quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Patriarcado Ecumênico reconhece a independência da Igreja Ortodoxa da Ucrânia

O patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu, assina a autocefalia da Igreja Ortodoxa da Ucrânia

O Patriarcado Ecumênico de Constantinopla assinou o decreto de autocefalia (autonomia) para a Igreja Ortodoxa da Ucrânia, reconhecendo assim formalmente sua independência.

O decreto foi assinado no sábado, 5 de janeiro, na Catedral de St. George, em Istambul, depois que o Patriarca Bartolomeu I concelebrou a Divina Liturgia com Epiphanius I, Metropolita de Kiev e Primaz da recém-criada Igreja Ortodoxa da Ucrânia.

A assinatura do documento contou com a presença do presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, e de algumas autoridades ucranianas.

O decreto foi então enviado para Kiev, onde Epiphanius I o tornou público em 7 de janeiro, após a divina liturgia realizada na Catedral de Santa Sofia.

O reconhecimento formal da autocefalia é o encerramento de um processo que começou com a dissolução da União Soviética e acelerou com a anexação da Crimeia à Rússia em 2014, juntamente com o apoio russo dado aos rebeldes separatistas no leste da Ucrânia.

A intenção do Patriarcado Ecumênico de ter uma Igreja Autocéfala na Ucrânia é motivada pelo desejo de unir os 30 milhões de cristãos orientais do país, que até pouco tempo atrás estavam divididos em três igrejas: a Igreja Ortodoxa Ucraniana (sob o Patriarcado Russo de Moscou) e duas outras igrejas que queriam a autocefalia, mas não eram reconhecidas por outras igrejas ortodoxas.

A questão da autocefalia para a Igreja Ortodoxa Ucraniana confrontou fortemente os patriarcas de Moscou e Constantinopla com a Igreja Ortodoxa de Moscou que vê a questão como algo que infringe a sua jurisdição e autoridade.

O confronto mais crítico começou quando, em 7 de setembro, o Patriarca de Constantinopla anunciou o envio de dois representantes a Kiev para iniciar os trabalhos para a autocefalia ucraniana. Em resposta, o Patriarca Kiril de Moscou disse que removeria o nome de Bartolomeu dos dípticos e que não iria mais concelebrar com ele.

A comunhão entre as Igrejas Ortodoxas se expressa na leitura dos dípticos sagrados, nos quais os primados ortodoxos são mencionados em ordem de precedência.

Pe. Alexander Laschuk, sacerdote ucraniano Greco-católico, especialista em direito canônico e professor no St. Michael’s College da Universidade de Toronto, assinalou que, para a Igreja Ortodoxa na Ucrânia, "é um sinal de maturidade que o Patriarca Ecumênico, que é o primeiro entre iguais, veja que eles podem ser uma Igreja que se governa sozinha. É como um voto de confiança para a Igreja na Ucrânia".

Essa decisão também gerará um debate sobre como a autocefalia ou autonomia é concedida, considerando que "o poder do Patriarca Ecumênico não é o poder do Santo Padre. Então, é mais complicado ver como se chega a uma decisão", disse o sacerdote a CNA, agência em inglês do Grupo ACI.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

MG: Famoso por estudos em parapsicologia, Padre Quevedo morre aos 88 anos


Faleceu na madrugada desta quarta-feira (9), em Belo Horizonte, por problemas cardíacos, aos 88 anos, o Pe. Oscar González Quevedo S.J, jesuíta espanhol radicado no Brasil. Conhecido pelo bordão “Isso non ecziste”.

Quevedo ficou famoso na década de 90, quando participou de diversos programas na televisão em que debatia com médiuns, pastores, ufólogos, ateus e curandeiros. Ele trazia uma explicação científica para os feitos ou tentava copiar a ação dita mediúnica.

Entre 2 de janeiro e 5 de maio de 2000, ele apresentava o quadro "O Caçador de Enigmas" no programa Fantástico, da TV Globo, com apresentação de Cid Moreira. O objetivo era desvendar fenômenos da natureza e desmascarar charlatões investigando casos relacionados a casas mal-assombradas, gravações do além, premonições, dentre outros.

