quarta-feira, 28 de setembro de 2016

O que ensina a Igreja Católica sobre o pecado original?


Navegando recentemente em algumas redes sociais, por acaso deparei-me com um grupo de formação católica que discutia sobre a doutrina da Imaculada Conceição, e que por sua vez acabou caindo no tema do pecado original. O que me deixou preocupado não foi apenas ter encontrado um participante expondo ideias equivocadas, mas também perceber que a grande maioria dos participantes dessa comunidade não sabia distinguir os erros que eram apresentados nessas exposições.

Entre algumas expressões preocupantes que li estavam aquelas que assumiam que o pecado original é apenas uma "concepção latina", uma "tese agostiniana", ou que os "latinos" creem que o pecado original "foi herdado" mas que isso não queria dizer que toda a Cristandade assim acreditava também; portanto, "a concepção latina não pode ser imposta a toda confissão cristã, já que a tese agostiniana é alheia ao mundo ortodoxo".

O erro mais grave em toda essa argumentação era, talvez, assumir que a doutrina do pecado original é apenas "uma concepção latina". Não estamos falando de uma mera "tese agostiniana", mas de um dogma de fé, para o qual a "Donum Veritatis" ensina (nº 22):

- "Quando o Magistério da Igreja se pronuncia de modo infalível, declarando solenemente que uma doutrina encontra-se contida na Revelação, a adesão que se requer é a da fé teologal. Esta adesão estende-se ao ensinamento do Magistério ordinário e universal quando este propõe para crer uma doutrina de fé como sendo de Revelação divina".

Referidos dogmas de fé são verdades reveladas não a um rito em particular, mas à Igreja Universal, que é católica, porque ainda que na Igreja existam mais de 20 ritos, não apenas os latinos, mas também os orientais (bizantinos, antioquenos e alexandrinos), todos, em comunhão plena com a Sé Apostólica e com o Papa, todos e cada um dos cristãos, de qualquer rito que seja, devem abraçar com fé divina e católica cada um desses dogmas; e isso inclui a doutrina do pecado original.

As igrejas ortodoxas, ainda que na verdade sejam igrejas particulares, não estão em plena comunhão com a Sé Apostólica. Os cristãos dessas igrejas possuem a obrigação moral de abraçar a verdadeira religião, que é a Católica, e suas igrejas particulares devem retornar à plena comunhão com ela. Devemos ainda dizer que o fato de seu desenvolvimento teológico teR se paralisado em razão do cisma do Oriente e não professarem adesão a todos os dogmas da fé católica nem aos últimos Concílios Ecumênicos, isto não faz com que os dogmas sejam verdades menos reveladas; e o mesmo se diga acerca do fato de existirem outros cristãos que não os professem.

Para deixar claro qual é a doutrina católica a respeito do tema do pecado original, quero compartilhar um extrato do "Manual de Teologia Dogmática", de Ludwig Ott, págs. 180 a 191. Espero que seja útil para eles:

São Venceslau


Venceslau nasceu em 907 e logo se tornou herdeiro do trono da Boêmia. Sua ascensão ao trono provocou a ira da própria mãe, que desejava assumir o comando do país ou então dar o reinado ao outro filho Boleslau. A ganância de sua mãe foi tão grande que Boleslau acabou assassinando seu próprio irmão. 

A história nos conta que Draomira, mãe de Venceslau, tentou assumir o trono. Sua presença foi terrível para o cristianismo, que foi perseguido em todas as províncias. O povo porém, sabendo da eleição de Venceslau, obrigou a malvada rainha a abandonar o trono. A avó de Venceslau o ajudou a valorizar o cristianismo. A pobre velhinha foi também assassinada enquanto rezava. 

Venceslau tinha conquistado a confiança, a graça e simpatia do povo, que viam nele um verdadeiro líder, um exemplo a ser seguido. Dedicava-se aos mais pobres, encarcerados, doentes, viúvas e órfãos, aos quais fazia questão de ajudar e levar palavras de fé, carinho e consolo. Sua mãe eastava cada vez mais disposta a eliminá-lo e reasssumir o trono. 

Draomira e Boleslau, inconformados com a popularidade de Venceslau, arquitetaram um plano diabólico para acabarem com sua vida. No dia 28 de setembro de 929, durante a festa de batismo de seu sobrinho, enquanto todos festejavam, Venceslau se retirou à capela para rezar. Draomira sugeriu ao filho Boleslau que aquele seria o melhor momento para matar o próprio irmão. Boleslau invadiu a capela e apunhalou o irmão no altar da igreja. 

