segunda-feira, 2 de abril de 2012

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: Introdução ao Tema para o Ano de 2012


Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo
(cf 1 Cor 15, 51-58)

O texto nos fala, evidentemente, da ressurreição vivida por Jesus e apresentada como meta final de todos nós. A busca da unidade não é algo para a vida eterna no céu, mas deve ser buscada em nossa caminhada terrena. Ao proclamar a ressurreição, o texto nos diz que, se seguimos aquele que venceu a morte, toda vitória é possível, por maiores que pareçam as dificuldades.

Cristãos unidos trabalharão pela vitória da vida em situações que parecem vitória das forças da morte: injustiça, desunião, violência, rancor. Com a colaboração fraterna de todos os cristãos, ficará mais visível nossa fé na força que nos vem do Ressuscitado. A vitória, aqui mesmo neste mundo, antes da transformação do fim da história, se dará através do serviço, da ajuda mútua, da promoção da autoestima de todos, da fraternidade entre as Igrejas que se unem para socorrer os necessitados.

Todos os cristãos estão convocados a se transformar, num processo de permanente conversão, trabalhando por uma vitória que começa com a promoção da nossa unidade e com solidariedade e fraternidade em vez de competição.

São caminhos e instrumentos dessa vitória: o espírito de serviço, a espera paciente no Senhor quando algo parecer difícil, a valorização do sofrimento de Cristo como sinal do amor invencível de Deus, o desejo de vencer o mal com um bem maior, O Ressuscitado dizia aos seus discípulos: Eu vos dou a minha paz. Precisamos acolher essa paz, trabalhar por ela para que ela se estenda a todos. Faremos isso começando pela construção da paz e da cooperação entre as Igrejas porque, sem esse exemplo, nada do que fizermos terá credibilidade. Jesus se apresentou também como o Bom Pastor que não exclui nenhuma ovelha. Assim faremos também, a partir do nosso próprio acolhimento mútuo como discípulos do mesmo Mestre e operários confiantes na vitória do mesmo Reino. Para tudo isso nos sustenta a fé no amor persistente de Deus, que não desiste de nós quando falhamos e sempre nos chama de novo a uma transformação que nos torne sempre mais fiéis no seguimento do Ressuscitado.

O texto original da Semana de Oração foi elaborado na Polônia, um país marcado por uma história de muitos sofrimentos e vitórias conseguidas com muita coragem e empenho.

 Pensando no nosso país, poderemos lembrar os desafios e as vitórias do nosso povo e o trabalho das Igrejas que, diante da nossa realidade nacional, se envolvem na construção da justiça e da paz. Já temos muitos sinais de vitória sobre as forças da morte. Outros desafios estão diante de nós, como chamado de Deus à construção de um mundo melhor. Que a reflexão desta Semana de Oração nos anime a confiar sempre mais na transformação possível, com a fé que se alimenta da garantia que nos vem da vitória do Ressuscitado.


O trabalho de formação do caderno de oração da SOUC, foi inicialmente realizado pelas igrejas da Polônia, depois acolhido, adaptado e publicado em conjunto com o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos do Vaticano e pela Comissão de Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas, Genebra. No Brasil, a publicação original foi traduzida pela CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e adaptada para a realidade brasileira pelo CONIC - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs. O caderno de oração deste ano é fruto de toda essa jornada litúrgica ecumênica iniciada na Polônia, e que chega aos mais diversos recantos do Brasil.
_____________________________
Mais informações: www.conic.org.br 

sábado, 31 de março de 2012

Domingo de Ramos

A partir de hoje memorizamos a figura de um justo sofredor, Jesus Cristo, que vence a batalha pela coerência, que enfrenta todo tipo de insulto, tortura e perseguição. Sua atitude foi sempre contra a violência e a opressão, e acaba vencendo. Não só isto, mas também convencendo os opressores de que estavam errados.