Segundo a Memória Globo, a ideia do quadro surgiu em agosto de 1999, quando a produção do programa decidiu colocar no ar um quadro que seguisse a linha de Mister M, sucesso de audiência naquele ano. Após negociações, Padre Quevedo aceitou o convite, dizendo que não interpretaria nenhum personagem, já que era um estudioso com a missão de “desmistificar essa mentalidade mágica que envolve os fenômenos parapsicológicos”.

O Caçador de Enigmas tinha apresentação de Cid Moreira que, diante de um fundo preto, parcialmente iluminado, apresentava o assunto do dia em clima de mistério: “esse é um caso para padre Quevedo.” O espaço do Padre Quevedo no programa virou sucesso nacional depois de ter surgido como sucessor de Mister M, fenômeno de audiência naquele ano.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Em 2018, aumentou o número de missionários assassinados no mundo


Em 2018, o número de missionários assassinados dobrou em relação ao ano de 2017, segundo assinala a agência vaticana Fides em um relatório publicado no último sábado, 29 de dezembro.

Segundo o relatório, 40 missionários foram assassinados em 2018, enquanto em 2017 foram 23. Quase todos os assassinados foram sacerdotes, somando 35 no total. As demais vítimas foram 1 seminarista e 4 leigos. 

A maioria dos falecidos perdeu a vida no continente africano. Este fato também marca uma mudança de tendência, já que nos últimos oito anos a maioria das mortes havia ocorrido na América.

Por continentes, na África foram assassinados 19 sacerdotes, uma leiga e o único seminarista desta lista trágica. Na América, o segundo continente onde mais missionários foram mortos em 2018, 12 padres e 3 leigos morreram. Na Ásia, 3 sacerdotes foram assassinados e, na Europa, 1 sacerdote.

Assim como em relatórios anteriores, a agência Fides esclarece que esta lista anual "não se refere apenas aos missionários ‘ad gentes’ em sentido estrito, mas tenta registar todos os agentes pastorais mortos violentamente, mesmo que não seja expressamente por 'ódio à fé'".

"Por isso, preferimos não usar o termo 'mártires', mas apenas em seu sentido etimológico de 'testemunhas' para não entrar no julgamento que a Igreja poderá fazer eventualmente sobre alguns deles e que também tentamos documentar neste mesmo contexto anual".

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Papa aprova nova resposta sobre casos de histerectomia


Congregação para a Doutrina da Fé

Resposta a uma dúvida
sobre a licitude da histerectomia em certos casos

No dia 31 de julho de 1993, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou as Respostas as dúvidas propostas sobre o “isolamento uterino” e outras questões. Tais respostas, que permanecem válidas, consideram moralmente lícita a retirada do útero (histerectomia) quando o mesmo constitui um grave perigo atual para a vida ou a saúde da mãe; consideram ilícitas, enquanto modalidade de esterilização direta, a retirada do útero e a laqueadura das trompas (isolamento uterino) quando feitas com o propósito de tornar impossível uma eventual gravidez que pode comportar algum risco para a mãe.

Nos últimos anos, alguns casos bem circunstanciados referentes a histerectomia foram submetidos à Santa Sé, configurando-se, todavia, numa situação diferente daquela que foi considerada em 1993, pois referem-se a situações em que a procriação não é possível. A dúvida e a resposta ora publicadas, acompanhadas de uma Nota Ilustrativa, referem-se a essa nova situação e completam as respostas dadas em 1993.

Dúvida: É lícito retirar o útero (histerectomia) quando o mesmo encontra-se irreversivelmente em um estado tal de não poder ser mais idôneo a procriação, tendo os médicos especialistas chegado a certeza de que uma eventual gravidez levará a um aborto espontâneo antes da viabilidade fetal?

Resposta: Sim, porque não trata-se de esterilização.

