sábado, 22 de junho de 2019

Sínodo da Amazônia: Igreja opressora dos índios? Uma amnésia histórica!


É evidente que não se pode pedir ao documento preparatório do Sínodo Pan-Amazônico uma história da evangelização da Amazônia, porém o breve capítulo dedicado à “memória histórica eclesial” é muito insuficiente. Não é verdade o que afirma quando se escreve que “até o século XX, as vozes em defesa dos povos indígenas eram frágeis, ainda que não ausentes”, fortalecendo-se somente depois do Concílio Vaticano II.

A Igreja não tem nenhuma dificuldade em confessar seu “mea culpa” ante os comprometimentos que ofuscaram a evangelização da América Latina com a conquista e colonização do Novo Mundo e a opressão e exploração dos povos indígenas. No entanto, ninguém pode negar, por respeito à verdade histórica, que desde a primeiríssima colonização do Novo Mundo foi uma legião de missionários quem empreendeu a primeira grande batalha profética pela justiça em defesa e proteção dos indígenas. A cruz se tornou uma autocrítica radical da espada. Os próprios bispos exibiam como lema: “defensores dos índios”. Houve mártires, violências sofridas, todo tipo de atentados e controvérsias provocadas pelos “encomenderos”, colonos e bandeirantes. Não houve até hoje na história da Igreja na América Latina um combate evangélico e profético de tal magnitude como o dos primeiros tempos fundadores.

No século XVII a Igreja começou a penetrar na Amazônia. E no dia 22 de abril de 1639, aniversário do descobrimento do Brasil, o Papa Urbano VIII promulgou um Breve, Commissum Nobis, proibindo, sob pena de excomunhão, “aprisionar […] os índios, vendê-los, comprá-los, separá-los de suas mulheres e filhos, privá-los de qualquer modo da liberdade, retê-los na servidão […]”. Este Breve papal –que está em perfeita continuidade com a bula Sublimis Deus do papa Paulo III em 1537, que foi a primeira e muito dura condenação papal da escravidão dos índios e afirmação do respeito devido à sua dignidade e a seus bens, provocou revoltas lideradas pelas Câmaras Municipais em São Paulo, Santos e Rio de Janeiro.

A partir de 1600 a presença da Igreja na Amazônia, evangelizando e defendendo os índios, foi fundamental. Numerosas aldeias e missões religiosas, principalmente por obra dos jesuítas, surgiram na Amazônia. Destacam-se a respeito as fundações de Cametá na foz do Tocantins; Airão, Carvoeiro, Moura e Barcelos no Rio Negro; Santarém na foz do Tapajós; Faro no rio Nhamundá; Borba no rio Madeira; Tefé, São Paulo de Olivença e Coari no Solimões; e no Amazonas, Itacoatiara e Silves.

Como pode-se dizer que eram vozes “frágeis” as da Companhia de Jesus e sua cadeia de “reduções” indígenas, desde o Alto Uruguai e Paraná, em combate permanente contra os bandeirantes, escravistas de índios, às de Moxos e Chiquitos na floresta boliviana e às do oriente peruano e equatoriano, até os “llanos orientales” da Colômbia (prefigurando o que seria a rodovia da floresta)?

Depois caberia agregar todo o trabalho de penetração da Amazônia dos Salesianos a partir do oriente peruano e equatoriano, criando escolas de arte e ofícios para os indígenas, assim como de outras congregações religiosas.

Os informes e escritos de Mons. Giovanni Genocchi, enviado como visitador apostólico à América Latina (1911-1913) e que visitou as terras amazônicas, são de uma dureza impressionante quando denunciam em repetidas ocasiões a escravidão que de fato sofrem os indígenas sob a caça dos seringueiros durante o «boom» da produção de borracha, assim como as dificuldades e adversidades que sofrem os responsáveis pelas primeiras prefeituras apostólicas e missões nas regiões amazônicas dependentes de “Propaganda Fidei”, cuja proteção dos indígenas é vista pelos colonos como “fumo negli occhi”. Este grave estado de coisas seria retomado e condenado com muita força por Pio X na Encíclica missionária dirigida à América Latina: Lacrimabili statu Indorum, ponto de referência para os sucessivos pontificados, se se tem em conta as frequentes citações desse documento nas instruções comunicadas aos Representantes Pontifícios na América Latina. Este documento denunciava os abusos e violências que se cometiam contra os indígenas e apontava o dever de defender sua vida, liberdade e propriedade, através do desenvolvimento das missões católicas e da evangelização, junto a todas as iniciativas idôneas para a promoção humana dos indígenas.