O seu corpo foi sepultado na igreja de São Vito, em Praga. Desde então passou a ser cultuado como santo. Sua mãe, dias depois, teve uma morte trágica e Boleslau foi condenado pela rei Otão I. De nada valeu tanta violência. 



Ó Deus, Pai de bondade, Pai de misericórdia, eu Te louvo, eu Te bendigo, eu Te adoro. A exemplo de São Venceslau, quero encontrar no Evangelho inspiração constante para minha vida. Quero viver as bem-aventuranças e cumprir com alegria o mandamento do amor. Amém.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Colômbia e Farc assinam histórico acordo de paz


Depois de mais de cinquenta anos de conflito armado entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), um acordo de paz foi selado nesta segunda-feira (26/09). Para ser definitivamente colocado em prática, no entanto, o texto do pacto ainda deverá ser aprovado em um referendo nacional do próximo domingo. Os 52 anos de conflito deixaram cerca de 260 mil vítimas fatais, 45 mil desaparecidos e 6,9 milhões de deslocados.

O que diz o acordo?

As Farc se comprometeram a entregar todas as suas armas às Nações Unidas; a não se envolver em crimes como sequestro, extorsão ou recrutamento de crianças; romper ligações com o tráfico de drogas; e cessar ataques contra as forças de segurança e civis.

O texto assinado inclui um plano para o desenvolvimento agrícola integral, dando aos ex-guerrilheiros acesso à terra e a serviços, além de criar uma estratégia para a substituição sustentável de cultivos ilícitos.

Com esse documento, será criado um sistema de justiça para punir os responsáveis por crimes no qual as vítimas terão algum tipo de reparação. As punições incluem restrição de liberdade e, no caso de o autor não reconhecer o crime, pode ir para a cadeia comum por até 20 anos.

Fim das plantações de coca

O governo colombiano também deverá desenvolver um plano de investimentos para o desenvolvimento do campo para dar aos agricultores oportunidades de ter renda e qualidade de vida de maneira lícita, sem o cultivo e produção de drogas.

As Farc ainda se comprometeram a romper os laços com o mercado de drogas, além de apoiar os esforços do governo para combater o narcotráfico. Os movimentos sociais que estão na base das Farc receberão garantias de que poderão fazer política sem armas. 

O serviço dos pobres deve ser preferido acima de tudo


A nossa atitude para com os pobres não se deve regular pela sua aparência externa nem sequer pelas suas qualidades interiores. Devemos considerá-los, antes de mais, à luz da fé. O Filho de Deus quis ser pobre e ser representado pelos pobres. Na sua paixão, quase perdeu o aspecto de homem; apareceu como um louco para os gentios e um escândalo para os judeus. Todavia, apresentou-Se a estes como evangelizador dos pobres:
 
Enviou-Me para evangelizar os pobres. Também nós devemos ter os mesmos sentimentos de Cristo e imitar o que Ele fez: cuidar dos pobres, consolá-los, socorrê-los e recomendá-los.
 
Cristo quis nascer pobre, chamar para sua companhia discípulos pobres, servir os pobres e identificar-se com os pobres, a ponto de dizer que o bem ou o mal feito a eles o tomaria como feito a Si mesmo. Deus ama os pobres, e por conseguinte ama também aqueles que os amam. Na verdade, quando alguém tem especial afecto a uma pessoa, estende também este afecto aos seus amigos e servos. Por isso temos razão para esperar que, por causa do nosso amor dos pobres, também nós seremos amados por Deus.
 
Quando os visitamos, procuremos compreender a sua pobreza e infelicidade para sofrer com eles e ter os sentimentos de que fala o Apóstolo, quando diz: Fiz-me tudo para todos. Esforcemo-nos por sentir profundamente as preocupações e misérias dos nossos semelhantes; peçamos a Deus que nos dê o espírito de misericórdia e compaixão e que conserve sempre em nossos corações estes sentimentos.
 
O serviço dos pobres deve ser preferido a todos os outros e deve ser prestado sem demora. Se durante o tempo de oração, tiverdes de levar um medicamento ou qualquer auxílio a um pobre, ide tranquilamente, oferecendo a Deus essa boa obra como prolongamento da oração. E não tenhais nenhum escrúpulo ou remorso de consciência se, para prestar serviço aos pobres, tivestes de deixar a oração. De facto não se trata de deixar a Deus, se é por amor de Deus que deixamos a oração: servir um pobre é também servir a Deus.
 
A caridade é a máxima norma, e tudo deve tender para ela; é uma grande senhora: devemos cumprir o que ela manda. Renovemos, portanto, o nosso espírito de serviço aos pobres, principalmente para com os mais abandonados. Esses hão-de ser os nossos senhores e protectores.



