quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Estátua da Virgem de Lourdes estremece a Argentina: Não está, mas todos a veem


Todos os que visitam a capela do santuário Nossa Senhora de Lourdes de Alta Gracia, na província de Córdoba (Argentina), são testemunhas de um fato que ainda não tem explicação. No nicho do retábulo localizado no altar, vê-se uma imagem da Virgem, apesar do espaço estar, sem sombra de dúvidas, vazio.

Segundo informa a agência AICA, não é uma imagem plana, mas com relevo, tridimensional, com dobras no vestido. Tampouco é uma ilusão psicológica como resultado da devoção exagerada de alguns peregrinos.

Todos os que chegam lá podem vê-la – sejam pessoas de fé ou não – e, de fato, a imagem fica registrada nas fotos tiradas. A imagem pode ser vista com clareza da porta de entrada e vai sumindo à medida que a pessoa se aproxima do altar.

Fontes do Santuário de Nossa Senhora de Lourdes de Alta Gracia disseram à ACI Prensa – agência em espanhol do Grupo ACI –, em 10 de fevereiro que, embora não haja um pronunciamento específico do Arcebispo local, “tudo permanece igual desde 2011. As pessoas continuam comparecendo e continuam se surpreendendo com o que veem”.

Holanda quer distribuir pílula gratuita para matar idosos de 70 anos “cansados de viver”


O parlamento holandês está debatendo a  distribuição gratuita de uma pílula letal para idosos de 70 anos “cansados de viver”.

O comprimido Diron- homenagem a Huib Drion, juiz da suprema corte holandesa que defende a distribuição das pilulas aos idosos – pode ser uma realidade ainda este ano, de acordo com o portal Observador.

O governo divulgou um estudo apontando que 0,18% da população acima de 55 anos, cerca de 10 mil pessoas, “têm desejo de morrer”, mesmo em perfeitas condições de saúde.

O partido liberal, D66, incluiu em seu programa partidário a liberação do comprimido letal para idosos e o partido cobra urgência do governo na decisão do primeiro-ministro Mark Rute:

“Os idosos que já viveram o suficiente querem morrer quando decidirem”, publicou o partido em nota.

Belo Horizonte terá ‘marcha para Satanás’ em defesa do Estado laico



Belo Horizonte sediará, em março, a primeira edição da “Marcha para Satanás”. Apesar do nome, o evento não tem relação com nenhuma seita, mas é um pedido por Estado laico. A marcha acontece em 29 de março, na Praça da Liberdade, a partir de 14h.

Ao BHAZ, um dos organizadores do evento, que não quis se identificar, contou que a marcha é inspirada em formas de Satanismo Moderno, que são mais uma forma de protesto contra abusos cometidos em nome de algumas religiões do que a adoração ao Diabo em si. “Nosso protesto é principalmente a favor do Estado laico e das liberdades individuais”, explica.

Ele ainda conta que a proposta é levar as pessoas a refletirem sobre como seria ver uma outra religião, muitas vezes considerada ”assustadora”, tendo espaço na sociedade: “Muita gente é perseguida por não se adequar aos padrões colocados pelas religiões. Homossexuais, travestis, pessoas de religiões de origem africana, são colocadas à margem da sociedade por causa desse conservadorismo medieval".

A “Marcha para Satanás” pretende ser uma versão brasileira do movimento americano Templo Satânico dos EUA, que protesta contra o cristianismo abrindo processos contra monumentos com símbolos cristãos em áreas públicas, nomes de ruas ligados à religião, oração em escolas, entre outras manifestações.

Lula encontra com papa Francisco no Vaticano


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o papa Francisco nesta quinta-feira (13). O encontro aconteceu no Vaticano.

"A visita não constava na agenda oficial do pontífice e foi intermediada pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández, que visitou o papa no dia 31 de janeiro."