É certo que depois no Concílio Vaticano II e sobretudo no caminho sinodal de Medellín a Aparecida despertou-se com novas luzes e vigor profético essa tradição de defesa e custódia dos indígenas, que nas décadas imediatamente anteriores parecia apagada (mas, por favor, que não se defina o documento de Puebla como o documento da “participação e comunidades de base”, pois ele teve uma abrangência muito maior e rica!).

Fazer memória verdadeira da presença e missão da Igreja na Amazônia durante os últimos séculos é muito importante para aprender da história os acertos e os erros da missão e para deixar-se contagiar pela doação total – inclusive até ao martírio – de muitos irmãos e irmãs nossos que deram suas vidas por Cristo e por amor aos amazônicos.

Publicidade blasfema contra Virgem Maria e Arcanjo Gabriel é premiada na Itália


A Sociedade Médica Italiana para a Anticoncepção premiou uma publicidade blasfema que mostra o Arcanjo Gabriel entregando à Virgem Maria a pílula abortiva dos cinco dias depois com a frase “Use, faça milagres!”. A imagem recebeu fortes críticas nas redes sociais.

A publicidade foi preparada por um grupo de alunos do Instituto Giorgi-Woolf de Roma, que foi vencedor na iniciativa Informiamici (Informe aos amigos) do período 2018-2019, promovida pela Sociedade Médica Italiana para a Anticoncepção (SMIC, na sigla em italiano) e pela associação cultural Lacelta. O prêmio foi uma bolsa de mil euros para estudos para cada um.

A imagem, considerada por muitas pessoas nas redes sociais como uma grave ofensa à fé católica, tomou como ponto de partida a pintura ‘A Anunciação de Cesetllo’, pintada por Botticelli.

Segundo informa o jornal italiano ‘Il Giornale’, “na rede não faltou críticas que classificam a publicidade como blasfema, pois usa imagens sagradas para promover a pílula, considerada abortiva e que vai contra os princípios da religião (católica) da qual tomou a imagem para a publicidade”.

AS críticas teriam sido a razão pela qual a conta de Facebook de Informiamici apagou a postagem principal na qual aparecia a imagem.

No Twitter também se pode ver as críticas à imagem. A usuária Marcella Fraschi assinala, por exemplo: “Isso não presta. 1000 euros para estudos por ter blasfemado. (...) Uma civilização está morrendo”.

Outro usuário comenta que, “como agnóstico, acho realmente reprovável. Agora o delírio se apoderou de certos temas. Uma tristeza”.

Uma internauta identificada como Nunziata Chinicci assinala que a imagem blasfema é uma “vergonha! Mas, como sempre, deve-se ficar calado! Mas isso é blasfêmia e não se pode esperar nada, tanto o prêmio quanto o pôster devem ser retirados”.

Não é a primeira vez que Informiamici promove este tipo de publicidade. Em maio, segundo Seve em sua conta de Facebook, publicaram uma série de imagens intituladas “Faça por Deus! Interpretado pelo arcanjo Gabriel e Maria”, nas quais se vê um anjo oferecendo à Virgem um preservativo na entrada de uma igreja.

É permitido aos pais bater nos filhos? Santo Tomás de Aquino responde.


Parece que não é permitido aos pais bater no filhos:

1. Com efeito, o Apóstolo escreve: “Vós, pois, não exciteis à ira vossos filhos” (Ef 6, 4). Ora, os açoites excitam mais a ira, e são mais graves do que as ameaças. Logo, os pais não devem bater nos filhos.

2. Além disso, o Filósofo declara: “A palavra paterna é só para advertir, não para coagir”. Ora, bater é uma forma de coação. Logo, os pais não devem bater em seus filhos.

3. Ademais, a cada um é permitido corrigir o outro. É uma esmola espiritual, como já se explicou. Se é lícito aos pais bater em seus filhos para os corrigir, de maneira semelhante, todos poderiam bater em qualquer um. O que é evidentemente falso. Logo, também a premissa.

EM SENTIDO CONTRÁRIO, está escrito no livro dos Provérbios: “Quem poupa a vara, odeia seu filho (13, 24). E, mais longe: “Não deixes de corrigir o menino, porque se o fustigas com a vara, ele não morrerá. Tu o fustigarás com a vara e livrarás sua alma do inferno”.