É a Semana Santa, momento em que o aparente fracasso se transforma em vitória, o que era considerado maldição pelos judeus, isto é, a morte acontecida na cruz, transforma-se em glória. Foi a realização plena daquilo que já era previsto no Antigo Testamento, nas palavras sábias e inspiradas proferidas pelos profetas.

Jesus, em toda a sua paixão e morte na cruz, mostra que a violência não é vencida com outra violência e com vingança. Revela também que o sofrimento nunca pode ser causa de desânimo e de perda total de esperança. Deve ser sim, fonte de atenção aos apelos do momento e ao caminho de conquista de uma cultura de paz.

Entrar com Jumento

 
Jesus, o Rei dos reis, quis usar um meio de transporte simples. Poderia entrar triunfalmente numa carruagem dourada na capital de seu país. Aliás, queremos ver um Deus poderoso com todas as honras que costumamos dar às mais importantes autoridades. Sabemos que Ele, no entanto, não precisa disso. Está muito acima de tudo o que podemos imaginar das ambições humanas. O que Ele quer mesmo é um novo encaminhamento para nossa vida. O que mais vale não é ter tudo o que imaginamos de conforto sensível na ordem física e material. Isso não é finalidade de vida realizadora. É apenas instrumento. Se for usado adequadamente, como a boa saúde, pode nos ajudar a entrar, como Jesus, para um estágio de vida realmente feliz. Ele vai à frente, com seu jumentinho emprestado, para nos dizer sobre outra forma de vida, a de darmos de nós pela convivência digna, justa e fraterna. Enquanto não houver isso, o sacrifício da própria vida, continuarão acontecendo muitos mecanismos de morte e falta de promoção da dignidade humana. O divino Mestre não sai da raia, indo até o fim com sua doação total, para nos dar vida de sentido e realmente realizadora.

A vida simples e solidária nos gratifica muito mais do que trabalhar com a finalidade absoluta de conquista de mais dinheiro, fama e busca de satisfações passageiras como objetivo de vida. Jesus, o Rei pobre, enriquece-nos com sua riqueza do ser humano-divino. Na sua trilha aprendemos a olhar a vida com ternura, amor, misericórdia, compaixão e doação de nós pelo bem do semelhante.

No lançamento de mantos e ramos à passagem do Rei, o povo gritava seus vivas a Ele. A euforia reinava. Jesus indicava o caminho da vida de sentido para nós. O “viva!” não pode ser só para um momento. Aliás, se não for compromisso para o seguimento do Senhor, pouco adianta. Seria como a oração sem o consequente esforço para a realização da vontade de Deus. Que vontade? Não será a de imitarmos o Rei pobre, com a pobreza do ser? Isto é, com o esvaziamento dos ídolos que não nos deixam encher o vaso de nosso eu com a riqueza do amor de Deus? Este nos leva a olhar para as necessidades do semelhante, a partir do doente, do sofredor, do empobrecido, do drogado, do alcoolizado, do que vive sem sentido, do casal brigado, da criança agredida e abandonada, do povo que precisa de políticas públicas adequadas a resolver suas necessidades, da promoção do voto para quem tem condição ética e com capacidade de governar ou legislar bem!

Como poderíamos ter uma vida mais modesta nas exigências materiais para sermos mais solidários e promovermos realmente o bem comum! Nosso progresso pessoal, familiar, empresarial e social não pode ser feito somente com o acúmulo de bens para o enriquecimento de minorias ou com políticos que trabalham, acima de tudo, para se elegerem e reelegerem com métodos ilícitos e sem compromisso com o povo, principalmente o mais sofrido. Às vezes é esse o mais enganado, recebendo alguns pequenos favores em troca do voto.

A entrada na Semana Santa nos convida a ter a atitude de Jesus, que nos deu a vida, até a última gota de sangue, para termos condição de mudança, chegando com Ele à verdadeira ressurreição, no que compete a nós, para uma vida de autêntico amor!
 
Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros
Presidente do Regional Leste II da CNBB
 

quarta-feira, 28 de março de 2012

Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2012


Entre os dias 20 e 27 de maio, cristãos de todo o Hemisfério Sul estarão unidos celebrando a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos (SOUC). Será uma semana muito especial, pois pessoas das mais variadas etnias e culturas estarão dedicadas à reflexão sobre a importância da unidade na diversidade.

A SOUC, que este ano tem como tema “Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo”, baseado na carta do apóstolo Paulo, pretende contribuir para que irmãos de diferentes congregações se juntem em momentos únicos de partilha, comunhão e integração.

Acesse o blog da SOUC e saiba tudo sobre o evento, baixe o cartaz e saiba a programação de sua região. O endereço eletrônico é http://semanadeoracaopelaunidade.blogspot.com.br/.

Leia abaixo uma carta assinada pelos integrantes do Conselho de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) sobre a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.


Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: 
carta das Igrejas-membro do CONIC

Brasília, 09 de março de 2012

Irmãos e irmãs da caminhada ecumênica!

cartaz_concluido-1Nós, representantes das igrejas-membro do CONIC, reunidos neste dia 09 de março em Brasília nos dirigimos a vocês na paz  e na graça do nosso Senhor Jesus Cristo.

Nos aproximamos de mais uma Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Este ano, estaremos unidos/as em oração de 20 a 27 de maio, sob o lema bíblico da Primeira Carta do Apóstolo Paulo aos Coríntios: “Todos seremos transformados pela vitória de nosso Senhor Jesus Cristo” (1ª Coríntios 15. 51 – 58).  Irmãos e irmãs da Polônia, país marcado por histórias de sofrimento, mas também por muita coragem no testemunho da fé, vencendo inúmeros desafios, prepararam esta semana de oração.

Convidamos a cada um/a de vocês a se unirem a este grande mutirão, que a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos produz. Cada um/a é chamado/a a  transformar a realidade onde vive e a construir  um mundo melhor. Temos diante de nós muitos desafios, oremos e mostremos sinais concretos na  busca de superação!

Que a reflexão desta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos nos anime a confiar sempre mais na transformação possível, com a fé alimentada na certeza que vem da vitória do Ressuscitado.

Com nossa benção e Fraterna Saudação,

Dom Maurício José Araújo de Andrade
Bispo Primaz da Igreja Anglicana

Pastor Dr. Nestor Paulo Friedrich
Pastor Presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil

Dom José Belisário da Silva
Vice- Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

Rev. Cacilene Aparecida Nobre
Rep. da Igreja Presbiteriana Unida

Dra. Zulmira Inês Lourena Gomes da Costa
Rep. Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia
 
_____________________________________
Fonte: http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/8945-semana-de-oracao-pela-unidade-dos-cristaos-2012

terça-feira, 27 de março de 2012

Roteiro da Peregrinação da Cruz e do ícone de N. Senhora, da JMJ, no Maranhão


Durante o mês de abril, o Maranhão será a terra da Cruz dos Jovens e do Ícone de Nossa Senhora. Os Símbolos da Jornada Mundial da Juventude chegam ao Estado, que corresponde ao Regional Nordeste 5 da CNBB, no dia 1° e peregrinam por 12 dioceses até o fim do mês. O ponto alto do trajeto acontecerá no dia 28, quando a Arquidiocese de São Luís promove a grande celebração Bote Fé. Em maio, os Símbolos seguem para o Tocantins e demais Estados do Regional Centro-Oeste.

Veja a seguir o roteiro da peregrinação no Maranhão:


1 e 2 de abril - Diocese de Caxias;

3 e 4 de abril - Diocese de Brejo;

5 e 6 - Diocese de Coroatá;

7 e 8 - Diocese de Bacabal;

9 e 10 - Diocese de Grajaú;

11 e 12 - Diocese de Balsas;

13 e 14 - Diocese de Carolina;

15 e 16 - Diocese de Imperatriz;

17 a 19 - Diocese de Viana;

20 a 22 - Diocese de Zé Doca;

23 a 26 - Diocese de Pinheiro;

27 a 30 - Arquidiocese de São Luís.

domingo, 25 de março de 2012

Solenidade da Anunciação do Senhor - 25 de março


“O Anjo espera a tua resposta, e também nós esperamos... Logo que tiveres dado o teu consentimento estaremos livres... todo mundo, de joelhos, diante de ti espera... De tua palavra depende a salvação do gênero humano... Aí está Aquele que todos os povos esperam com paciência, está ali fora e bate à porta... Levanta-te e apressa-te a abrir-lhe” (São Bernardo).


Desde sempre, o pensamento cristão interpretou a saudação do anjo, que indica em Maria, a “Cheia de Graça”, como uma afirmação que proclama muito mais do que a simples preservação de Maria do pecado e a sua participação na graça Divina. É uma saudação ou um título que indica algo particular e único de Maria.

O anjo Gabriel antepõe três importantes formulações ao seu anúncio a Maria:

“Saúdo-te, ó Cheia de Graça, o Senhor é contigo”.
“Saúdo-te”: ecoa nos textos dirigidos a Jerusalém[1].
“O Senhor está contigo”: Emanuel = Deus conosco.


[1] cf. Sf 3,14; Zc 9,9; Jl 2,21;21,23

Texto extraído do livro "O Culto a Maria Hoje", Paulinas.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Coleta da Solidariedade


O começo da Campanha da Fraternidade, no início da década de 1960, foi motivado pela necessidade de buscar recursos financeiros “para o atendimento das pessoas atingidas por catástrofes, em situações de emergência e urgência, pobreza absoluta” (Texto Base da CF de 1990). Visava-se despertar a virtude da caridade nos fiéis, cientes de que “a caridade é a alma da Igreja”.

A partir deste princípio a Campanha foi ampliada para o aprofundamento de temas relacionados à realidade do povo e que necessitam de tomada de posição. Assim, o tema que estamos tratando na campanha deste ano chama a atenção para a realidade da saúde no Brasil, cobrando investimentos do governo para que a saúde pública seja de boa qualidade e sensibilizando a população para a adoção de práticas de hábitos de vida saudável.


Enquanto a saúde pública não dá conta de todas as demandas, tornam-se necessárias outras ajudas. Existem pessoas que não tem dinheiro para comprar os remédios necessários, para pagar uma passagem até o hospital ou para seguir o mínimo das regras de higiene pessoal. Muitas pessoas não estão convictas da necessidade da prevenção e outras não tem condições de seguir a dieta prescrita. E é aí que entra um dos trabalhos subsidiados com os recursos da Campanha da Fraternidade, que é a Pastoral da Saúde, cujo objetivo geral é “promover, educar, prevenir, cuidar, recuperar, defender e celebrar a vida ou promover ações em prol da vida saudável e plena de todo o povo de Deus”.

Para subsidiar os trabalhos da Pastoral da Saúde e de outros trabalhos sociais mantidos pela Igreja Católica, propõe-se a Coleta da Solidariedade como um gesto concreto da Campanha da Fraternidade. O Texto Base diz que a Campanha da Fraternidade se expressa concretamente pela oferta de doações em dinheiro na coleta da solidariedade. É um gesto concreto de fraternidade, partilha e solidariedade, feito em âmbito nacional, em todas as comunidades cristãs, paróquias e dioceses. A Coleta da Solidariedade é parte integrante da Campanha da Fraternidade.

A proposta é que a coleta seja feita no Domingo de Ramos. Evidentemente isso não significa que ela deva acontecer apenas naquele dia, uma vez que cada comunidade deve definir a melhor data para que ela aconteça. O importante é que ela seja feita por todas as comunidades, e que cada um se sinta motivado a dar a sua contribuição. Ela tem um caráter de conversão quaresmal, condição para que advenha um novo tempo marcado pelo amor e pela valorização da vida.

Na medida em que formos generosos na doação estaremos ajudando a difundir a saúde sobre a terra, conforme nos propõe o lema da nossa Campanha. “Deus ama a quem dá com alegria” (2 Cor 9,7).

Dom Canísio Klaus
Bispo de Santa Cruz do Sul

Hoje o Crucifixo. Amanhã?


Muitas pessoas estão perplexas com os ataques à fé cristã, aos símbolos religiosos e ao próprio Deus.

Acontece que os ateus modernos e os agnósticos se organizaram para extirpar a idéia de Deus da humanidade.

Para alcançar este objetivo procuram destruir as religiões e as organizações religiosas. Por isso semeiam, especialmente nas universidades, a antipatia às Igrejas e às autoridades religiosas.

Naturalmente não faltam exemplos de pecado e de desrespeito aos direitos humanos na história das religiões. Mas ocultam a cultura e o contexto em que tudo aconteceu, fazendo crer que hoje é a mesma coisa. “Como era no princípio, agora e sempre”!

Na Alemanha, os ateus e os agnósticos se organizam na “Fundação Giordano Bruno”. No Brasil, na ATEA (Associação dos Ateus e Agnósticos).

Ensaios de ataques aos símbolos religiosos não faltam. Faz pouco tempo as autoridades da Baviera mandaram retirar os crucifixos das escolas de Munique (Alemanha). Mais de um milhão de pessoas protestaram nas ruas de Munique contra a decisão. As autoridades voltaram atrás.

Na Itália, uma senhora pediu a retirada dos crucifixos dos espaços públicos “porque isto lhe causava fastio”.

O Conselho de Ministros da Itália respondeu que o crucifixo é um símbolo da cultura da absoluta maioria do povo italiano. Aquela senhora apelou ao Parlamento Europeu. Após algumas dúvidas, Comissão de Direitos Humanos do Parlamento Europeu considerou acertada a decisão do Conselho de Ministros da Itália.

Em Porto Alegre, a pedido de duas organizações da sociedade, o Conselho de Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul acolheu o pedido e mandou retirar o crucifixo dos espaços do judiciário gaúcho.

O que faremos? Primeiro, levar o ateísmo a sério. O Concílio Vaticano II afirmou em 1965 (GS nº 76) que “o ateísmo é um gravíssimo problema de nosso tempo”. Além do mais, “a comunidade política e a Igreja são independentes e autônomas uma da outra” cada uma no campo específico.

Por isso aconselha o diálogo, do qual ninguém fica excluído “nem aqueles que se opõem à Igreja e a perseguem de várias maneiras”.


Na Albânia, o Estado professou oficialmente o ateísmo. Fazer o sinal da cruz era proibido sob pena de morte. Mataram quase todos os padres. Um arcebispo da Albânia, ainda vivo, disse que o sinal da cruz, “só debaixo das cobertas”.

No Brasil, o Estado é laico. Isto é, o Estado não decide qual a fé que os brasileiros devem ou não devem professar. A decisão é do povo. O Estado deve respeitar a cultura do povo.

O Estado brasileiro assinou com a Santa Sé (Vaticano) um tratado internacional, no qual o Estado se compromete a respeitar e a fortalecer os símbolos religiosos católicos. O Estado vai honrar o tratado?

No Brasil, segundo o Fernando Capez, a presença do crucifixo nas repartições públicas é uma “situação consolidada”. Por quê agredir a fé da absoluta maioria do povo? Por quê favorecer a intolerância de pequenos grupos? Aonde isto tudo vai conduzir?

Talvez o diálogo pudesse levar a uma situação nova: que haja mais de um símbolo onde exista grande número de fiéis de outras religiões?

Finamente, nós cristãos, diante deste episódio, escapamos de um exame de consciência para ver a qualidade de nosso testemunho evangélico na sociedade.

Dom Sinésio Bohn
Bispo Emérito de Santa Cruz do Sul