Desde a confirmação do encontro, Lula tinha a intenção de propor conversas sobre a redução da fome e da desigualdade. Duas imagens que mostram os dois foram publicadas no perfil do petista no Twitter.  Na postagem, ele disse que encontrou o Pontífice para "conversar sobre um mundo mais justo e fraterno".

A reunião entre Lula e Francisco só foi possível após uma decisão do Tribunal de Justiça do DF (TJDFT). A Justiça adiou um depoimento que o ex-presidente iria conceder em decorrência da Operação Zelotes — inicialmente marcado para o último dia 11, data de sua viagem à Europa.

Lula embarcou para Roma na terça-feira e deve permanecer na capital italiana até sábado (15).

O petista e o papa conversariam sobre lawfare — termo criado para indicar uma disputa política travada por meio do Judiciário.

O ex-presidente viajou acompanhado de uma pequena comitiva. Entre os convidados estão alguns assessores e o ex-ministro Celso Amorim, responsável pelo Itamaraty entre 2003 e 2010.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Cardeal Hummes: questão da ordenação de homens casados será retomada no Vaticano



Após a apresentação da Exortação Apostólica pós-sinodal Querida Amazônia, ocorrida hoje no Vaticano, o Cardeal brasileiro Claudio Hummes ofereceu algumas declarações à imprensa afirmando que o tema da ordenação de homens casados será retomado junto ao Papa e as instâncias da Santa Sé.

As declarações do purpurado, que também é presidente da REPAM (Rede Eclesial Panamazônica), responsável pela  sondagem que deu origem ao Instrumentum Laboris do Sínodo, documento em que já se vislumbrava o pedido de admissão de homens casados ao sacerdócio, tiveram lugar na apresentação da Exortação Querida Amazônia na sede da CNBB em Brasília, na manhã de hoje, 12, e vão na contramão do que pediu o Papa Francisco no recém lançado documento.

Nos números 89 e 90 do texto que foi apenas divulgado, o Santo Padre não contempla a possibilidade de que homens casados sejam ordenados sacerdotes, antes, pede que os bispos promovam vocações missionárias e enviem sacerdotes para a região panamazônica.

Dom Claudio ofereceu estas declarações no contexto de uma pergunta sobre este pedido do Sínodo que não foi mencionado na Exortação. O Prefeito Emérito do Clero explicou primeiramente que “a questão da eventual ordenação de homens casados, não significa que o clero vai casar, mas, que homens casados em certas circunstâncias, possam ser ordenados padres continuando a viver como casados”.

“Esta questão como todas as outras [do documento final], deverão ser trabalhadas agora junto ao Santo Padre e as instâncias da Santa Sé que tratam desses assuntos”, afirmou Dom Hummes, asseverando que o tema será retomado no Vaticano e que este pedido do Sínodo, contido no numeral 111 do Documento Final, deverá “ser elaborado e eventualmente, com um processo, ir sendo cumprido”.

Neste sentido, disse o Cardeal brasileiro afirmou que será muito importante a atuação de um organismo eclesial a ser criado para a região amazônica. “Assim como existem as conferências (episcopais) nos países, exista lá também, dado que é uma região que inclui vários países, um tipo de organismo que ainda tem, de certa forma, que se formular, ver quais serão as suas competências”, disse.

“Este organismo terá uma função muito importante junto com as instâncias do Papa no Vaticano, para irmos discutindo, e em que caso se poderia, de fato, realizar este pedido do Sínodo. (...) Certamente é este organismo que iria assumir a coordenação e a animação de todo este processo de aplicação do Sínodo”, ressaltou. 

Papa Francisco recebe Lula nesta quinta: tudo que se sabe sobre o encontro



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou para o Vaticano acompanhado por dois de seus advogados: Cristiano Zanin e Manoel Caetano e deve se encontrar com o papa Francisco nesta quinta-feira (13). Lula embarcou para Roma, na Itália, na última terça-feira (11) – é a primeira viagem internacional de Lula após deixar a prisão, em novembro.