Papa não disse que "um ateu é melhor do que um católico que critica os outros".


Em mais um episódio da exegese dos discursos do Papa Francisco, a imprensa veio proclamar em grandes títulos que o Papa disse - na Audiência Geral - que é melhor ser ateu do que ser católico e odiar os outros.

As palavras do Papa que levantaram essa polémica foram estas (tradução nossa a partir do original em italiano):

«Quantas vezes vemos o escândalo criado por aquelas pessoas que vão à igreja e passam lá o dia, ou vão lá todos os dias, e depois vivem com ódio dos outros ou dizendo mal das pessoas. Isto é um escândalo! É melhor não ir à igreja: vive assim, como ateu. Mas se vais à igreja vive como filho, como irmão e dá um verdadeiro testemunho, não um contra-testemunho.»

Os meios de comunicação social interpretaram estas palavras à sua maneira, e tentaram passar a mensagem, tão comum hoje em dia, que um ateu é melhor do que um católico que peca. Mas isto não é verdade, porque também nenhum ateu é impecável. Na História da Humanidade existiram apenas duas pessoas impecáveis: Nosso Senhor Jesus Cristo e a Sua Mãe Maria Santíssima.

O Papa não fez qualquer comparação entre ateus ou católicos. Limitou-se a dizer que se algum católico vive diariamente na murmuração e na má língua cria escândalo. O escândalo é o que se diz, faz ou se deixa de fazer que causa nos outros uma ocasião de pecado ou alguma ruína espiritual. Ver alguém que é assíduo na igreja ser também assíduo na murmuração faz com que as outras pessoas pequem, e pode até fazer com que tenham dúvidas de fé (se forem mais frágeis). Essa pessoa está a dar um mau testemunho enquanto católica. O melhor seria que deixasse de murmurar. Caso não queira, o Papa diz que o melhor é deixar de fingir que é católica, indo à igreja, e viva como ateia.

Isto não é um elogio aos ateus e uma crítica aos católicos, ao contrário do que quiseram fazer passar os media. Isto é uma crítica aos ateus porque o Papa diz que um católico não pode ser coerente se vive a dizer mal dos outros, mas um ateu pode. A "solução" imediata dada para Papa ao mau católico que não quer corrigir o seu comportamento público, que causa escândalo aos outros, é viver tranquilamente como ateu. Se alguém se deveria sentir indignado com estas palavras são os ateus, não os católicos. Os meios de comunicação social não atingiram isso.

"Não rezar para ser admirados pelos homens e sim para comunicar-nos com Deus", exorta o Papa


CATEQUESE DO PAPA FRANCISCO Sala Paulo VI – Vaticano Quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia e bom ano!

Prosseguimos as nossas catequeses sobre o “Pai Nosso”, iluminados pelo mistério do Natal que celebramos há pouco.

O Evangelho de Mateus coloca o texto do “Pai Nosso” em um ponto estratégico, no centro do sermão da montanha (cfr 6, 9-13). Entretanto, observamos a cena: Jesus sobe a colina perto do lago, senta-se; em volta dele os seus discípulos mais íntimos e depois uma grande multidão de rostos anônimos. É esta assembleia heterogênea que recebe primeiro a entrega do “Pai nosso”.

A colocação, como dito, é muito significativa; porque neste longo ensinamento que vai sob o nome de “sermão da montanha” (cfr Mt 5, 1-7, 27), Jesus condensa os aspectos fundamentais da sua mensagem. O exórdio é como um arco decorado para festa: as bem-aventuranças. Jesus coroa de felicidade uma série de categorias de pessoas que no seu tempo – mas também no nosso! – não eram muito consideradas. Bem-aventurados os pobres, os mansos, os misericordiosos, as pessoas humildes de coração… Esta é a revolução do Evangelho. Onde há o Evangelho, há revolução. O Evangelho não deixa quieto, nos impele: é revolucionário. Todas as pessoas capazes de amor, os operadores de paz até então tinham acabado às margens da história são, em vez disso, os construtores do Reino de Deus. É como se Jesus dissesse: avante vocês que levam no coração o mistério de um Deus que revelou a sua onipotência no amor e no perdão!

