domingo, 24 de dezembro de 2017

É Natal!


Natal é um acontecimento festivo, alegre, com troca de presentes e muitas luzes. Tudo isto para ressaltar o anúncio do anjo: “Não tenhais medo! Eu vos anuncio uma grande alegria, que será também a de todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vós o Salvador, que é o Cristo Senhor!” (Lucas 2,10-11). Todas as manifestações externas, por mais grandiosas e belas que sejam, ainda são insuficientes para celebrar o mistério do Natal, isto é, Deus veio habitar entre nós e o sinal é “um recém-nascido, envolto em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,12).

Outra atitude fundamental para celebrar o Natal é o silêncio. Os textos bíblicos não falam de silêncio, mas fazem silêncio. A sobriedade e a brevidade dos relatos bíblicos impressionam. São breves dados e quase nada de falas, tudo reduzido a uma extrema simplicidade. Como dizemos com frequência: “não tem palavras para explicar”.

Pode-se caracterizar duas espécies fundamentais de silêncio: um que podemos chamar de ascético ou natural e o outro podemos chamar de sobrenatural. O silêncio ascético ou natural é realizado de muitas formas. Uma forma é a que busca o silêncio exterior em lugares e ambientes com menos ruídos, menos pessoas. Lugares privilegiados são aqueles que proporcionam o contato com a natureza. Também há o silêncio ascético interior que busca serenar o coração, a mente e o corpo. A espiritualidade da quietação do coração busca diminuir a influência da razão para dar lugar à oração. Encontramos esta busca em muitas religiões. O homem se impõe conscientemente o silêncio. 

São Charbel Makhlouf


São Charbel Makhlouf nasceu a 8 de maio de 1828, em BiqáKafra, aldeia montanhosa do norte, ao pé dos cedros do Líbano. Seu nome de batismo: José Zaroun Makhlouf. Com 23 anos ele toma o nome de Charbel em memória do mártir do século segundo, foge de casa e refugia-se no mosteiro de Nossa Senhora de Mayfoug, da Ordem libanesa maronita. Um ano depois, transfere-se para o mosteiro de S. Maron de Annayam, da província de Jbail, verdadeiro oásis de oração e fé, a 1300 metros de altitude. Depois de seis anos de estudos teológicos, em Klifan, é ordenado sacerdote. Exerce, então, com muita edificação, as funções do seu ministério sagrado, juntamente com toda a sorte de trabalhos manuais. Após dezesseis anos de vida ascética, Charbel obtém autorização, em 1875, para se retirar ao eremitério dos Santos Pedro e Paulo, de Annaya.

Durante 23 anos (1875-1898), São Charbel entrega-se com todas as forças da alma, à busca de Deus, na bem-aventurada e total solidão. Deus recompensa o seu fiel servidor, dando-lhe o dom de operar milagres, já em vida: afirma-se que os realizou não somente com cristãos, mas, também, com muitos muçulmanos.

No dia 16 de dezembro de 1898, em Annaya, enquanto celebrava a Santa Missa, sofreu um ataque de apoplexia; levou-o à morte, no dia 24, Vigília da Festa de Natal. Tinha 70 anos de idade.

Com o seu próprio punho, Pio XII assinou o decreto que dava início ao processo de beatificação do Padre Charbel, dizendo expressamente: “O Padre Charbel já gozava, em vida, sem o querer, da honra de o chamarem santo, pois a sua existência era verdadeiramente santificada por sacrifícios, jejuns e abstinências. Foi vida digna de ser chamada cristã e, portanto, santa. Agora, após a sua morte, ocorre este extraordinário sinal deixado por Deus: seu corpo transpira sangue, sempre que se lhe toca, e todos os que, doentes, tocarem com um pedaço de pano suas vestes constantemente úmidas de sangue, alcançam alívio em suas doenças e não poucos até se veem curados. Glória ao Pai que coroou os combates dos santos. Glória ao Filho que deixou esse poder em suas relíquias. Glória ao Espírito Santo que repousa, com suas luzes, sobre seus restos mortais para fazer nascer consolações em todas as espécies de tristezas”.