Como a mutilação, as pancadas fazem mal ao corpo, mas de maneira diferente. Enquanto a mutilação priva o corpo de sua integridade, as pancadas causam apenas uma sensação de dor, o que é um dano menor. É interdito causar um dano a outrem, a não ser como castigo para o bem da justiça. Ora, alguém só pune justamente a quem está sob sua jurisdição. Portanto, apenas aquele que tem autoridade poderá bater em um outro. E uma vez que o filho está sujeito ao pai, o pai pode bater no filho, em vista de o corrigir e formar.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Cardeal Sarah: “Os novos bárbaros veem a família como algo a ser exterminado”


O site católico francês Famille Chrétienne (Família Cristã) publicou na íntegra uma homilia que o Cardeal Robert Sarah pronunciou em agosto de 2017 por ocasião dos 700 anos da diocese de Luçon, na região do País do Loire, em cujo território se localiza o departamento de Vendée (Vendeia, na versão aportuguesada). Trata-se de um lugar de mártires que resistiram bravamente ao republicanismo ateísta que marcou a Revolução Francesa: a Guerra da Vendeia durou de março a dezembro de 1793 e foi uma resposta popular contra o novo e esmagador governo revolucionário da França. A resistência católica, formada em grande maioria por camponeses, foi liderada pelo autoproclamado Exército Católico Real, cujos membros foram brutalmente dizimados pelas “Colunas Infernais” do general republicano Louis Marie Turreau: essas colunas foram operações militares das tropas republicanas comandadas por esse general para destruir os últimos focos de resistência em Vendeia. Dezenas de milhares de civis foram massacrados e, dentre eles, muitos já foram beatificados pela Igreja.

O cardeal Sarah não apenas prestou homenagem a esses mártires como acrescentou que a Igreja e a família continuam sofrendo intensa perseguição atualmente: quem hoje defende aborto, esterilização e controle populacional, especialmente na África, representa o equivalente modernista daquelas mesmas Colunas Infernais cuja ideologia, imposta de cima abaixo, não hesita em massacrar quem se puser em seu caminho.

“Quem, hoje, se levantará pela causa de Deus? Quem ousará confrontar os atuais algozes da Igreja? Quem terá a coragem de levantar-se sem arma alguma além do Rosário e do Sagrado Coração para enfrentar as colunas da morte do nosso tempo? As colunas da morte de nosso tempo são o relativismo, o indiferentismo e o desprezo de Deus. Quem ousará dizer a este mundo que a única liberdade pela qual vale a pena dar a vida é a liberdade de crer?”

O cardeal africano, que nasceu na Guiné, prosseguiu:

“Hoje, mais do que nunca, os ideólogos da revolução querem aniquilar o lugar natural da doação de si, da generosidade jubilosa e do amor. Quero falar sobre a família! A ideologia do gênero, o desprezo da fertilidade e da fidelidade são os diversos lemas desta revolução”.

Cantor gospel alfineta padroeira do Brasil na Marcha para Jesus


Fernandinho, uma das principais  atrações  da Marcha para Jesus, usou o microfone para alfinetar os brasileiros que tem Nossa Senhora Aparecida como padroeira: “O Brasil não tem uma senhora, o Brasil tem um senhor, e o nome dele é Jesus” [vídeo], disse o artista em meio a gritos do público nesta tarde de quinta-feira, em São Paulo.

Propagando o ranço de muitos protestantes aos católicos, o cantor acabou por tirar o brilho do evento que se diz em louvor a Jesus. É da fé de milhões de brasileiros a devoção e o respeito à Mãe do Senhor. O “recado” de Fernandinho foi dos assuntos mais comentados pelos sites ao se referirem à Marcha Para Jesus, evento criado no Brasil pelos autodeclarados Apóstolo Hernandes e Bispa Sônia.

Sobre o comentário infeliz do artista, o Padre Gabriel Vila Verde lançou uma nota no facebook:

Ela passaria despercebida, se um certo cantor de nome "Fernandinho" não abrisse a boca para dizer o que disse. Em um país de maioria cristã, gritou para o público que o Brasil não tem uma senhora, referindo-se à Nossa Senhora, Mãe de Jesus.

Em primeiro lugar, ele deveria saber que o feriado de Corpus Christi só existe por causa da Igreja Católica. Sem ela, esta marcha seria num dia comum. Eles se aproveitam de um feriado católico, para atingir os católicos. Nada mais incoerente.

O Sr Fernando deveria entender, que esta "Senhora" dos Católicos, foi a primeira a marchar com Jesus, e não foi em cima do palco nem de um trio elétrico. Foi com Ele no ventre, no útero. Se hoje este cantor consegue vender seus discos falando de Jesus, é porque aquela Senhora, quando jovem, renunciou aos seus próprios planos e se abandonou aos planos de Deus.

Nesta Marcha, eles não quiseram a presença da Senhora. Mas não só ela ficou ausente. Houve também a ausência do respeito, da teologia, da coerência, da humildade, e de tantas outras coisas que, por ventura, deveriam ser convidadas.