No Twitter, o ex-presidente disse querer agradecer pessoalmente a solidariedade recebida do pontífice durante o período em que esteve preso e pela dedicação do líder da Igreja Católica ao povo oprimido. "Também quero debater a experiência brasileira no combate à miséria”, escreveu.

A visita ao Vaticano, de fato, faz parte de sua estratégia de defesa. Lula quer um depoimento do papa Francisco absolvendo-o de seus crimes mas a visita do ex-presidente não consta na agenda oficial do Santo Padre e é tratada com discrição pelo Vaticano, que a considera uma audiência privada.

Em Roma para se encontrar com Papa Francisco, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou as primeiras horas na cidade para discutir com políticos da esquerda italiana a situação do Brasil sob o governo de Jair Bolsonaro.

Acompanhado de seu ex-ministro Celso Amorim, que comandou o Itamaraty nos seus oito anos de governo (2003-10), e de alguns poucos assessores, Lula desembarcou na manhã desta quarta-feira em um voo comercial. Ele e sua pequena comitiva estão hospedados num hotel a dois quilômetros do Vaticano.

— Vim para ouvir — disse o ex-presidente sobre o encontro com Francisco. Será a primeira vez que o brasileiro e o argentino estarão juntos.

O encontro entre os dois foi intermediado pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández, que visitou o conterrâneo no Vaticano no dia 31 de janeiro. 

Gilberto Carvalho, ex-ministro de Lula e um dos interlocutores do PT com a Igreja Católica (que não viajou a Roma por questões pessoais), conta que o pedido foi prontamente atendido por Jorge Mario Bergoglio.

— Foi tudo muito rápido. Na mesma hora que o Alberto comentou, o papa pediu a seu secretário particular para marcar a reunião — disse Carvalho, ressaltando a deferência do pontífice com o brasileiro.

Gilberto Carvalho afirma que o papa estava acompanhando toda a situação de Lula, lembrando das visitas de brasileiros ao Vaticano para tratar da condenação do petista.

Segundo a Folha de S. Paulo, Lula também aproveitará a audiência, que será reservada, para afirmar a Francisco que foi vítima de lawfare, termo criado para indicar uma “perseguição política” travada no Judiciário. 

CNBB esclarece detalhes da Exortação Apostólica Querida Amazônia



O Papa Francisco publicou nesta manhã (12/02) a Exortação Apostólica “Querida Amazônia”, documento feito a partir da realização da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, realizado entre os dias 6 e 27 de outubro de 2019, no Vaticano. Veja os detalhes do documento aqui.

Em seguida, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) promoveram uma coletiva de imprensa sobre a Exortação Apostólica e os desdobramentos no Brasil. O evento foi realizado na sede da CNBB, em Brasília. Participaram da coletiva o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, e o relator do Sínodo para a Amazônia, cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo. A coletiva está disponível no Facebook da CNBB @cnbbnacional .

O tema do Sínodo foi “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral”. O objetivo traçado pelo Papa Francisco foi “identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para nosso planeta”.

Papa cumprimenta representante indígena em Porto Maldonado, no Peru, em janeiro de 2018. Foto: REUTERS/Henry Romero

Durante o processo do Sínodo, religiosos e religiosas, leigos e leigas e representantes das populações tradicionais prepararam um documento com as reflexões sobre novos caminhos para a Igreja na Amazônia e para a ecologia integral, que foi encaminhado ao Papa como ajuda à construção do texto final.

Do anúncio da realização do Sínodo pelo Santo Padre, em Porto Maldonado, no Peru, em janeiro de 2018 até o lançamento da Exortação “Querida Amazônia” um longo processo sinodal foi desenvolvido. Por isto, antes de conhecermos a Exortação é importante retomar todo caminho percorrido.

Fase de preparação e escuta sinodal

De junho 2018 a abril de 2019, foi desenvolvida, nos países que integram a região Pan-Amazônica (Brasil, Peru, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Guiana, Guiana Francesa e Suriname), uma série de atividades como parte do processo de escutas pré-sinodais coordenado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM). A escuta ouviu os povos amazônicos, com destaque para indígenas, ribeirinhos, quilombolas, mulheres, jovens, religiosos e religiosas.

Ao todo foram realizadas 57 assembleias, 21 fóruns nacionais, 17 fóruns temáticos e 179 rodas de conversa. No Brasil, foram 182 atividades. Ao todo, estima-se que 87 mil pessoas tenham sido ouvidas na fase de preparação. Como fruto desta escuta, a secretaria-executiva do Sínodo elaborou o Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho) do Sínodo Amazônico, material de estudo dos bispos em preparação ao evento.

O papa convocou bispos dos 9  países que integram a Pan-Amazônia. O Brasil ficou com a maior delegação entre os participantes, sendo 58 bispos da região amazônica, além de outros nomes na cúpula do encontro como o cardeal brasileiro dom Claudio Hummes, relator-geral do sínodo. O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, também participou. O pontífice convidou ainda cientistas, nomes ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), representantes de igrejas evangélicas, de ONGs e povos indígenas. 

Conheça a Querida Amazônia, a Exortação do Papa por uma Igreja com rosto amazônico



“A Amazônia querida apresenta-se aos olhos do mundo com todo o seu esplendor, o seu drama e o seu mistério.” Assim tem início a Exortação apostólica pós-sinodal, Querida Amazônia. O Pontífice, nos primeiros pontos, (2-4) explica “o sentido desta Exortação”, rica de referências a documentos das Conferências episcopais dos países amazônicos, mas também a poesias de autores ligados à Amazônia. Francisco destaca que deseja “expressar as ressonâncias” que o Sínodo provocou nele. E esclarece que não pretende substituir nem repetir o Documento final, que convida a ler “integralmente”, fazendo votos de que toda a Igreja se deixe “enriquecer e interpelar” por este trabalho e que a Igreja na Amazônia se empenhe “na sua aplicação”. O Papa compartilha os seus “Sonhos para a Amazônia” (5-7), cujo destino deve preocupar a todos, porque esta terra também é “nossa”. Assim, formula “quatro grandes sonhos”: que a Amazônia “que lute pelos direitos dos mais pobres”, “que preserve a riqueza cultural”, que “que guarde zelosamente a sedutora beleza natural”, que, por fim, as comunidades cristãs sejam “capazes de se devotar e encarnar na Amazônia”.

O sonho social: a Igreja ao lado dos oprimidos

O primeiro capítulo de Querida Amazônia é centralizado no “Sonho social” (8). Destaca que “uma verdadeira abordagem ecológica” é também “abordagem social” e, mesmo apreciando o “bem viver” dos indígenas, adverte para o “conservacionismo”, que se preocupa somente com o meio ambiente.Com tons vibrantes, fala de “injustiça e crime”(9-14). Recorda que já Bento XVI havia denunciado “a devastação ambiental da Amazônia”. Os povos originários, afirma, sofrem uma “sujeição” seja por parte dos poderes locais, seja por parte dos poderes externos. Para o Papa, as operações econômicas que alimentam devastação, assassinato e corrupção merecem o nome de “injustiça e crime”. E com João Paulo II, reitera que a globalização não deve se tornar um novo colonialismo.

