"Esta é tua casa, Senhor, o lugar onde habitarás para sempre" (1Rs 8,13). |
A riqueza simbólica da liturgia de dedicação de uma igreja constitui uma verdadeira catequese que exige ser aprofundada e degustada. Oferecemos ao leitor algumas considerações sobre o significado desse belo cerimonial litúrgico.
Desde os primórdios do Cristianismo, os fiéis se reuniam em assembléia (ecclesiæ) para celebrar a Eucaristia, ministrar os sacramentos e ouvir a pregação da Palavra de Deus. Os lugares de reunião eram habitualmente suas próprias casas, onde utilizavam a sala mais espaçosa para esse fim. Alguns desses locais de culto são mencionados no Novo Testamento.
É certo - afirma o rubricista espanhol, Pe. Joaquín Solans, em seu Manual Litúrgico - que os Apóstolos celebravam os Divinos Mistérios em casas particulares. Nos Atos dos Apóstolos (20, 7-11), conta-se que São Paulo o fez num terceiro andar, adornado com muitas lâmpadas, onde se haviam reunido os fiéis, aos quais, depois de bem instruídos, distribuiu o Pão Eucarístico.
Também é tradição certa que o Príncipe dos Apóstolos, São Pedro, se hospedava em Roma em casa do senador Pudente. Ali se congregavam os cristãos para ouvir suas instruções, assistir aos santos Mistérios e receber a Sagrada Eucaristia. Pode-se ainda ver esse venerando recinto na igreja de Santa Pudenciana, filha do fervoroso e santo senador 1.
Com o tempo, as casas nas quais se reunia a assembléia passaram a ter cômodos específicos reservados para o culto divino. E, a partir do fim do século II, esses prédios começam a ser chamados de Domus Ecclesiæ.
Ao longo do século III, esses aposentos foram crescendo em importância e as outras partes do edifício, destinadas a finalidades profanas, vão sendo separadas dele. A Domus Ecclesiæ se transforma em Domus Dei.