Deste portão de entrada, que vira os valores da história, floresce a novidade do Evangelho. A lei não deve ser abolida, mas precisa de uma nova interpretação, que a reconduza ao seu sentido originário. Se uma pessoa tem o coração bom, predisposto ao amor, então compreende que cada palavra de Deus deve ser encarnada até suas últimas consequências. O amor não tem confins: pode-se amar o próprio cônjuge, o próprio amigo e até mesmo o próprio inimigo com uma perspectiva toda nova. Diz Jesus: “Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos [maltratam e] perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos” (Mt 5, 44-45).

Eis o grande segredo que está na base de todo o discurso da montanha: sejam filhos do Pai vosso que está nos céus. Aparentemente estes capítulos do Evangelho de Mateus parecem ser um discurso moral, parecem evocar uma ética tão exigente que pode parecer impraticável, e em vez disso descobrimos que são sobretudo um discurso teológico. O cristão não é uma pessoa que se empenha em ser melhor que os outros: sabe ser pecador como todos. O cristão simplesmente é o homem que diante da nova Sarça Ardente, à revelação de um Deus que não leva o enigma de um nome impronunciável, mas que pede aos seus filhos de invocá-lo com o nome de “Pai”, de deixar-se renovar pelo sua potência e refletir um raio da sua bondade por este mundo tão sedento de bem, tão à espera de belas notícias.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Representante do Papa participa da posse do presidente Jair Bolsonaro





O Núncio Apostólico do Equador, dom Andrés Carrascosa, foi o enviado especial do Papa Francisco à posse do presidente da República Jair Messias Bolsonaro, realizada neste dia 1º de janeiro. Dom Andres transmitiu as congratulações do Papa ao novo presidente do Brasil.

Em carta assinada pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, o Papa Francisco nomeou Dom Andres como legado pontifício. O legado é um representante do Papa perante as Igrejas Particulares ou perante o governo de um Estado, sempre enviado para uma missão extraordinária em nome do Pontífice.

De acordo com a carta escrita em latim, datada 20 de dezembro, o Sumo Pontífice parabeniza e envia sua benção ao recém empossado presidente da República Federativa do Brasil. A mesma benção se estende a todo o povo brasileiro.

Jair Bolsonaro tomou posse como 38º presidente do Brasil, em cerimônia solene realizada no Congresso Nacional. Hamilton Mourão foi empossado como vice-presidente.

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Nossa Senhora não é opcional, deve ser acolhida na vida, diz Papa



SANTA MISSA NA SOLENIDADE DE MARIA 
SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS  52º DIA MUNDIAL DA PAZ

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO
Basílica Vaticana
Terça-feira, 1° de janeiro de 2019


«Todos os que ouviram se maravilhavam com o que lhes diziam os pastores» (Lc 2, 18). Maravilhar-nos: a isto somos chamados hoje, na conclusão da Oitava de Natal, com o olhar ainda fixo no Menino que nasceu para nós, pobre de tudo e rico de amor. Maravilha: é a atitude que devemos ter no começo do ano, porque a vida é um dom que nos possibilita começar sempre de novo, mesmo da condição mais baixa.

Mas hoje é também o dia para nos maravilharmos diante da Mãe de Deus: Deus é um bebé nos braços duma mulher, que alimenta o seu Criador. A imagem que temos à nossa frente mostra a Mãe e o Menino tão unidos que parecem um só. Tal é o mistério de hoje, que suscita uma maravilha infinita: Deus ligou-Se à humanidade para sempre. Deus e o homem sempre juntos: eis a boa notícia no início do ano. Deus não é um senhor distante que habita solitário nos céus, mas o Amor encarnado, nascido como nós duma mãe para ser irmão de cada um, para estar próximo: o Deus da proximidade. Está nos joelhos de sua mãe, que é também nossa mãe, e de lá derrama uma nova ternura sobre a humanidade. E nós compreendemos melhor o amor divino, que é paterno e materno, como o duma mãe que não cessa de crer nos filhos e nunca os abandona. O Deus-conosco ama-nos independentemente dos nossos erros, dos nossos pecados, do modo como fazemos caminhar o mundo. Deus crê na humanidade, da qual sobressai, primeira e incomparável, a sua Mãe.