No segundo domingo de outubro de 1977, dia 9, o Santo Padre Paulo VI canonizou solenemente, na Basílica de São Pedro, em Roma, o bem-aventurado Charbel Makhlouf, monge eremita libanês. Foi a primeira canonização, realizada pelo Papa, de um membro da Igreja do Rito Oriental, desde que o Vaticano traçara, há quatro séculos, nova orientação para as canonizações. Antes da canonização atual, os santos maronitas eram proclamados pelo Patriarca da Igreja maronita.


Deus, infinitamente glorificado nos Santos, que inspirastes São Charbel a seguir a solitária vida da perfeição, Vos agradecemos por terdes feito resplandecer a força da Vossa graça, que concedeu a São Charbel a força necessária para afastar-se totalmente do mundo, para fazer triunfar o heroísmo das virtudes monásticas, a pobreza, a obediência e a castidade.

Vos suplicamos, concedei-nos tão grande graça, de amar-Vos e servir-Vos, conforme seu exemplo. Deus que nos mostrastes a poderosa intercessão de São Charbel com numerosas graças e verdadeiros milagres, concedei também a mim a graça (nominar) que Vos peço pela intercessão de São Charbel junto a Vós. Amém.



São Charbel Makhlouf, rogai por nós!

sábado, 23 de dezembro de 2017

4 curiosidades sobre o Natal que talvez você não saiba


Queremos compartilhar 4 curiosidades sobre o Natal que talvez você não saiba.

1- As profetizas pagãs

Uma das coisas mais interessantes sobre a vinda de Cristo, é que ele não é somente o Messias pré-anunciado pelas Escrituras, mas ele é o Rei anunciado até mesmo por DIVERSOS POVOS PAGÃOS.

Vide as inúmeras profecias dadas pelas Sibilas (profetizas pagãs) a despeito de Cristo. Estas sibilas inclusive fizeram o imperador Otávio Augusto construir estátuas para o Rei que nasceria de uma Virgem.

No Dies Irae, antiga sequência da Missa de Requiem é dito:

“Dia da Ira, aquele dia Em que os séculos dissolver-se-ão em cinza, (será) David com a Sibila por testemunha!”

E não são poucos os relatos das Sibilas, são muitos e que impressionam pela riqueza de detalhes sobre o Verbo encarnado… Um dos tantos e ricos relatos, se refere a Sibila do Egito:

O verbo se fez carne, sem poluição
Duma virgem Ele toma seu corpo.
Exprobará o vício; e a alma depravada
Ante Ele cobrirá a face.
Aqueles que ante Ele se arrependerem
Terão socorro e graça na hora do sofrimento.

2- Otávio Augusto rejeita ser chamado de deus, em vista do Deus feito homem que nasceria.

Quando o senado quis fazer do Imperador Otávio, deus, este quis consultar uma sibila para saber se algum dia nasceria algum mortal maior que ele, isso aconteceu no dia da Natividade do Senhor, e enquanto a sibila explicava seus oráculos a sós com o imperador num quarto do palácio, eis que no meio do dia um circulo de ouro rodeia o sol e no meio do circulo aparece uma virgem maravilhosamente bela, trazendo uma criança no colo, o que a sibila mostrou a César, extasiado com essa visão.

Ele então ouviu uma voz dizer: – Eis o altar do céu. E a sibila acrescentou: “Esta criança, é maior que você, adore-a”. Este quarto foi dedicado… Santa Maria, sendo hoje a igreja Santa Maria Altar do Céu. O imperador (…) ofereceu-lhe incenso e a partir desse momento renunciou a ser chamado deus”.

O que é a "Fumaça de Satanás"?


Fala com um fio de voz e por vezes a respiração lhe pesa tanto que precisa parar. Mas a mente é lúcida e o coração bondoso.

A entrevista com o Cardeal Virgílio Noé, 86 anos, Mestre de Cerimônias Litúrgicas no Pontificado de Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II, Arcipreste Emérito da Basílica de São Pedro e ex-Vigário do Papa para a Cidade do Vaticano, se revela comovente, e ao mesmo tempo contagiante.

O purpurado, que abandonou a vida pública por causa das enfermidades da idade avançada, e falecido em 24 de julho de 2011, aos 89 anos, em Roma, ajuda-nos, levando-nos pela mão, a conhecer melhor um Pontífice – erroneamente – esquecido na pressa da história: Giovanni Battista Montini. E revelou pela primeira vez a que se referia precisamente Paulo VI quando, em 1972, denunciou a presença da fumaça de Satanás na Igreja.

Sua Eminência, quem foi o Papa Paulo VI?

Um verdadeiro cavalheiro, um santo. Lembro-me ainda como ele vivia o Mistério Eucarístico, com amor e participação. Quando penso nele choro, mas não à maneira dos hipócritas. Sinto-me realmente tocado. Devo muito a ele, ensinou-me muito, ele viveu e pagou um grande preço pela Igreja.

O Senhor teve o privilégio de ser Mestre das Cerimônias Litúrgicas precisamente devido à nomeação recebida do Papa Montini nos tempos da reforma pós-conciliar. Como se recorda daquele tempo?

Esplendidamente. Uma vez o Santo Padre disse-me, pessoalmente, e de modo afetuosíssimo, como o Mestre de Cerimônias deveria atuar naquele função e naquele determinado período histórico. Entrou na sacristia. Aproximou-se de mim e disse-me: o Mestre de Cerimônias deve prever tudo e encarregar-se de tudo; tem o dever de aplainar a estrada para o Papa.

Ele acrescentou algo?

Sim. Afirmou que a o ânimo de um Mestre de Cerimônias não deve se perturbar nunca por nada, grande ou pequeno, que seja problema pessoal. Um Mestre de Cerimônias, reforçou, deve ser sempre senhor de si mesmo e tornar-se escudo do Papa, pois a Santa Missa deve ser celebrada dignamente, para a Glória de Deus e do seu povo.

Como o Santo Padre recebeu a reforma litúrgica querida pelo Vaticano II?

De bom grado.

Diz-se que Paulo VI era um homem bastante triste, é verdade ou é uma lenda?

Uma mentira. Ele era um pai bom e gentil. Ao mesmo tempo, ficou muito triste pelo fato da Cúria Romana tê-lo deixado sozinho. Mas prefiro não falar sobre isso.

De modo geral, contradizendo os historiadores, o Senhor, que era um dos seus mais próximos e fiéis colaboradores, descreve o Papa Montini como uma pessoa serena.

Ele era. E sabe porquê? Porque afirmava sempre que aquele que serve o Senhor não pode nunca ser triste. E ele o servia especialmente no sacrifício da Santa Missa. Continua inesquecível a denúncia de Paulo VI sobre a fumaça de Satanás na Igreja. Ainda hoje, aquele discurso parece de uma atualidade incrível.  

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Administrador Apostólico de Jerusalém: decisão de Trump torna paz distante


O Administrador Apostólico de Jerusalém dos Latinos, o arcebispo Pierbattista Pizzaballa, encontrou os jornalistas esta quarta-feira para uma coletiva de imprensa por ocasião do Natal.

Inicialmente, o arcebispo católico e biblista italiano dos Frades Menores, fez um balanço dos eventos que marcaram a vida eclesial na Terra Santa no decorrer de 2017, traçando a seguir um panorama mais amplo sobre a realidade social e política do contexto em que a Igreja atua.

A recente decisão de Trump de transferir a embaixada EUA em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, esteve no foco de sua análise:

“Há poucos dias – declarou – todos assistimos à declaração do Presidente dos Estados Unidos, cujas consequências são conhecidas e ainda não cessaram totalmente”.

“A posição da Igreja Católica a este respeito é clara e foi reiterada pelo próprio Santo Padre: respeitar o status quo da cidade, em conformidade com as pertinentes Resoluções das Nações Unidas”.

“Em nosso comunicado – completou - consideramos que qualquer solução unilateral não pode ser considerada uma solução. Decisões unilaterais não trarão a paz, antes pelo contrário, a tornarão distante”.

“Jerusalém é um tesouro de toda a humanidade. Qualquer reivindicação de exclusividade – quer política ou religiosa – é contrária à própria lógica da cidade”.

Papa: Cúria fechada em si mesma está condenada à destruição


ENCONTRO COM OS MEMBROS DA CÚRIA ROMANA 
PARA A APRESENTAÇÃO DOS VOTOS NATALÍCIOS

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO

Sala Clementina
Quinta-feira, 21 de dezembro de 2017


Amados irmãos e irmãs!

O Natal é a festa da fé no Filho de Deus que Se fez homem, para devolver ao homem a dignidade filial que perdera por causa do pecado e da desobediência. O Natal é a festa da fé nos corações que se transformam em manjedoura para O receber, nas almas que permitem a Deus fazer brotar do tronco de sua pobreza o rebento de esperança, caridade e fé.

O dia de hoje proporciona-nos uma nova ocasião para trocarmos os votos natalícios e desejar a todos vós, aos vossos colaboradores, aos Representantes pontifícios, a todas as pessoas que prestam serviço na Cúria e a todos os vossos entes queridos um santo e jubiloso Natal e um feliz Ano Novo. Que este Natal nos abra os olhos para abandonarmos o supérfluo, o falso, o malévolo e o fictício, e vermos o essencial, o verdadeiro, o bom e o autêntico. Sinceros votos de todo o bem.

Amados irmãos!

Tendo falado anteriormente sobre a Cúria Romana ad intra, desejo este ano partilhar convosco algumas reflexões sobre a realidade da Curia ad extra, nomeadamente a relação da Cúria com as nações, com as Igrejas particulares, com as Igrejas Orientais, com o diálogo ecuménico, com o Judaísmo, com o Islamismo e as outras religiões, isto é, com o mundo externo.

As minhas reflexões baseiam-se certamente nos princípios basilares e canónicos da Cúria, na própria história da Cúria, mas também na visão pessoal que procurei partilhar convosco nos discursos dos últimos anos, no contexto da atual reforma em curso.

E, a propósito da reforma, vem-me à mente a frase simpática e significativa de Mons. Frédéric-François-Xavier de Mérode: «Fazer as reformas em Roma é como limpar a Esfinge do Egito com uma escova de dentes».[1] Nela se ressalta a grande paciência, dedicação e delicadeza que são necessárias para se alcançar tal objetivo, dado que a Cúria é uma instituição antiga, complexa, venerável, composta por pessoas de diferente cultura, língua e mentalidade, e que estruturalmente, desde sempre, está ligada à função primacial do Bispo de Roma na Igreja, ou seja, ao «sacro» ministério querido pelo próprio Cristo Senhor para bem de todo o corpo da Igreja (ad bonum totius corporis).[2]

Assim, a universalidade do serviço da Cúria deriva e brota da catolicidade do Ministério Petrino. Uma Cúria fechada em si mesma trairia o objetivo da sua existência e cairia na autorreferencialidade, condenando-se à autodestruição. Por sua natureza, a Cúria está projetada ad extra, enquanto ligada ao Ministério Petrino, ao serviço da Palavra e do anúncio da Boa Nova: o Deus Emanuel, que nasce entre os homens, que Se faz homem para mostrar a cada homem a sua íntima proximidade, o seu amor sem limites e o seu desejo de que todos os homens sejam salvos e cheguem a gozar da beatitude celeste (cf. 1 Tim 2, 4); o Deus que faz despontar o seu sol sobre bons e maus (cf. Mt 5, 45); o Deus que não veio para ser servido, mas para servir (cf. Mt 20, 28); o Deus que constituiu a Igreja para estar no mundo sem ser do mundo, e para ser instrumento de salvação e de serviço.