Por fim, eu me pergunto: quem é esse cantor? Um pecador qualquer como qualquer pecador. Quem é Maria? A escolhida por Deus para ser mãe do Salvador. Coloquem na balança e vejam quem pesa mais!

quinta-feira, 20 de junho de 2019

O diabo tenta imitar Deus: Por que a Marcha protestante é no mesmo dia de Corpus Christi?


No dia de Corpus Christi, ou Corpo de Cristo, uma festa católica que, segundo o site Significados, “tem por objetivo celebrar o mistério da eucaristia, o sacramento do corpo e do sangue de Jesus Cristo”. É uma festa muito bonita, especialmente nas cidades do interior, onde por tradição os fiéis confeccionam pelas ruas tapetes com serragem, flores e outros materiais, espelhando passagens bíblicas e símbolos católicos. E sobre esse tapete passa a procissão, todos a pé (desde o padre ou bispo até os fiéis), contritos, em oração, alguns carregando imagens de santos conforme sua fé. No início ou no fim da procissão há uma grande missa, segundo a liturgia católica. Tudo ocorre em clima de grande respeito e temor, afinal se encontram na presença do seu Deus.

O vídeo a seguir, de menos de 2 minutos, nos dá uma ideia dessa festa:


Porém, na cidade de São Paulo, a partir de 2016 a festa católica de Corpus Christi teve que dividir espaço com a festa evangélica da Marcha para Jesus, isso segundo uma lei sancionada pelo Governador Geraldo Alckmin na presença da cúpula da Igreja Renascer em Cristo e da bancada evangélica estadual (confira no vídeo a seguir, de 3:32 minutos):


Gostaria de destacar, nas falas deste vídeo, parte do discurso da Bispa Sônia Hernandes:

“A bancada evangélica se mobilizou. Hoje é um dia de muitas atividades aqui dentro da Assembleia, mas a bancada toda estava aqui. Glória a Deus, eu preciso falar isso para que você saiba que Jesus nos une. […]”


Imagino a importância de uma lei que transfere o dia da Marcha para Jesus (que nacionalmente é no primeiro sábado 60 dias após a Páscoa, segundo lei sancionada pelo então Presidente Lula em 2009 numa tentativa de se aproximar na época do eleitorado evangélico) para o mesmo dia de uma importante festividade católica! Tal lei deve ser mesmo muito importante, pois segundo a fala da Bispa Sônia (coincidentemente a maior interessada no assunto), embora houvesse muitas atividades dentro da Assembleia Legislativa de São Paulo, ainda assim a bancada evangélica largou tudo apenas para apoiar a sanção da tal lei.

E o que será que ficou “de lado”? Votações de projetos de interesse do resto da sociedade?

Bom, como o objetivo deste artigo é comparar as Marchas para Jesus com as festas de Corpus Christi, assista agora ao vídeo institucional da Marcha para Jesus no Rio de Janeiro 2015 (lembrando que neste ano (2019) não haverá esse evento na cidade maravilhosa por falta de apoio ($$$) da Prefeitura do Rio e de políticos envolvidos em corrupção):


Vê as diferenças? Com certeza, muito mais do que semelhanças.

Como semelhanças entre os dois eventos religiosos, temos:

- serem eventos religiosos;
- terem Jesus no nome do evento (Corpus Christi, a partir de agora denominado CC e Marcha para Jesus, a partir de agora denominado MJ).


E as diferenças?

No CC, os sacerdotes estão entre o povo. Na MJ, distantes do povo, em cima de trios-elétricos;

No CC, a caminhada se dá em clima de contrição e oração. Na MJ, a caminhada se dá em clima de festa e entretenimento;

No CC, ocorre no início ou no final uma celebração litúrgica. Na MJ, no final ocorre uma série de discursos de políticos e shows de música gospel;

No CC, não há a participação de políticos, e se há, não são expostos no púlpito, caminhando junto ao povo. Na MJ, há grande participação de políticos, com direito a discursos, e com exceção de um deputado no vídeo (que queria um corpo a corpo eleitoral), costumam estar junto com os sacerdotes em cima dos trios-elétricos, na intenção de demonstrar apoio aos evangélicos e assim conseguir seus votos;

No CC, a música é a dos louvores segundo a liturgia católica. Na MJ, os músicos são normalmente os das gravadores evangélicas patrocinadoras ou das igrejas participantes, com o intuito de entreter a plateia e apresentar seu trabalho (objetivando a venda de cd’s e de convites para shows em igrejas e outros eventos gospel);

No CC, existem imagens de santos católicos, de Maria e de Jesus. Na MJ, estampam os trios-elétricos grandes fotos dos líderes evangélicos e dos cantores gospel;

No CC, os sacerdotes católicos anseiam apenas seguir a liturgia, levando os fiéis à oração e adoração a seu Deus. Na MJ, os sacerdotes evangélicos anseiam estreitar alianças políticas, entreter o povo e arrebanhá-los para suas nababescas igrejas e demonstrar aos políticos e à sociedade seu grande poder e influência sobre a multidão que caminha atrás dos trios-elétricos.