Dos Escritos de São Vicente de Paulo, presbítero
(Carta 2546: Correspondance, entretiens, documents,
Paris 1922-1925, 7) (Sec. XVII)

Comportamento na Santa Missa


Hoje em dia, infelizmente, muitos não se importam com as maneiras de se vestir e de agir no Santo Sacrifício da Missa. Alguns afirmam que “tanto faz, o que importa é o coração”. Mas o que realmente diz a santa Igreja de Cristo, em seus documentos, a este respeito?

O Catecismo diz que, no momento da Sagrada Comunhão, “a atitude corporal, – gestos, roupa, – há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso hóspede"(§1387). Por que o Catecismo mencionaria algo aparentemente tão secundário quanto o modo de vestir? Por que a Santa Missa é a renovação do Sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo, verdadeiro Deus, que nos resgatou dos nossos pecados e da morte na Cruz; tal Sacrifício se torna verdadeiramente presente na Santa Missa, no momento em que pão e vinho se tornam, verdadeiramente, Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor (CIC §1373 - §1381).

Sendo assim, a orientação é para que as pessoas não usem, nesse momento tão sagrado, roupas exageradamente informais, ou que mostrem demais o corpo, que marquem os seus contornos de forma provocativa, como decotes profundos, shorts, miniblusas, etc. Afinal, vamos à igreja para encontrar Deus ou para seduzir as pessoas do sexo oposto? Por acaso é a Missa uma ocasião para desfilar sensualidade, para atrair olhares cobiçosos? Evidente que não. – Ocorre que, às vezes, até sem perceber uma mulher é capaz de desviar a atenção de um homem (ou de diversos homens), que compareceram àquele lugar com intenções de santidade. Convém evitar tudo o que contrarie a alegria pura, a solenidade e o respeito da Celebração.

Outro ponto muito interessante a se observar é que o mais elementar bom senso, partindo do princípio de solenidade que o Catecismo menciona, avisa que é muito melhor usar calça do que bermuda ou shorts. Não se vai a uma entrevista de emprego, por exemplo, usando bermuda. Não se entra num tribunal usando shorts. Então, por que tantos acham muito "normal" ir à Casa de Deus vestidos assim? – Partindo do princípio do respeito pelo Sagrado e da não banalização da celebração sagrada, é muito simples entender porque é melhor que uma mulher use uma saia abaixo do joelho ou vestido sóbrio, – ou pelo menos uma calça discreta, – do que uma calça colante, apertadíssima. E porque é melhor que um homem use camisa ou camiseta tipo polo do que uma camiseta modelo regata.

Obviamente, essas orientações devem ser levadas ainda mais a sério por aqueles que exercem funções litúrgicas, como leitores, músicos e, especialmente, os ministros extraordinários da Comunhão Eucarística. Estes acabam servindo como modelo de comportamento para toda a assembleia.

São Vicente de Paulo


Vicente de Paulo foi realmente uma figura extraordinária para a Humanidade. Nasceu na França, no dia 24 de abril de 1581. Na infância era um simples guardador de porcos. Aos dezenove anos foi ordenado padre. Ficou dois anos sob a tutela de um senhor muçulmano, que acabou convertendo-se e o libertou. 

Pela sua bondade e sabedoria, Vicente logo ganhou a amizade de muitas personalidades. Mas, quem mais era merecedor da piedade e atenção de Vicente de Paulo, eram mesmo os pobres, os menos favorecidos, que sofriam as agruras da miséria. 

Apesar de ter sempre pouco tempo para os livros, tinha muito para tratar e dar alívio espiritual. Foi Ministro da Caridade do rei francês. Com isso, organizou um trabalho de assistência aos pobres em escala nacional. Fundou e organizou quatro instituições voltadas para a caridade: "A Confraria das Damas da Caridade", os "Servos dos Pobres", a "Congregação dos Padres da Missão", conhecidos como padres lazaristas, em 1625 e, principalmente, as "Filhas da Caridade", em 1633. 

Vicente de Paulo morreu em Paris no dia 27 de setembro de 1660, mas sua obra de caridade sobrevive nos inúmeros religiosos, religiosas e leigos que continuam a dedicar tempo ao serviço aos mais necessitados. 



Glorioso São Vicente, celeste padroeiro de todas as associações de caridade e pai de todos os infelizes; alcançai do Senhor socorro para os pobres, auxilio aos enfermos, consolação aos aflitos, proteção aos desamparados, conversão aos pecadores, zelo aos sacerdotes, paz à Igreja, tranqüilidade aos povos e a todos Salvação. Amém 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Os meninos de saia do Colégio Dom Pedro II


O Tradicional colégio carioca "Pedro II" quis igualizar: não define mais os uniformes por sexo. A galera do gênero foi às alturas! "Mais um golpe na maldita heteronormatividade".

Eu, que não sou assim tão apressado, creio que o episódio seja apenas um exemplar do exibicionismo transgressor típico de adolescentes. Não creio que os mesmos quererão ir ao Shopping de saia, ou mesmo jogar futebol "alla femina". Como dizem, foi só "zoeira". E "the zoeira never ends".

Contudo, digno de nota é que foram os moçoilos que se vestiram de saia… Claro, porque foi exatamente este o ponto transgredido. Desde que a moda unissex foi no mundo lançada, as mulheres se masculinizaram, passaram a adereçar-se com elementos do vestuário masculino, mas não o contrário. A despeito do feminismo, a saia continua sendo feminina. No episódio em questão, não haveria nenhuma novidade em que as moças usassem calças.

Nos garotos travestidos jazia uma declaração subliminar: roupa de mulher é saia, e é assim que as vamos parodiar.

Ao mesmo tempo, são eles que as imitam. E isso mesmo é, por si, ultra-eloquente. Sim, porque a estética masculina é dificilmente imitável por alguma mulher, visto que o masculino contém em si um elemento de temor, como dizia Aristóteles, de uma agressividade que transcende qualquer unissex.

Em outras palavras, o travestismo sempre foi um fenômeno mais masculino que feminino. Claro, porque qualquer performance precisa fazer as contas com a natureza, queiram ou não os generopatas. 

Homilética: 27º Domingo do Tempo Comum - Ano C: "Se tivésseis fé...".



Há poucas palavras de apenas duas letras que contenham tanta densidade como essa: Fé. Os apóstolos, ao compreender algo dessa realidade, pediram ao Senhor: “aumenta-nos a fé!” (Lc 17,5). E Jesus disse-lhes: “se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria”. É uma linguagem figurada que exprime a onipotência da fé. Jesus não pede muito; pede apenas um pouquinho de fé, como o minúsculo grão de mostarda, bem menor do que a cabeça de um alfinete; mas, se for sincera, viva, convicta, a fé será capaz de coisas muito maiores, inconcebíveis à compreensão humana. Jesus quer educar os seus discípulos numa fé sem incerteza nem vacilações, numa fé que, apoiada na força de Deus, tudo crê, tudo espera, a tudo se atreve, e persevera invencível, mesmo nas dificuldades mais árduas e difíceis.

Precisamos de uma fé firme, que nos leve a alcançar metas que estão acima das nossas forças, que aplaine os obstáculos e supere os “impossíveis” na nossa tarefa apostólica. É esta a virtude que nos dá a verdadeira dimensão dos acontecimentos e nos permite julgar retamente todas as coisas. Só pela luz da fé e pela meditação da palavra de Deus é que se pode sempre e por toda a parte divisar Deus “em quem vivemos e nos movemos e somos” (At 17, 28), procurar a sua vontade em todos os acontecimentos, ver Cristo em todos os homens, sejam próximos ou estranhos, e julgar com retidão sobre o verdadeiro significado e valor das coisas temporais, em si mesmas e em relação ao fim do homem.

Houve ocasiões em que Jesus chamou aos Apóstolos “homens de pouca fé” (Mt 8, 26; 6, 30), pois não se encontravam à altura das circunstâncias. O Messias estava com eles, e no entanto tremiam de medo diante de uma tempestade no mar (Mt 8, 26), ou preocupavam-se excessivamente com o futuro, quando fora o próprio Cristo quem os chamara para que O seguissem. “Senhor, aumenta-nos a fé, pediram a Jesus. O Senhor atendeu a esse pedido, pois todos eles acabaram por dar a vida em testemunho supremo da sua firme adesão a Cristo e aos seus ensinamentos.

Nós também nos sentimos por vezes carentes de fé diante das dificuldades, da carência de meios, como os Apóstolos… Precisamos de mais fé! E ela aumenta com a petição assídua, com a correspondência às graças que recebemos, com atos de fé. “Falta-nos fé. No dia em que vivermos esta virtude – confiando em Deus e na sua Mãe –, seremos valentes e leais. Deus, que é o Deus de sempre, fará milagres por nossas mãos. Dá-me, ó Jesus, essa fé, que de verdade desejo! Minha Mãe e Senhora minha, Maria Santíssima, faz que eu creia!” (São Josemaria Escrivá, Forja, nº. 235).

Diante das provações, dos desafios, o Senhor nos fala pelo Profeta Habacuc: “… o justo viverá por sua fé” (Hab 2, 4). Este ensinamento tanto é para o israelita, como para o cristão de todos os tempos; é válido em qualquer circunstância da vida dos indivíduos, dos povos ou da Igreja. Mesmo que tudo aconteça como se Deus não existisse ou não visse, é necessário permanecer firmes na fé. Deus não pode demorar a Sua intervenção e intervirá, certamente, em favor dos que acreditam nEle e nEle depositam a sua confiança. “Deus concorre em tudo para o bem dos que O amam” (Rm 8, 28).

Pelo menos, desde S. Agostinho, é comum falar de três aspectos da fé. O primeiro deles é o subjetivo (credere in Deum), a entrega pessoal a Deus que cada um faz ao acreditar nele e nas suas promessas. Não se trata de ter fé como se tem um carro ou uma casa. Não! A fé impregna toda a nossa existência e, a partir do encontro com Deus, nós, fiéis de Cristo, não podemos explicar a nós mesmos sem a fé. Crer em Deus marca um antes e um depois na nossa vida: as nossas relações familiares, laborais, sociais, econômicas, políticas, etc., recebem um novo sentido, uma nova visão; simplesmente, vemos à maneira de Deus. Nós, crentes em Deus, não podemos permitir uma espécie de divórcio entre a fé e a vida, entre as convicções religiosas e as científicas, entre a maneira de atuar na presença de Deus e a de atuar, por exemplo, na política. Nós, os filhos de Deus, vivemos a unidade de vida. Cremos em Deus e lutamos pelo bem da humanidade e de cada pessoa que temos ao nosso lado, conscientes de que podemos e devemos oferecer aos nossos amigos o nosso tesouro, o que mais vale: a fé em Deus, a amizade com Cristo, o sentido para a vida e… para a morte.

O segundo aspecto da fé é o objetivo (Credere Deum). Qual é o objeto da nossa fé? “Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus” (Hb 12,1). Como é importante manter o olhar fixo naquele que é fonte e meta, o único Salvador e Senhor do gênero humano: Jesus Cristo! Cremos em Deus, mas esse único Deus é três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. Cremos que Deus fez-se homem para a nossa salvação: o Filho único do Pai eterno fez-se carne, pela ação do Espírito Santo, nas entranhas puríssimas da Virgem Maria. A nova criação é a humanidade de Jesus e todos os que querem fazer parte dessa nova realidade têm que entrar em Cristo. Não podemos sequer ofuscar as verdades da nossa fé. São Paulo era tão consciente disso que deixou escrito que “ainda que alguém – nós ou um anjo baixado do céu – vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema” (Gl 1,8).

Além do mais, ainda que sejamos compreensivos com aqueles que nunca creram, que são ateus, não podemos deixar de sentir um grande pesar por essas pessoas e pedir para elas o dom da fé.

O terceiro aspecto é o motivo pelo qual cremos: a autoridade de Deus que se revela (Credere Deo). Não acreditamos porque estudamos muito ou temos muitos argumentos racionais, nem mesmo porque nos sentimos bem, nem muito menos porque a família sempre foi católica. Esses motivos são insuficientes. Cremos por Jesus Cristo nosso Senhor! O Amém da nossa fé está fundado em Deus que não se engana, nem pode enganar-se. A certeza da fé é mais segura que qualquer certeza científica. É interessante como algumas verdades científicas, certas noutros tempos, foram já totalmente descartadas. A ciência progride continuamente, Jesus Cristo, ao contrário, “é sempre o mesmo: ontem, hoje e por toda a eternidade” (Hb 13,8). É verdade, pode crescer a nossa compreensão do mistério de Cristo, mas ele é sempre o mesmo.

Os apóstolos realmente souberam apreciar o grande dom da fé e por isso não somente pedem-no, mas suplicam um aumento desse dom. Fé! Fé! Fé! Peçamos insistentemente ao Senhor que aumente a nossa fé e não descuidemos esse tesouro, por exemplo, lendo coisas perigosas, cheias de falácias; não nos deixemos levar da malsã curiosidade em escutar teorias de supostos teólogos que – em lugar de servir à fé e explicá-la – minam os seus fundamentos e arrancam as raízes da salvação do coração das pessoas. Atentar contra a fé dos outros, máxime quando se trata de pessoas simples, é uma impiedade tão grande que Jesus advertiu utilizando uma expressão que soa dura aos nossos ouvidos: “se alguém fizer cair em pecado um desses pequenos que crêem em mim, melhor seria que lhe atassem ao pescoço a mó de um moinho e o lançassem no fundo do mar” (Mt 18,6).