Pensando precisamente nesta finalidade ministerial, petrina e curial, ou seja, de serviço, na saudação que recentemente dirigi aos Padres e Chefes das Igrejas Orientais Católicas,[3] empreguei a expressão «primado diaconal», associando-a imediatamente com a imagem cara a São Gregório Magno de Servus servorum Dei. Na sua dimensão cristológica, esta definição expressa, antes de mais nada, a firme vontade de imitar a Cristo, que assumiu a forma de servo (cf. Flp 2, 7). Bento XVI, quando falou sobre esta frase, disse que, nos lábios de Gregório, não era «uma fórmula piedosa, mas a verdadeira manifestação do seu modo de viver e agir. Sensibilizava-o intimamente a humildade de Deus, que em Cristo Se fez nosso servo, nos lavou e lava os pés sujos».[4]

Idêntica atitude diaconal deve caraterizar também aqueles que, a vário título, trabalham na área da Cúria Romana, a qual – como lembra o próprio Código de Direito Canónico – «desempenha o seu múnus em nome e por autoridade [do Sumo Pontífice] para o bem e serviço das Igrejas» (cân. 360; cf. CCEO cân. 46).

Primado diaconal «em referência ao Papa»[5] e, em consequência, é igualmente diaconal o trabalho que se realiza dentro da Cúria Romana (ad intra) e fora (ad extra). Este tema da diaconia ministerial e curial faz-me remontar a um antigo texto, presente na Didascalia Apostolorum, onde se recomenda que o «diácono seja o ouvido e a boca do Bispo, o seu coração e a sua alma»,[6] pois desta concórdia depende a comunhão, a harmonia e a paz na Igreja, já que o diácono é o guardião do serviço na Igreja.[7] Creio que não é casual o facto de o ouvido ser o órgão da audição mas também do equilíbrio; e a boca, o órgão para provar mas também para falar.

Outro texto antigo acrescenta que os diáconos são chamados a ser como que os olhos do Bispo.[8] Os olhos veem para transmitir as imagens à mente, ajudando-a a tomar as decisões e a encaminhar para o bem todo o corpo.

A relação que se pode deduzir destas imagens é a de comunhão e obediência filial para servir o povo santo de Deus. Não há dúvida que a mesma relação deve existir também entre todos aqueles que trabalham na Cúria Romana, desde os Chefes de Dicastério e Superiores até aos oficiais e restante pessoal. A comunhão com Pedro fortalece e revigora a comunhão entre todos os membros.

Deste ponto de vista, a evocação dos sentidos do organismo humano ajuda a perceber o significado da extroversão, da atenção ao que existe fora. Com efeito, no organismo humano, os sentidos são a nossa primeira ligação com o mundo ad extra, são como que uma ponte para ele; são a nossa possibilidade de nos relacionarmos. Os sentidos ajudam-nos a apreender o real e, de igual modo, a situar-nos no real. Não é por acaso que São Inácio de Loyola faz recurso aos sentidos na contemplação dos Mistérios de Cristo e da verdade.[9]

Isto é muito importante para superar aquela lógica desequilibrada e degenerada de conluios ou de pequenos clubes que realmente representam – não obstante todas as suas justificações e boas intenções – um câncer que leva à autorreferencialidade, que se infiltra também nos organismos eclesiásticos como tais e, de modo particular, nas pessoas que lá trabalham. Mas, quando isto acontece, perde-se a alegria do Evangelho, a alegria de comunicar Cristo e de estar em comunhão com Ele; perde-se a generosidade da nossa consagração (cf. At 20, 35; 2 Cor 9, 7).

Permiti-me aqui uma palavra sobre outro perigo: o dos traidores da confiança ou os que se aproveitam da maternidade da Igreja, isto é, as pessoas que são cuidadosamente selecionadas para dar maior vigor ao corpo e à reforma, mas – não compreendendo a alçada da sua responsabilidade – deixam-se corromper pela ambição ou a vanglória e, quando delicadamente são afastadas, autodeclaram-se falsamente mártires do sistema, do «Papa desinformado», da «velha guarda»... em vez de recitar o «mea culpa». A par destas pessoas, há ainda outras que continuam a trabalhar na Cúria e às quais se concede todo o tempo para retomar o caminho certo, com a esperança de que encontrem na paciência da Igreja uma oportunidade para se converter e não para se aproveitar. Isto naturalmente sem esquecer a esmagadora maioria de pessoas fiéis que nela trabalham com louvável empenho, fidelidade, competência, dedicação e também com grande santidade.

Assim é oportuno, voltando à imagem do corpo, destacar a necessidade de que estes «sentidos institucionais» – a que poderemos, de alguma forma, comparar os Dicastérios da Cúria romana – devem agir de maneira conforme à sua natureza e finalidade: em nome e com a autoridade do Sumo Pontífice e sempre para o bem e ao serviço das Igrejas.[10] Os Dicastérios estão chamados a ser na Igreja como que antenas sensíveis fiéis: emissoras e recetoras.

Antenas «emissoras» enquanto habilitadas a transmitir fielmente a vontade do Papa e dos Superiores. A palavra «fidelidade»,[11] para aqueles que trabalham na Santa Sé, «assume um caráter particular, já que colocam ao serviço do Sucessor de Pedro boa parte das suas energias, do seu tempo e do seu ministério diário. É uma responsabilidade séria, mas também um dom especial, que, com o passar do tempo, vai desenvolvendo um vínculo afetivo com o Papa, feito de íntima confidência, um natural idem sentire, bem expresso precisamente pela palavra “fidelidade”».[12]

A imagem da antena alude igualmente ao outro movimento, inverso, de «recetor». Trata-se de apreender as solicitações, as perguntas, os pedidos, os gritos, as alegrias e as lágrimas das Igrejas e do mundo, para os transmitir ao Bispo de Roma a fim de lhe permitir desempenhar mais eficazmente a sua tarefa e missão de «princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão».[13] Com tal recebimento, que é mais importante do que o aspeto preceituoso, os Dicastérios da Cúria romana entram generosamente naquele processo de escuta e sinodalidade de que já tenho falado.[14]

Jerusalém: Acendem árvores de Natal na terra onde Jesus Cristo nasceu


Como preparação para a celebração do nascimento de Jesus Cristo, os cristãos da Terra Santa participaram das festas da iluminação das árvores de Natal em Belém e em Jerusalém.

Segundo informou a Custódia da Terra em um comunicado, em Jerusalém a árvore foi acesa em 14 de dezembro ao lado da Porta Nova. Destacaram que “é uma tradição consolidada e uma celebração” não só para os cristãos, mas também “para os habitantes de outras religiões que vivem na Cidade Santa”.

Entretanto, este ano não haverá fogos de artifício nem o desfile dos scout “como sinal de protesto” ante a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de transferir a embaixada do seu país de Tel Aviv a Jerusalém. A resolução do presidente provocou confrontos entre palestinos e israelenses e a região vive um clima de tensão.

Iraque: Reconstroem a primeira igreja na Planície de Nínive após expulsão do ISIS

Missa de abertura da Igreja de São Jorge em Teleskuf (Iraque) / Foto: SOS Chrétiens d'Orien

O Bispo católico caldeu de Alqosh (Iraque), Dom Mikha Pola Maqdassi, presidiu a Missa de inauguração da Igreja de São Jorge na aldeia de Teleskuf, primeiro templo católico da Planície de Nínive reconstruído após a expulsão do Estado Islâmico (ISIS) da região em outubro de 2016.

Eucaristia em 8 de dezembro foi concelebrada pelo Pe. Salar Boudagh, sacerdote nascido em Teleskuf. Também estiveram presentes o Arcebispo caldeu de Erbil, Dom Bashar Warda, e o Bispo sírio-ortodoxo de Mossul, Mar Nicodemo Daoud Matti Sharaf.

O ISIS pretendia nos eliminar. Entretanto, o ISIS desapareceu e nós voltamos para Teleskuf. A reabertura da igreja é e será um símbolo poderoso para todas as outras aldeias e nos fortalecerá em nossos esforços para reconstruí-las”, afirmou Dom Warda em declarações à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).

Na informação enviada ao Grupo ACI, a ACN indicou que os terroristas danificaram e saquearam a igreja de São Jorge. Para reconstruir o templo, conseguiram arrecadar 100 mil euros. A organização francesa SOS Chrétiens d'Orient também colaborou com esta obra.

Fiquei comovido, porque a igreja de São Jorge não só foi reaberta, mas reconstruída com mais beleza e mais glória do que antes. É assim a providência de Deus”, expressou Dom Warda à ACN.