Como se vê, há mais diferenças do que semelhanças. E o mais triste, mais diferenças negativas para a Marcha para Jesus em relação à festa de Corpus Christi.

Egito: cristão preso e sua casa destruída por muçulmanos após acusação falsa de insulto ao Islã


Um jovem cristão copta foi preso perto do Cairo, Egito, por supostamente insultar o Islã depois que um hacker postou material em sua página no Facebook, ele e familiares disseram.

Fady Yousef, de 25 anos, foi preso no início da manhã de 11 de junho em Gizé, a sudoeste do Cairo, apesar de ter postado um vídeo explicando que hackers haviam colocado o material ofensivo em sua página no Facebook, segundo o bispado de Maghagha e El Edwa. Minya.

A noite anterior (10 de junho), extremistas muçulmanos irritados com o material ofensivo atacaram a casa de seus pais na vila Eshneen el Nasara, perto Maghgaha em Minya Governorate, cerca de 260 quilômetros (160 milhas) ao sul de Giza, de acordo com um comunicado do bispado .

“Na segunda-feira [10 de junho], alguns extremistas que chegaram a algumas centenas da vila de Eshneen el Nasara e as aldeias ao redor atacaram a casa de Yousef Todary”, dizia a declaração do bispo Anba Aghathon. “Eles entraram e destruíram o conteúdo da casa, depois se mudaram para a casa ao lado, onde seu irmão morava e atacava de fora. Eles estavam gritando contra a religião cristã e os coptas da aldeia ”.

Como “criminalização da homofobia” impacta liberdade religiosa? Especialista responde.


O coordenador do Movimento Legislação e Vida, Prof. Hermes Rodrigues Nery, chamou a atenção para os impactos de recentes medidas pela “criminalização da homofobia” em relação à liberdade religiosa.

O também especialista em Bioética comentou sobre este tema com ACI Digital após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que equiparou ao crime de racismo a “homofobia” e a “transfobia”, além do Projeto de Lei 672/2019, em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que altera a Lei 7.716/1989, para incluir na mesma os crimes de “discriminação ou preconceito de orientação sexual e/ou identidade de gênero”.

Segundo Prof. Nery, “a criminalização da homofobia e a imposição da ideologia de gênero nas escolas certamente trará graves conflitos e trará dificuldades ainda maiores para os pais cristãos que buscarem educar seus filhos com base nos princípios e valores cristãos”.

Além disso, citou, por exemplo, a “programação de TVs e rádios cristãos, onde religiosos e leigos poderão sofrer sanções judiciais a partir da interpretação de seus posicionamentos”.

Conforme recordou o Prof. Nery, no julgamento no STF, o relator da ADO 26, ministro Celso de Mello, “argumentou que não haverá repressão penal aos religiosos que manifestarem suas posições de acordo com suas convicções religiosas, ‘desde que tais manifestações não configurem discurso de ódio, assim entendidas aquelas exteriorizações que incitem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero’”.

Diante disso, assinalou o que diz o Catecismo da Igreja Católica no numeral 2357 em relação à homossexualidade: “São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem de uma verdadeira complementaridade afetiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados”, diz o texto e ressalta que homossexuais “devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta”.

Porém, o especialista advertiu que “o problema está na interpretação que se fizer sobre como os cristãos abordarão o assunto”. Nesse sentido, afirmou que podem “sim, muitas vezes, sofrer represálias diversas quando agirem de acordo com a sua consciência como cristão”.

“Como ficará, por exemplo, a situação de um sacerdote que se recusar a celebrar o matrimônio que não seja entre um homem e uma mulher? E muitas outras situações que poderá gerar constrangimentos, etc.?”, questionou.

Desse modo, afirmou, “muitas vezes, um religioso ou leigo que fizer uma colocação a partir do ensinamento da Igreja sobre vida e família poderá ser interpretado como quem esteja discriminando os LGBT” e poderá haver, então, “uma espécie de perseguição a quem apenas estiver buscando coerência com os ensinamentos da Igreja”.