19: Vaticano anuncia celebrações de Semana Santa sem presença de fiéis


O Vaticano anunciou, através da Prefeitura da Casa Pontifícia, que as celebrações da Semana Santa deste ano vão decorrer sem presença de fiéis, devido à pandemia do novo coronavírus.

As cerimônias presididas pelo Papa, indica a nota divulgada através dos serviços de notícias da Santa Sé, terão transmissão através da internet, à imagem do que acontece atualmente com o ângelus dominical, a audiência semanal das quartas-feiras e a Missa matinal na capela da Casa Santa Marta.

O comunicado alude “à atual emergência sanitária internacional”, acrescentando que até 12 de abril, as audiências gerais do Papa e o ângelus “estarão disponíveis apenas em transmissão ao vivo pelo Vatican News”. 

sábado, 7 de março de 2020

Coronavírus não impede de receber a Comunhão na boca, diz Arquidiocese



A Arquidiocese de Portland, no estado de Oregon (Estados Unidos), assinalou que o coronavírus não é um impedimento para que os fiéis, que assim desejem, recebam a Comunhão na boca, pois o risco de contrair a doença é “mais ou menos igual” que recebê-la na mão.

“Consultamos dois médicos sobre esse assunto, um deles é um especialista em imunologia no estado de Oregon. Ambos concordaram que, feito adequadamente, receber a Comunhão na boca ou na mão tem mais ou menos o mesmo risco”, assinalou, em 2 de março, o escritório de culto divino da Arquidiocese.

"O risco de tocar a língua e passar a saliva para os outros é obviamente um perigo, mas também é igualmente provável que toque a mão de outra pessoa e, portanto, seja exposto a germes", continuou.

A Arquidiocese indicou que sua declaração foi publicada depois que alguns fiéis disseram que não lhes permitiram receber a Comunhão na boca ou que esta forma de comungar “foi proibida em algumas paróquias”.

“Depois de consultar o Arcebispo, este escritório quer comunicar claramente que uma paróquia não pode proibir a recepção da Sagrada Comunhão na boca e que nenhum ministro ordinário ou extraordinário pode rejeitar uma pessoa que solicite a Sagrada Comunhão na boca”, indicou a Arquidiocese.

Também assinalou que os ministros da Eucaristia devem poder "distribuir a Sagrada Comunhão sem o risco de tocar nas mãos ou na boca" e que "os fiéis deveriam ser instruídos sobre como receber a Comunhão adequadamente na boca ou nas mãos".

"Se algum ministro extraordinário da Sagrada Comunhão se sente desconfortável em dar a Eucaristia na mão ou na boca, então, deveria ser dispensado deste ministério”.

Nos Estados Unidos, os casos de coronavírus já são mais de 160 em 16 estados, dos quais 11 pessoas morreram. Em Oregon, existem pelo menos dois casos confirmados.

A declaração da Arquidiocese seguiu um comunicado de 28 de fevereiro que já oferecia algumas indicações sobre a transmissão do coronavírus, no qual se assinalava que "nossas mãos costumam transmitir o resfriado ou a gripe" e, por isso, devia-se evitar a saudação da paz, substituindo-a “por um gesto com a cabeça e um cumprimento verbal”.

Os ministros extraordinários da Comunhão foram incentivados a “tomar precauções especiais” como lavar as mãos com frequência.

O texto também acrescentou que os doentes "estão dispensados ​​de assistir à Missa dominical" e lembrou que podem fazer a “comunhão espiritual”.

A Arquidiocese também exortava a não dar a Comunhão sob a espécie do vinho, uma prática comum nas paróquias dos Estados Unidos, "para reduzir o risco" de contágio.

O texto citava uma declaração da Autoridade de Saúde de Oregon, na qual se recordava que nesse estado existem milhares de casos de gripe, dos quais muitos estão hospitalizados, “o que constitui uma ameaça maior para todos".

A Arquidiocese de Portland indicou o que se estabelece pela instrução Redemptionis sacramentum, publicada pela Congregação da Doutrina da Fé, em 2004, que afirma que "todo fiel sempre tem o direito de escolher se deseja receber a Sagrada Comunhão na boca". 

Neste fim de semana, têm início processos de dois brasileiros a caminho dos altares



Serão abertos oficialmente neste fim de semana os processos de beatificação de dois brasileiros, Padre Léo Tarcísio Gonçalves e Marcelo Henrique Câmara; os tribunais arquidiocesanos de ambos serão instalados na Arquidiocese de Florianópolis (SC).

Este novo passo na caminhada de Pe. Léo e Marcelo Câmara rumo aos altares se dará após a Congregação para as Causas dos Santos, no Vaticano, ter concedido no ano passado o nihil obstat (nada consta), o qual garante que não há obstáculos por parte da Santa Sé para a abertura dessas causas.

O primeiro a ter sua causa aberta oficialmente será Pe. Léo, em cerimônia que acontecerá no sábado, 7 de março, na sede da Comunidade Bethânia, fundada pelo próprio sacerdote, em São João Batista (SC). Já no caso de Marcelo Câmara, acontecerá no domingo, 8 de março, no Santuário Sagrado Coração de Jesus, em Florianópolis. 

Com a abertura dos processos de beatificação, Pe. Léo e Marcelo recebem o título de Servo de Deus e os fiéis poderão prestar culto particular, com orações e pedidos de intercessão.

Segundo a Arquidiocese de Florianópolis, o Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico Interdiocesano e de Apelação de Florianópolis, Pe. Tarcísio Pedro Vieira, será o Delegado Arquidiocesano para essas duas causas.

Para o sacerdote, o andamento dos processos cria um clima especial nesta Igreja particular, de oração, vida fraterna, caridade cristã, enfim, de santidade, de desejo do céu.

“Entre nós há tantas pessoas que se destacam pela prática das virtudes e pelo amor a Jesus e sua Igreja. Todos somos chamados à santidade. O processo canônico de instrução de uma causa de beatificação e canonização é um meio especial para comprovar a vivência heroica das virtudes, confirmar a fama de santidade, o seguimento total de Jesus Cristo e a existência de sinais extraordinários, de graças e milagres”, declarou ao site arquidiocesano. 

segunda-feira, 2 de março de 2020

Morre, aos 95 anos, Ernesto Cardenal, polêmico sacerdote ícone da teologia da libertação


No domingo, 1º de março, faleceu, aos 95 anos, Ernesto Cardenal, sacerdote e poeta ícone da teologia marxista da libertação, que foi suspenso a divinis pelo Papa São João Paulo II, em 1984, por fazer parte do governo sandinista da Nicarágua, algo que é proibido pela lei canônica.

Segundo o jornal local La Prensa, Cardenal – nascido em 20 de janeiro de 1925, em Granada, Nicarágua – morreu devido a complicações cardíacas depois das 15h, após ficar internado por quatro dias em um hospital devido a problemas respiratórios.

Informa-se que será velado na funerária Monte de los Olivos e na terça-feira, 3 de março, será celebrada uma Missa fúnebre na Catedral de Manágua.

Ernesto Cardenal e outros sacerdotes como seu irmão Fernando, Miguel D'Escoto e Edgard Parrales, foram suspensos a divinis por fazerem política partidária, algo incompatível com o ministério sacerdotal, conforme estabelecido pelo Código de Direito Canônico.

Cardenal foi repreendido publicamente por São João Paulo II quando este visitou a Nicarágua em 1983. Na foto que entrou para a história, vê-se o Papa polonês sério diante do nicaraguense em posição de genuflexão e sorridente.

Ernesto Cardenal, poeta e ativista da teologia marxista da libertação, diria algum tempo depois que, naquela ocasião, o Santo Padre lhe pediu que "regularizasse sua situação". 

Prefeitura do Rio de Janeiro suspende exposição blasfema contra a Virgem Maria



A Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro suspendeu no sábado, 29 de fevereiro, a exposição blasfema que mostrava a Virgem Maria com um seio à mostra e órgão sexual masculino, seguida da frase “Deus acima de tudo, gozando acima de todos”.

A obra “Todxs xs santxs - renomeado - #eunãosoudespesa”, do artista Órion Lalli, estava em exposição no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, espaço da Secretaria Municipal de Cultura do Município do Rio de Janeiro, e foi denunciada por deputados católicos devido ao seu conteúdo blasfemo e de desrespeito ao sentimento religioso.

A peça é composta por um oratório estilizado no qual se encontra a imagem da Virgem Maria com o seio à mostra e um órgão genital masculino.

No último dia 27 de fevereiro, o deputado estadual Márcio Gualberto e a deputada federal Chris Tonietto informaram que deram entrada em uma notícia-crime na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e no Ministério Público, “contra o autor da obra blasfema, que vilipendia a fé cristã”.

De acordo com o site do jornal o Globo, a Secretaria Municipal de Cultura expressou por meio de nota que “manterá a suspensão da exposição enquanto a queixa estiver em tramitação e respeitará o processo legal, aguardando a decisão judicial”.

Além disso, a Secretaria “reafirma seu compromisso com o respeito constitucional à liberdade religiosa e a todas as crenças” e assinala que “nossos equipamentos abrigam manifestações culturais de todas as linguagens e estilos, sendo um dos nossos pilares o respeito à liberdade artística”.