No início do ano, pedimos-Lhe a graça de nos maravilharmos perante o Deus das surpresas. Renovamos a maravilha das origens, quando nasceu em nós a fé. A Mãe de Deus ajuda-nos: a Mãe que gerou o Senhor, gera-nos para o Senhor. É mãe e gera sempre de novo, nos filhos, a maravilha da fé, porque a fé é um encontro, não é uma religião. A vida, sem nos maravilharmos, torna-se cinzenta, rotineira; e de igual modo a fé. Também a Igreja precisa de renovar a sua maravilha por ser casa do Deus vivo, Esposa do Senhor, Mãe que gera filhos; caso contrário, corre o risco de assemelhar-se a um lindo museu do passado. A «Igreja museu». Mas, Nossa Senhora introduz na Igreja a atmosfera de casa, duma casa habitada pelo Deus da novidade. Acolhamos maravilhados o mistério da Mãe de Deus, como os habitantes de Éfeso no tempo do Concílio lá realizado! Como eles, aclamemo-La «Santa Mãe de Deus»! Deixemo-nos olhar, deixemo-nos abraçar, deixemo-nos tomar pela mão… por Ela.

Deixemo-nos olhar. Acontece sobretudo nos momentos de necessidade, quando nos encontramos enredados nos nós mais intricados da vida, que justamente olhemos para Nossa Senhora, para a Mãe. Mas é lindo, antes de mais nada, deixar-se olhar por Nossa Senhora. Quando nos olha, Ela não vê pecadores, mas filhos. Diz-se que os olhos são o espelho da alma; os olhos da Cheia de Graça espelham a beleza de Deus, refletem sobre nós o paraíso. Jesus disse que os olhos são «a lâmpada do corpo» (Mt 6, 22): os olhos de Nossa Senhora sabem iluminar toda a escuridão, reacendem por todo o lado a esperança. O seu olhar, voltado para nós, diz: «Queridos filhos, coragem! Estou aqui Eu, a vossa mãe».

Este olhar materno, que infunde confiança, ajuda a crescer na fé. A fé é um vínculo com Deus que envolve a pessoa inteira, mas, para ser guardado, precisa da Mãe de Deus. O seu olhar materno ajuda a vermo-nos como filhos amados no povo crente de Deus e a amarmo-nos entre nós, independentemente dos limites e opções de cada um. Nossa Senhora enraíza-nos na Igreja, onde a unidade conta mais que a diversidade, e exorta-nos a cuidarmos uns dos outros. O olhar de Maria lembra que, para a fé, é essencial a ternura, que impede a apatia. Ternura: a Igreja da ternura. Ternura, palavra que hoje muitos querem cancelar do dicionário. Quando há lugar na fé para a Mãe de Deus, nunca se perde o centro: o Senhor. Com efeito, Maria nunca aponta para Si mesma, mas para Jesus e os irmãos, porque Maria é mãe.

Olhar da Mãe, olhar das mães. Um mundo que olha para o futuro, privado de olhar materno, é míope. Aumentará talvez os lucros, mas jamais será capaz de ver, nos homens, filhos. Haverá ganhos, mas não serão para todos. Habitaremos na mesma casa, mas não como irmãos. A família humana fundamenta-se nas mães. Um mundo, onde a ternura materna acaba desclassificada a mero sentimento, poderá ser rico de coisas, mas não rico de amanhã. Mãe de Deus, ensinai-nos o vosso olhar sobre a vida e volvei o vosso olhar para nós, para as nossas misérias. Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei.