segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Homilética: 32º Domingo Comum - Ano B: "A religião de quem dá sem medida".


Duas humildes mulheres iluminam as páginas da liturgia da palavra deste domingo.  No centro das leituras encontramos duas pobres viúvas, mais precisamente, encontramos os gestos que elas realizam e, por isso, são louvadas por Deus, pela generosidade de quem dá sem hesitações o pouco que possui.

Em 1 Rs 17,10-16, temos o exemplo da viúva de Sarepta. O Profeta Elias chega à cidade de Sarepta, morto de fome e sede… Encontra uma viúva a quem lhe pede água  e pão. Ela dispunha apenas de um punhado de farinha e um pouco de azeite…

Ela oferece, partilha com o Profeta aquilo que lhe restava, até o último punhado de farinha, e confiou nas palavras daquele homem de Deus. A generosidade da viúva tem a bênção de Deus que não lhe deixa faltar o alimento para ela e para o filho, durante todo o tempo da seca. Deus não abandona quem dá com alegria!

No Evangelho (Mc 12,38-44), vemos o exemplo de outra viúva.

Jesus senta-se perto da caixa de esmolas no Templo e observa: De um lado, uma pobre viúva, oferece discretamente duas moedinhas; Do outro, gente importante dá solenemente grandes quantias…

Jesus censura o gesto dos fariseus e louva a generosidade da viúva. A oferta da viúva era pequena, mas era tudo o que ela possuía. Deus não calcula a quantia que damos,mas o amor com que damos.

Duas viúvas, simples e humildes, revelam a generosidade dos pequenos gestos! Toda oferta que brota do coração tem valor incalculável aos olhos de Deus. A hospitalidade da primeira é compensada pelo milagre de Elias; a humilde generosidade da segunda merece de Jesus um grande elogio. Teve a honra de ser lembrada por Jesus.

Uma cena edificante! Como a viúva de Sarepta, ela deu tudo de si, colocando a própria sorte nas mãos de Deus. No exemplo do óbulo da pobre viúva, Jesus Cristo como que aponta para o próprio exemplo. Oferecer ao Templo significava oferecer a Deus. Ela ofereceu “tudo o que possuía para viver”. É o que Cristo vai fazer (Hb 9,24-28). É o que se pede do discípulo de Cristo, de quem o reconhece como Filho de Deus.

Esse episódio é ocasião para que Jesus dê um ensinamento onde realça a importância do que aparentemente é insignificante. Usa uma expressão um tanto paradoxal: a pobre viúva deu mais que os ricos. Diante de Deus o valor das ações consiste mais na retidão de intenção e na generosidade de espírito, que na quantia do que se dá. Ou seja, mais do que na quantia, Jesus repara nas disposições interiores que movem a agir; não tanto para “a quantidade que se oferece, mas para o afeto com que se oferece”, ensinava São João Crisóstomo.

Com que alegria a mulher do Evangelho não voltaria para casa, depois de ter dado tudo o que tinha! Que surpresa não terá sido a sua quando, no seu encontro com Deus depois desta vida, pôde ver o olhar comprazido com que Jesus a olhou naquela manhã em que fez a sua oferta! Todos os dias esse olhar de Deus pousa nas nossas vidas.

Pedagogia Litúrgica para o mês de Novembro de 2015


Na conclusão de mais um Ano Litúrgico, que celebramos no decorrer deste mês de Novembro, a Pastoral Litúrgica de nossas comunidades é convidada a incentivar a esperança e a cultivar a serenidade no coração de todos os celebrantes. Isto tem início na primeira celebração de Novembro, na festa de Todos os santos e santas, recordando que quem espera em Deus terá a recompensa nos céus e participará da santidade divina.

Santos e santas são aqueles que viveram como servos e servas do Senhor nesta terra, dedicaram suas vidas ao serviço fraterno, limparam suas mãos e seus corações no sangue do Cordeiro, tornando-se inocentes, puros como inocente e puro é o Coração de nosso Mestre, Jesus. Agora, eles participam plenamente da santidade divina como filhos e filhas de Deus e como discípulos e discípulas de Jesus Cristo. Por isso, a Igreja insiste que a vocação cristã tem como objetivo a santidade para participar e viver em comunhão com a vida divina. Esta é, portanto, uma das principais finalidades de celebrar na Liturgia a santidade divina oferecida a todos nós, homens e mulheres, presente nos Mistérios Pascais de Cristo. Uma Liturgia que convida seus celebrantes a serem santos e santas, que recorda a vocação à santidade e que a santidade é a realização plena da vida humana.

Um modo de entrar no caminho da santidade é viver com os pés na terra, sem esquecer que não somos eternos, que não temos morada permanente aqui na terra, como celebrado na Missa da Comemoração dos fiéis defuntos (finados) como sua bela e forte profissão de fé: Eu creio na vida eterna! Professar a fé na vida eterna é professar a certeza de que Deus não quer a morte do homem e da mulher, mas que ele viva cultivando a semente da vida eterna, plantada pelo próprio Deus no coração humano. Eis, porque a Igreja jamais celebra a morte, mas sempre celebra a força da vida e conforta os que choram o sentimento de perda de seu ente querido. A Igreja sempre celebra o encontro com a morte com a força da esperança para fortalecer os enfraquecidos pelo luto, provocado pela experiência da morte. 

A morte, um mistério!


Há pouco reverenciamos nossos irmãos falecidos. A Igreja dá à data litúrgica de 2 de novembro o título de “Comemoração de todos os fiéis defuntos”. É um dia no qual nós, cristãos, rezamos principalmente pelos nossos irmãos na fé, ou seja, os batizados em Cristo, que já morreram. Claro que toda a humanidade – e não só os cristãos – são objeto da oração e solicitude da Igreja, que é Corpo de Cristo, o Salvador de todos! Diariamente, na Santa Missa, a Igreja recorda não somente os “nossos irmãos que partiram desta vida”, mas também “todos aqueles cuja fé só vós conheceis”!

Seja como for, o Dia de Finados coloca-nos diante de uma questão fundamental para nossa existência: a questão da morte. Nosso modo de enfrentar a vida depende muito do modo como encaramos a morte, e vice-versa! Atualmente, há quatro modos possíveis de encará-la, de colocar-se diante da realidade da morte. Senão vejamos:

Há aqueles – e não são poucos – que cinicamente a ignoram. Vivem como se um dia não tivessem que morrer: preocupam-se tão somente com esta vida: comamos e bebamos! Em geral, quando vão a um sepultamento, conversam o tempo todo sobre futebol, política ou quaisquer outros assuntos banais e rasteiros. São pessoas rasas, essas; pessoas que nunca pararam de verdade para se perguntar sobre o sentido da vida e, por isso mesmo, não vivem; sobrevivem, apenas! Estas, quando tiverem que enfrentar a própria morte, que vazio, que absurdo encontrarão! É o preço a pagar pelo modo leviano com que viveram a vida! Isto é triste porque quando o homem não pensa na morte, esquece que é finito, passageiro, fugaz e, assim, começa a julgar-se Deus de si mesmo e tudo que consegue é infernizar sua vida e a dos outros. São tantos os exemplos atuais…

Há ainda aqueles que diante da morte se angustiam, apavoram-se até ao desespero. A morte os amedronta: parece-lhes uma insensatez sem fim, pois é a negação de todo desejo de vida, de felicidade e eternidade que cresce no coração do homem. Estes sentem-se esmagados pela certeza de um dia ter que encarar, frente a frente, tão fria, tirana e poderosa adversária. Assim, querendo ou não, podem afirmar como Sartre, o filósofo francês: “A vida é uma paixão inútil!” 

Origem e significado da Missa de 7º dia.


A Igreja ensina que se deve rezar pelos mortos, para que se livrem, o quanto antes, das penas do purgatório (Não a culpa, pois todo pecado tem como cosequência: A Culpa e a Pena – Portanto o purgatório não é para a culpa que foi perdoada, mas para as penas que se instalaram na alma, e precisam ser purificadas para poderem entrar no céu )

DETALHE: Quem está no purgatório já está com a salvação garantida, pois condenados e réprobos não vão para o Purgatório, mas para o inferno.

E a justiça de Deus é perfeita, pois assim está escrito: Mateus 5,26: “Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares até o último centavo”.

A DOUTRINA SOBRE O PURGATÓRIO É BÍBLICA:

A purificação é necessária para adentrar ao céu: Hb 12,14; Ap 21,27.
Agonia temporária: 1Cor 3,15; Mt 5,25-26.
Cristo pregou para seres espirituais: 1Pd 3,19.
É um estado intermediário de purificação: Mt 5,26; Lc 12,58-59.
É uma realidade entre o céu e a terra: Mt 18,23-25; Lc 23,42; 2Cor 5,10; Fl 2,10; Ap 5,2-3.23.
Graus de expiação dos pecados: Lc 12,47-48.
Alguns pecados são perdoados e outros não serão perdoados nem aqui nem no mundo vindouro: Mt 12,32.
Nada de impuro pode entrar no céu: Ap 21,27.
Salvação, mas como pelo fogo: 1Cor 3,15.
Sofrimento extra: 2Sm 12,14; Cl 1,24.

domingo, 1 de novembro de 2015

Angelus: O amor e a compaixão são mais fortes do que a morte


SOLENIDADE DE TODOS OS SANTOS

PAPA FRANCISCO

ANGELUS

Praça de São Pedro
Domingo, 1º de Novembro de 2015


Queridos irmãos e irmãs, bom dia e boa festa!

Na celebração de hoje, Festa de Todos os Santos, sentimos particularmente viva a realidade da comunhão dos santos, nossa grande família, composta por todos os membros da Igreja, tanto aqueles que ainda peregrinam na terra, seja por aqueles – muito mais - que já a deixaram e foram para o céu. Estamos todos unidos e isso se chama "comunhão dos santos", que é a comunidade de todos os batizados.

Na liturgia, o livro do Apocalipse recorda uma característica essencial dos santos: São pessoas que pertencem totalmente a Deus. Os apresenta como uma multidão de "eleitos", vestida de branco e marcada pelo "sigilo de Deus" (veja 7,2-4.9-14). Através deste último detalhe, com linguagem alegórica é enfatizado que os santos pertencem a Deus de maneira plena e exclusiva, são sua propriedade. E o que significa levar o sigilo de Deus na própria  vida e na própria pessoa? Nos diz o apóstolo João: significa que em Jesus Cristo nós nos tornamos verdadeiramente filhos de Deus (cf. 1 Jo 3,1-3).

Estamos conscientes deste grande dom? Somos todos filhos de Deus! Lembramos que no Baptismo recebemos o "sigilo" de nosso Pai Celestial e nos tornamos Seus filhos? Para colocá-lo de uma forma simples: Trazemos o sobrenome de Deus, nosso sobrenome é Deus, porque somos filhos de Deus. Aqui está a raiz da vocação à santidade! Os  santos que hoje recordamos são aqueles que viveram na graça de seu Batismo, mantiveram  intacto o "sigilo" se comportando como filhos de Deus, buscando imitar Jesus; e agora alcançaram a meta, porque finalmente, "veem a Deus como Ele é."

A segunda característica é que os santos são exemplos a imitar.  Mas atenção: não somente aqueles canonizados, mas os santos,  podemos assim dizer, "da porta ao lado", que, com a graça de Deus esforçaram-se para praticar o Evangelho na vida cotidiana. Estes santos  também nós os encontramos, talvez  tivemos alguém na família ou entre os amigos e conhecidos. Devemos ser gratos a eles e, sobretudo, devemos ser gratos a Deus que os deu essas pessoas, que os colocou ao nosso lado, como exemplos vivos e  contagiosos de viver e morrer na fidelidade ao Senhor Jesus e ao seu Evangelho. Quantas pessoas boa conhecemos e dizemos: "Mas essa pessoa é santa", dizemos espontaneamente. Estes são os santos ao lado, ainda não canonizados, mas que vivem conosco.

Imitar os seus gestos de amor e misericórdia é um pouco 'como a perpetuar a presença deles neste mundo. De fato aqueles gestos evangélicos são os únicos que resistem à destruição da morte: um ato de ternura, uma ajuda generosa, um tempo gasto na escuta, uma visita, uma palavra gentil, um sorriso ... Aos nossos olhos, estes gestos podem parecer insignificantes, mas aos olhos de Deus são eternos, porque o amor e a compaixão são mais fortes do que a morte.

A Virgem Maria, Rainha de Todos os Santos, nos ajude a confiar mais na graça de Deus, a fim de caminhar com alegria na estrada para a santidade. À nossa Mãe confiamos o nosso empenho cotidiano e pedimos por nossos entes queridos falecidos, na  esperança de nos reencontrar um dia, todos juntos, na comunhão gloriosa do Céu. 

Feministas picham Igreja Catedral, em São Paulo, defendendo o ‘direito’ de matar bebês.


Cartão-postal da cidade de São Paulo, a Catedral da Sé, na região central, amanheceu tomada por pichações favoráveis ao aborto, após ato realizado contra o Projeto de Lei 5.069/2013. 

Após manifestação, realizada nesta sexta-feira (30), no centro da capital de São Paulo, contra projeto de lei que, entre outras medidas, dificulta o chamado “aborto legal” e restringe a venda de medicamentos abortivos no país, a Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo amanheceu neste sábado (31), com portas e paredes pichadas. Em nota, os padres que administram a Catedral lamentam e repudiam os atos de vandalismo contra a igreja, que é um “monumento arquitetônico-artístico de referência para a cidade de São Paulo”.


Frases como “se o papa fosse mulher, o aborto seria legal” e “tire seus rosários dos meus ovários” estavam entre as pichações. No início da noite de anteontem, a manifestação contra o projeto começou na Avenida Paulista e terminou por volta das 21h30 na Praça da Sé. A Polícia Militar informou que 3.000 pessoas participaram do ato, enquanto a organização do evento estimou 15.000.

Dia dos falecidos


Na liturgia católica, o primeiro de novembro é comemorado como “Dia de todos os Santos”. A ideia se volta para as pessoas falecidas, que deixaram marcas no testemunho de vida autêntica, principalmente de humildade e registradas na memória de quem com elas conviveram. Mais do que isto, a santidade deve começar na vida terrena, também antes da morte.

Não sei se se pode falar de morte feliz. Pelo menos olhamos para os falecidos, que praticaram as bem-aventuranças propostas pelo Evangelho, com olhos positivos. Conforme as promessas da Palavra de Deus, o bem praticado na terra será recompensado no céu. Quem faz o caminho de seguimento de Jesus Cristo não ficará desamparado na outra vida.

Falar sobre “Dia de Finados”, ou dos falecidos, significa tocar no sentimento que atinge a todas as pessoas. Não é apenas o sofrimento pela perda de um ente querido, mas também deixa transparecer a realidade de um mistério escondido por traz da vida terrena. O ser humano tem uma dimensão de eternidade, e foi criado para plenificar a identidade do Criador. 

O idioma da liturgia romana


“A Língua Latina é a língua própria da Igreja Romana.”[i]

A língua oficial para a celebração da Santa Missa e de todos os atos litúrgicos, no rito romano, em ambas as formas, tradicional (tridentina, extraordinária, pré-conciliar, de São Pio V e do Beato João XXIII) e moderna (renovada, ordinária, pós-conciliar, de Paulo VI e de João Paulo II), é o latim. “O Latim exprime de maneira palmar e sensível a unidade e a universalidade da Igreja.”[ii] O Concílio Vaticano II, ao contrário do que muitos pensam, não aboliu o uso do idioma latino, antes o incentivou. “Salvo o direito particular, seja conservado o uso da Língua Latina nos Ritos latinos.”[iii]

Já antes do Concílio, o Beato João XXIII, que o convocou, ensinara:

“Que o antigo uso da Língua Latina seja mantido, e onde houver caído quase em abandono, seja absolutamente restabelecido. – Ninguém por afã de novidade escreva contra o uso da Língua Latina nos sagrados ritos da Liturgia.”[iv]

O latim permanece idioma oficial do culto no rito romano, mesmo após a reforma empreendida por Paulo VI e João Paulo II, por ocasião do Vaticano II. O rito romano moderno, sobre o qual tratamos nesta obra, é celebrado, pois, em latim, sua língua própria. Não houve uma proibição do latim, mas sim a permissão para que a Missa seja oferecida em vernáculo, i.e., nas línguas nacionais dos vários países. Pode-se, além disso, dizer determinadas partes da Missa em latim e outras em vernáculo.

Portanto, a regra é que a Missa e os demais atos litúrgicos (Ofício, sacramentos, sacramentais), no rito romano em sua forma ordinária, deva ser celebrada em latim, permitindo-se que seja oferecida em vernáculo.