Os pobres sejam ouvidos sobre o futuro da Amazônia

Diante de tanta injustiça, o Pontífice fala que é preciso “indignar-se e pedir perdão” (15-19). Para Francisco, são necessárias “redes de solidariedade e de desenvolvimento” e pede o comprometimento de todos, inclusive dos líderes políticos. O Papa ressalta o tema do “sentido comunitário” (20-22), recordando que, para os povos amazônicos, as relações humanas “estão impregnadas pela natureza circundante”. Por isso, escreve, vivem como um verdadeiro “desenraizamento” quando são “forçados a emigrar para a cidade”. A última parte do primeiro capítulo é dedicado às “Instituições degradadas” (23-25) e ao “Diálogo social” (26-27). O Papa denuncia o mal da corrupção, que envenena o Estado e as suas instituições. E faz votos de que a Amazônia se torne “um local de diálogo social” antes de tudo “com os últimos. A voz dos pobres, exorta, deve ser “a voz mais forte” sobre a Amazônia.

O sonho cultural: cuidar do poliedro amazônico

O segundo capítulo é dedicado ao “sonho cultural”.Francisco esclarece que “promover a Amazônia” não significa “colonizá-la culturalmente” (28). E recorre a uma imagem que lhe é cara: “o poliedro amazônico”(29-32). É preciso combater a “colonização pós-moderna”. Para Francisco, é urgente “cuidar das raízes” (33-35). Citando Laudato si’ Christus vivit, destaca que a “visão consumista do ser humano” tende a “a homogeneizar as culturas” e isso afeta sobretudo os jovens. A eles, o Papa pede que assumam as raízes, que recuperem “a memória danificada”.

Não a um indigenismo fechado, é preciso um encontro intercultural

A Exortação se concentra depois sobre o “encontro intercultural” (36-38). Mesmo as “culturas aparentemente mais evoluídas”, observa, podem aprender com os povos que “desenvolveram um tesouro cultural em conexão com a natureza”. A diversidade, portanto, não deve ser “uma fronteira”, mas “uma ponte”, e diz não a “um indigenismo completamente fechado”. A última parte do segundo capítulo é dedicada ao tema “culturas ameaçadas, povos em risco” (39-40). Em qualquer projeto para a Amazônia, esta é a recomendação do Papa, “é preciso assumir a perspectiva dos direitos dos povos”. Estes, acrescenta, dificilmente podem ficar ilesos se o ambiente em que nasceram e se desenvolveram “se deteriora”.

O sonho ecológico: unir cuidado com o meio ambiente e cuidado com as pessoas

O terceiro capítulo, “Um sonho ecológico”, é o mais relacionado com a Encíclica Laudato si’. Na introdução (41-42), destaca-se que na Amazônia existe uma relação estreita do ser humano com a natureza. Cuidar dos irmãos como o Senhor cuida de nós, reitera, “é a primeira ecologia que precisamos”. Cuidar do meio ambiente e cuidar dos pobres são “inseparáveis”. Francisco dirige depois a atenção ao “sonho feito de água” (43-46). Cita Pablo Neruda e outros poetas locais sobre a força e a beleza do Rio Amazonas. Com suas poesias, escreve, “ajudam a libertar-nos do paradigma tecnocrático e consumista que sufoca a natureza”.

Ouvir o grito da Amazônia, o desenvolvimento seja sustentável

Para o Papa, é urgente ouvir o “grito da Amazônia” (47-52). Recorda que o equilíbrio planetário depende da sua saúde. Escreve que existem fortes interesses não somente locais, mas também internacionais. A solução, portanto, não é “a internacionalização” da Amazônia; ao invés, deve crescer “a responsabilidade dos governos nacionais”. O desenvolvimento sustentável, prossegue, requer que os habitantes sejam sempre informados sobre os projetos que dizem respeito a eles e auspicia a criação de “um sistema normativo” com “limites invioláveis”. Assim, Francisco convida à “profecia da contemplação” (53-57). Ouvindo os povos originários, destaca, podemos amar a Amazônia “e não apenas usá-la”; podemos encontrar nela “um lugar teológico, um espaço onde o próprio Deus Se manifesta e chama os seus filhos”. A última parte do terceiro capítulo é centralizada na educação e hábitos ecológicos” (58-60). O Papa ressalta que a ecologia não é uma questão técnica, mas compreende sempre “um aspecto educativo”.